Comecei um novo dia me traindo novamente, levantei e tomei um banho gelado para afastar os meus sonhos vívidos da Laura gemendo em cima de mim, era complicado afastar um pensamento que você no seu íntimo, quer muito ter! O café já estava pronto na cozinha e eu me servi de uma xícara, eu nem ao menos peguei o meu telefone. Apenas entrei em minha saleta particular, e tomei o meu café lentamente olhando para o rosto dela. Quando aquilo teria um fim para mim?
Depois de passar a manhã mergulhado em meus pensamentos, e memórias do que nunca aconteceu, eu me levantei da poltrona. Me cansei de fazer colagens de momentos nunca vividos com ela em minha mente. Eu precisava trabalhar! Algo grande estava por vir, e aquela distração ia mesmo acabar me matando de vez.
O meu celular estava explodindo de mensagens, minha mãe, me padrasto, pelo menos uns cinco ou seis concorrentes me xingando de filho da p**a. E com isso eu estava acostumado.
- Hola Paulo, háblame... ¿Cuándo llega la carga?- El cargamento llega esta tarde... ¿Por qué?- Porque quiero saber si van a detener nuestro envío en la frontera...- Lo siento, ¡realmente no lo sé!- Consigue el número de alguien con influencia, y yo me encargaré del resto. Los brasileños son corruptos, y con una buena cantidad de dinero podemos pasar sin problemas.- Pero Vic, ¿vas a ir solo? ¡Peligroso para alguien como tú!- Iré solo, para que todo funcione como tiene que ser, ¡sin ningún desorden! En caso de que no acepte... Jugamos duro.
- Olá Paulo, fala pra mim... A carga chega quando?- A carga chega hoje á noite... Por que?- Por que quero saber se vão parar nosso carregamento na fronteira...- Sinto muito, realmente não sei!- Consiga o número de alguém influente, e eu me encarrego do restante. Brasileiros são corruptos, e com um bom valor conseguimos passar sem problema.- Mas Vic, você irá sozinho? Perigoso para alguém como você!- Vou sozinho, assim tudo corre do jeito que tem que ser, sem bagunça! Caso ele não aceite... Jogamos duro!
Eu não tinha medo, e essa era a minha força como também o meu calcanhar de Áquiles, eu tinha o investigador nas mãos, o cara me deixaria passar até se eu tivesse carregando quilos de cocaína nas minhas costas... Quem tem o r**o preso não consegue receber dinheiro nesse ramo. E as fotos do cara comendo a secretária de dezoito anos iam causar um impacto maravilhoso sobre a esposa que com certeza levaria tudo o que ele levou a vida construindo! Se bem que merecia o filho da p**a! Mas negócios eram assim e eu tinha que enfrentar.
Eu me arrumei bem, claro que eu não ia falar com aquele cuzão desarmado ou sem alguém me cobrindo, meus homens estavam parados na porta da delegacia. Eu era audacioso pra c*****o, eu sempre havia sido.
Ninguém barrou minha entrada, em grande parte por que a maioria ali pegava arrego da minha favela, foi como eu disse, r**o preso causam consequências. Mas eu precisava daqueles homens, como também precisava dos meus, para que tudo permanecesse na ordem correta dos fatos.
- Não vou perder tempo, você é Raul? - Eu disse me sentando sem convite.
- Sim, e você é Victor Grecco... A que devo a honra?
- Você conhece o meu motivo, não se faz de i****a! - Eu falei sem muita brincadeira, era a hora do show.
- Eu quero trezentos mil reais! - Ele disse altivo também, o cara perdeu a noção do perigo mesmo.
- Nossa, você já tinha um valor em mente mesmo! Esperto!
- Sim - Ele sorriu - Eu sabia que você viria, vem coisa grande por aí né? Vistas grossas, nada de embargo... Ninguém na sua cola.
- Sim, coisa grande. Mas cara, quanto você acha que sua esposa te tiraria no divórcio? Um milhão? Sei lá, a casa de vocês em Bertioga? As crianças? Sua filha é linda mesmo... A escola dela é uma escola de luxo no centro não é não?
Ele arregalou os olhos mas continuou - Vamos direto ao assunto...
- Você sabe que quem banca essa tua vida de luxo sou eu não é? Com o arrego que seus homens pegam lá na minha favela?! Vou deixar as coisas mais as claras pra você... Eu posso cortar tudo isso, e quando eles aparecerem lá eu atiro na cabeça de todo mundo e acabou a sua festa! Ou eu posso também mostrar essas fotos aqui pra sua patroa... - Joguei as fotos sobre a mesa - Você não devia comer a mocinha da recepção cara, ela é gostosa mas não vale um divórcio milionário não! - Agora eu sorri para ele.
