Amizades

1148 Words
************ Capítulo 9 ************* ************** Salita *************** — Me chamou sequestrador marciano? Virou-se devagar, e me olhou de baixo pra cima, parando-se exclusivamente em meu rosto, mais precisamente na coroa que havia deixado na minha cama. Só a coloquei porque a achei graciosa, combinava comigo. — Sim, sente-se. Precisa se alimentar com substâncias mais sólidas. Desde que chegou aqui só tem se alimentado por líquidos quentes. — Fez cara de ranço. — Se chama sopa, não existe isso em Marte? Achei que fosse um preparo universal. Sorriu de lado. — Claro, mas temos outro pronunciamento, e leva muito mais iguarias da qual não estaria habituada mesmo se vivesse mil anos em nosso distinto planeta. — Pelo meu azar, já que estou fadada a seguir o marciano raptor. — Pelo ao contrário, a cada minuto que a conheço estou amarrado a segui-la feito um maldito escravo. — Sua voz rouca mostrava suas verdadeiras intenções. — Não vai acontecer. — Empinei o queixo, impondo-me diante dessa criatura. Sentei logo, não ia ficar esperando ele puxar a cadeira. — Vai, e a princesa sabe disso. Sentou na outra ponta. Enquanto as servas serviam, distribuindo os alimentos do meus dois planetas, nós dois trocavamos olhares teimosos. — Me possuir nesse estágio só vai me fazer odia-lo. Afinal, o meu corpo pede o que o meu coração se n**a a dar-lhe de bom grado. — Presumo que devo achar o caminho do coração da princesa, conquista-la romanticamente, para depois ser domado por ela. Travei o maxilar. Ele sabia os desígnios da minha condição amaldiçoada, a submissa seria eu, não ele. E isso me trazia um rancor terrível. Um desconforto mais forte que a minha vontade de pular desesperadamente no seu colo viril. Por que diabos estava vestido como aqueles nórdicos dos livros de estudo da biblioteca? — Prefere os lactobacillus vivos, princesa? — Perguntou solicitamente a moça simpática. — De preferência. — Respondi curtamente. — Sério? — Questionou o bárbaro. Logo, fez a absoluta questão que observasse ele comendo um maço de musgo alaranjado, misturado a fiapos de... Carne? De que tipo? Aff! Não se intrometa no estilo rústico de nutrição desse alienígena, Salita. Mas chegava a fazer um barulho irritante ao ser mexido pela sua colher grande de madeira. — Comem isso e ainda quer criticar os meus bichinhos? Sabia que eles ajudam no PH natural feminino? — Não. — Disse-me, ainda mastigando aquela coisa grotesca. Sem dar importância necessária para a saúde de uma fêmea continuou a comer, mesmo que aquilo ficasse grudado em seus dentes afiados. Ele tem uma arcaria dentária semelhante a pontas cortantes. Só percebi agora, ao ve-lo se deliciando com o seu manjar. — Costuma escovas os dentes? — Quer me beijar, Salita? — i****a! Peguei o leite contendo eles nadando no líquido branquinho... — Isso é leite de vaca ou c***a? — E isso importa? Olhei-o lotada de ódio. — Responda-me, ou deseja me intoxicar com um alimento errado? Parou os movimentos de mastigação selvagem, e me olhou profundamente. — De vaca, princesa. Uns dias atrás, antes do seu rapto, o mestre saqueou um armazém inteiro, trazendo mantimentos para o seu conforto terráqueo, além de visitar sorrateiramente fazendas na redondezas. Fez o mesmo em Saturno, sem os soberanos ficarem sabendo. Mas em sua terra natal ele comprou os grãos. O mestre Cavlask pensou em tudo. — Satisfeita? — Questionou ele, impaciente. — Agradecida pela informação serva do marciano pirata. Ignorei-o propositalmente. Esse é o seu nome... Diferente. Combina com o tal. — Oh... — Olhou para o verdinho que por sua vez me fitava emburrado. — Disponha. Eu acho. Voltei a me alimentar; joguei o sucrilhos de chocolate, amo chocolate! Morangos... Hum... E deixei as comidas de Saturno para atacar depois. — Isso... Coma princesa... Temos que visitar um amigo, quero conhecer mais a sua maldição. Quem sabe ele pode me dá novas informações para combate-la. Comendo olhei-o criando esperanças. — Pode ser possível, que a feiticeira tenha deixado brechas. Me agarrei a isso com todas as forças do meu ser. — Gosto de ve-la feliz. — Comentou ao terminar sua refeição esquisita. ************** Naira *************** Conseguimos conter o povo raivoso, agora eles estavam desacordados, não era pra menos, pois, com a disposição da minha familia era impossível detê-los. Depois disso, os que viram a luta, temeram a nós, e nenhum marciano desavisado se meteu conosco novamente. Partimos, entrando em qualquer moradia pela frente, e aí daqueles que tentassem atravessar nosso caminho. Estamos mais dispostos que nunca a achar a minha filha Salita. — Por aqui nada. — Disse Sean, se juntando ao meu filho para procurar na casa seguinte. — Vamos naquela catedral Secan. — Sim minha rainha. Corremos de mãos dadas, enquanto isso os outros soldados foram passar o olho nas demais casinhas ao redor. Entramos, e logo de cara encontramos um tipo de cerimônia, na verdade interrompemos ela. Uma bela jovem de olhos âmbar olhou a nós temerosamente, mas não entendíamos a razão do seu atual temor, já que as demais anciãs cuidavam amorosamente dela. Logo prosseguiram, levando-a para a parte detrás da propriedade. — Naira, não podemos interferir. Precisamos tomar o rumo do salvamento, antes que seja o fim da nossa filha nas mãos daquele marciano maldito. Fitei-o concordando amargamente com ele. — Chega de distrações. — Disse-lhe em pura tristeza. Demos meia volta saindo daquele ambiente da qual me trouxe inquietude a alma. Espero que fique bem, a moça é muito linda, além de ter um olhar dócil. ************** Cavlask ************* — Ghael!? Amigo! Onde você se encontra?! Trouxe visita. Adentramos na sua humilde cabana. — Tem certeza que podemos entrar sem ser convidados? Não gostaria de ser expulsa, ainda mais por um marciano. Notei-a tocando em uma das mandalas de proteção, penduradas em suas paredes. — Ghael, não é de Marte, ele é um... Ela focou a sua direita, e horrorizada se afastou, andando de ré pondo as mãos a frente de sua atraente silhueta. — Qual o problema? — Me tira daqui! — Salita... — Se não vai me levar embora, eu vou sozinha! Se virou contudo para a porta de entrada, mas ela se fechou, trancando-a aqui dentro comigo. — Olha... Não precisa ter medo de mim. — i*****l! — Atacou-me verbalmente. Começava a entender seus insultos da Terra. Trouxe seu corpo de maneira frontal, mas sua rivalidade não era despejada na minha direção, só assim olhei para trás, encontrando o meu conhecido desde novo. — Homem, desculpe ter entrando... — Vocês estão macumunados, então o sequestrador não é um simples furtador de princesas amaldiçoadas. Mirei-os, reparando um antigo confronto no ar. — Epa! Vocês se conhecem?! Como? De onde? Queria saber, totalmente dominado por uma força de outro mundo. Era mais fundo que o sentimento da raiva. Salita fez um som arisco, como se quisesse afasta-lo. — Maldito seja... Escarletiano.... Murmurou a princesa. Não! Isso era impossível!
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