Capítulo 01
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Você já se enganou ao ponto de achar que sua vida era perfeita? Bom, eu sim. Por muito tempo, acreditei que tudo estava exatamente onde deveria estar. Até que uma simples viagem me fez ver o mundo de uma forma diferente.
Minha vida parecia um sonho. Um noivado de cinco anos, uma casa construída a dois e planos que pareciam sólidos como rocha. Pelo menos, era isso que eu pensava enquanto voltava de uma viagem de trabalho que deveria durar duas semanas, mas acabou encurtada. Estava ansiosa para fazer uma surpresa ao Daniel.
Cheguei em casa sem avisar. Ainda me lembro do sorriso no rosto enquanto abria a porta do nosso apartamento. Era o lugar que tínhamos decorado juntos, cada canto contando uma história nossa. Mas assim que pisei no chão, um desconforto estranho tomou conta de mim. Algo parecia... fora do lugar.
As luzes estavam apagadas, e um cheiro diferente pairava no ar, algo que eu não conseguia identificar de imediato. Olhei ao redor roupas espalhadas pela sala. Primeiro pensei que ele tinha sido descuidado – algo comum quando estava sozinho. Mas, então, meus olhos caíram sobre um detalhe impossível de ignorar: uma lingerie. Vermelha, rendada. Definitivamente, não era minha.
Porque aquilo estava ali?
Com o coração acelerado, segui os rastros que pareciam me guiar. Meu cérebro tentava encontrar explicações lógicas enquanto eu caminhava em direção ao quarto, mas todas falhavam miseravelmente.
Foi quando ouvi. Um som abafado, um gemido, seguido de risadas. Meus pés hesitaram por um instante antes de me obrigar a continuar. Quando cheguei à porta, hesitei. Queria abrir, mas também queria correr, sair dali e fingir que nada estava acontecendo. Porém, a coragem — ou talvez a raiva — falou mais alto. Empurrei a porta devagar.
E então vi.
Daniel estava na cama com Clara, minha melhor amiga. Eles estavam entrelaçados, completamente alheios ao mundo ao redor, até ouvirem o ranger da porta.
— Não! Isso não pode estar acontecendo... — sussurrei, sentindo como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.
Os dois se viraram, os olhos arregalados de surpresa e culpa. Daniel tentou puxar o lençol para se cobrir, enquanto Clara ficou paralisada, a boca entreaberta como se quisesse dizer algo, mas sem conseguir.
– Karina! Eu... Eu posso explicar! – Daniel disse, levantando-se apressado, mas hesitando em se aproximar.
Minha visão ficou turva por um instante, uma mistura de lágrimas e choque. Respirei fundo, tentando controlar a onda de emoções que ameaçava me engolir.
– Explicar? – Minha voz saiu mais alta do que eu esperava, quase um grito. – Como você pode explicar isso, Daniel? Você na nossa cama com... com ela?
Me virei para Clara, que parecia ainda mais encolhida sob o lençol.
– E você? – perguntei, minha voz carregada de desprezo. – Quantas vezes esteve aqui, na minha casa, rindo comigo, fingindo ser minha amiga, enquanto fazia isso pelas minhas costas?
Ela abriu a boca, mas não saiu som. E, honestamente, eu não queria ouvir nada que ela tivesse a dizer.
– Vocês dois são patéticos – cuspi, com nojo.
– Karina... Eu sinto muito. Não era para ser assim..
– Não era para ser assim? – gargalhei, mas sem humor, apenas amargura. – E como deveria ser? Você planejou um jeito mais sutil de me apunhalar pelas costas?
Daniel tentou intervir novamente.
– Karina, por favor, escuta. Isso foi um erro! Eu...
– Um erro? – interrompi, minha voz firme. – Um erro é esquecer uma data ou perder a chave de casa, Daniel. Isso aqui é traição.
Minha visão oscilava entre os dois. Clara chorava agora, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto balbuciava desculpas que eu não queria ouvir. Daniel parecia desesperado, mas eu não conseguia sentir nada além de nojo.
– Karina, eu amo você – Daniel disse de repente, com a voz desesperada.
Senti uma nova onda de raiva me inundar.
– Ama? Isso é amor para você? Trair a pessoa que confiou em você? Usar a nossa cama? Meu Deus, Daniel, você nem sequer teve a decência de esconder isso melhor!
Ele ficou em silêncio, encarando o chão como se buscasse alguma justificativa. Clara tentou falar novamente, mas levantei a mão.
– Não. Eu não quero ouvir nada de você. Acabou. Para os dois.
Antes que pudessem reagir, me virei e saí do quarto, atravessando o apartamento com passos firmes. Peguei minha bolsa e fechei a porta com tanta força que o barulho reverberou pelo corredor.
As lágrimas começaram a escorrer assim que entrei no elevador. Era um misto de raiva, dor e humilhação. Como pude ser tão cega? Tantos sinais que ignorei, tantas vezes que confiei cegamente.
Caminhei pelas ruas da cidade, sem rumo. O ar frio da noite parecia refletir o que eu sentia por dentro. As luzes dos postes lançavam sombras dançantes nas calçadas molhadas pela chuva que caíra mais cedo, e eu me sentia como uma estranha em um mundo que não me pertencia. Minhas emoções estavam à flor da pele, e a solidão pesava em meu peito.
Decidi entrar em um pub aconchegante que avistei ao longe. O ambiente era acolhedor, com uma iluminação suave e o cheiro de madeira envelhecida misturado ao aroma de cerveja e vinho. Pedi uma garrafa de vinho branco e me acomodei em um canto, observando as pessoas ao meu redor. A música suave preenchia o espaço, mas minha mente estava longe dali.
Enquanto tomava meu vinho, percebi que um homem me encarava. Ele era alto, com cabelos escuros e um olhar intenso que parecia penetrar em minha alma. Havia algo de misterioso nele, algo que me intrigava e ao mesmo tempo me deixava inquieta. Seu rosto tinha traços marcantes, com uma mandíbula bem definida e um sorriso enigmático que, apesar de sutil, iluminava seu semblante de maneira quase hipnotizante.