— Estamos esperando por isso a muito tempo. Viveu e aprendeu tudo o que precisava para isso, mas agora....
— Perdão, majestade — Sophia deu um pequeno sorriso, mesmo não estando feliz pela situação. Sua tia, a rainha Margareth, a criou para ser a próxima rainha da sua família. Muitos diriam, sem conhecê-la, que Margareth foi como uma mãe para Sophia, mas não. Isso era política, ambição e poder. Sophia era mais uma peça nesse jogo no qual ela não queria perder. — Acho que se enganou. Eu n~~ao vivi ou aprendi nada que não fosse o necessário para ser uma boa esposa e monarca. — A mulher de cabelos grisalhos, vestido com roupas elegantes e caras, não gostou da liberdade da sobrinha. Soph já deveria saber que seria repreendida. Isso não era modos de uma futura monarca. — Sei que esperou por longos quinze anos. A culpa não é minha se quando assinou esse acordo, eu tinha apenas 10 anos.
— Vejo que ainda continua sendo uma menina tola. — Apesar da sua postura calma, coisa que já era esperada, a monarca encarava Sophia com muita raiva. Ela sabia que havia criado a garota com muita rigidez, a tornou digna do seu título e ser forte era um dos pontos em que ela trabalhou, contudo, não se respondia assim a uma rainha mãe. — Tome cuidado com essa sua língua, ou vai casar sem ela.
— Perdoe-me, tia. — Soph não se sentia culpada pelas palavras, e sua tia sabia disso. — Acho que não serei tão bem recebida.
— E porque diz isso? — A mulher franziu o cenho. — É a noiva do rei, a futura rainha. Deve ser a pessoa mais aguardada pelo pais.
Nenhuma das duas acreditava nisso. Margareth era uma mulher inteligente e bem experiente. Tinha ouvidos e olhos. Sabia que o príncipe não ficaria 15 anos à espera da sua esposa, sem dar umas escapadas.
— Sabe melhor do que eu que o novo rei, meu noivo, tem a fama de ser rígido e, muitas vezes, expressar sua intenção de não casar comigo.
Sim, Margareth já ouviu isso de muitos diplomatas, seus amigos mais íntimos, e não gostou nada.
— Temos um acordo. — Ela olhou para o lado de fora. O dia estava claro, seu enorme escritório era iluminado pela luz natural do dia, graças as vidraças quadradas, que era da época passada, assim como a maioria dos móveis de madeira escura.
— Perdoe-me novamente, mas se o rei me rejeitar...
— Se isso acontecer, os dois serão punidos.
— Os dois? — Soph se irritou. Ela levantou da cadeira onde estava e encarou a rainha. — Fui preparada, rigorosamente, para esse dia. Estou disposta a me sacrificar pelo meu reino e pela senhora. Não entendo porque seria eu uma das culpadas.
— Sim, você foi criada para isso. — Encarou a menina de olhos claros, que ainda não tinha aprendido a disfarçar seus sentimentos. — Embarca ainda hoje para Galles, e espero que faça o que for preciso para que esse casamento saia.
— Tudo o que for preciso. — Ela não se agradou com as palavras. — Serei eu mesma. Ficarei disposta a casar, mas não posso obriga-lo a fazer o que não quer.
— Ele não vai precisar ser convencido, se usar os seus atributos femininos.
Sophia deu um sorriso debochado. Dessa vez ela não pediu desculpas.
— Esqueceu que me criou para ser uma rainha, uma monarca capaz de ser algo para Galles, não uma v***a. — Margareth arregalou os olhos com tamanha liberdade. — Não me olhe assim. Entendi o que quis dizer. — Soph caminhou para longe dela. — Não faço ideia de quem seja o homem com quem vou casar. Espero que seja um bom homem, que me respeite, mas não serei uma figura feminina que exibe os p****s, buscando chegar ao altar, afinal, não será isso que me fará permanecer ao seu lado. Não há outra que seja tão boa quanto eu serei.
— Temo que sua rispidez e língua solta estrague tudo. — a mulher passou a mão na têmpora.
— Não sou ríspida ou grossa, apenas respondo a altura, assim como a senhora. — Deu um sorriso, antes de saiu pela enorme porta de madeira. – Me criou muito bem, minha tia, e sabe que não vou baixar a cabeça para ninguém, muito menos para meu noivo. – A rainha ficou nervosa. A menina parecia muito com ela. – Farei o possível para que esse casamento aconteça, contudo, não serei tão baixa.
***
Sim, ela aprendeu a ser forte e durona, mas ainda era a menina amedrontada que não sabia onde estava colocando os pés. Ela separou tudo o que era de extrema importância e esperou que tudo estivesse no jato real que a levaria para Galles.
Seu coração estava na boca, as mãos suavam. Ela já tinha visto Nikolai, contudo, nunca teve a oportunidade de estar tão perto ou conversar de alguma forma. Como uma mulher curiosa, Soph sempre buscou saber sobre seu futuro marido. Sabia passo a passo, inclusive sobre uma mulher que pouco se via na mídia, mas que todos falavam que era o caso secreto do rei.
Sophia quis comparecer ao enterro do rei, no ano passado. Seria bom para os dois, se conhecer, porém, sua tia achou melhor que não. Esperava preservar esse encontro e agora, Sophia e seu pai, partiam para Galles, onde receberiam uma festa de boas-vindas.
O avião se tornou pequeno, quando decolaram. Ela olhava pela janela, sabendo que sua vida mudaria a partir dali.
— Tudo dará certo. — A voz do seu pai a despertou. Ela o encarou. Robert sorria, mesmo que por dentro estivesse triste. Soph era a única filha do duque. Ela se parecia com a mãe, que, infelizmente, já estava morta. A própria sentia falta daquele sentimento materno, pois desde os dez anos, foi tratada como uma mercadoria. Hoje era o dia da entrega, e ainda teria que esperar para o casamento. Sophia queria que fosse rápido, assim acabava com essa ansiedade, contudo, o outro lado ainda não tinha uma data, nem sabia se eles ainda a esperavam. — Sei que está nervosa, mas tudo vai dar certo.
— Meu maior medo é voltar para casa e não está casada. — ela riu. Foi ironia. Porém, era um medo real. — Margareth me mataria e esconderia de todos a minha existência.
— Não fale isso. — seu pai a repreendeu. — A rainha é dura, mas gosta de você.
Soph novamente riu. Seu pai era bom em dar amor e ser o melhor de todos, ali, contudo, costumava tornar as coisas a iludir, com medo de que Soph não aguentasse a verdade.
— Não precisa dizer essas coisas para que me sinta melhor – O gosto amargo em sua boca era um alerta do seu desgosto. – Sei que sou uma mercadoria para ela. um acordo que lhe trará muitos benefícios, e estou disposta a fazer meu trabalho.
— Soph...
— Vamos mudar de assunto. — voltou a olhar para fora. — Isso está prestes a acabar. Ou ele irá casar, obrigado, comigo, ou irá me renegar, mandando-me de volta para casa, me colocando nas mãos da minha tia, que odeia não ter o que mais deseja.. — ela sentiu um aperto na garganta. Não queria demostrar, mas estava com medo.— ficará tudo bem. – Forçou um sorriso.