Ela se sentou em uma poltrona e aguardou.
Enquanto Amon preenchia a ficha de atendimento de Mori, ela notou um pequeno ponto no ouvido dele. Num primeiro momento, Mori pensou que fosse um fone de ouvido, mas o foco dela mudou porque enquanto aguardava, observou Amon conversando com a recepcionista. E os olhos da mulher estavam cheios de lágrimas.
Mori não fazia ideia do que poderia estar acontecendo, mas provavelmente era a grosseria dele..
Logo, o marido se sentou ao lado dela na poltrona, ela quase se afastou, mas respirou fundo e aguardou.
Quando uma enfermeira chamou o nome dela, se levantou, pensou que entraria sozinha, mas Amon a acompanhou, colocando a mão nas costas, em um sinal de prot£ção.
Ela foi deitada em uma maca e examinada..
– São quatros pontos. – O médico falou.. – O que aconteceu, moça?
Amon não gostou de ouvir um homem chamar a esposa dele de moça.
– A trate por senhora, doutor. É minha esposa, portanto é uma senhora, não precisa saber o que aconteceu, só fazer o seu trabalho.
O médico perdeu o sorriso, e Mori sentiu pena dele.
Enquanto Amon acompanhava todo o processo, o médico cuidadosamente administrou a anestesia local no joelho de Mori.Ela nem balançou com a agulha, porque não tinha medo, só era fraca com dor e a aplicação da anestesia foi só uma fisgada.
Com destreza e precisão, o médico garantiu que a área estivesse completamente adormecida antes de iniciar a sutura. Mori sentiu um leve formigamento à medida que a anestesia fazia efeito, mas logo a sensação desapareceu.
Os olhos de Amon não perdiam nenhum detalhe.
Com a área anestesiada, o médico começou a limpar cuidadosamente o ferimento. E Amon sentiu algo estranho no p£ito. Não gostou do médico cuidando dela, se imaginou quebrando todos os dedos do doutor.. e depois arrancando um por um com um alicante..
Balançou a cabeça, tantando empurrar os pensamentos para longe.
Em seguida, o médico alinhou as bordas da pele e começou a costurar, usando fios cirúrgicos finos e estéreis. A cada ponto, Mori sentia apenas uma leve pressão, sem dor.
Fechou os olhos, e vontade de dormir, as últimas noites foram tensas e m@l dormidas.
Já Amon observava atentamente cada movimento do médico.
Finalmente, após alguns minutos, o médico completou a sutura, cuidadosamente cobrindo o ferimento com uma bandagem estéril.
— Ela deve voltar em dez dias para que eu retire os pontos. Esses não são absorvíveis pela pele, usei esses, porque é recomendado quando se passa mais de vinte quatro horas da causa do ferimento.
Mas Amon mesmo retiraria os pontos.
Ele instruiu Mori sobre os cuidados adequados a serem tomados nos próximos dias para garantir uma boa recuperação.
Após o término do procedimento de sutura no joelho, Amon a ajudou a se levantar, mas Mori sentiu um aperto repentino no peito. Ela tentou inspirar profundamente, mas seu peito parecia estar preso, como se o ar não conseguisse alcançar os seus pulmões adequadamente. O ambiente ao seu redor começou a parecer turvo, e o som da conversa ao seu redor se distanciava.
– Amon..
Foi pega nos braços..
Ela tentou chamar por Amon, mas sua voz saiu fraca e trêmula. Uma sensação de pânico começou a se instalar, pois ela lutava para entender o que estava acontecendo. Seu coração batia rápido, e a tontura começou a dominá-la. Mori apertou a mão de Amon, mesmo que tivesse medo dele, era a única prot£ção que tinha.
– Tudo bem, moça. Vai passar.
Ela gostava de ser chamada de moça, por ele.
– Se acalme, e respire devagar..
A colocaram em um balão de oxig£nio.
Cada respiração era uma batalha, e a sensação de asfixia parecia interminável..
Mas com a intervenção rápida da equipe médica, Mori começou a sentir uma leve melhora. Medicamentos foram administrados para abrir suas vias aéreas e acalmar sua respiração. Gradualmente, a sensação de aperto no peito diminuiu, e a falta de ar deu lugar a respirações mais regulares.
Amon ficou ao lado dela.
– Olhe para mim? Consegue respirar normalmente novamente?
– sim, me assustei..
– É alérgica à anestesia usada.. Devia ter dito, Mori.
– Eu não sabia, nunca havia precisado de pontos antes..
Ele pegou o pulso dela, e conferiu…. Amon, ao sentir sua pulsação, notou que os batimentos estavam regulares, o que indicava uma melhora em sua condição.
O médico se aproximou..
– Não havia informações de alergia no prontuário dele, mas a enfermeira anexou.. Ela fica mais alguns minutos no oxigênio e depois vai para um quarto, fica até de observação..
Mas Amon sabia bem que não havia necessidade, crises alérgicas precisavam de intervenções rápidas.. O médico estava era tentando acalmar a raiva com que foi olhado por Amon.
– Vamos embora em duas horas e nenhum minutos a mais. Saía e diga as enfermeiras para não entrarem, se precisarmos, eu chamo.
Não tinha condições de ficar mais tempo com tanto barulho ao redor, o aparelho o fazia consciente até do som dos saltos pelo corredor, fazia o consciente do som dos brincos nas orelhas das mulheres, o bater da caneta.. E parecia que alguém transav@ na sala ao lado, porque ele podia ouvir bem o som dos corpos se chocando, e aquilo não ajudava.
O médico saiu e Amon arrastou o sofá para escorar na porta.
– O que vai fazer?
– Nada. Fique calada..
Mori ficou, porque percebeu ele bat£r os dedos na perna, era irritação.
Ele tocou o aparelho auditivo, não podia tirar em lugar desconhecido, era por segurança, mas se encostou no sofá.
– Eu estou com sono. __ Mori disse.
__ Durma, você tem 1hora e 57 minutos. Vou ficar de olho em sua saturação.. mas já passou, durma, moça..
Ela fechou os olhos e apagou, provavelmente um dos remédios tinha lhe dado uma crise de sono..
Amon ficou sentado, mas completamente consciente. Em poucas horas de casamento, ela já tinha lhe dado trabalho, já tinha o obrigado a ficar em lugar cheio de barulhos e pessoas que odiava.
A mulher chegou como um furacão..