************ Capítulo 10 ************
************** Salita ***************
Sentia a magia fluindo em suas veias, o amigo do Cavlask tinha a descendência daquela bruxa.
— Salita... — Murmurou puxando a cadeira. — Sente-se. Não imaginava que o guerreiro marciano fosse trazê-la para a minha humilde casa. Pelo visto está lutando contra a maldição. És forte, bem mais do que pensava. Com certeza minha irmã estaria se remexendo no túmulo, caso houvesse um corpo para ter sido enterrado.
— Do quê está falando, Ghael? Que irmã? E vocês ainda não me responderam as minhas perguntas!
Cavlask olhava-nos cheio de rancor.
— Me poupe do seu ataque de ciúmes! — Ditei brava, buscando me recompor sem tirar os olhos daquele que obtinha o mesmo sangue da feiticeira. — Agora, posso entender o motivo da maldição não ter morrido com aquela que o projetou. Enquanto um Escarletiano viver, eu! Estarei sendo castigada por ter sido marcada no ventre da minha mãe!
— Escute-me, as coisas não são tão simples como parecem. Mesmo que se me matasse, a bruxaria ainda viveria em seu sangue. — Deu uma passada de olho no marciano, ali parado, tentando compreender tudo ao mesmo tempo. — Até se deixar consumir por ela.
— Nunca!
— Ghael...
— Por que a trouxe, Cavlask? Por que não a levou diretamente para as minhas coordenadas? Nas montanhas celestiais estarão seguros. Isso se os cem não agirem como caçadores imperdoáveis. A princesa Saturniana corre um sério perigo ficando aqui.
Eles se entreolharam.
— Então era você... E quando ia me contar que veio de Júpiter?
— Na hora certa.
— Essa?
Apontou para baixo, procurando achar sentindo para a nossa odisseia.
— Talvez depois de tê-la feito sua mulher.
— Como sobreviveu? Meu pai confirmou que não existia mais homens de Júpiter.
Sentou, suspirando cansadamente diante da minha pergunta.
— E não existe, sou o último, pelo menos por enquanto.
— O quê isso quer dizer?
— Nada. — Olhou-me firme. A Imperatriz Escarletiana dizimou os seres viventes assim que alcançou seu máximo poder. Matando, praticamente uma raça inteira. Sorte que nossos pais não viveram para assistir a primogênita deles se tornar uma bruxa desalmada. No entanto, fazia parte, pois ainda estava aprendendo a controlar suas forças do m*l.
— E ela poupou sua vida, que nobre da parte daquela v***a!
Cavlask me fitou em puro espanto, mesmo não entendo meu linguajar terráqueo, ele compreendeu o insulto aquela mulher que me puniu a troco de uma vingança sem fundamento. Apenas por despeito.
— Minha irmã era tão inocente quanto você Salita, antes que os anciões da nossa tribo a pegasse para fins obscuros. Eles almejavam o poder dominante através de moças virgens, puras de coração e que pudesse tirar dela o ventre sadio, sendo assim a escuridão podia se alastrar numa fêmea oca. Antes da minha irmã, outras morreram porque não aguentaram a forte pressão de ficar seca pelo resto da existência. Umas enlouqueceram antes de sucumbir a morte. Tem ideia o que a minha irmã passou?
— Hu! — Cruzei os braços. — Acha mesmo que esse discurso piedoso referente a vida daquela criatura rastejante, faria eu me compadecer?
— Não, de jeito maneira. No seu lugar, se tivesse a oportunidade estaria em busca da cura, e não no passado da mulher que te fez tanto m*l. A Origem Da Imperatriz Escarletiana, pertence somente as minhas memórias. Estou escrevendo um pergaminho para gerações futuras, caso queiram saber, que nem sempre ela foi a vilã da história.
— Tocante, mas a respeito da cura, você que carrega o veneno da magia dela, pois sinto sua força daqui, diga-me, como faço para obter a salvação dessa enfermidade na alma.
— Simples.
Olhou Cavlask novamente.
— Sem precisar me deitar com um macho! Ande! Me sirva para algo seu infeliz!
— Princesa... — O guerreiro veio para perto, tentando me acalmar, pois o meu semblante deixava claro o quanto queria esgana-lo. — ... Tenta se acalmar, Ghael não tem culpa de ser irmão da feiticeira, pelo visto nem ela teve culpa da extensão do seu poder. Foi uma vítima do seu próprio clã.
Sai do seu toque sereno, apaziguador, movendo a mão em sua espada da morte.
— Salita!
Apontei ao Ghael e Cavlask tentou arrancar de mim, portanto o ameacei com a sua própria arma.
— Posso tentar acabar com isso do meu jeito, e você? Tentaria me impedir com a magia que recebeu daquela que morrestes no dia do meu nascimento? Me daria essa honra?
O marciano esbugalhou os olhos diante da minha proposta ao Escarletiano.
