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1383 Words
Era a primeira noite dela ali e Sophia se sentia sufocada pelas enorme paredes daquela palácio. Ela tinha um enorme quarto. Uma varanda. Vista do jardim, e mesmo seu peito sentia um peso enorme. Como se alguém pisasse nela. Irritada, a mulher, que vestia um vestido de seda clara, junto com um sobre tudo do mesmo tecido, conjunto da roupa. Ela pegou seu livro favorito e saiu do quarto. O corredor era extenso. Era a segunda ala de quartos. Sophia agradeceu por não ter que ficar a metros do seu noivo, que até então parecia a odiar. Havia guardas na entrada daquele corredor e naquele horário a ordem era ir junto com qualquer m****o da realeza. Por p******o. Mas quando a baixinha percebeu que estava sendo seguida, parou, virou nos calcanhares e fez um sinal com a mão. — Sei que são as ordens e que, homens leais como vocês, seguem arrisca tudo o que se mandam. Porém, estou bem e me sinto sufocada aqui. Agradeceria se me deixasse as sós. Ela sempre era educada. Gostava de ser gentil sempre, e ali não seria diferente. — Perdoe-nos, mas as ordens é ir com a senhorita, seja lá para onde for. Sophia olhou para os dois, que se entreolharam, sem paciência. Ela respirou fundo e voltou a falar. — Então se mantenham distantes. — Foi flexível. — Só preciso de um tempo no jardim. Os dois concordaram e ela voltou a andar. Desceu as escadas, passou pelo corredor e a porta foi aberta, sem que ela tocasse. Ao ver o céu estrelado, o ar frio e fresco, seu coração se acalmou. Soph deu passos em direção ao verde. Seus pés estavam descalços. Ela sentiu a grama, bem aparada, deu um sorriso e caminhou até às flores e arbustos. Galles não era tão diferente do seu país. Era menos frio, pois em casa, ela só saia de casaco. Sophia pegou seu livro favorito, o abriu, e como de costume, leu em voz alta, interpretando os personagens, como em uma peça. Aquilo a distraia. Pensar que estava ali era complicado, pois odiava e gostava. Óbvio que ela encontraria desafios, mas saber que o rei a odiaria de primeira, era outro nível de difícil. Sem saber que não estava tão sozinha quanto imaginava, Soph deu tudo de si, sendo a mais dramática possível, ao ler orgulho e preconceito. Era seu livro favorito. E no fundo, achou que aquela situação entre amor e ódio, descrevia bem o que ela estava sentindo. Então, Nikolai, que também gostava de passear a noite, ouviu a voz da menina que tinha acabado de conhecer. Ele estava atrás de uma árvore e arbusto. Niko ficou surpreso e curioso. Permaneceu no seu canto, ouvindo ela. Nikolai acordou naquele dia sabendo que a encontraria. Que seus dias de paz iriam acabar e que seria difícil encontrar a sua amada, mas não esperava conhecer Sophia. Não a mulher que ele desenhou em sua cabeça, mas a mulher que o encarava sem medo, que ria na sua cara, debochava e lia um livro como se estivesse dentro dele. — Ironicamente O Darcy é tão irritante e prepotente quanto Nikolai. — ele a ouviu falar. — Nariz empinando. Peito estufado. Óbvio que é o rei, mas precisa ser tão arrogante? — Niko não saiu do seu canto. Esperando ouvir mais críticas. Por incrível que pareça, ele não estava tão bravo. — O homem nem me conhece e já me odeia. Não que eu goste dele. Contudo, estou disposta a fazer isso dar certo. O homem fechou os olhos, dando um sorriso abafado e repreendido por seus lábios, que eram mordidos. — Não sou uma garota boazinha. Sempre provoco, sou irónica, mas não iria precisar se ele não fosse tão... Tão irritante. Esperando surpreende-la, Niko saiu de detrás da árvore, encarando as suas costas, percebendo que a menina estava descalça. — Mas alguma crítica? — sua voz a assustou, fazendo com que ela se afastasse, deixando o livro cair, ao por as mãos no peito. — Por Deus! — Ela reclamou. O olhando com raiva. — Seu plano é me m***r? Pensa que assim vai se