Fim

3930 Words
Robin virou-se e começou a correr, ciente de que dois dos homens gritavam e a perseguiam como cães atrás da caça. Tinha medo de olhar para trás; se o fizesse, iria tropeçar. Então apenas correu o mais que pôde, sentindo os ramos dos arbustos lhe cortando o rosto e os braços. Pegue-a! uma voz soou, perto demais. Vá por este lado! Corte o caminho dela! Que lado?, Robin pensou, em desespero. Arriscou uma olhada para trás, mas esse movimento rápido foi suficiente para que ela se esparramasse sobre uma moita. Não ficou no chão por muito tempo. Levantou-se e continuou a fuga, esperando apenas conseguir ficar à frente deles até que Adam os alcançasse. Onde estaria ele? Oh, Deus, teria sido pego pelo terceiro homem? Talvez eles tivessem armas! Correr pelo meio do mato era um pesadelo, com galhos surgindo em volta dela como criaturas vivas, segurando-a, arranhando-a. Ergueu as mãos diante do rosto para abrir caminho, mas os ramos flexíveis chicoteavam de volta, batendo em seus braços e ombros. E, por mais rápido que ela tentasse se mover, o som de galhos quebrados atrás de si ficava cada vez mais próximo. A polícia! Deveriam chegar a qualquer momento, tocando as sirenes e assustando seus perseguidores. Por que tanta demora? Robin sentia o peito doer e suas pernas estavam perdendo a força. Um galho mais pontudo cortou-lhe o rosto e o sangue correu até o canto de sua boca. Lá está ela! Pegue-a! Apavorada, ela foi de encontro a uma árvore e caiu com tamanho impacto que, por um momento, ficou sem ar. Tentou apoiar-se nas mãos e nos joelhos para se levantar, mas seu peito doía e não conseguia respirar. Estou vendo! Vamos pegá-la! Estava acabado. Mesmo que conseguisse se levantar, Robin sabia que não teria forças para fugir. Paralisada de terror, ficou no chão, vendo os homens se aproximarem como lobos. Só então lhe ocorreu a questão: por que ele? Robin não sabia quanto tempo havia ficado ali no chão duro, ofegante como um coelho assustado, imóvel, olhando para ele. Pareceram longos minutos, mas a lógica lhe dizia que não poderia ter sido mais do que segundos. Percebeu o som vago de sirenes, mas estava tão distante que era como se fosse em outro mundo. Se Adam estivesse em condições de socorrê-la, pensou, já estaria ali. Um pressentimento h******l a invadiu, afastando o terror por um momento. Adam... Você deveria ter levado os avisos mais a sério o homem disse, parado diante dela. Eu sinto muito. Gostava de você. Por quê? ela murmurou. Por que você fez isso? Ele não respondeu. Apenas fez um sinal para o outro homem, incapaz de encará-la. De repente, Robin conscientizou-se de que iria morrer. Até mesmo as sirenes haviam sumido, como em despedida. Sentiu uma estranha v*****e de rir de si mesma. Tantos sonhos, tantas esperanças... Encontrava-se tão atordoada, tão perdida em divagações confusas, que a princípio não discerniu a voz que se elevava, autoritária, sobre todos os outros sons. Era como se viesse de um outro tempo, de outro lugar... Eu não faria isso se fosse você a voz disse, e então Robin voltou à realidade e viu Adam, atrás dos dois homens. Ele estava tranquilo e em prontidão, com as pernas ligeiramente afastadas, os braços caídos ao longo do corpo. Sua expressão era tão dura que fez Robin estremecer. Então, tudo aconteceu rapidamente. Um dos homens, de cabeça baixa como um touro, investiu contra Adam. Robin gritou, mas Adam apenas desviou-se habilmente, agarrou o homem pelo pescoço e o atirou de encontro a uma árvore. E estava acabado; o outro homem entregou-se sem reagir. Afinal, Robin pensaria mais tarde, Julien Cordova era muito franzino para lutar. Adam levou um longo tempo para explicar tudo à polícia. E Robin desconfiava que eles só haviam engolido a história por causa das caixas de papelão com as cerâmicas falsificadas, que serviram de prova. Ouçam Adam