amanhecer

3535 Words
Às cinco horas da tarde de segunda-feira, Robin viu com alívio a sra. Vermeil segurar a mão da filha e levá-la para fora da loja. A menina ficara linda vestida de Alice no País das Maravilhas, mas fotografias de crianças sempre eram difíceis. O fato de ela querer incluir seu coelhinho branco nos retratos só complicara as coisas, mas como poderia ser uma autêntica Alice sem o coelho? Robin foi até a porta e ficou olhando para a rua por alguns minutos. Era um dia cinzento, prenunciando chuva para a noite e talvez neve nas regiões mais elevadas. Imaginou como estaria o tempo em Chaco Canyon. Há três dias Adam se fora e não dera mais notícias. Ou melhor, no sábado à noite o porteiro do Governor's Inn dissera a Robin que um homem havia ligado perguntando se ela ainda se encontrava hospedada no hotel, mas não deixara recado. Pelo menos, isso indicava uma certa preocupação da parte dele. Robin recostou-se à porta, com o olhar distante. Mas ele não se importara o suficiente para estar a seu lado na manhã depois de terem feito amor. Como fora incrível acordar sozinha, sem nem mesmo um bilhete. Haviam estado tão íntimos na noite anterior. Por que ele fugira? O fim de semana parecera interminavelmente longo. Voltara para o hotel, sentindo-se triste e sozinha. Até tentara convidar Shelly para um jogo de tênis no domingo, apesar de tudo, mas ela e Chuck tinham ido para Denver levar alguns pertences de Ericka. O vento agitava as folhas das árvores e a rua estava praticamente deserta, exceto por dois carros e uma mulher índia, cuja saia verde enrolava-se nas pernas por causa da aragem. Uma mulher índia que andava com timidez, procurando algo, com os brincos de prata fazendo barulho conforme ela virava a cabeça, apreensiva. De repente, Robin saiu do devaneio e a reconheceu. Josefina! Procurando acalmar a evidente ansiedade da mulher, Robin a fez entrar e serviu-lhe uma xícara de chá quente. Não queria assustá-la com perguntas, mas morria de curiosidade para saber o que a trouxera ali. Soube que seu estúdio foi invadido Robin comentou, com gentileza. Eu sinto muito. Fizeram o mesmo comigo, mas todas aquelas suas cerâmicas tão lindas... Sim, foi um horror. Mas, no fim das contas, meus trabalhos são apenas pequenas partes da Mãe Terra, e ela é muito generosa. Farei outros. Josefina segurou a xícara com ambas as mãos. Fiquei muito assustada, mas meus dois filhos mais velhos vieram ficar comigo e tomar conta do estúdio, então já não estou mais tão preocupada. Ainda bem. Eu também gostaria de ter filhos fortes para me proteger Robin disse, melancólica. Você ainda terá, menina. E John? Ficou muito ferido? Ele parece estar bem. Mas ficou muito bravo, muito aborrecido. Ele não tem filhos para ajudar, apenas filhas. Mandou a família ficar com um irmão em Isleta para protegê-la. Foi terrível, Robin. Eu sei. Você pensou em ir à polícia? Não. Eles não podem fazer nada. Então nós faremos. Isso precisa acabar. Sim, nós faremos. John me mandou aqui para lhe contar... Os homens entraram em contato com ele outra vez. Ele fingiu que estava apavorado e disse que atenderia esse último pedido e depois não receberia mais encomendas. Os homens vão pegar os potes na casa dele. Quando? Amanhã. Às três horas da tarde. Amanhã? Tão rápido assim? John acha que estão nervosos. Sabem que há gente atrás deles. Sabem de tudo. Sabem sobre mim e que fomos falar com John naquela tarde. Eles o ameaçaram e John mentiu. Disse que não havia nos contado nada, mas bateram nele assim mesmo. Josefina... John estava com algum corte ou marca de espancamento? Não. Ele disse que bateram aqui. Ela apontou para as costelas. Dói para respirar. Nenhuma marca... Robin murmurou para si mesma. E se John estivesse passando informações falsas? Mas ele era o único contato de que dispunham e teria de torcer para que fosse verdade. Você vai avisar Adam? Vou. Nós cuidaremos de tudo. Obrigada, Josefina. Nós descobriremos quem são esses homens e eu prometo que eles irão para a cadeia. E se não der certo? Meus filhos vão ter de ficar para sempre como guardas na minha casa? Não, nós os pegaremos Robin garantiu. Tudo o que Adam