Se passou uma semana desde que conheci Carlos, nos aproximamos muito nos últimos dias, saímos juntos todo final de semana, o mesmo me dá muitas coisas e vou confessar gosto de como ele é fofo e atencioso, mas não tive coragem de falar da situação do meu apartamento depois que ele me ajudou com todas as contas em atraso.
— Já falei Tassio eu não vou me apaixonar pelo Carlos — Digo pela terceira vez — E aliás só o conheço a uma semana, não tem como começar a gostar de uma pessoa neste curto período de tempo — Falo o vendo arquear uma sobrancelha.
— Então se você o conhecesse a mais tempo essa seria uma opção? — Pergunta me olhando.
— Não foi o que eu disse — Respondo.
— É o que pareceu, Julio você ficou parecendo um bobo corado quando estava contando que ele entrou na frente daquele projeto de cobra, meu querido amigo quem iria querer levar um tapa no lugar de outra pessoa? — Pergunta me encarando.
— Você ainda lembra disso — Falo o encarando.
— Logicamente — Diz se encostando no sofá.
Como eu ainda sou amigo desta pessoa teimosa? Acho que é porquê a gente combina em muitas coisas, eu e Tassio nos conhecemos desde crianças, ele se assumiu primeiro para sua família e eles o aceitaram com tanto carinho, quando meus pais souberam que Tae é gay imediatamente me impediram de ver meu melhor amigo, na época eu fiquei tão deprimido que nem saia do quarto, Tae subia na árvore ao lado do meu quarto e pulava a janela.
Essas pequenas e rápidas visitas me animavam um pouco, foi com Tae que eu vivi minha melhor adolescência, saímos escondidos para um bar que tinha naquela cidade, lembro como se fosse ontem, escuto baterem na porta me levanto e vou atender.
— Julio? — Pergunta e eu concordo — Tem vinte e quatro horas para deixar o apartamento, está sendo despejado sem direito a segunda chance — Diz.
— O que?! — Digo pegando o papel que me entregou e logo foi embora.
Fecho a porta e olho para Tassio que me encarava, me sento ao seu lado e o mesmo me abraça.
— Estou perdido — Digo — Onde vou morar Tae? — Pergunto.
— Calma Julio vamos dar um jeito, acho que agora o melhor é arrumar suas coisas — Diz e eu concordo.
Me levanto sendo seguido por Tae e fomos até meu quarto, meu amigo me ajuda a colocar minhas roupas dentro de duas malas grandes que eu tinha.
— Tae aconteça o que acontecer, eu posso morar na rua, mas eu não volto para aquela cidade — Digo o olhando — Não vou voltar para aquela família, demorei muito para me sentir em paz não quero voltar — Falo e me sento na cama.
— Nem que você quisesse, Julio não vou deixar que você volte para aquele lugar — Tae fala e eu sorrio mínimo.
Termino de organizar as coisas e deixo as malas na sala e me sento no sofá e começo a procurar um lugar para eu ficar, encontro um pequeno hotel, mas fica muito longe da minha faculdade, mas não posso fazer nada a não ser aceitar.
Me levanto e Tae me ajuda a tirar as malas de casa, quando eu abro a porta dou de cara com Carlos que ia bater na porta, o mesmo me encara de cima a baixo e seus olhos param nas malas que eu empurrava.
— Está indo embora? — Pergunta, não reconheço este tom de voz que ele usou, mas sinto que Cadu não gostou de ver as malas.
— Julioie foi despejado, e você seria Cadu Carlos? — Tae pergunta e vejo o outro apenas concordar — Ah certo, sou Kim Tassio melhor amigo desde baixinho aqui — Fala por fim.
Não pronuncio nenhuma palavra apenas fico o observando, Cadu as vezes me encarava e eu sentia uma intensidade em seu olhar que me fazia arrepiar.
— Estou sentindo a tensão no ar — Tae comenta e começa a sair — Vou bater retirada, me liga Julio — Fala e sai andando.