dizia, parado diante da casa que servira como depósito para as peças falsas. Levem estes três homens para a cidade e nós iremos atrás. Poderemos esclarecer tudo na delegacia. Eu não sei o que o investigador Cordova vai dizer disso comentou um dos quatro policiais, coçando a cabeça. Eu vou ficar surpresa se ele já não souber de tudo interveio Robin. Aposto que ele estava envolvido nessa história. Não me admira que não tenha ajudado muito. Moça, acho que está indo um pouco longe em suas suposições advertiu o tenente Wilson. Ela está certa, tenente Adam a apoiou. Passaram-se mais alguns minutos antes que os três irmãos Cordova e as caixas de cerâmicas fossem colocados nos veículos da polícia. Robin e Adam pegaram o carro que haviam escondido e foram atrás deles. Adam, eu pensei que você tinha morrido Robin confessou, enquanto o automóvel trepidava na estrada esburacada. Como eu poderia ter problemas com você ali para me salvar? Você teve presença de espírito quando viu os homens saindo da casa. É, eu pensei rápido. Isto é, até que vi Julien. Foi um choque para mim. O que aconteceu enquanto eles estavam me perseguindo? Eu me levantei e cumprimentei Martin Cordova. Fazia anos que não nos víamos. O que ele fez? Desmaiou? Quase. Depois disso, encontrar vocês no mato foi muito fácil. Faziam tanto barulho que parecia um circo. E eu que pensei estar sendo tão silenciosa... O sol já havia sumido atrás das montanhas quando alcançaram a estrada principal. Robin ligou o aquecedor do carro e olhou pela janela. Nem podia acreditar que, finalmente, estava tudo acabado. As árvores ao longo da estrada começavam a ficar amarelas. Logo o inverno viria e a terra se tornaria marrom e branca, à áspera de que os longos meses frios passassem e a natureza pudesse renascer. Quando a primavera chegasse, Robin pensou, ainda estaria vendo Adam ou seriam aqueles seus últimos momentos juntos? Queria perguntar a ele, mas as palavras não lhe vinham aos lábios. Seria como implorar. Já era tarde quando saíram da delegacia. Uma vez mais, Robin entrou no carro ao lado de Adam. Seria a despedida? Robin olhou para a lua cheia, que brilhava imensa sobre as montanhas Sangue de Cristo. Suspirou e voltou-se para Adam. Agora só falta você me deixar em casa e todos os seus problemas estarão resolvidos, não é? Ela não conseguiu disfarçar a mágoa na voz. Não sei o que você quer dizer ele respondeu. Mas Robin sentia a tensão emanando dele. À luz dos carros que passavam, o perfil de Adam era rígido como pedra. Estavam sentados a poucos centímetros de distância um do outro, mas era como se ele fosse um. Estranho. De repente, de forma totalmente inesperada, ele virou o volante com violência e parou o carro junto à calçada. Robin o fitou, confusa. Ainda faltavam três quarteirões para sua casa. Você não desiste, não é? A voz de Adam era assustadoramente ríspida. Você não para de me pressionar, Robin. Eu... Mas ele a silenciou com um gesto autoritário. Não diga mais nada. Você pediu por isto, então vamos lá. Ele parecia furioso. Robin sabia que estava prestes a descobrir o misterioso segredo, mas quase preferia não ouvir. Não daquele jeito. Queria correr dali, tapar os ouvidos, qualquer coisa. Acha que eu sou bobo, Robin? Eu sei o que você quer e não posso lhe dar isso. Você quer um marido e uma família. Você quer ser parte da vida de um homem... Não de qualquer homem, Adam Farwalker ela interrompeu, zangada. Certo. Mas você pode negar que quer ser mãe, criar uma família? Bem, eu não posso lhe dar isso, Robin. Ele bateu a mão no volante, com raiva. Pode parecer ridículo, mas esta é a história. Eu estava com trinta anos... e tive caxumba. Robin ficou imóvel pelo que pareceu uma eternidade. Caxumba. Ele era estéril. Então era esse o segredo de Adam. Ela tinha medo de abrir a boca e dizer a coisa errada. Adam estava tão ferido, tão