amor

2123 Words
Robin o seguiu pela trilha escura, de mãos dadas, o coração batendo tão forte que quase doía. Excitação e medo faziam seu corpo tremer. Quer ir mais devagar? ele perguntou. Está difícil enxergar o caminho. Ela apenas sacudiu a cabeça, negativamente. Sentia-se ofegante, mas não só pela caminhada. Seguia um homem por uma trilha antiga sob um imenso céu estrelado, ao mesmo tempo desejando e temendo o que estava por vir. O que estou fazendo?, perguntou a si mesma. Embarcava em uma jornada que ela mesma buscara, mas Adam, como seus bravos ancestrais, era estranho para ela. Saberia de fato o que havia iniciado? Não teria sido mais seguro esperar até que o conhecesse melhor? Inúmeras questões surgiam em sua cabeça, mas, a cada passo, seu destino parecia mais sólido e definido. Por que você não acampa perto dos estudantes? Eles são jovens e não querem alguém tomando conta. O acampamento de Adam era grande e convidativo. Havia uma barraca dentro da qual era possível ficar em pé e um toldo de lona que cobria uma mesa de trabalho. Papéis seguros por pedras espalhavam-se sobre ela, junto a pilhas de livros. Sob o toldo havia um fogão e, no centro da área, um local para acender fogo. Adam ocupou-se disso. Fique à v*****e disse a Robin, enquanto juntava uma pilha de madeira. Há um banquinho de lona dobrado dentro da barraca. Certo. Ela acendeu uma lanterna, entrou na barraca e encontrou o banquinho. Permaneceu lá dentro por um momento, consciente do cheiro de Adam por todo o lugar, misturado ao aroma de terra, lona e fumaça da fogueira. Então, viu o colchão de ar onde ele dormia, onde eles iriam dormir, e seu coração deu um pulo. Saiu depressa, sentindo-se tonta e um pouco constrangida. Adam estava agachado junto à fogueira, alimentando o fogo. Havia tanto de índio naquele homem que Robin achava difícil imaginá-lo na universidade, morando em um apartamento, cercado de confortos. Ela sentou-se no banquinho e esfregou as mãos para aquecê-las perto do fogo. Você não fica com frio aqui, à noite? ela indagou. Não. Você gosta mais de viver ao ar livre? Ele levantou a cabeça e a encarou. Você é tão curiosa, Robin. À vezes tenho a sensação de que sou um espécime e você está me estudando. Bem, eu estou interessada ela declarou, decidindo que a franqueza era o melhor caminho. Você é um completo enigma para mim. Por que sou um índio? Sim. Robin admitiu. Isso me fascina. Mas não entenda da maneira errada. Ser índio é parte de você, como ser alto ou baixo, magro ou gordo. A gente se sente atraído por uma pessoa por causa do que ela é, certo? Admiro sua sinceridade, Robin. Acho que me ensinaram como conhecer a mim mesmo, mas não a comunicar isso aos outros. Uma característica apache. Pode-se aprender a comunicar. Sim, se houver boas razões. O fato de eu ser branca me torna um enigma para você? ela indagou, aproveitando que Adam parecia disposto a falar. Ansiava por penetrar mais em sua alma. Ninguém me perguntou isso antes ele comentou, com um sorriso. Acho que não. Às vezes você faz coisas que parecem estranhas para mim, mas eu sempre consigo entender suas razões. O quê, por exemplo? Por exemplo, insistir em participar desse caso do pote. O velho senso norte-americano de justiça, talvez? ela sugeriu, brincando. Será que ele não percebia que, se não fosse o caso do pote não estariam juntos ali no acampamento? Sabe, eu o invejo, Adam. Você parece bem ajustado com sua família, seu trabalho, e com você mesmo. Nós, pobres homens brancos, vivemos em busca dessas qualidades que vêm tão naturalmente para seu povo. E nunca chegamos sequer perto. A maior parte dos homens brancos não parece notar a falta. Mas eu noto. Sempre achei que, se fizesse parte de uma grande família, poderia encontrar essa harmonia. Ela colocou os cabelos atrás de orelha, pensativa. Mas o único jeito de isso acontecer é eu construir minha própria grande família. Então você merece isso Adam declarou, apoiando os braços sobre os joelhos e encarando-a de frente. Quer dizer que você acha que não é ajustada consigo mesma? Eu? Robin riu, com excessiva despreocupação. Como todo mundo, eu imagino. Ele permaneceu em silêncio por um minuto, examinando-a. Devagar, ficou