Fico olhando para Cadu que não falou nada apenas entrou no apartamento após eu lhe dar passagem, fecho a porta e junto minhas mãos e fico mexendo os dedos, sempre faço isso quando estou nervoso.
— Por que não me falou? — Pergunta e eu me sento no sofá.
— Não queria lhe incomodar — Respondo e o vejo se virar e ajoelhar-se a minha frente.
— Julio entenda uma coisa, você nunca foi um incomodo — Fala me encarando — Eu nunca lhe vi como um, tudo que eu fiz foi porque você está me ajudando — Diz.
— Eu... Eu só não quero voltar para casa dos meus pais — Digo sentindo meu olho arder — Não posso voltar — Falo com a voz um pouco embaraçada.
Levanto o olhar e Carlos me olhava atentamente, passo a mão no rosto o secando nem percebi quando comecei a chorar, de repente sinto braços envolverem em minha cintura me abraçando com força, retribuo o abraço o puxando para mais perto. Carlos tem um cheiro tão bom, um perfume não muito forte, sinto cheiro de madeira, coro e terra molhada.
— Você não vai voltar, não precisa — Diz e levanta a cabeça para me olhar — Devia ter me falado babe, eu te ajudo, eu p**o tudo que precisar — Diz.
— Não vai adiantar — Falo o olhando — O dono deste apartamento não quer que eu more aqui mais, eu encontrei um hotel — Digo e mostro onde era o hotel.
Carlos pega me celular e observa atentamente por alguns minutos, depois o mesmo me devolve o aparelho e eu guardo.
— Não, não vai dormir neste hotel é um local perigoso — Diz e se levanta e o vejo pegar minhas duas malas — Vai ficar na minha casa, pode ficar o tempo que quiser — Fala e começa a andar para fora.
Me levanto rápido e começo a segui-lo, saímos do prédio e fico parado ao lado do carro de Carlos vendo o mesmo colocar as malas dentro, o mesmo caminha até a porta do passageiro e abrir.
— Não aceito um não como resposta, me preocupo com você e não deixaria que dormisse naquele hotel — Fala.
— Se preocupa? Comigo? — Digo o encarando.
— Você nem tem ideia do quanto eu fico me perguntando diariamente se você está bem — Fala dando partida de carro após eu entrar.
Fico em silêncio durante todo o caminho e Carlos percebe que não quero falar nada, olho para o lado de fora da janela vendo que estávamos entrando em um bairro extremamente luxuoso de Nova York, pego meu celular e entro na conversa com Tae para que ele saiba da toda situação.
Julio
Tae, vou ficar na casa de Carlos por alguns dias
[Visto 14:55]
Tata
Ainda bem que me avisou, assim não será preciso colocar a polícia atrás de você caso sumisse, vai me atualizando e aproveita a casa do boy.
[Visto 14:56]
Quando percebo já havíamos chegado, olho para frente e vejo uma mansão enorme, como ele pode chamar isso de casa? É literalmente mais de dez vezes maior que o lugar que eu morava, o carro para na frente da porta de entrada e o mesmo desce logo vindo abrir a porta para mim, desço e logo vejo a porta se abrir e uma mulher aparecer.
Ela me encara e logo revira os olhos, não ligo para o que ela faz não estou aqui para agradar ninguém, sinto a mão de Cadu em minhas costas me incentivando a andar e assim faço.
Passamos direto pela mulher, quando entro olho em volta encantado com toda decoração, a casa pode ser extremamente luxuosa e moderna por fora, mas quando se entra é uma decoração simples com poucas cores muito bonito de ver.
— Bem vindo novamente senhor Cadu — Uma moça bem mais jovem que a outra aparece, ela me olha e logo esboça um sorriso — Oh teremos visita, devo arrumar o quarto de hóspedes? — Pergunta.
— Mande Emma arrumar o quarto ao lado do meu por favor — Carlos responde e a mesma concorda e logo se retira.