bravo, tão sozinho com sua dor. Nenhuma palavra de conforto lhe vinha à cabeça. Por fim, foi Adam quem ligou o carro e rompeu o terrível silêncio. Vou levá-la para casa. Robin conteve as lágrimas. Ele certamente tocara no ponto fraco. Ela queria mesmo uma família, e estaria mentindo se dissesse o contrário. Deus, o que iria fazer? Amava Adam! Sinto muito ele murmurou, ao estacionar o carro. Poderia ter sido bom entre nós. Adam... nós não podemos... Não há algo... Não, Robin. A condição é irreversível. Não posso lhe dar o que você merece. Não acha que cabe a mim decidir isso? Robin, você já expressou seus sentimentos quanto ao assunto. Talvez você não devesse ter sido tão sincera, Robin Hayle. Ele lhe deu um beijo no rosto, e a conversa estava encerrada. Durante longos e sofridos dias, aqueles minutos no carro com Adam repetiram-se em uma sequência interminável na mente de Robin, como um disco riscado. Ela continuou sua vida normal, abrindo e fechando a loja, lendo no jornal sobre a quadrilha de falsificadores, mas sem concentrar-se em nada. Sentia-se totalmente vazia. Felizmente, havia Shelly. Quando soube da história da caminhonete, mostrou-se incrivelmente compreensiva e até riu. Ah, Robin, você devia ter me contado e se poupado de uma boa dor de cabeça. Eu não podia. Estava com medo. Será que você vai poder me perdoar? Na semana que vem, você compra os biscoitos na padaria e ficaremos quites. Aquela era Shelly. A melhor amiga que uma mulher poderia ter. Outra coisa que a manteve ativa naqueles dias foi a organização da nova associação de artesãos indígenas. Ela pegou a lista de artistas importantes que Christina preparara e começou a fazer contatos. Era desencorajador. Muitos dos índios mostravam-se desconfiados ou hesitantes e alguns não falavam inglês, mas Robin estava determinada a fazer sua ideia funcionar. Falou com Josefina também, pedindo-lhe apoio para a organização. Não sei Josefina murmurou. Por que alguém iria me ouvir? Porque você é uma das artistas índias mais respeitadas e famosas da região. Isso me deixaria nervosa. Quem sou eu para dizer aos outros como devem agir? Cada índio deve examinar seu próprio coração para saber o que fazer. Mas você concorda que a organização é necessária? Acho uma boa ideia, mas não sei como você vai fazer funcionar. Com a ajuda de todos. Josefina, se eu convencer alguns dos artistas a se reunirem para conversar, você iria também? Eu vou pensar. Vou falar com meus filhos. Obrigada. Sei que você vai fazer a coisa certa. A coisa certa para um índio não é necessariamente a coisa certa para uma pessoa branca Josefina respondeu, sóbria. Determinada, Robin não esmoreceu em seus esforços para manter contatos telefônicos e na tentativa de penetrar numa cultura estranha e fechada, que já fora traída demais pelos brancos europeus. E não recebeu nenhuma notícia de Adam. Foi Shelly quem, por fim, conseguiu romper o silêncio e tocar no assunto. Com muita paciência e compreensão, acabou convencendo Robin a contar toda a história. Não tenha vergonha de chorar, minha amiga ela aconselhou. Você merece isso. Shelly abraçou a amiga e esperou até que os soluços cessassem. E então? O que você vai fazer? Não acho que essa decisão tenha de ser inteiramente de Adam. Mas ele tomou sua decisão. Acha que tudo o que eu quero na vida é ter filhos. E é mesmo? Sim... e não. Shelly, acho que nós poderíamos chegar a algum acordo. Sem dúvida. Afinal, centenas de pessoas se casam e depois descobrem que não podem ter filhos, não é? E isso não impede que continuem a se amar. Claro. E aposto que, se soubessem antes de se casar, casariam assim mesmo. Existe a adoção sugeriu Shelly, pegando um biscoito do pacote de Robin. Lógico! Robin sentia-se viva pela primeira vez em muitos dias. Eu gostaria de ter meus próprios filhos, mas... Shelly, não se pode ter tudo, certo? E eu