livrar do casamento? Niko riu. Pela primeira vez, ele riu de verdade. — Não precisa exagerar. As bochechas dela estavam vermelhas. Sua pele pálida mais parecia porcelana. — Estava me espiando? — Você é excêntrica. — É uma ofensa? — Franziu o cenho. — Curiosidade. — Niko a olhava de cima. Com as mãos para trás, nariz empinado, assim como ela odiava. — Se tem críticas sobre mim. Fale me olhando nos olhos. Nikolai varreu seu corpo com os olhos, percebendo que, além de descalça, ela estava com roupas de dormir. Se condenou por achar a menina atraente. — Ótimo, vamos a lista. — ela também o olhou de cima. — Porque me odeia, se não me conhece? — ele responderia, se ela deixasse. — Odeio quando me olham assim. Como se eu fosse uma tola. Não estou aqui para agradar ao senhor. Será meu marido. Entendo a hierarquia, mas não me trate como uma estúpida. — ela se aproximou. — Espero que possamos por uma pedra nessa questão. A partir de amanhã, serei a pessoa que fui criada para ser, então, espero que seja o rei que espero que seja. — Você fala demais. Soph o encarou por longos segundos, então sorriu, como se tivesse ouvido uma piada. Niko se confundiu, mas acabou sendo contagiado pelo belo sorriso no rosto de sua noiva. — Essa é uma das minhas características. — contou. — Geralmente observo mais do que falo, contudo, esteja preparado para ouvir horas de reclamações, caso pise na bola. O rei pensou: não acho que devo me acostumar, já que não pretendo casar com você. — O que faz aqui, a essa hora? — se interessou. — Odeio ficar presa, então imaginei que o ar livre me acalmaria. Ele entendia bem o que era isso. Nikolai viveu dentro desse castelo, preso, desde que nasceu. Ele era o rei, mas também um prisioneiro. — Da próxima vez, peça que um dos guardas a acompanhante. Pode ser perigo. Apesar de estarmos no palácio. O homem se afastou. — Não tenho medo, senhor. E prefiro a solidão. Além disso, foi um pedido meu, eles ficarem a distância, odeio ser espionada. — Não exagere – Ele revirou os olhos. – Acha que farei tal coisa? — Fui criada para sempre desconfiar de tudo. – Ela se aproximou, o encarando de perto. O calor e o perfume dele, a deixou sem graça, mas ela tentou disfarçar. – Até mesmo do senhor. — Como pensa que esse casamento dará certo, se nem confia em mim? — Por isso estou aqui, agora, - Levantou uma das sobrancelhas. – Para o conhecer melhor. — Não quero que me conheça melhor. — Porque não confia em mim? O homem ficou em silencio. Ele estava com a resposta na ponta da língua, e mesmo já tendo expressado esse pensamento, repeti-la, agora, não faria muito sentido. — Acho melhor entrar. — Ainda não manda em mim, majestade. — Seu plano é sempre me desafiar? – Ele se irritou. — Não acha interessante? – Ela sorriu, ao se afastar. – Ter uma emoção, uma pessoa que não o bajula? É, ela tinha razão. Niko gostava da sensação. — Está descalça – Desviou o assunto. Ele se sentia intimidado pela mulher. Toda vez que a olhava, começava a gostar dela, e internamente, achava que isso trairia seu propósito. – Está tarde. Sophia via aquilo como um desafio. Ela percebeu que ele fugia dela, nas palavras e pessoalmente. Parecia intimidado. Ele não era tão frio quanto ela imaginava. Isso era bom. Se usasse sua própria essência, talvez conseguisse domar a fera e fazer com que ele se casasse com ela. Nikolai abriu passagem para que ela entrasse, estendendo o braço na direção do castelo. Soph revirou os olhos, desistindo de lutar. Ela passou direto, andando para dentro, e ele a seguiu, só que a uma boa distância. Por dentro, Nikolai sentiu um aperto no peito. Olhou para a mulher, com seus cabelos castanhos escuros, e viu uma bela imagem. Era uma bela mulher, com curvas, uma personalidade forte, algo bem atraente. Isso só lhe causava mais rebuliço. Temia gostar de ter ela por ali.
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