em pé, aproximou-se dela e segurou-lhe as mãos para ajudá-la a levantar-se. Não é da minha conta sondar sua vida, Robin. É suficiente que você esteja aqui comigo. Eu quero você ele murmurou, fitando-a com carinho e d****o. Robin estava atordoada, com o pulso disparado, e m*l teve a presença de espírito para fazer um sinal afirmativo com a cabeça e segui-lo para dentro da barraca. Adam parou diante dela, na semi-escuridão. A luz da fogueira iluminava-lhe o rosto e os ombros enquanto ele desabotoava e tirava a camisa. Sombras escuras dançavam em seu peito acobreado que se movia suavemente devido à respiração. Robin percebeu todos os sentidos se aguçarem. Era como se não existisse mais nada além daquela pequena barraca onde se encontrava com Adam. Levou as mãos aos botões de sua blusa, mas ele a deteve. Eu quero fazer isso Adam murmurou e, lentamente, começou a desabotoar a roupa de Robin, roçando-lhe a pele com os dedos, deixando uma trilha ardente de sensações que a faziam estremecer. Logo a calça uniu-se à blusa no chão, e Adam procurou o fecho do s***ã. Você é muito bonita, Robin. A pele dela se arrepiou quando o ar frio da noite envolveu-lhe a n***z. Sentia-se viva e sem o menor traço de inibição. Talvez um jovem casal anasazi tivesse estado certa vez naquele local próximo à cidade, deixando suas roupas caírem uma a uma no chão duro... Adam beijou-lhe os lábios, os ombros, o pescoço, enquanto suas mãos seguiam o contorno dos quadris e das nádegas. Parecia querer possuir-lhe o corpo todo, memorizar cada curva e reentrância, antes de deitarem juntos. Robin sentiu os joelhos enfraquecerem e apoiou-se nele. Suas próprias mãos exploravam as costas musculosas e macias, deixando-se envolver no calor que o corpo dele emanava. Gemeu baixinho quando ele a beijou com mais paixão, lentamente, como se o tempo não tivesse mais significado. Ainda abraçados, caminharam até o colchão. Robin deitou-se e afundou a cabeça no travesseiro, sentindo os lábios dele a lhe saborearem os s***s. Seu cérebro registrava cada toque, cada movimento, cada respiração. Adam a beijou com tanta ternura que ela abriu-se como uma flor, para ser penetrada devagar e tranquilamente. Seus corpos moviam-se em perfeita sintonia, como se houvessem sido feitos um para o outro. Oh, Adam Robin murmurou, e ele soube que chegara o momento. Abraçados, gemeram de prazer na noite silenciosa, abandonados à doce satisfação de seus instintos. Adormeceram juntos, mas Robin estava agitada. O fogo ia diminuindo lá fora e ela acordava de tempos a tempos nos braços quentes de Adam, escutando o estalar da madeira ou ruído de alguma criatura noturna do canyon. Tinha v*****e de acordá-lo, de lhe dizer tantas coisas, de ver o fogo apagar ao lado dele. Mas Adam dormia profundamente, com um dos braços sobre seus s***s, uma das pernas dobradas sobre a perna dela. Começava a amanhecer quando Robin abriu os olhos outra vez. Ela virou a cabeça e viu Adam acordado. Bom dia ele murmurou. Oi Robin sorriu feliz ao sentir os dedos de Adam acariciando-lhe os s***s. Fizeram amor novamente, de forma tão terna como na véspera, mas parecia haver uma espécie de tristeza na paixão de Adam. Ela percebia alguma contenção em suas carícias e beijos, como se ele entregasse toda sua carne, mas nada do espírito. Essa ideia passou depressa pela mente de Robin, mas desapareceu assim que as sensações se apoderaram de seu corpo. Havia apenas Adam, o peso de seu corpo forte, a maciez de suas mãos carinhosas. Minutos depois, Robin respirava satisfeita, coberta por um fina camada de transpiração. Adam apoiou-se sobre o cotovelo e sorriu. Você é linda ele murmurou, inclinando-se para beijá-la. Ele era tão gentil e carinhoso, Robin pensou. Tão especial. No entanto, havia sempre aquele distanciamento que ela já tentara compreender de todas as maneiras, sem sucesso. Era como se, com sua contenção, ele tentasse dizer-lhe alguma coisa, avisá-la de algo. Enquanto ela se vestia, Adam trouxe uma panela com água. Está gelada, mas eu achei que talvez você quisesse... se lavar, ou algo assim. Ah, obrigada. Robin adorava a timidez e a atenção dele. Seria capaz de passar a vida toda a seu