Ela ficou uma fera, ao esbarrar em seu noivo. Não bastasse ter que casar com um estranho, ele também era arrogante e prepotente. A mulher só faltou o empurrar de verdade, para que o b****a tivesse razão ao tratá-la daquela forma. Sophia tinha acabado de chegar, não foi conduzida para aquele lugar e não havia ninguém que a ajudasse a levar para o salão onde seria recepcionada. O palácio moderno, era enorme, com muitos quartos, salas, corredores, e a princesa não fazia ideia de onde estava. Ela trouxe consigo uma acompanhante que também era sua amiga, contudo, ela mesma havia pedido um momento a sós, para refletir sobre tudo o que aconteceria naquele lugar.
Se Soph soubesse que daria de cara, sem querer, com seu futuro marido, e que ele seria tão rude, não teria saído do quarto.
O mais engraçado era que: ao mesmo tempo que odiou encontrar o homem e ter ouvido suas grosseiras, ela gostou de provocar Nikolai e de ver sua expressão surpresa e confusa, ao levar o troco. Soph sabia que seria um desafio muito grande. Nikolai era um estranho. Alguém que claramente ela teria trabalho. Contudo, foi criada para enfrentar seus desafios. Aquilo era o seu dever e faria de tudo para domar o rei.
— Ele acha mesmo que vai me dominar? – Bufou. – Acha que pode me tratar de qualquer forma?
Depois que ele passou por ela, furioso, Sophia se lembrou de que não fazia ideia da onde estava e como chegaria ao salão. Ela fez m*l em pedir para que sua acompanhante a deixasse só. Aquele palácio era novo para a princesa. Ela andou pelos corredores, prestou atenção nas janelas, nos vasos, nas pinturas de figuras famosas. Por sorte encontrou um guarda.
— Caro senhor... — O homem, que mais parecia uma estátua, se curvou e não encarou seu rosto. — Estou perdida. Poderia me ajudar a chegar no salão da recepção de boas-vindas?
O guarda se endireitou e olhou para Sophia, seu olhar sério, mas educado.
— Claro, alteza. Por favor, siga-me.
Engraçado saber que os próprios soldados sabiam quem ela era, mas o homem com que, possivelmente, ou improvavelmente, se casaria, não.
Sophia seguiu o guarda pelos corredores imponentes do palácio, tentando não se distrair com os ornamentos e decorações opulentas em cada canto. Ela se sentiu aliviada por ter encontrado alguém que pudesse ajudá-la e a guiá-la em segurança pelo palácio desconhecido.
Finalmente, eles chegaram ao salão da recepção de boas-vindas, onde nobres e convidados importantes estavam reunidos para cumprimentá-la. Sophia agradeceu ao guarda com um sorriso grato e se dirigiu para o centro do salão, sentindo-se um pouco ansiosa com a atenção que receberia. No entanto, ela sabia que era sua responsabilidade como princesa cumprimentar a todos com graça e dignidade.
Em nenhum momento, desde que entrou naquele lugar, ela deixou de pensar no rei. Ele chamou sua atenção. Mesmo irritada, Sophia sabia que deveria ser gentil e entender que possivelmente aquele homem a ideia pelo fato de ter que casar com uma estranha, assim como ela. A morena também sentia receio. Mesmo sendo criado para isso, ter certeza de que no final seria obrigada a casar com aquele rei no qual ela pouco conhecia.
— Não pode ser tola e deixar que ele a trate dessa forma. — Ela disse a si mesma. — Posso até entender seus sentimentos. A raiva, mas não justifica sua arrogância. — Os nobres conversavam com seu pai, que a olhou da onde estava. Se perguntando o porquê a sua filha estava fazendo e pensando. — É, papai, eu estou em uma enrascada.
O burburinho na porta sinalizava que ele estava vindo. Apesar de já ter esbarrado nele, Soph sentiu-se como uma menina boba, com o coração na mão e o frio na barriga. Nikolai passou pela porta, apressado, seguido pelos guardas. Ele varreu o salão até a encontrar, no canto, o encarando.
A surpresa foi nítida. Ela deu um sorriso convencido e um comprimento silencioso. Seus olhos diziam: é, b****a, eu estou aqui.
Muitas coisas se passavam na cabeça de Nikolai, como: o que aquela maluca está fazendo aqui? E porque a comitiva espanhola está ao seu lado?
Ele não queria deduzir que, a mulher na qual esbarrou e lhe tratou com tanta petulância era, na verdade, a noiva que ele esperava. Nikolai sofria de um m*l: ansiedade. E essa situação a despertou, o fazendo sentir seu coração acelerar, silenciando o barulho ao redor, focando apenas no olhar da moça.
Ela era bonita, isso ele tinha que admitir, contudo, Niko nutria uma rejeição que, mesmo com tal beleza, ele a renegaria. Não daria espaço para algum relacionamento, mesmo que, se isso acontecesse, seria mais fácil. Alice. Eu amo Alice.
— Meu Deus. — A dama de honra arregalou os olhos e pôs a mão na boca, com medo de que a ouvisse. As duas estavam distantes do grupinho de amigos, então ninguém as ouviriam. — Ele é mais bonito pessoalmente.
— Não se engane. — Soph não deixou de observar o noivo, por um segundo. Ele sabia disso. Ficou nervoso e desconfortável. — Sua beleza não faz a mínima diferença, pois a arrogância ofusca todo o resto.
— Pensei que vossa alteza nunca tinha o visto antes. — Ela expressou a surpresa.
— Não, até minutos atrás.
Arrogante e b****a. Ela pensou.
Elas se calaram ao ver o rei, sua mãe e o duque, pai de Sophia, se aproximando.
Os dois se entreolharam, sabendo o que se passava na mente de ambos. A dama reverenciou o rei, mas Sophia, continuou com sua dureza. Ela não se curvaria. Por dois motivos: o primeiro, o b****a não merecia, pela forma como a tratou. Segundo, não foi criada para se rebaixar a um homem.
— Essa é a minha filha, princesa e duquesa de Castilho. — Contra a sua vontade, ela o cumprimentou.
— É um prazer conhecê-la. — Niko sorriu, a contragosto, pegou em sua mão e a beijou com elegância.
Estavam em público, ninguém precisava notar a tenção ou desconforto. Os olhos verdes sabiam que era mentira, a sua gentileza. O sorriso convencido não saia dos lábios dela. Niko tinha que admitir que existia uma energia. Estranha e perigosa. Sua pele era macia, com fragrância de rosas silvestres, assim como a personalidade dela. Quando notou que segurava a sua mão a um bom tempo, soltou-a rapidamente.
Continua...