tenho tanto amor dentro de mim, suficiente para Adam e para um monte de crianças. Mesmo que não sejam suas? Elas precisariam de mim ainda mais, não é? Há tantas crianças sem lar... Milhares e milhares. Crianças índias também. Você pode imaginar quantos conhecimentos Adam poderia transmitir a elas? O verão índio tocou a terra com sua mão generosa, brilhando nos rios, verdejando as colinas, beijando o deserto com um colorido de flores silvestres. Robin sentia-se em paz e alegre. Pela primeira vez na vida, realmente sabia o que queria. E tomara a decisão: mesmo se nunca mais visse Adam, mesmo se nunca houvesse um homem em sua vida, pararia de esperar que o amor viesse até ela. Pelo contrário, sairia a sua procura. Resolvera adotar uma criança. Mas havia uma coisa a fazer primeiro: tinha de ver Adam uma última vez, tentar convencê-lo de quanto o amava, de quanto o amaria mesmo se ele não tivesse um braço ou uma perna. E, se isso não desse certo, não iria enterrar-se por trás de sua aparência superficial e divertida. Nunca mais. Mas como faria para encontrar-se com ele? A oportunidade finalmente apareceu quando Robin recebeu um telefonema de Christina num dos últimos dias do mês. CAPÍTULO XX A reunião na casa de Christina serviria para fixar as diretrizes preliminares da Associação de Artistas Nativos do Novo México. Robin tinha de estar presente. Fora seu trabalho determinado que, finalmente, persuadira alguns dos índios a considerar a ideia. Robin dirigia para Las Jaritas com o espírito um pouco inquieto. Era gratificante saber que seus esforços para organizar as comunidades indígenas pareciam começar a dar frutos. Mas, por outro lado, havia Adam. Imaginava se ele estaria na reunião. Era sábado; talvez ele tivesse tirado o fim de semana de folga. De fato, a primeira coisa que ela avistou ao aproximar-se da casa principal da fazenda foi o carro dele, sujo de barro, entre mais dez ou doze veículos. Seu coração deu um pulo. Sentia-se alegre e receosa ao mesmo tempo. Ela passou a mão pelos cabelos, ajeitou a saia justa azul-marinho, fechou os olhos por um segundo e, então, caminhou até a porta da frente e bateu. Adam atendeu. Estaria esperando? Oi ela cumprimentou. Como vai, Robin? Adam estava sério, olhando para ela. Eu... vim para a reunião. Sim, eu sei. Entre, por favor. O rosto dele era inexpressivo, a voz cuidadosamente neutra. Eles estão na sala. Rígida, Robin o seguiu. Seria assim entre eles agora, apenas aquela polidez tensa? Oh, bom dia, Robin! Christina levantou-se para recebê-la. Então, Robin viu-se afastada de Adam para ser apresentada ao g***o, composto de representantes dos povoados Pueblo e das tribos navaho e apache. Robin tinha dificuldade em se concentrar. Todo seu ser estava focalizado em Adam, que se sentara em um canto da sala. Mas acreditava estar disfarçando bem, pois ninguém parecia notar sua preocupação. Josefina Ortega encontrava-se lá com o filho Manuel, assim como John Martinez e muitos outros índios que Robin não conhecia pessoalmente, mas com quem havia falado ao telefone. Estivemos trabalhando desde cedo na organização Christina explicou. Eles me elegeram presidente, mas só temporariamente. Mas temos uns pequenos problemas, Robin. Precisamos decidir sobre os regulamentos e queremos ver uma cópia do folheto que sua associação vai imprimir. A discussão prosseguiu por meia hora. Robin respondeu a perguntas sobre sua própria associação comercial, tentando mostrar um modelo de organização que talvez pudesse ser seguido. Alguns dos índios ainda demonstravam desconfiança, mas isso era de esperar. Com o tempo, acabariam convencidos de que a cooperação seria melhor para todos. Durante todo o tempo, Robin tinha consciência da atenção de Adam. Sentia a pele sensível, como se tivesse febre, como se as mãos dele a estivessem tocando. Por fim, o almoço foi servido