As luzes do pub eram tênues, criando uma atmosfera acolhedora, mas a presença dele parecia adicionar uma eletricidade ao ambiente. As horas foram passando e o pub foi ficando cada vez mais vazio; as risadas e conversas animadas foram se dissipando, deixando apenas o som delicado da música ao fundo. A cada gole do meu vinho, sentia meu coração acelerar um pouco mais, enquanto tentava decifrar o que aquele olhar profundo significava. O silêncio se tornava quase palpável e, de repente, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer, restando apenas nós dois no espaço íntimo e envolvente.
Finalmente, ele se levantou e caminhou até a minha mesa. Com um sorriso enigmático, ele disse:
— Posso me juntar a você? — Eu acenei com a cabeça, curiosa sobre o que teria a dizer.
— Sou Fred. — ele se apresentou, estendendo a mão. — E você?
— Karina. — Respondi enquanto apertava sua mão. Seu toque era firme e quente.
— Desculpa, mas posso fazer uma pergunta?
— Claro! — respondi, sentindo uma mistura de curiosidade e nervosismo.
— O que uma mulher linda como você faz aqui sozinha em uma noite tão fria? — perguntou, inclinando-se levemente para frente, seus olhos brilhando à luz suave das lâmpadas do pub. O calor de sua presença me envolveu, e eu não pude evitar um leve rubor nas bochechas.
— Às vezes, só precisamos de um tempo sozinho. — respondi com um sorriso tímido, tentando esconder a fragilidade da minha confissão. — E você? O que faz aqui?
— Eu venho aqui sempre que preciso escapar da rotina. — ele respondeu, olhando ao redor antes de voltar seu olhar para mim. Havia algo no seu tom que sugeria que ele também buscava algo mais profundo.
— Você já ouviu falar da Cabana do Desejo?
A menção da cabana fez meu coração acelerar. Eu tinha ouvido rumores sobre esse lugar misterioso, onde as pessoas iam em busca de respostas ou até mesmo de seus desejos mais profundos. Era como se o próprio ambiente ao nosso redor se tornasse mais denso com essa ideia.
— Ouvi algumas histórias... dizem que é um lugar mágico. — disse eu, tentando esconder minha curiosidade enquanto meus pensamentos começavam a fluir como um rio caudaloso.
Lucas sorriu novamente, como se tivesse certeza de algo que eu ainda não sabia. Seu sorriso era enigmático e provocante.
— Mágico pode ser uma palavra forte demais, mas é um lugar onde os desejos se tornam realidade. — Ele disse isso com um brilho nos olhos, como se estivesse compartilhando um segredo precioso.
— Você já esteve lá? — perguntei, intrigada, meu coração batendo mais rápido na expectativa da resposta.
— Sim. E foi muito prazeroso. O que você desejaria encontrar na Cabana do Desejo? — Ele perguntou, sua voz baixa e envolvente.
Fechei os olhos por um momento, pensando na resposta que poderia revelar tanto sobre mim.
— Talvez uma noite agradável. — murmurei, mas ao mesmo tempo sabia que havia algo mais profundo ali.
— Fale sem filtros o que você realmente gostaria de ter na Cabana do Desejo.
Senti o calor subir pelo meu rosto enquanto a sinceridade da pergunta ressoava em mim.
— Eu queria ter muitos orgasmos.
Ele sorriu de um jeito sexy que fez meu estômago revirar de excitação e nervosismo.
— Por que você nunca teve? — perguntou ele, seu olhar agora fixo em mim com uma intensidade quase palpável.
— Não... meu companheiro nunca me fez gozar. — A frustração escapou dos meus lábios com mais facilidade do que eu esperava.
— Isso é uma pena. — Ele disse calmamente, deixando as palavras pairarem entre nós. Seus olhos desceram lentamente pelo meu corpo, avaliando cada detalhe. — Talvez você mereça mais.
O pub estava quase vazio agora; apenas o barman limpava as mesas com um pano surrado, criando um som suave de movimento que se misturava ao crepitar da luz suave das lâmpadas pendentes.
A música suave ao fundo parecia ecoar nossos anseios não ditos, com notas melancólicas que se entrelaçavam com as palavras que trocávamos. Eu me sentia à vontade, como se pudesse compartilhar tudo sem medo de julgamento.
— Você gostaria de ir à Cabana do Desejo? — perguntou repentinamente, seu tom carregado de expectativa e algo mais profundo.
Fiquei surpresa com a pergunta inesperada. Olhei em seus olhos profundos e vi sinceridade ali; havia algo nele que tornava aquele convite irresistível e ao mesmo tempo assustador.
Um leve sorriso surgiu em seus lábios, como se ele pudesse ler meus pensamentos, percebendo a batalha interna entre a razão e o desejo. Ele inclinou-se um pouco mais perto, e o cheiro dele — uma combinação de madeira, tabaco e algo inefável — me envolveu, intensificando a sensação de estar à beira de algo extraordinário. O tempo parecia ter parado enquanto eu ponderava sobre a proposta, cada segundo aumentando a tensão entre nós. A ideia de ir até lá era tentadora, mas o medo do desconhecido sussurrava em minha mente.
— Eu adoraria. — respondi, a adrenalina percorrendo meu corpo como um fio elétrico vibrante.
O ambiente ao nosso redor parecia se desvanecer, enquanto eu me perdia naquela intensidade. O calor do vinho ainda aquecia meu corpo, mas agora havia também um frio na barriga, uma mistura de excitação e receio.
Não me lembro exatamente como a noite terminou. Talvez fosse o vinho ou o calor que crescia entre nós, mas as lembranças ficaram nebulosas. A última coisa de que me recordo era o garçom me acordando gentilmente, sua expressão ansiosa para fechar o pub.
— Senhorita, com licença, mas já estamos fechando. — Ele disse, sua voz educada, mas firme.
Pedi desculpas, ainda tentando me recompor, e me levantei. Quando me virei para sair, o garçom chamou minha atenção novamente.
— Isso aqui é seu? — Ele perguntou, segurando algo em sua mão.
Era uma chave, presa a um pequeno chaveiro de madeira com um número entalhado: 12. Peguei-a com cuidado, sentindo o peso frio do metal contra minha palma.
Agradeci rapidamente antes de sair do pub, ainda atordoada pelo encontro inesperado e pela nova possibilidade diante de mim.