- Ninguém vai se meter com teus negócios, garanto! Vou falar com o pessoal da fronteira e ajeito tudo pra você.
- Isso que eu queria ouvir "amigo"! - Eu falei isso e me levantei para sair a negociação havia sido concluída e ninguém embaçaria na minha. Era assim que eu agia, eu era a p***a de um leão!
Eu vou resumir a ópera assim que saí da delegacia eu fiquei parado feito um psicopata em frente a revista onde eu sabia que ela trabalhava, tá bom, eu sei que vão julgar, mas p***a idaí? Eu só queria olhar pra ela um pouco! Aposto que ela já tinha até mesmo me esquecido!
Ela não foi pra casa, foi direto para um bar. E era assim que ela me irritava, era o que eu não tinha controle bem diante dos meus olhos. Eu a vi entrando no bar, e eu prometi que ficaria no carro. Mas só se ele não demorasse, c*****o, lá estava eu me sabotando novamente.
Eu dispensei todo mundo, e decidi que ficaria sozinho ali. Mesmo sem proteção de ninguém, era um simples bar, e eu estava apenas esperando que Laura saísse para que eu pudesse acompanha-la para casa, para que eu soubesse que ela estava em segurança.
Passou algum tempo, e nada dela sair. Eu estacionei melhor o meu carro e entrei naquele bar lotado de fracassados, não foi difícil saber onde ela estava sentada... Era magnetismo, eu sabia chegar até ela de qualquer ponto do globo.
Eu a observei por um longo tempo, ela parecia tão entediada falando com a amiga, eu queria salva-la dali, talvez tenha sido só um devaneio da minha cabeça. Eu queria que ela me visse, eu queria que nossos olhares se encontrassem. Queria medir qual seria a reação dela a mim.
E quando finalmente aconteceu, ela ficou agitada de repente, ela e a amiga me encararam com algum tipo de horror nos olhos.
Eu me levantei para impedir que ela escapasse das minhas mãos. Chamei o garçom e disse claro para ele entregando uma nota de cinquenta reais - Tá vendo aquelas moças ali? Então, qualquer uma que for tentar pagar a conta... o Cartão vai ficar sendo recusado por pelo menos uns quinze minutos, entendido?
- Entendido senhor. - Como eu disse, todo mundo tem tendência a corrupção.
Eu fiquei do lado de fora, o frio que fazia naquela cidade era descomunal. E foi quando ela saiu, preocupada e com medo para fora do bar, e conforme o combinado com o cara, a amiga não saiu junto.
- Laura? - Eu a chamei, torcendo para que ela sorrisse para mim.
- O que te fiz? Eu... Eu...Não...Eu, não fui mais até aquele lugar... Que você disse pra não ir, estou seguindo com a minha vida. - Ela estava nervosa, e não era a reação que eu queria que ela tivesse. Mas eu estava sendo um i****a, e não era burro para esperar algo diferente.
- Eu não quero mais que você saia da forma como tem saído, e acho que deveria parar de beber desse jeito também, e p***a, coloca o casaco, aqui fora está fazendo um frio de matar, você é assim sempre? s*******o de perigo? - Na minha mente doente eu estava protegendo Laura.
- Olha, eu já estou cansada de sentir medo... Então me fala... O que eu fiz pra você? Eu estou tentando seguir com a minha vida. - Ela disse o que não poderia, o que seria "Seguir com a vida" esquecer que eu existo? Eu não consegui seguir com a minha vida, eu sim estava sofrendo de uma psicose sem fim! E ouvi-la dizer que queria me esquecer, em tradução, me incomodou.
Eu a segurei forte demais, e me arrependi no mesmo momento, mas o perfume dela era tão maravilhoso, os lábios tão próximos aos meus... Me peguei puxando Laura para mais e mais perto, falei contra o rosto dela - Como você disse... Você seguiu com a tua vida, e eu simplesmente não consigo seguir com a minha c*****o! Então faz o que eu te mandei e vai ficar segura. Entendeu Laura?
- O que você quer dizer com não consegue seguir a sua? -
- Não importa, não agora. Eu só fico torcendo pra você dar uma escorregada, uma só! Até lá, ficam os meus avisos.
Eu sai na penumbra da noite, torcendo para que aquilo não tivesse um fim.