tem a fazer é anotar a placa do carro e entregar a Rod Cordova. A polícia cuidará do resto. Mas, depois que Josefina se foi, Robin não se sentia tão confiante como tentara demonstrar. Havia muitas possibilidades de o plano dar errado. Adam poderia inclusive ter desistido de levar a ideia adiante. Ou a informação de John poderia ser falsa e não aparecer ninguém no dia seguinte. Mas, no momento, ela preferia nem pensar nisso. E se os homens percebessem a presença dela e de Adam? Eles conheciam seus carros. E se Martinez os delatasse? E se tudo fosse uma armadilha para tentar pegá-los? Robin começou a caminhar pela loja, pensando. Talvez devesse esquecer o plano e notificar Rod Cordova. Mas descartou essa ideia logo em seguida. Afinal, John Martinez e Josefina Ortega haviam decidido ajudar porque confiaram nela e em Adam. Avisar Rod agora poderia estragar tudo. Não. Seguiriam o plano original e só chamariam a policia quanto tivessem provas concretas. Adam... Eram quase seis horas e o centro de visitantes em Chaco Canyon estava fechado. Poderia telefonar e deixar uma mensagem gravada, mas ele receberia o recado a tempo de estar em Santa Fé antes das três horas? E se ele não viesse? E como agiriam um com o outro? Robin não suportaria outra rejeição. Por mais difícil que fosse, teria de permanecer fria e distante. Ela suspirou, pegou o telefone e discou para o centro de visitantes de Chaco Canyon. Adam viria, seu coração lhe dizia isso. Viria porque não suportava a distância mais do que ela. Por volta de uma hora da tarde no dia seguinte, Robin dava um pulo cada vez que a porta se abria ou o telefonema tocava. Adam só poderia ter recebido o recado depois das nove horas, quando o centro de visitantes começava a funcionar, e, assim, não daria para chegar em Santa Fé muito antes da uma hora. De manhã, ela já havia telefonado para uma agência e alugado um carro que não despertasse suspeitas, o qual se encontrava estacionado diante da loja. Olhava de minuto em minuto para o relógio de parede, desejando que Adam viesse, com medo de vê-lo, louca para jogar-se em seus braços e odiando a si própria por sua fraqueza. Onde ele estaria? Certamente teria ligado se não pudesse vir. Ou talvez não tivesse recebido o recado. Robin respirou fundo. Partiria à uma e meia, quer Adam estivesse lá ou não. Tinha a sensação de que era melhor estar escondida perto da casa de Martinez bem antes das três horas. À uma e quinze, ela começou a ficar agitada. Um homem entrou para comprar filme e Robin quase o pôs para fora. Assim que ele saiu, colocou o aviso de Fechado, trancou a porta e respirou ofegante, como se tivesse corrido quilômetros O telefone tocou e Robin correu para atender. Alô? Oi, é Shelly. Você já almoçou? Quer ir ao La Cocina? Eu... Bem, eu já comi, Shel. Então quer ir me fazer companhia? Tenho grandes fofocas para te contar. Shel, estou esperando um telefonema muito importante... Ah, desculpe, eu vou liberar a linha. Tem certeza de que não quer nem mesmo um taco? Você está sempre faminta. Não posso agora. Que tal amanhã? Robin sugeriu, com um olho no relógio. Uma e vinte e cinco. Certo. Então, telefone. Estaria Shelly tentando mantê-la ocupada enquanto faziam o recolhimento dos potes? Não, era ridículo. Sua imaginação andava trabalhando em excesso. Shelly não tinha nada a ver com os falsificadores e apenas queria almoçar com sua amiga Robin. Ela rabiscou um bilhete para Adam, colocou em um envelope e pregou-o à porta. Não havia sinal do carro dele na rua. Deveria esperar mais alguns minutos? Não podia. Iria sem ele. Adam devia estar a caminho. Robin ligou o carro e pôs-se em movimento, devagar. Era mais um dia cinzento, mas não chovia. A paisagem era monótona, escura. Passou por Tesuque, no meio do trajeto. Olhou pelo espelho retrovisor, desejando ver Adam. Aquela era a única estrada asfaltada para San Lucas. Iria sentir-se muito melhor se Adam a acompanhasse. Estava um pouco apavorada. Aqueles homens já haviam usado violência antes. E se estivessem a sua espera? Seguia lentamente pela estrada, como se hesitasse em prosseguir. Foi preciso usar toda sua força de v*****e para pisar mais