Emma deve ser aquela que saiu quando chegamos, acho que a mesma não gostou muito de me ver, será que ela gosta do próprio chefe? Olhando Carlos não parece nem um pouco que ele se envolveria com seus funcionários, ele é sério demais para isso.
— Quero que fique à vontade — Fala se virando para me encarar, o mesmo esboça um sorriso e eu vejo seu rosto se iluminar mais.
— Obrigado, nem sei o que dizer — Digo.
— Só diga que não vai mais esconder quando estiver com dificuldade — Fala e eu concordo, me aproximo devagar e o abraço.
Sinto seus braços envolverem novamente minha cintura e seu rosto em meu pescoço, o mesmo respira fundo me fazendo arrepiar.
— Com licença chefe, o quarto está pronto — Escuto falarem e me afasto rapidamente de Cadu e olho para a escada vendo a tal Emma.
— Ótimo, venha babe — Cadu fala e segura minha mão me levanto até o quarto.
Quando entramos era enorme, com uma cama de casal no centro tudo tinha uma cor azul bem clarinho com branco, uma televisão gigante na parede, entro olhando em volta.
— Aqui coloque suas roupas no closet, o banheiro fica naquela porta — Fala apontando e eu entro, uma banheira com hidromassagem — Vou deixa-lo a vontade, logo Ashy virá trazer um lanche para você — Diz e eu concordo.
Ando pelo quarto e começo a arrumar minhas roupas, minutos depois escuto baterem na porta e logo ser aberta, saio do closet e vejo Ashy com uma bandeja.
— Senhor Julio seu lanche — Ela fala sorrindo e deixa em cima da mesinha.
— Que isso apenas Julio por favor — Peço e a mesma concorda.
— Seja muito bem vindo, senhor Cadu falou sobre você — Diz me olhando e eu sorrio mínimo — Tem um sorriso muito bonito Julio, vejo o porquê o chefe se encantou — Fala e eu a olho se saber o que dizer.
— Você é muito legal, mas acho que a outra não gostou muito que eu cheguei — Falo juntando meus dedos novamente.
— Não ligue para ela, Emma não sabe o que está fazendo — Fala — Vou me retirar para que descanse, senhor Cadu mandou avisar que teve que sair para resolver algumas coisas, mas estará de volta em breve — Fala e logo se retira.
Gosto de como Ashy deixa o ambiente mais leve, como o lanche que ela havia trago e quando termino desço com a bandeja e deixo onde vejo que era a cozinha, saio pela porta dos fundos dando de cara com um belíssimo jardim rodeado de flores e passarinhos voando.
Ando pelo local observando tudo em volta, uma piscina enorme e tinha até uma quadra de basquete.
— Acho que Cadu gosta de esportes — Falo pegando a bola e jogando na cesta.
— Senhor Cadu não gosta que mexam em suas coisas — Escuto falarem e me viro vendo Emma vir em minha direção e tirar a bola de minha mão — Acabou de chegar e acha que pode sair mexendo em tudo — Fala ríspida.
— E você acha que pode também, é só uma funcionária volte ao seu trabalho e deixe o convidado em paz — Escuto uma voz ecoar pelo local, me viro em direção vendo um homem de cabelos brancos platinado vir andando em nossa direção.
— Sim senhor Jung — Emma fala e sai andando, mas não antes de lançar um olhar ameaçador para mim, o que eu fiz pra essa mulher?
— Julio — Respondo.
— Sim sim, Carlos falou — Responde, Cadu falou de mim para todo mundo? É o que está parecendo.
— Sinta-se em casa Julio, vou passar dois dias aqui também espero que possamos ser amigos — Diz sorrindo e eu concordo.
Das pessoas que conheci do ciclo de convivência de Carlos apenas ele e Ashy são legais, acho que vou me sentir confortável aqui, Cadu fez e faz de tudo para que eu me sinta bem, vou retribuir isso, sei que consigo fazê-lo ficar bem, sim eu sei que posso.
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