e Robin sentou-se no sofá com seu prato, ao lado de Christina. Durante a refeição, a conversa voltou-se para a quadrilha de falsificadores recém-descoberta. John Martinez teve de explicar ao g***o seu papel no caso. Disseram que os potes eram para um museu. E pagaram tão pouco... ele começou. Robin ouvia as palavras dele, mas estava mais interessada em Adam. Ele puxou a cadeira para mais perto do sofá e, com o prato de comida na mão, parecia atento à explicação de Martinez enquanto comia. O apetite de Robin, porém, havia desaparecido. Christina comentou alguma coisa cm apache com a mulher sentada a sua direita e, então, virou-se para Adam. Muitos dos presentes ainda estão confusos quanto ao caso das falsificações. Talvez você possa lhes explicar melhor do que eu. Adam colocou o prato sobre a mesa. Como de hábito, atraiu a atenção de todos quando começou a falar. Acho que vocês já sabem que Julien Cordova era o chefe da quadrilha. Mas por que um homem fino e educado como ele faria uma coisa tão h******l? perguntou Josefina. Essencialmente, foi um ato de vingança. Os Cordova eram uma antiga família espanhola proprietária de terras. Perderam suas propriedades há muitos anos, é claro, mas parece que ainda guardam ressentimentos. Fizeram por dinheiro também interveio Martinez, revoltado. E eles estavam na posição certa para realizar as operações sem problemas comentou Robin. Depois silenciou-se, pouco à v*****e, percebendo o olhar de Adam sobre si. Continue ele encorajou. Você também sabe toda a história. Bem... Julien tinha a posição perfeita para organizar a quadrilha. Ele conhecia todo mundo em Santa Fé e é um dos maiores especialistas em arte indígena. Imaginem que eu lhe contava cada movimento que fazia. Assim foi fácil eles estarem sempre um passo a nossa frente. Há ainda o fato de seu irmão Rod, que também fazia parte da quadrilha. Como policial, não teve problemas, por exemplo, em nos seguir até a casa de Martinez em San Lucas e colocar a casa dele sob vigilância. Foi pura sorte Rod não estar na delegacia quando Robin telefonou naquele dia. Por que será que os Cordova fizeram aquele último pedido de cerâmicas para John? Já não estavam desconfiados? indagou Christina. Eles acharam que John estava sob controle depois da surra que lhe deram. Mesmo assim, mandaram um recado para que ele fizesse a entrega naquela casa isolada. Ainda procuravam ser muito cautelosos. Mas foi sorte Adam tê-los despistado quando disse a Julien, no jantar dos Dalton, que nós estávamos saindo do caso. Mas isso depois que um irmão dele se vestiu de índio e fez uma caverna desabar em cima de meu filho e de Robin contou Christina. Em seguida, tentou m***r Robin, jogando o carro dela para fora da estrada. Um homem h******l. A polícia de Albuquerque pegou Rod no aeroporto Adam informou. Ele tinha uma passagem para o México. O que vai acontecer com esses homens? perguntou uma tecelã. Eles serão julgados Adam respondeu. Eu vou contar minha história no tribunal avisou John Martinez. Acho que é a atitude mais correta. Que bom apoiou Robin. Seu testemunho ajudará muito. Não gosto dos caminhos da sua lei explicou John. Mas confio em vocês. Minha família está de volta a San Lucas, em segurança. Depois do almoço, Robin explicou o trabalho da comissão especial criada para defender os interesses das pessoas que trabalhavam com arte na cidade e contou que, com a saída de Julien, a associação comercial elegera um novo presidente: Chuck Dalton, da Galeria Dalton. Todos aprovaram a escolha. Quando a reunião acabou, muitas pessoas vieram apertar a mão de Robin e conversar com ela. Josefina aproximou-se sorrindo e entregou-lhe uma caixa. Isto é por sua ajuda ela disse, tímida. E pelo perigo em que eu a coloquei. Era um de seus trabalhos em preto sobre preto, uma grande vasilha rasa decorada com serpentes estilizadas. Josefina, é