fundo o acelerador. Uma buzina soou atrás dela, dando-lhe um susto. Robin reduziu a marcha, assustada. Era um caminhão que se aproximava, insistindo na buzina. Olhou pelo espelho retrovisor, com o coração na garganta, tentando identificar o motorista. Então, com um suspiro aliviado, saiu da estrada e parou no acostamento. Era Adam. Em um segundo, ele encontrava-se a seu lado. Eu não podia esperar ela explicou. Mas confesso que estava com medo de fazer isso sozinha. De repente, o peso da tensão parecia tê-la deixado exausta. Desculpe o atraso. Demorei para receber o recado. Vou deixar meu caminhão aqui e voltarei para pegá-lo depois. Quer que eu guie? Quero, obrigada. As duas horas estavam estacionados em uma ruela com uma boa visão da casa de John Martinez. Talvez tenhamos de esperar um bom tempo Adam comentou. Tente se acomodar. Eu estou bem. Houve um período de silêncio, como se um estivesse esperando que o outro falasse. Ainda bem que você conseguiu chegar Robin disse. Você teria vindo mesmo sem mim? Se fosse necessário... Adam virou-se para fitar a casa de Martinez. Robin tentava não olhar para ele o tempo todo, mas estavam tão próximos. Gostaria de acariciar-lhe o rosto moreno. Tinha v*****e de segurar-lhe a mão, de poder tocá-lo como uma mulher toca o homem amado. Ele lhe dera imensa alegria, mas também a deixara em torturante incerteza. Como está indo a escavação? indagou. Vai bem. Os garotos estão voltando para a faculdade, com exceção de dois que já são formados, mas conseguimos deixar aquela kiva quase restaurada. Ah, que bom. Choveu em Chaco ontem? Não, só ameaçou. Puxa, vou gostar de voltar para minha casa quando tudo isso acabar. Espero que seja hoje. Vai ser, a menos que Martinez esteja nos enganando. Josefina vai ficar muito chateada se John for um dos culpados. É verdade. Eu perguntei a ela se Martinez tinha cortes ou contusões, mas parece que ele foi atingido nas costelas. Então ninguém pode ter certeza se ele foi mesmo espancado ou não. Ela tentava manter um tom de conversação. Estaria falando demais? Não acredito que ele tenha ido a algum módico para... Espere. Adam levantou a mão para silenciá-la, com os olhos fixos na casa de Martinez. Sim, alguém estava saindo. Era John, carregando uma grande caixa de papelão. Colocou-a no bagageiro de sua caminhonete velha e, antes de entrar outra vez em casa, olhou furtivamente em volta. O que ele está fazendo? Robin sussurrou. John saiu com outra caixa. Há potes naquelas caixas Adam afirmou, com segurança. Ele está tentando fugir? É cedo para os homens chegarem. Tem certeza de que Josefina lhe disse que eles viriam às três horas na casa de Martinez? Tenho, certeza absoluta. Então, Martinez está tentando evitá-los ou a nós saindo mais cedo, ou então foi avisado para encontrá-los em algum outro lugar. O que vamos fazer? Chamar Rod? Acho que não dá tempo. Adam, nós temos de segui-lo. É, creio que sim. E era exatamente nisso que eu não queria nos envolver. Martinez colocou mais duas caixas na caminhonete. Movimentava-se depressa, assustado, olhando em volta. Então, entrou no carro, ligou-o, provocando uma fumaceira n***a, e foi embora. Vamos, Adam. Não deixe ele se afastar muito. Robin, desça aqui. Farei isso sozinho. Pegue um táxi de volta a Santa Fé e diga a Rod... Não! Vamos logo, Adam! Robin, não sabemos para onde ele vai ou quem pode estar a sua espera! Você não vai ficar com toda a diversão, Adam! ela gritou, impaciente. Ele murmurou algumas palavras em apache e ligou o carro. A caminhonete de John não andava muito depressa e foi fácil alcançá-la. O maior problema era ficar suficientemente longe para não levantar suspeitas, sem perdê-lo de vista naquela estrada cheia de curvas. Mas a caminhonete expelia um rastro n***o de fumaça, de forma que podiam segui-la mesmo quando não a avistavam. Havia um longo declive e uma curva fechada à frente. Quando chegaram ao pé da colina, não viram nem sinal da caminhonete ou da fumaça preta. Oh, não! Robin exclamou. Talvez ele tenha entrado em algum acesso secundário. Adam manobrou o carro e retornou lentamente, ladeira acima. Procure alguma estrada de terra. Ah, já estou