Medo

1117 Words
Mori arrumava a mala, mas estava quase desistindo por causa das lágrimas que não paravam de escorrer, não que ela fosse uma dessas mulheres que choravam o tempo inteiro, mas quem ela queria enganar? Estava magoada com o pai, muito magoada, por culpa dele estava se casando com um completo estranho, tinha sonhado em se casar com amor, em se entregar para alguém que amasse, e agora, porque o pai roubou, precisava se casar para salvar a vida do pai.. Mas podia ser pior, amava o pai, se ele morresse seria ainda mais dolorido, não queria ficar sem ele, mas mesmo assim, estava magoada. Secou as lágrimas, e terminou de colocar as roupas na mala, nem tinha muitas roupas, porque não necessitava, usava sempre uniformes da escola feminina em que passava a maior parte do tempo, e ainda assim amava o pai.. Terminando, saiu arrastando a mala.. Algumas meninas vieram se despedir. A freira principal a abraçou. – Vão no meu casamento? – Não tivemos permissão, porque.. Mori esperou o motivo: – porque o seu noivo, não quer convidados e parece que ele é alguém com um cargo alto na Yakuza, meu pai disse que o melhor, era eu me afastar de você.. Mori. – mas somos amigas, crescemos juntas aqui. – Eu sei, mas ele quem paga e controla as contas de telefone. Disse que se eu ligar, me manda para o Japão, para me casar com um primo distante, e não quero isso. Mori entendeu. – Adeus, Nizi.. __ Adeus, boa sorte, e tente ser forte, se eu encontrar um telefone diferente, pego emprestado e ligo, prometo. Amo você, Mori, só não quero me casar lá fora, e viver afastada. – Eu sei, está fazendo o certo. Eu que não tenho escolha. - Queria poder ajudar, mas.. – Não pode me ajudar, fique bem, que eu fico feliz, por isso. __ Mori disse, não era porque ela corria risco de ser infeliz, que desejaria que a amiga fosse. Mori terminou de se despedir.. Saiu chorando, chorava, nem era por ter que sair da escola, afinal, já tinha terminado o colegial, chorava por ter que enfrentar o noivo, noivo esse que só conhecia o primeiro nome. O noivo se chamava Amon, e o nome parecia forte como o personagem de uma saga que assistia, onde Amon, era um demônio. Desceu a rampa do colégio, o pai estava lá fora, pegou a mala e colocou no porta malas. Ainda tentou segurar as mãos dela, mas Mori se afastou. – Minha filha. – Não fale comigo, papai.. Estou magoada. Você devia me proteger.. – Eu tentei, disse ao oyabun, que preferia que me matassem, a entregar você para Amon, mas ele está me punindo. Nem foi tanto dinheiro assim, nem foi. – mas foi o suficiente para me condenar ao inferno, pelo resto de minha vida, não foi? Kazuo ficou em silêncio. – Está tão calado,porque Amon é r**m, não é? bem mais do que as pessoas dizem. – Ele.. – mas o pai resolveu não dizer. __ É melhor não falarmos sobre isso. – O pai de Nizi a proibiu de falar comigo, porque vou me casar, não querem confusão com ele. Eu nem me casei e já estou sendo punida, papai. O pai ficou em silêncio. – Não vai dizer nada? – Disse para eu não falar com você, minha filha. E precisar parar com essa mania de perguntar demais, não pergunte o que não é da sua conta ao seu marido, não pergunte e tudo fica bem. Ou menos pior, foi o que Kazuo pensou, estava mais arrependido do que já esteve em toda a sua vida, pois entregava sua menina para um louco que nem mesmo respondia quando falavam com ele. Ele era alguém que vivia nas sombras, que não precisava de uma cama, ou de uma coberta para dormir, porque se aquecia no sangue dos inimigos. Kazuo estacionou em casa, Mori desceu do carro, entrou em casa e foi se sentar na mesa da cozinha. – O seu quarto está limpo.. – Não vou entrar nele, não vou. Assim, a saudade vai ser menor, já basta a saudade das amigas da escola, papai. Qual o sobrenome dele? – Não sei, acho que só o oyabun sabe. Ele pouco aparece, quando aparece não fala com ninguém, minha filha, é calado e acho que não tem família. – Pode me levar para comprar uma roupa? Quero ao menos estar bonita. – Levo, vão se casar no cartório, mas a esposa do oyabun vai oferecer um jantar no mesmo dia, e precisam estar lá.. Mori fez um gesto de obediência, se tratando do oyabun, era sempre melhor obedecer, os boatos diziam que ele só era bom com a esposa e os filhos, o resto das pessoas, tinha o pior dele. E Mori desejou que Amon também fosse assim, que ao menos com ele, ele pudesse ser bom, ao menos que ele não usasse violência para a fazer cooperar. Mori pegou um livro, ia ler, mas uma tia dela chegou e a abraçou. – O seu pai pediu para eu vir conversar com você.. Aquela conversa. – Eu sei tia, sei muito bem o que acontece entre um homem e uma mulher, não precisa dessa conversa. Evita constrangimento para nós duas. – Sabe o que acontece, mas vamos combinar uma coisa? Não seja tão espirituosa . Homens não gostam de mulheres que resistem na cama. Mori abriu a boca.. – Está me dizendo, que mesmo que eu não queira, tenho que dizer sim? – É melhor dizer sim, e sem bem tratada, do que dizer não e ser machucada minha filha. – Nai afirmou. – Isso é £stupro, tia, mesmo ele sendo o meu marido, ele não tem o direito de me obrigar, tem? – Oh, meu amor, eu queria dizer que não, mas nem mesmo sabemos onde ele mora, entende? Vai estar sozinha com ele, então o melhor, é tentar ficar bem, não por resistência, talvez te mantenha bem, e faça ele ser bom. O estomago de Mori embrulhou.. Foi atrás do pai..ia falar com o noivo.. não podia ficar com essa dúvida. – Pode me dar o telefone dele? O telefone de Amon. __ Ela pediu em um fio de voz. – Não tenho filha. – Como não tem? ele vai ser o seu genro e não tem o telefone dele? Estão na mesma organização.. – Não tenho, ele só se comunica com Saiko, só com o oyabun, e ele não passa o contato. Amon só respondia mensagens, assim, não precisava do aparelho auditivo.. Mori foi se sentar no sofá. Apertou o coração que doía, era medo, medo do marido que o destino lhe arrumou.
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