Naquela manhã eu tinha acabado de contar a Deena e a Carissa o ocorrido de segunda- feira. Deenna surtou, algo que eu já esperava da parte dela. Carissa ficou quieta, como sempre o oposto, sorrindo um pouco da história, mas não mostrando nenhum um pingo de empolgação.
— Vocês iriam formar um lindo casal. — Deena piscou várias vezes, mostrando em seu rosto uma expressão de criança pedindo doce.
— Iriam... — Corrigiu Carissa. — Eles não são um casal, e você como amiga dela Deena, deveria ter vergonha na cara. — Franziu a testa. — Vocês têm que crescer, o garoto namora, mas que horror. — Continuou com sua expressão fechada encarando nós duas, de uma forma reprovadora.
— Calma Cari, Só estávamos... — Tento dizer, até ela me atrapalhar.
— Calma o quê? Não entendem que são as piores pessoas do mundo agindo desse jeito? Ele não é solteiro, e imagine se você, Glenna... — Apontou para mim. — Se você namorasse ele, o que iria achar de saber que tinha alguém apaixonada por seu namorado e que torce todo dia para vocês acabarem?
— Mas ela não faz isso, Carissa. — Deena interviu, e lá, no fundo algo me dizia que uma grande discussão começaria.
— Deena, não dê falsas esperanças a ela, deixe de ser assim! — Revirou os olhos, se firmando no que dizia.
— EU? — Questionou. — Quem é você para dizer de honestidade? Você ficou com o Peter enquanto ainda estava com o Daniel.
Minha expressão surpresa ficou estampada por todo meu rosto. Daniel era o ex namorado de Carissa, mas nunca soube que ela havia o traído antes, e Deena nunca mencionou isso para mim até exato momento.Carissa fuzilou Deena com o seu olhar firme e frio. O jeito de mexer em seus cabelos cacheados, e a forma como mexia a cabeça mostrava o quanto insatisfeita ela estava com aquela história.
— Eu me arrependi Deena, eu me arrependi. — Aumentou o tom de voz.
— Pera... — Parei, pensei. — Você traiu mesmo o Daniel? — Arregalei os olhos.
O silêncio continuou, Carissa parecia envergonhada e Deena não estava nem um pouquinho arrependida de ter dito a verdade.
— Eu já disse, eu me arrependi. — Encarou os pés.
— Sério? — Deena sabia de alguma coisa. Ela estava confiante no que dizia e ela só fazia isso quando tinha provas concretas que algo estava acontecendo. — E porquê, na sorveteria, você e o Peter estavam agarradinhos?
— CALE A BOCA. — Carissa ordenou, de suas orelhas só faltavam sair fumaças.
Eu precisava fazer algo, não poderia deixar às duas discutindo por duas horas que nem quando a Deena começou a namorar e a Carissa ficou-a jugando e falando sermões por horas. Lembro-me o quanto Deena se irritou com a situação, Deena e o Yan não estão mais juntos, eles terminaram a cerca de um ano, Yan precisava ir à faculdade, por ser dois anos mais velho que Deena, por isso, preferiu deixá-la. Isso a machucou por meses, e todos os dias tínhamos que ouvir Carissa dizer o quanto estava certa sobre Yan.
— Vocês nunca me escutam, por isso que quebram a cara. — Levantou as sobrancelhas, mostrando novamente que estava com a razão. — Estava certa sobre Ian não foi? — Cruzou os braços. – Eu disse que ele iria te abandonar... — Abriu um sorriso vitorioso, como se ela quisesse que aquilo tivesse acontecido.
— O que você disse?
Falar de Ian, era Sempre difícil. Eu nunca citei o nome dele, depois do término entre a Deena e ele. Sempre era difícil chegar naquela conversa. Deena tinha um amor enorme por Ian, Eu pensava que eles ficariam juntos, algumas vezes até pensava que eles tinham nascido um para o outro, por mais que nunca acreditei em destino, eles pareciam ser o próprio destino. Deena é sensível, sei que a própria não gosta de relembrar o passado com o Ian, Prefiro evitar este assunto, não tocar na ferida sabe?
— Agora você quer falar do Ian? — Passou as mãos em seus fios loiros, parecia irritada.
— Foi você que começou a falar do Peter. Pare de se intrometer na minha vida, que paro de me meter na sua.
— Impossível. — Deena gargalhou alto, brava. — Você sempre se intromete em nossa vida.
Para falar a verdade, eu já estava imaginando até que ponto aquela conversa iria, e os gritos delas iria acabar chamando a atenção da minha mãe, e ela iria expulsar as garotas daqui.
— Meninas. — Olhei para as duas no mesmo tempo. — Poderiam parar de discutir, por favor?
— Eu nunca quis atrapalhar você e Glen. — Carissa Continuou, como se eu estivesse ali como um fantasma, ela não tinha nem ligado para o que tinha acabado de dizer.
— Meninas? — Mamãe apareceu na porta.
— Oi mãe. — Digo sem graça, pensando que ela tinha escutado a discussão lá de baixo.
— Glen, aquele garoto do hospital está aqui embaixo.
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