— Estou aqui Salita, e não penso em fugir do meu destino. Quando criança fui reservado para ser o único, antes que a escuridão a consumisse por completo. Não restando nada de bom naquele coração. Se hoje estamos nesse impasse, nada mais justo, fazer valer a justiça da princesa. Faça, se te fará feliz.
— Te peço que não o mate, princesa. Por favor.
— Não a impeça Cavlask. Deixei-a ter o doce amargor da vingança.
— Isso!
Corri em sua direção, pronta, cheia de vontade de saber se ficaria livre dessa maldição assim que sua cabeça rolasse para fora do corpo. Sua imagem de olhos fechados e braços abertos não foi o último cenário na minha visão.
Parei no momento certeiro.
Uma pequenina criança correu para abraça-lo, inocentemente chamou sua atenção para abrir os olhos. Começaram a brincar de cosquinhas.
Um cisco parecia ter entrando nos meus dois olhos, tamanha foi a emoção de olhar aquela doce menininha.
— Pai.
Os dois pararam, e sua visão veio para o meu rosto, mas antes da sua filha se virar, escondi a espada atrás da minha silhueta.
— Que moça bonita, uma princesa... — Apontou para a minha coroa de rubis. — Posso usar? Sempre quis experimentar, em Marte não temos uma rainha.
— Oh.... — Murmurei, desarmando minha postura totalmente.
Cavlask tomou seu armamento cuidadosamente, alisando seu polegar grosso na palma da minha mão. Trazendo arrepios indesejados, da qual só me faziam ver o quanto sua essência masculina predominava cada instante na minha vida.
— Agradecida.
— Disponha, minha princesa.
Deixando de lado esse inapropriado comentário de mau gosto, coloquei as mãos na joia da minha cabeça e a pus na da menina de trancinhas. Sua filha sorriu alegremente, uma mistura de raças; Escarletiano com Marciano, já que a cor da sua pele, mostrava o óbvio. Em seguida chamou mais duas garotinhas um pouco maiores que ela, agradecendo saiu com elas. A porta se abriu normalmente, sem ajuda de terceiros, como se aquilo fosse normal para as suas vidas corriqueiras.
— Suas filhas possuem uma parte desse poder adquirido pelo seu sangue.
Comentei ao vê-lo olhando lá pra fora. Vigiando suas princesas brincarem com a coroa roubada de alguma rainha de outro planeta.
— Resquícios, só terão continuidade quando seu pai vier a morrer, todavia o que adquiri depois da sua morte foi uma pequena dosagem, portanto procurei fazer disso algo bom, e não ser levado para as forças sombrias de sua verdadeira natureza.
- Muito sábio de sua parte amigo.
Eles se olharam como fies companheiros de batalha.
- Mas insistir para que tomasse o elixir da sua mãe por razões de intervenção futura também. tive receio que a minha irmã pudesse de alguma maneira transferi seu fardo ao meus genes depois do seu fim.
Olhou-me profundamente. O semblante cansado. Fadigado.
- Eu tinha conhecimento sobre a praga da secagem ao povo de Saluti, porém não haveria de saber sobre a magia ser entrelaçada ao nascimento dos futuros príncipes de Saturno. No fundo sabia que ela tinha ido longe demais. Durante a transformação do Cavlask, sua maldição, Salita, foi escrita, e ali pude perceber o quanto seu destino havia sido enroscado ao marciano que foi separado para tentar impedir a feiticeira dos seus dotes maqueavélicos aos homens dessa e de outras nações. Alguém tinha que detê-la. Mas a derrota dela estava sempre nas mãos da própria, uma maneira arriscada de possuir uma magia tão poderosa, e da forma imprudente de manuseá-la. Acabou morta por dois bebês inocentes.
- A bruxa fez a escolha dela, e fico contente de ter findado com aquela vida miserável. Mesquinha.
- E a tenho em gratidão por isso. Mas agora precisa aceitar seu destino, Salita.
Tremi ao senti-lo tão próximo ao ponto de escutar sua respiração. E me deixar encantar pela a imagem potente do guerreiro, que ele assim se titulava.
- Quer se livrar de todo o tormento que a cerca? - Indagou Ghael.
- Sim.
Cavlask tomou as minhas mãos com posse.
- Vão as montanhas, e tenham um dia inteiro para fazer amor. Seu valente guerreiro tem sentimentos por ti, jovem princesa.
- Verdade? - Questione-o ao vim me abraçar.
- Tenho, mas só poderei mostrá-la quando enfim tomá-la para mim. Venha comigo Salita, serei cuidadoso.
Medrosamente olhei o forasteiro.
- Vão, vocês só terão uma chance de acasalar. Os cem acabaram de fugir do cerco, e lhe pouparei dos detalhes de como fizeram para escapar.
Cavlask não pensou duas vezes antes de me jogar em seu ombro largo e forte, antes de correr em direção as altas montanhas. Em meio a isso dei tchau as garotinhas, sem me importar daquela joia roubada ficar em suas posses. Tinha outras preocupações... pertencer ao macho que nunca havia desejado ter. Entristecida aceitei minha penitência.