• Abuelo

1214 Words
Uma coisa que odeio, é fazer compras, experimentar roupas, isso dura horas e ainda mais com dona Rally, mais conhecida como a minha mãe. Teve uma vez, ela queria comprar um vestido rosa, e infelizmente não tinha o meu tamanho, e por mais incrível que este universo seja, ele estava totalmente contra mim. Rally só sossegou quando conseguiu comprar o vestido que tinha visto na loja. — Mãe, eu confio no seu gosto, pode comprar o que quiser para mim. — Continuei lendo as folhas do meu livro, eu faria tudo para não sair de casa hoje, ainda mais neste frio. — Glenna Sug, o inverno está chegando, precisa de novos moletons, esses seus estão acabados. — Jogou alguns moletons meus no chão da sala. — MÃE! — tirei toda a atenção dos meus livros, e olhei os meus moletons favoritos no chão. Ok, eles estavam um pouco desgastados, mas nada tão f**o e grave, eles ainda serviam para me esquentar, para mim, ainda poderia usá-los por mais dois anos. — Isso vai para o lixo. — Ela apanhou-os do chão, levando até o cesto. Eu gritei um "NÃO" tão agudo, que acredito que até Myra acordou. — O preto não, ele é o meu favorito. — Joguei meu livro no chão, correndo imediatamente e tomando o moletom preto de suas mãos. — Filha, isso precisa ser jogado fora. — NÃO! — Recuei. — Foi o vovô que me deu. Mamãe parou, e vi que a sua expressão mudou. Faz uns dois anos que não vejo o meu avô, o seu último presente que me deu foi este lindo moletom, na época era frio também, lembro-me que o vi numa vitrine, fiquei apaixonada por ele, vovô comprou no mesmo minuto. Quando eu o uso, lembro dele. Agora ele está no México, e faz meses que não tenho notícias suas, ele trabalha muito, e quando íamos visitá-lo, ele nunca tinha tempo. Do mesmo jeito, queria conversar com ele. A minha mãe e ele acabaram discutindo, por isso o afastamento, ainda sinto falta da sua presença nos dias de natal. — Tudo bem, fique com ele. O resto vai para o lixo. — Ela deu de ombros, jogando os seus cabelos castanhos claros ao vento. Pude ver o seu rosto na minha cabeça agora, imagino ele fazendo os seus chocolates quentes, enquanto conta uma história de quando foi ao exército, e suas mentiras, dizendo que já matou três ursos e quatro panteras-negras com uma só olhada. Se desejos existissem, esse era o meu d****o. — Quero ver o meu avô. — Digo baixinho, poderia ser loucura, mas poderia ser real. Estava preparada a voltar a minha leitura, até a campainha tocar. Seja quem for, eu prometo que o xingarei de diferentes formas. Quem é o louco que sai da sua casa, num tempo frio como este, e vem se hospedar na minha casa? Respirei e inspirei umas três, quatro vezes. Tentando não m***r quem estivesse na minha porta. Eu espero de verdade que não seja alguém pedindo informação. Assim que abri a porta... O meu corpo paralisou. Os olhinhos azuis, o cabelo grisalho cortado direitinho, era assim como eu tinha o visto, dois anos atrás. — VOVÔ? — Eu ainda não acreditava. Eu abracei tão forte, que devo ter quebrado todos os seus ossos. O meu abuelo tinha voltado para mim, quando dizem que Deus faz milagres, de verdade ele faz. Os meus olhos inundaram em lágrimas, meu velhinho... até pensei ser um sonho, esfreguei os olhos mil vezes... E sim, o meu avô estava ali. — Faz tempo, mas ainda não morri Glenna. — Ele disse entrando com as suas malas grandes pretas, as mesmas que eu tinha imaginado. Mamãe saiu imediatamente da área da lavandeira, deve ter ouvido os meus gritos... Ela também parou quando o viu, ainda acho que a reação dela foi pior, a sua expressão de espanto tomou conta de todo o seu rosto. — O que está acontecendo com todos nesta casa? Parece mais que eu morri. — Este era o Santino, meu avô. O mesmo senso de humor de sempre, em momentos tristes ou felizes, ele continua fazendo todos rirem. Não tem como levá-lo a sério. — Prazer em ver você. Rally. — Balançou a sua cabeça, ele estava ficando calvo? A minha mãe continuou parada. — Vim passar uns dias com a minha família. — Se jogou no sofá. — Essa casa ainda é minha, então eu sou bem-vindo. Nem me venha expulsar. — É Claro que não, papai, fique a v*****e. — Mamãe Gesticulou. — Vou mesmo. — Ele riu, levantando diversas vezes os ombros. — O que aconteceu papai? A sua empresa faliu? Pelo que eu lembre... Ah! É, você não vê a sua filha e as suas netas fazem o quê mesmo... — Mamãe debochou. — Dois anos, eu estou velho, não burro. — Franziu a testa. Eu não conseguia parar de sorrir. Vovô continuava com as mesmas graças de antes. Ele era o meu avô. Íago vai ama-lo conhecê-lo. Santino e a minha mãe são assim desde que nasci, se provocam, mas são minha família. — Cadê a loirinha? Trouxe Barbies para ela. — Colocou os pés na mesa. Vovô sabia o quanto mamãe odiava quando colocava os pés na mesa, só que esse é vovô... Ninguém o ensinava como agir a não ser ele mesmo. — a sua neta. — Enfatizou. — Ela não é mais uma criança, pai. — Rally, por favor. Eu acabei de chegar, guarde o seu senso de humor h******l, numa gaveta e a esconda por... sei lá, até eu sair desta casa. — Abriu um sorriso amarelo. Mamãe saiu bufando da sala, enquanto via a situação de Longe. Ouvi ela batendo a porta de trás, provavelmente deve ter saído, comprar os moletons que queria. — Tem presentes para você também. — Vovô sussurrou baixinho. — Em uma dessas malas. — Ele riu. — Por que está sussurrando vovô? — Perguntei, tentando-me manter séria. — Nem eu mesmo sei, minha neta. — Ele Gargalhou. Não estava esperando sua chegada, só que o meu coração pulava de alegria, se corações pulam... o meu parece uma cama elástica. Nunca fiquei tão feliz em ver alguém, Íago se sentiria ofendido se ouvisse esse meu pensamento... Mas era verdade, ninguém ganhava de Santino. — Vovô, por que veio? — Eu precisava perguntar. — Ver a minha neta, o que mais séria? — Fez beicinho. — E não seja desconfiada como a sua mãe, isso dá-me nos nervos. — Fingiu estar irritado. Ele nunca estar irritado. Ninguém muda o brincalhão que ele é lá no fundo. — Tudo bem. — Sorri mais uma vez. — E a vida, Glen? Amigos, namorados? Faz tempo que não me atualizo da sua vida ner? — Ele me examinou, com os seus óculos quadrados. — tem Alguém em especial? — — VOVÔ. — Alarmei um pouco envergonhada. — Deve ter. — Se achegou perto de mim. — Uma neta linda como você... é difícil não ter pretendes. — Colocou alguns fios do meu cabelo para trás da minha orelha. — Então? Puxou a quem? Euzinho. — Brincou com os seus fios grisalhos. Se fui mais feliz um, desconfio. Vovô trouxe de novo, a felicidade de rir sem parar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD