Oi Gente, meu nome é Maria Fernanda Campos Belo, tenho vinte e sete anos e sou formada em economia. Trabalho como gerente de banco e atualmente estou empregada em uma das maiores redes bancárias do país.
Sou filha de um juiz e de uma socialite, mas nitidamente o casamento dos meus pais é por pura conveniência, já que meu avô por parte de mãe também é considerado um homem da lei, ou já foi um dia. Hoje, ele está aposentado e não trabalha mais, mas assim como meu pai, não passa de um tirano inconveniente.
Tenho um irmão mais novo, o Giovani. O sonho do meu pai era que eu seguisse seus passos e me tornasse uma juíza desembargadora ou algo do tipo, mas isso nunca me encheu os olhos. Até porque fazer cumprir a lei não é bem o que eles fazem.
O tanto de injustiça que a gente vê nesse pais dá até revolta. Já o meu irmão, como um bom apóstolo do nosso pai, segue todos os seus passos e está cursando direito, achando que isso vai lhe dar honra ao mérito de ser alguma coisa além de um pateta que não domina as próprias calças. Meu pai tem que ditar tudo o que o Giovani deve ou não fazer.
Assim que consegui o meu primeiro trabalho, tratei de alugar um apartamento e me mudar da casa dos meus pais.
Sabe aquela família tradicional de comercial de margarina? Somos nós, na frente da elite, nos jantares de negócios do nosso pai ou do nosso avô. Porque dentro de casa, mesmo na prática, vivemos um inferno.
Meu pai é um traidor, tem várias amantes espalhadas pelo Rio. Ele e a minha mãe vivem em pé de guerra. Já cheguei até a perguntar por que a minha mãe não se separa, já que está evidente que ela não é feliz nessa relação fracassada. Mas a resposta é uma só: medo. Minha mãe já ameaçou meu pai com a separação, e ele já ameaçou ela de morte. E o pior de tudo isso é que o meu avô fica do lado do escröto do meu pai.
Faz um ano que o meu pai tenta me jogar para cima de um dos seus garotos prodígios, o Diego, ele é promotor filho de um desembargador.
Até tentei, só para tirar o meu pai do meu pé. fiquei com o Diego algumas vezes chegamos a t*****r mas nada não passou daquilo, foi apenas os corpos que estavam ali, a paixão Diego não é por mim e sim pelo status que a minha família carrega e que eu não faço questão nenhuma de estar dentro dele.
Foi a maior confusão quando o Diego me pediu em namoro e eu disse não. Essa foi a primeira e a última vez que o meu pai me bateu, e também foi a única vez que vi a minha mãe se impor para me defender.
Desde então, eu odeio o Diego e também detesto a presença dele, mas sou obrigada a conviver pelo menos em reuniões onde as nossas famílias se tornam o centro das atenções: o filho do desembargador com a filha do juiz.
Diego me persegue nas baladas e em festas de amigos em comum. Depois que fiquei com ele, não fiquei com mais ninguém porque sempre que algum homem se aproxima de mim, ele dá um jeito de ameaçar.
Eu estava conversando com o meu chefe no banco e a gente chegou até a trocar alguns amaços dentro da sala dele. Mas ele foi assassinado no dia seguinte e eu tenho quase certeza que foi o Diego. Quando comentei isso com meu pai, ele me repreendeu.
Na faculdade, conheci Eni, e desde então, não nos desgrudamos mais. Ela é minha melhor amiga e companheira. Não é companheirismo do jeito que vocês estão pensando; não tenho nada contra, mas sou hétero, e minha amiga também.
Moramos juntas e dividimos as despesas. Eu me considero uma pessoa tranquila, mas não boba. Sei onde meu direito começa e onde termina, por isso, trato de respeitar o espaço do outro, mas também exijo respeito. Quando isso não acontece, o caldo engrossa, porque não aceito desmando de ninguém.
Como gerente, trabalho com o público, mas quando algum cliente eleva a voz comigo, já chamo o segurança do banco e peço para retirá-lo. A única coisa que me incomoda no meu trabalho é o machismo. É preciso ter muito jogo de cintura para lidar com macho babäca.
Recentemente, o banco sofreu um assalto, e um dos ladrões me pegou como refém e ainda matou o Sr. Vilmar, um gerente de conta que achou que poderia salvar o banco tentando segurar um dos assaltantes.
Mas meu maior medo não foi quando ele estava com a arma apontada para minha cabeça; meu maior medo foi quando um deles disse que iria me matar e desovar em qualquer lugar. Ainda bem que o outro falou que não, que não precisava fazer isso.
Eles estavam usando máscaras, roupas de freira e luvas nas mãos. A única coisa que consegui ver do homem que me fez refém foram os olhos, e rapidamente. ficaram marcados em minha memória. Nunca esquecerei.
Eles me levaram por quilômetros e me soltaram na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Um deles me empurrou do carro.
Por sorte, não me machuquei, mas desejei que ele batesse o carro de frente e explodisse com toda sua arrogância.
Minha sorte é que eu uso uma tornozeleira que tem GPS, pelo menos isso de bom meu pai fez por nós. Nunca saímos em colunas sociais nem nada que nos vincule ao meu pai, apenas a nata da sociedade nos conhece, Eu, minha mãe e meu irmão. Meu pai evita que a gente apareça na mídia, justamente por conta de sequestros.
Caminhei um pouco da rodovia até um povoado na Ilha do Governador. Em um supermercado, contei o que aconteceu, e a gerente me emprestou o telefone. Liguei para meu pai, que já estava com a polícia do Rio de Janeiro indo me buscar.
Além da segurança, o GPS dá a meu pai o direito de controlar nossos passos.
Agora estou aqui com a minha amiga tentando me convencer a ir a um baile no Morro do Estado, lá em Niterói, do outro lado da ponte. Nunca fui a um baile funk. Será que essa vai ser a minha primeira vez?