vendo. Sim, Robin também via. Não passava de uma trilha estreita na encosta da colina, mas um resquício de fumaça preta ainda pairava sobre a terra. É aqui mesmo! Robin confirmou, excitada. Adam seguiu com cautela, atento a qualquer movimento. Robin parecia nervosa. Não podemos ir mais depressa? ela perguntou. Não queremos fazer uma curva e dar de cara com ele. Na verdade, acho melhor pararmos por aqui e seguirmos a pé. A pé? Vê como as colinas estão juntas ali? ele apontou. Há um canyon à frente. A estrada deve estar acabando mesmo. Mas Martinez... Ele está em algum lugar aí para cima. Precisamos encontrar uma brecha na vegetação para esconder o carro. Não estou gostando desse lugar, Robin. É muito isolado. Vamos ter cuidado. É só ver o que Martinez está fazendo e ir embora. Não podemos dar meia-volta agora. Você pode. E deixar você aqui sozinho? Além do mais, só temos um carro. Não posso ir. Ele desviou-se de um galho caído e o cano de escapamento raspou no chão. O carro não aguentaria muito tempo naquela estrada. Por fim, avistou uma a******a na vegetação densa e entrou com o veículo, quebrando galhos e ramos dos arbustos que se fechavam sobre eles. Enquanto Robin descia do carro, Adam já se encontrava de pé na estrada, com as mãos nos quadris, avaliando. Acho que dá. Mas espero que já tenhamos ido embora quando Martinez passar de volta por aqui. Caminharam cerca de oitocentos metros, prontos para esconderem-se nos arbustos caso ouvissem algum barulho. Porém, o silêncio era quebrado apenas pelo canto de um pássaro e pelo som de seus próprios passos. Robin viu a fumaça no mesmo instante em que Adam levantou o braço para detê-la. Fogo? ela perguntou. Talvez uma casa. É melhor sairmos da estrada. Robin seguiu pelo meio do mato atrás de Adam, com o coração apressado, a boca seca. Felizmente, ele estava abrindo caminho. Avançava com dificuldade, em silêncio, através da vegetação fechada. Encontrava-se em seu elemento. De repente, ele levantou a mão e parou. Logo adiante, havia uma casa em estilo espanhol, com as janelas quebradas e as telhas soltando. A única coisa nova era um cadeado reluzente na porta aberta. A caminhonete de John Martinez estava estacionada em frente e, mais ao lado, havia um furgão marrom. Eles se abaixaram, vigiando. John Martinez apareceu à porta, depois foi até a caminhonete e pegou uma das caixas de papelão. Dois homens o seguiram. A distância era grande para ver com clareza e eles usavam chapéus puxados sobre os rostos. Robin engoliu em seco, nervosa. Um terceiro homem surgiu à porta e falou. Não conseguiram distinguir as palavras, mas, pelo movimento, era evidente que mandava os outros tirarem as caixas da caminhonete. Parece que John está trabalhando com eles comentou Adam. É. Robin, alguém tem de ir chamar Rod agora mesmo, antes que esses homens desapareçam. Seria melhor se fossem pegos em flagrante, mas não sabemos por quanto tempo ficarão aqui. Acredito que vão guardar as cerâmicas neste local somente até encontrarem compradores. Ele pensou por um momento. É melhor eu ficar aqui, de olho neles. Volte você até o carro. Chimayo não fica longe, seguindo pela estrada principal. Você encontrará um telefone lá. Não posso deixar você aqui! ela protestou. Não se preocupe. Eles nem saberão de minha presença. E se forem embora antes de eu voltar? Eu anotarei a placa do furgão. A polícia poderá localizá-lo. E Martinez? Sabemos onde encontrá-lo. Isso não é problema. Adam, eu não queria deixar você... Ficarei bem. Vá depressa e tome cuidado. Acha que pode encontrar o caminho? Claro. Oh, Adam... Vá embora. Em silêncio. Ela voltou pelo mato, tentando não fazer barulho, sentindo-se como se alguém estivesse atrás dela a cada passo. Assim que chegou à estrada, correu até ficar sem ar. Entrou no carro e seguiu pela trilha de terra como uma louca. Não demorou a ver a placa: Chimayo a 3 km. Era um vilarejo antigo e simpático, mas Robin nem notou. Parou diante de uma mercearia e correu para dentro. Onde há um telefone? ela perguntou para o vendedor assustado. É urgente! Ele apontou para os fundos e Robin não perdeu um instante. Colocou algumas moedas no aparelho