Sara,
(uma semana depois)
Enfim, estou recebendo alta. Minha mãe anda estranha e pensativa, meu pai não apareceu aqui e todas as vezes que pergunto vejo que ela tenta disfarçar.
As meninas apareceram pra me visitar todos os dias, e os rapazes também.
O Vitor não saiu do meu lado em momento algum, p**a p*u e MT o atualizam sobre as coisas do morro, ele tem resolvido tudo pelo computador e celular.
Eu fiquei muito triste em descobrir a perda da minha bebê, apesar do Vitor ter brigado muito comigo e me fazer prometer que não sairei durante uma invasão, eu faria novamente. Claro que se soubesse que estava grávida tomaria mais cuidado. Mas nunca que o deixaria entrar naquele beco e ser morto pelos policiais.
Esses dias eu estive lembrando de umas coisas estranhas quando ainda estava em coma.
Da moça linda que se disse minha mãe e da garotinha parecida com o Vitor, não contei pra ninguém, vai que pensam que sou maluca.
Mas vou pedir ao Vitor para procurar o paradeiro da minha verdadeira mãe. Preciso descobrir se ela realmente está morta ou foi loucura da minha cabeça.
Esse tempo aqui me fez perder peso, meu cabelo está horrível e pareço uma cera de tão pálida. Assim que chegar em casa, vou vê se Priscila conhece alguém que venha atender a domicílio. Afinal, não vou conseguir sair de casa por um tempinho.
Minha mãe entra no quarto com o papel da alta nos chamando para ir embora. Ainda tenho dificuldade pra descer da cama, totalmente desprovida de altura, risos, e doi um pouco no local da cirurgia.
Sinto braços fortes me pegarem no colo e minha mãe sorri, junto com um dos meninos da segurança que trás as malas.
No corredor algumas pessoas falam, mas não me importo. Pelo contrário, coloco minha cabeça em seu pescoço para sentir o cheiro maravilhoso do meu homem.
Acreditem se quiser, de tanto eu implicar, o bonito chamou o barbeiro dentro do quarto do postinho para arrumar seu cabelo, bigode e barba.
Ele me coloca no banco de trás do carro e senta no carona, minha mãe senta ao meu lado e MT assume o volante.
- Já era hora em patroa, trabalhamos dobrados aí pro parceiro, só porque você é gente boa e fecha com nós.
Agora vai da uma força lá pra conferir os cálculos e estamos kits.
Quero gozar das minhas férias logo.
- MT tá maluco. Minha mulher acaba de sair do hospital e você vem com papo de colocar ela pra trabalhar.
- Eu não me importo, leva o computador em casa, vai ser bom eu ocupar a mente.
também preciso das matérias da escola ou ficarei atrasada
- Eu falei com a diretora, vai aplicar sua prova em casa. Relaxa aí
seguimos até nossa casa, que está com cheirinho de limpeza e Maria vem me receber na porta com um abraço apertado.
- Que saudades menina, fiz prece para todos os meus santinhos pedindo por sua recuperação, ainda bem que voltou logo.
- Aí Maria, o que seria de mim sem você, digo a abraçando. Ela é alguém tão especial pra mim, sempre esteve ali me ajudando.
Assim que entro na sala de casa todos gritam:
- Surpresaaaaaa
Acabo rindo do carinho que eles tiveram em preparar tudo e lágrimas rolam dos meus olhos.
-Fiz o bagulho pra te vê feliz, gostou não?
-Amei Vitor, estou é emocionada pela recepção e todo esse cuidado.
Vejo a Clarinha vermelha com o pequeno Henrique no colo e só aí me toco que o MT estava entrando com as malas e está parado olhando em sua direção.
- Vem amor, vamos sentar.
- Sim, mas segura o MT, comento e só aí ele encara o mesmo.
- Hoje é dia de festejar a chegada da minha mulher e qualquer outro assunto, tratamos depois. Tá ligado MT
O MT só concorda, mas até eu me assustei com o Vitor e sento no lugar onde ele posicionou duas almofadas para eu ficar confortável.
Eles fizeram uma mesa de chá da tarde super linda, cheia de guloseimas, uma faixa de boas vindas com o meu nome e um bolo que só de olhar dá água na boca.
Minha mãe me serve um suco e todos vem me cumprimentar.
Clara se aproxima e sussurrando diz em meu ouvido:
- Estou com medo, ele sabe que Henrique não é meu irmão. Está encarando o menino.
-Calma, vou pensar em algo.
Ficamos ali conversando e então pedi um pedaço do bolo. Ainda não posso comer muita coisa, mas só de está aqui com eles, em casa, me sinto vitoriosa.
