Furacão

1009 Words
Ela se sentou em uma poltrona e aguardou. Enquanto Amon preenchia a ficha de atendimento de Mori, ela notou um pequeno ponto no ouvido dele. Num primeiro momento, Mori pensou que fosse um fone de ouvido, mas o foco dela mudou porque enquanto aguardava, observou Amon conversando com a recepcionista. E os olhos da mulher estavam cheios de lágrimas. Mori não fazia ideia do que poderia estar acontecendo, mas provavelmente era a grosseria dele.. Logo, o marido se sentou ao lado dela na poltrona, ela quase se afastou, mas respirou fundo e aguardou. Quando uma enfermeira chamou o nome dela, se levantou, pensou que entraria sozinha, mas Amon a acompanhou, colocando a mão nas costas, em um sinal de prot£ção. Ela foi deitada em uma maca e examinada.. – São quatros pontos. – O médico falou.. – O que aconteceu, moça? Amon não gostou de ouvir um homem chamar a esposa dele de moça. – A trate por senhora, doutor. É minha esposa, portanto é uma senhora, não precisa saber o que aconteceu, só fazer o seu trabalho. O médico perdeu o sorriso, e Mori sentiu pena dele. Enquanto Amon acompanhava todo o processo, o médico cuidadosamente administrou a anestesia local no joelho de Mori.Ela nem balançou com a agulha, porque não tinha medo, só era fraca com dor e a aplicação da anestesia foi só uma fisgada. Com destreza e precisão, o médico garantiu que a área estivesse completamente adormecida antes de iniciar a sutura. Mori sentiu um leve formigamento à medida que a anestesia fazia efeito, mas logo a sensação desapareceu. Os olhos de Amon não perdiam nenhum detalhe. Com a área anestesiada, o médico começou a limpar cuidadosamente o ferimento. E Amon sentiu algo estranho no p£ito. Não gostou do médico cuidando dela, se imaginou quebrando todos os dedos do doutor.. e depois arrancando um por um com um alicante.. Balançou a cabeça, tantando empurrar os pensamentos para longe. Em seguida, o médico alinhou as bordas da pele e começou a costurar, usando fios cirúrgicos finos e estéreis. A cada ponto, Mori sentia apenas uma leve pressão, sem dor. Fechou os olhos, e vontade de dormir, as últimas noites foram tensas e m@l dormidas. Já Amon observava atentamente cada movimento do médico. Finalmente, após alguns minutos, o médico completou a sutura, cuidadosamente cobrindo o ferimento com uma bandagem estéril. — Ela deve voltar em dez dias para que eu retire os pontos. Esses não são absorvíveis pela pele, usei esses, porque é recomendado quando se passa mais de vinte quatro horas da causa do ferimento. Mas Amon mesmo retiraria os pontos. Ele instruiu Mori sobre os cuidados adequados a serem tomados nos próximos dias para garantir uma boa recuperação. Após o término do procedimento de sutura no joelho, Amon a ajudou a se levantar, mas Mori sentiu um aperto repentino no peito. Ela tentou inspirar profundamente, mas seu peito parecia estar preso, como se o ar não conseguisse alcançar os seus pulmões adequadamente. O ambiente ao seu redor começou a parecer turvo, e o som da conversa ao seu redor se distanciava. – Amon.. Foi pega nos braços.. Ela tentou chamar por Amon, mas sua voz saiu fraca e trêmula. Uma sensação de pânico começou a se instalar, pois ela lutava para entender o que estava acontecendo. Seu coração batia rápido, e a tontura começou a dominá-la. Mori apertou a mão de Amon, mesmo que tivesse medo dele, era a única prot£ção que tinha. – Tudo bem, moça. Vai passar. Ela gostava de ser chamada de moça, por ele. – Se acalme, e respire devagar.. A colocaram em um balão de oxig£nio. Cada respiração era uma batalha, e a sensação de asfixia parecia interminável.. Mas com a intervenção rápida da equipe médica, Mori começou a sentir uma leve melhora. Medicamentos foram administrados para abrir suas vias aéreas e acalmar sua respiração. Gradualmente, a sensação de aperto no peito diminuiu, e a falta de ar deu lugar a respirações mais regulares. Amon ficou ao lado dela. – Olhe para mim? Consegue respirar normalmente novamente? – sim, me assustei.. – É alérgica à anestesia usada.. Devia ter dito, Mori. – Eu não sabia, nunca havia precisado de pontos antes.. Ele pegou o pulso dela, e conferiu…. Amon, ao sentir sua pulsação, notou que os batimentos estavam regulares, o que indicava uma melhora em sua condição. O médico se aproximou.. – Não havia informações de alergia no prontuário dele, mas a enfermeira anexou.. Ela fica mais alguns minutos no oxigênio e depois vai para um quarto, fica até de observação.. Mas Amon sabia bem que não havia necessidade, crises alérgicas precisavam de intervenções rápidas.. O médico estava era tentando acalmar a raiva com que foi olhado por Amon. – Vamos embora em duas horas e nenhum minutos a mais. Saía e diga as enfermeiras para não entrarem, se precisarmos, eu chamo. Não tinha condições de ficar mais tempo com tanto barulho ao redor, o aparelho o fazia consciente até do som dos saltos pelo corredor, fazia o consciente do som dos brincos nas orelhas das mulheres, o bater da caneta.. E parecia que alguém transav@ na sala ao lado, porque ele podia ouvir bem o som dos corpos se chocando, e aquilo não ajudava. O médico saiu e Amon arrastou o sofá para escorar na porta. – O que vai fazer? – Nada. Fique calada.. Mori ficou, porque percebeu ele bat£r os dedos na perna, era irritação. Ele tocou o aparelho auditivo, não podia tirar em lugar desconhecido, era por segurança, mas se encostou no sofá. – Eu estou com sono. __ Mori disse. __ Durma, você tem 1hora e 57 minutos. Vou ficar de olho em sua saturação.. mas já passou, durma, moça.. Ela fechou os olhos e apagou, provavelmente um dos remédios tinha lhe dado uma crise de sono.. Amon ficou sentado, mas completamente consciente. Em poucas horas de casamento, ela já tinha lhe dado trabalho, já tinha o obrigado a ficar em lugar cheio de barulhos e pessoas que odiava. A mulher chegou como um furacão..
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