— Ela está bem, doutor? — Ouvi aquela voz, a voz que nunca tinha esquecido, era o Íago. Eu sabia como era sua voz, eu tinha decorado em minha caixinha registradora, minha caixa preta, chamada cérebro.
Minha mente só pensava em dormir, mas forcei os meus olhos a abrirem, contra a v*****e de 50% do meu corpo. E devagar, vi o Íago, e um homem com um jaleco branco. Prestando atenção em cada detalhe, percebi que eu não estava em casa, e não era um sonho, tinha sido real e aquilo era um hospital. O pânico atravessou todo o percurso do meu corpo, inclusive quando o Íago e o médico começaram a fixar os olhos em mim, eu deveria estar horrível... E se eu tivesse quebrado um osso? Ou alguma parte do corpo?
— Oi! Glenna. Você sofreu um acidente. Me chamo Felix, seu médico. — O homem de jaleco se aproximou. — Você lembra o que aconteceu?
Eu tive um flash, um rápido e ligeiro Flash. Eu ia para praça vê Íago, até eu ver o farol do carro e cair que nem uma barata tonta, só isso que lembrava. Mamãe deve estar furiosa, e se não morri neste acidente, assim que ela travessar a porta deste hospital, eu estarei morta.
— Acho que lembro. — Olhei para o Íago, uma, duas, três e incontáveis vezes. Ele deveria ter reparado, ao começar a me fitar também, quando Deena descobrir vai criar sua própria fanfic.
— Me desculpe. — Ele Sussurrou. — Meu pai estava estressado e aconteceu que o carro bateu em você. — Ele cruzou os braços, parecia decepcionado. — Sua mãe Rally, já está chegando.
Eu não conseguia nem falar, apenas gesticular. Aquele garoto tinha minha admiração até mesmo falando e se desculpando. Tentei abrir a boca, e mais uma vez não saiu nada. Por isso, concordei com a cabeça.
— Glenna você não teve nenhum ferimento grave. Você tem sorte, a pancada foi forte, mas só teve apenas alguns arranhões. Não era sua hora garota.— Sorriu o médico.
Não demorou muito para aquele cenário fantasioso acabar, quando os gritos de Rally minha mãe começou. Ela entrou, desorientada e procurando o culpado de eu estar Ali.
— GLENNA! — colocou a mão no coração, e correu em minha direção e deu um rápido abraço, acho que ela que queria quebrar meus ossos. — Filha, graças a Deus. Você está bem? — Procurou alguma resposta na expressão do médico.
— Mãe, ela está bem. Não teve nada grave, apenas ferimentos leves. — O médico se aproximou de mim, e acariciou minha cabeça. — Essa garota é forte.
Gostei de como ele disse sobre mim, m*l ele sabe o quanto eu chorei quando descobri que o menino bem na minha frente tinha uma namorada, se ele conhecesse esse meu lado, diria que sou a menina mais fraca neste mundo.
— Senhora. — Íago se aproximou da minha mãe.
— Acho que lhe devo desculpas, me perdoe.
Eu conhecia aquela expressão no rosto da minha mãe, ela estava próxima a xingar Íago, ela pensaria que ele tinha sido o culpado.
— Seu adolescente Insolente, você tem carteira de motorista? Queria o quê? m***r minha filha?! — Elevou seu tom de voz. Íago parecia surpreso, eu não, eu sabia que ela era assim ou até mesmo pior.
— Senhora, eu peço perdão...
— PERDÃO? Se tivesse matado ela pediria perdão também? — Se tivesse um buraco, eu me enfiaria ali mesmo. Que vergonha! Agora mesmo Íago não iria querer nada comigo, se ele um dia cogitou isso. — VOCÊ PODE SER PRESO GAROTO, SABIA DISSO?
— MÃE! — Chamei sua atenção, impedindo dela continuar o insultar assim. — Não foi o Íago, foi seu pai. — Cruzei os braços. — Pare de gritar, todo o hospital está ouvindo neste momento.
Minha mãe parou, pensou e observou Íago novamente, ele parecia intimidado, um pouco assustado com o que tinha acabado de ocorrer. Essa era a hora perfeita para eu acordar deste sonho esquisito, no entanto, dessa vez não era sonho.
— Desculpe Jovem. — Minha mãe respirou fundo, tentando manter a calma, algo que no dia ela já não tinha. — E cadê o seu pai? Eu queria ter um papo com ele.
Íago rebaixou a cabeça, e a manteve assim por uns dez segundos, até levanta-la com os olhos ainda fechados.
— Meu pai fugiu, depois do acidente. Eu liguei para casa, e ele não está lá. E minha mãe faleceu, então, ninguém sabe onde está ele. — Inspirou. — Me desculpem por ele não ser homem o suficiente para assumir seus erros. — Abriu os olhos, e percebi o quanto sentia muito.
Aí como eu queria abraçá-lo naquele momento, mas isso iria ser estranho. Só que ele parecia abatido, triste e precisava de um conforto.
— Sinto muito garoto. — Minha mãe passou as mãos pelo seus ombros.
— Tudo bem. — Forçou um sorriso. — E você... — Fez uma pausa, me espiando. — Glenna, você está bem?
Eu queria dizer, –“Estou melhor agora com você aqui!.” Ou “Você me faz me sentir melhor!. Mas a algo que eu não tenho, se chama coragem.
— Ela parece ótima. — Respondeu o médico, evitando eu dizer alguma besteira. Naquele momento, eu odiei aquele médico, ele não poderia ficar calado enquanto eu conversava com o meu príncipe? — Receberá alta em breve, mocinha.
— Isso é ótimo. — Íago sorriu. E que sorriso, meu DEUS! Nunca vi um sorriso brilhar tanto como o dele. E o seu jeito de mexer no cabelo, é tão fofo. Eu queria ficar ali com ele por horas.
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