e chamou a telefonista. É uma emergência. Preciso falar com o Departamento de Polícia de Santa Fé. A ligação pareceu demorar um século para ser completada. O investigador Cordova, por favor. É uma emergência. O investigador Cordova não está de serviço hoje. Oh, não! Por favor, chame alguém que tenha autoridade. É muito importante. Aqui é o tenente Wilson um homem respondeu, segundos depois. Ouça, meu nome é Robin Hayle. Rod Cordova está cuidando do caso. Estou em Chimayo... E ela teve de contar a história, rezando para que o tenente acreditasse. Há homens com... mercadorias de contrabando. São perigosos. O senhor poderia mandar a polícia para cá? Ansiosa, ela percebeu a relutância do policial. Sabia que sua história parecia maluca. Por favor, acredite em mim! Nós os perderemos se o senhor não mandar alguém. Está bem, srta. Hayle. Vou mandar dois carros. Depressa, por favor. Eu estou voltando para o local. Fique longe desses homens alertou o tenente Wilson. Nós cuidaremos do caso. Certo, obrigada. E depressa, por favor! Robin retornou em tanta velocidade que nem prestou atenção no caminho. Deixou o carro na mesma clareira onde o haviam escondido antes e correu pela estrada em direção à casa. Uma coluna de fumaça subia da chaminé quebrada. A caminhonete de Martinez tinha sumido, mas o furgão marrom continuava estacionado em frente. Não havia sinal de Adam. Robin sentia v*****e de chorar. E se o tivessem encontrado e prendido? Esgueirando-se entre as plantas, ela aproximou-se da casa. Não tinha a menor ideia do que iria fazer, mas precisava descobrir se Adam estava lá dentro, feito prisioneiro... ou pior. Parou a alguns metros da clareira, ofegante, apavorada. Quanto tempo a polícia demoraria para chegar? Vinte minutos? Meia hora? Um galho estalou atrás dela. Quando Robin ameaçou virar-se, uma mão cobriu-lhe a boca enquanto um braço forte a puxava. Robin enrijeceu o corpo, aterrorizada. Shhh! Sou eu alguém sussurrou em seu ouvido. Ela respirou aliviada e apoiou-se no peito de Adam, trémula. Nunca mais faça isso comigo! Desculpe, mas não queria que você fizesse barulho ele explicou. Rod não estava na delegacia. Falei com o tenente Wilson e ele prometeu mandar dois carros. Acho que não acreditou muito na minha história. E não sei se chegarão a tempo. Temos de tentar segurar os homens aqui. Martinez já foi embora. Talvez possamos fazer alguma coisa com o furgão Robin sugeriu. Os pneus? Adam enfiou a mão no bolso e tirou um canivete. Os dois se entreolharam. Vou ter de chegar perto da casa, mas, se mantiver o furgão entre mim e eles, não irão me ver. Vou tentar cortar pelo menos dois pneus. E se eles o virem? Adam deu de ombros e começou a avançar, sob o olhar apavorado de Robin. Não demorou mais que alguns segundos para alcançar o furgão. Robin o viu enfiando o canivete no pneu, mas a operação parecia demorar horas. Os homens poderiam sair da casa a qualquer momento. Robin tremia de ansiedade, agachada no meio dos arbustos. Depressa, Adam, pensou. Depressa! Um dos lados do furgão baixou devagar e Adam moveu-se para o pneu da frente. Foi então que a porta da casa abriu e os três homens saíram. O coração de Robin quase parou. Sem suspeitar de nada, os homens caminhavam devagar em direção ao furgão. Eles conversavam e um deles ria. Ela viu Adam imobilizar-se. Depois, deu mais um golpe no pneu e a dianteira do furgão baixou lentamente. Mas era tarde demais. Os homens o tinham visto! Um deles entrava no carro e os outros dois davam a volta para pegá-lo! Adam não teria tempo de alcançar a vegetação! Robin não tinha escolha. Naquele momento de pavor, sua mente trabalhava com clareza e lógica. Ela ficou em pé e saiu na clareira, à vista dos três homens. Calmamente, parecendo não ter conhecimento do que acontecia, caminhou em direção a eles. Ei, vocês! Ainda bem que encontrei alguém! Meu carro quebrou aí na estrada e eu... Os três homens ficaram imóveis, paralisados de surpresa por um momento, e Robin pôde vê-los bem. O choque a atingiu como um soco no estômago e ela apenas ficou olhando, boquiaberta e sem ação, para um deles.
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