Ficamos conversando e Henrique brincava com seu carrinho, no tapete encostado na perna do Vitor.
Até que sobe no sofá se aproxima do Vitor e fala baixinho, mas todos ouvem:
- Tio poque aquele tio ali não para de olha eu.
- Liga não moleque, aquele tio nunca teve um carrinho assim tão lindo igual o seu e por isso está olhando direto.
MT ficou sem graça, e quando ia responder algo, o Henrique estendeu a mão.
- Fica tiste não tio. Minha mamãe fala que pecisa devidi.
Eu do esse pa você. A dinda Sara compo cato pa mim e um camião gande.
Acabo sorrindo de como ele fala e dou um beijo em sua bochecha gordinha.
Eu não sei se foi culpa, instinto materno ou pela comoção que o Henrique causou mas de alguma forma ele tocou o MT que acabou aceitando o carrinho e abraçando a criança com força.
A Clara iria levantar, nas coloquei a mão em suas pernas, eu tenho muita pena da minha amiga. Apesar de tudo ela ama esse i****a e sei o quanto ela sofreu e sofre com toda essa história.
- Valeu aí menor pelo carrinho, esse eu vou guardar em um lugar especial, e por você ser bonzinho eu vou comprar um carrinho pra você também.
Pode ser ?
- Mamãe eu pode aceta o carrinho do tio?
A Clara estava sem voz e apenas balançou a cabeça.
- A mamãe dexo tio.
Olho pra Priscila que entende na hora e chama Clara pra ir embora. p**a p*u oferece uma carona, elas se despedem e saem. Com o Henrique dando tchau e mandando beijos.
- Esse menino é uma figura
- Sim, amor é bem esperto esse meu afilhado. Digo orgulhosa
-Sara, ele é idêntico as minhas fotos de quando eu era criança. Será que?
- É mesmo MT, não entendi esse Será que?
Deixa a Clara e o menino em paz.
Você mesmo disse que não a conhecia, agora está aí Será que?
Será nada, continua quieto no seu canto.
Vitor eu estou com dor, você pode me ajudar a subir
Não dou tempo do MT falar, ele foi covarde demais.
-Filha eu vou indo pra casa, amanhã passo aqui pra vê como vocês estão. Filho cuida dela e qualquer coisa me liga.
- Mãe, eu pedi a Maria pra arrumar um quarto pra senhora, vou ficar mais tranquilo assim. Aquela casa está vazia, fica. Amanhã pegamos suas coisas.
- Então o papai não veio.
- Vou meter o pé gente, isso aí é bagulho de família.
Acho que o MT é doido, só fiz uma pergunta.
- Filha o seu pai não veio, na verdade eu decidi que viria e antes que ele pudesse me impedir entrei no avião.
Estamos brigados e é isso.
- Então, o Vitor está certo mãe, a senhora fica conosco. Quero um banho, preciso tirar esse cheiro de hospital.
Minha mãe fala pra que eu tome banho e descanse.
Vitor, me leva nos braços.
-Assim você me deixa m*l acostumada, digo sorrindo e ele me dá um beijo. Nos despedimos da minha mãe e entramos no quarto.
Pode me ajudar com o banho e aproveitamos para você me contar tudo que minha mãe não deixou você falar.
Ele sorri e beija meus lábios e vamos para o banheiro.
- Tem nada certo ainda Sara, mas tudo indica que ele se juntou aos policiais pra me matar. Ele sabia que o meu grupo sai da boca no sentido escadão e os policiais estavam ali pra me executar.
Aí você entrou e estragou os planos dele.
- Como pode fazer isso com você, ele é seu pai.
- Sara, ele foi tudo pra mim nessa vida, menos um pai.
Estou investigando e vamos aguardar.
- Eu queria pedir uma coisa, você consegue descobrir sobre minha mãe.
Eu sei que seus pais me criaram, mas sonhei com ela e acho que não se encontra entre nós.
Ela está cuidando da nossa filha e no sonho pedia pra eu voltar que não era minha hora.
Eu ouvia sua voz, você chorando e fui tentando acordar.
Mas agora preciso descobrir isso.
Se foi um sonho ou se ela veio me visitar.
- Porque não me contou isso antes
- Eu pensei que fosse me chamar de maluca, digo a ele um pouco envergonhada.
-Claro que não, eu vou descobrir o paradeiro da sua mãe e trazer alguma notícia pra você.
Ele me ajudou com o banho, tomei os remédios e deitamos ali agarradinhos.
Como é bom está novamente em seus braços.
- Eu tenho uma coisa pra lhe falar
- Vai fala, eu odeio suspense Vitor. Vejo ele abrir a gaveta e ao olhar suas mãos, fico paralisada, sem acreditar