lindo! Você não precisava... É o mínimo que posso fazer por você. Com cuidado, Robin tornou a guardar a cerâmica na caixa. Abraçou Josefina, conversou com mais algumas pessoas, mas durante todo o tempo percebia a presença de Adam, parado em silêncio no fundo da sala, e sabia que ainda havia uma questão não resolvida. A situação era terrivelmente incômoda Robin não sabia se devia sair com os outros ou dizer alguma coisa para ele, se devia esperar para o caso dele querer conversar ou manter o que restava de sua dignidade e despedir-se com firmeza, de uma vez por todas. De repente, a casa que estivera cheia de gente ficou absolutamente quieta. Até mesmo Christina havia desaparecido como por encanto. Permaneciam apenas Robin, de pé no centro da sala com a bolsa na mão, e Adam, com o olhar fixo nela, calmo e impenetrável. Bem, acho que é melhor eu voltar para a loja. Adam pareceu adquirir vida, então. Aproximou-se, vencendo não apenas o espaço físico, mas também rompendo a barreira que vinha mantendo entre ambos. Robin sempre se lembraria da incrível sensação de proximidade que os uniu naquele momento. Você pode tentar entender? ele murmurou, segurando-lhe as mãos. Eu quis lhe dar tempo. Vamos até lá fora. Eu penso melhor ao ar livre. Robin o seguiu até o pátio aquecido pelo sol. O ar impregnava-se do perfume de maçãs maduras e flores. Sentaram-se frente a frente, sem que soltasse as mãos dela. Robin tinha medo de falar, em uma apreensão agoniante. Durante toda a minha vida, fui ensinado a evitar excessos ele começou. Nosso povo é assim. Fui ensinado a ter cautela com outras pessoas, principalmente as de fora de nossa tribo, e a caminhar de mãos dadas com o mundo natural. Nós, apaches, somos muito centrados em nós mesmos. Ele fez uma pausa para observar a reação dela. Mas agora você já sabe de tudo sobre mim e a escolha é sua, Robin. É um direito que você tem. Ela baixou a cabeça, sentindo as lágrimas umedecendo seus olhos. Eu só preciso saber uma coisa, Adam. O quê? Você me ama? Eu te amo. Bem, então não há o que pensar. Eu amo você. Quero você como meu marido, para sempre, para o meu clã. Robin... Não tente me fazer mudar de ideia, Adam. Eu amo você e não o que você pode me dar. Sei que tenho muitas inseguranças e provavelmente vou deixar você louco de vez em quando comentou, com um sorriso tímido. Mas Adam, meu amor é grande. E você ficará feliz sem filhos? Nós podemos ter filhos. Vamos adotá-los. Muitos filhos, crianças índias. Elas precisam muito de nós, Adam. E você pode ensiná-las a andar de mãos dadas com o mundo. E você pode ensiná-las a amar ele completou, com ternura. Nossos filhos terão o melhor dos dois mundos. Vai dar certo, Adam, você vai ver. Você sabe que eu passo a maior parte do tempo em Albuquerque, na universidade. Ah... o sorriso de Robin desapareceu. Acho que poderíamos... Você se mudaria de sua preciosa Santa Fé? Faria até isso por mim? Sim, claro. Eu só tinha esquecido. Se bem que surgiu uma outra possibilidade. O museu do palácio está sem um curador. Julien. Sim, ele era o curador. E daí? Daí que me procuraram para preencher a vaga. Adam, isso seria maravilhoso! Os olhos de Robin se acenderam. Nós poderíamos viver aqui e passar os verões na fazenda. Já posso ver seu pai ensinando os netos a andar a cavalo, caçar e falar apache. Parece que você já planejou tudo, hein? Adam comentou, rindo. Ah, sim. Nós vamos estar muitos ocupados. A alegria dentro de seu peito era tanta que parecia querer explodir. E muito felizes. Adam sentou-se ao lado dela e a abraçou. Como dote de noivado, eu exijo um beijo. O sol dourado iluminou a união dos lábios que selava o contrato, o difícil mais resistente laço entre a trindade de anglos, índios e espanhóis que formava o Novo México, a terra do encantamento. FIM
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