lado. Adam estava preparando o café da manhã quando ela saiu da barraca. O cheiro de bacon invadia o ar. Dizem que é r**m para a saúde Adam comentou, apontando para as fatias de bacon. Péssimo, mas eu adoro. Ela sentou-se perto do fogo. Os primeiros raios do sol iluminavam o alto do canyon, afastando a friagem. Logo o calor seria abrasador. Frio à noite, tórrido durante o dia. Uma brincadeira c***l da natureza. Como você gosta dos ovos? Adam perguntou. Fritos ou mexidos? Ah, mexidos, por favor. Ele vestia uma camisa xadrez verde e preta, jeans e botas. As mangas estavam arregaçadas, mostrando os braços fortes que há pouco a haviam abraçado com tanta paixão. O amor de Robin era intenso naquele momento, como fogo atiçado pelo vento, poderoso, incontrolável. Precisamos resolver sobre esta noite. Acho que você deveria ficar na fazenda Adam retomou. Não, acho que eu vou falar com Shelly. Ela tem dois quartos de hóspedes. Será que você vai mesmo? Adam! Estou falando sério. Você parece tão despreocupada, mas espero que se lembre do que lhe aconteceu duas noite atrás. Tenho pontos na testa para me lembrar. É bom mesmo. Alguém anda muito ciente de seus movimentos. Vou pensar nisso. E juro que passarei as noites na casa de Shelly até que esse caso esteja resolvido. Mesmo que demore um pouco? Mesmo assim. É uma promessa. Ela quase acrescentou que estaria disposta a fazer a longa viagem até Chaco todas as noites, mas achou melhor ir mais devagar. E havia algo estranho em Adam naquela manhã. Comeram em relativo silêncio. Robin sentia-se feliz por estar ao lado dele naquele lugar maravilhoso. Imaginava se Adam estaria com a mesma sensação. Estaria apaixonado por ela também? Conhecia-o o suficiente para suspeitar que ele não era homem de ter muitos casos amorosos, portanto a noite anterior devia ter sido especial para ele, tanto quanto fora para ela. E era gostoso sentir-se querida, desejada. Depois do café, Robin ajudou-o a arrumar as coisas e lavar os pratos. Então, olhou para o relógio e soltou um suspiro. Já são oito horas. É melhor eu tomar uma atitude disse. Tem razão. Adam, obrigada por tudo. Por esta noite, também. Ele não respondeu. Um alarme soou na cabeça de Robin. Vou acompanhá-la até o carro. Não precisa. Eu quero, não é problema nenhum. Era evidente que ele havia se distanciado outra vez. Estava escrito em sua expressão fechada e no olhar impessoal. Robin tentou tranquilizar-se, garantindo a si mesma que ele provavelmente andava preocupado com o trabalho, apenas isso. Não havia motivo para Adam estar aborrecido com ela. Robin parou ao lado do carro e abriu a bolsa para procurar a chave. Adam virou o rosto para o sol, inexpressivo, como se quisesse fitá-la. Bem, eu vou indo Robin falou. Promete que vai ficar na casa de Shelly? Prometo. Ela ia entrar no carro quando Adam colocou a mão sobre seu ombro. Ouça, quanto à noite passada... Robin, eu... Foi muito especial para mim, e eu quero voltar a vê-la. Ele fez uma longa pausa e seus olhos pareciam querer contar-lhe algo triste e assustador. Robin sentiu o coração acelerado. O que foi, Adam? Robin, espero que possamos ser sempre... amigos. Ela o encarou por vários segundos, confusa e espantada. Amigos? Sabia que estava pálida e seus lábios tremiam. É isso que você chama de amizade, Adam? Nós fizemos amor. Sinto muito, Robin. Eu não queria magoá-la. Obrigada por suas boas intenções. Você merece mais do que eu posso lhe dar. Nós somos muito diferentes. n******e dar certo. Isso é algum tipo de revelação apache? ela perguntou, sarcástica. É apenas humano. Bem, então é só isso. Eu gostei de você, Adam. Achei que... Robin, não... Por favor. Ela sacudiu a cabeça, incrédula, enquanto se esforçava para conter as lágrimas. Acho que é melhor eu ir embora. Trêmula, entrou no carro e ligou o motor. Amigos, ele dissera. Tinha v*****e de rir histericamente. Você está em condições de dirigir sozinha? ele indagou, com a voz tão tensa quanto a dela. Claro que estou. Robin pisou no acelerador e saiu cantando os pneus. Pelo espelho retrovisor, viu Adam parado no mesmo lugar, imóvel. Amigos. Como ela pudera ser tão estúpida?
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