O que você faria se estivesse entre o seu dever, como nobre, de concretizar uma promessa, assinar um acordo que colocaria tudo o que você ama, em jogo?
Escolher entre o que ama e o que todos esperam seria fácil se não fosse um nobre, com milhares de dever sobre seus ombros.
Nikolai era um homem decidido, responsável e sempre fazia o que achava certo. Ele cresceu sabendo que sucederia seu pai, o rei de um país rico e reconhecido. Então, cresceu sendo educado para tal coisa. Niko não podia ser um garoto comum. Passava mais tempo estudando, aprendendo línguas, do que sendo uma criança. Ele aprendeu cedo que sua vida não era sua e sim do reino. O garoto odiava isso, ser o centro das atenções. Quando entrava em algum ambiente, todos paravam de conversar, se curvava, e o encarava caminhando, até que estivesse em seu lugar. Ele sentava na melhor cadeira, de onde observava a todos. Nenhum deles ousava falar com o pequeno príncipe, que herdaria o trono. Ali, ele era uma figura, não tinha problemas, nem sentimentos. Niko estava cansado, mas o que faria? Nada, pois nasceu com isso nas costas e levaria até o fim.
O tempo passou e Nikolai achou, que pelo menos, teria o direito de escolher sua esposa, mas não. Isso também era devido por terceiros. Aos vinte anos ele noivou, só que não com uma mulher. Sophia de La Castilho. A princesa, arque duquesa de Castilho. Ela só tinha dez anos.
Quando soube do acordo entre as famílias, Niko se enfureceu. Óbvio, fora dos olhares dos demais. Ele questionou seu pai. Era loucura. Quanto tempo ele teria que esperar até que a menina tivesse idade para casar?
Bem, esse era seu menor problema. O que ele queria de verdade era pode escolher com quem se casaria. Contudo, isso ele não podia.
Desde aquele dia, e depois de tudo, Nikolai, se fechou, se tornou desgostoso e só fazia seu trabalho. Seu pai não abriu mão do acordo que traria benefícios para ambas as partes. Os espanhóis eram influentes, tinham riquezas e eram um grande aliado na cúpula da paz.
Sendo um nobre, Niko sabia dos benefícios, e das desvantagens, como homem, ele se sentia fraco e inútil. Um boneco que era usado. Ele nutriu um ódio tão grande que nos últimos quinze anos fez questão de esquecer a Sophia.
Um erro, pois as escondidas, ele se encontrava com Alice, uma plebeia que era filha única de um dos maiores empresários do país.
Muitos se faziam de cegos. Afinal, era uma diversão, já que o príncipe não era casado... Ainda.
Só que o tempo passou, e mesmo sendo uma relação fadada ao fim, Alice levou isso muito a sério. Eles não podiam ser vistos juntos, não podiam ser fotografados, nem falar nada a ninguém. Niko, com esperanças, continuava com aquela situação, pensando que assim que se tornasse rei, mudaria tudo, porém, quando seu pai faleceu, um ano antes da vinda da duquesa e do casamento real, Nikolai se sentiu destruído. Apesar do ódio pelo seu dever, selado a anos, ele amava seu pai. E logo descobriu que seu título e poder não lhe dava muitas opções.
— Não estou aqui para discussão. — Ele disse, passando as mãos em seus cabelos loiros e macios. Niko não tinha paciência para mais uma batalha de argumentos. Ele estava cansado e com dor de cabeça. — Quero esquecer quem sou e ter uma noite tranquila.
— É isso que sou para você, no fim das contas. — Alice estava chateada. Sempre que se encontrava, ela tocava nessa questão. Ela realmente amava Nikolai. Tudo o que queria era estar com ele, sem medo, sem reservas. — Ela chega em três dias.
— Não precisa repetir. — Alterou a voz. — Não é a primeira vez que escuto isso hoje.
— Disse que assim que assumisse, mudaria isso.
— Se fosse fácil. — riu, mas não de alegria. — Tenho poder para muita coisa, mas isso não.
— Então não é o monarca que tanto diz.
Ela não queria provocar Niko. Sabia que ele estava cansado, porém, estava desesperada.
Eles estavam em um quarto grande e luxuoso com uma visão deslumbrante, com janelas enormes que inundam o espaço com luz natural. O quarto parece se estender por quilômetros, com tetos altos e uma sensação de a******a arejada que é verdadeiramente impressionante.
As janelas em si são absolutamente enormes, suas molduras esculpidas com delicada atenção aos detalhes, e o vidro perfeitamente polido com uma claridade de cristal. Ao olhar para fora, o mundo além parece quase brilhar. Já que era noite, as luzes dos carros e grandes edifícios, misturadas com a rua, formava uma obra de arte.
Dentro do quarto, a opulência transborda. Havia uma cama king-size de pelúcia no centro, com o colchão afundando em uma estrutura pesada de carvalho. Uma poltrona ricamente estofada fica em um canto, com uma mesa baixa e uma lâmpada de leitura próxima. Na parede oposta, há um enorme centro de entretenimento, completo com uma televisão de tela plana gigante e um sistema de som surround.
Havia um espelho de corpo inteiro brilhante, vasos de flores frescas e tapetes extra macios de alta qualidade espalhados por todo o espaço. É um quarto que exala classe e refinamento, um santuário de luxo que é aconchegante e infinitamente convidativo.
A mulher de estatura média encarou Nikolai, preocupada, então se tocou que havia sido insensível.
— Desculpa, sei que não é fácil. — ela se aproximou dele, o abraçando. — Isso significa que não há uma forma de mudar as coisas.
— Meu pai morreu a pouco tempo, estou me acostumando com tudo e tem a pressão com o parlamento. Eles... Só me enxergam como uma figura, não pessoa.
Alice, tocou em seu rosto, o fazendo encara-la. Seus olhos azuis, estavam cansados, o rosto jovem, abatido. Desde que seu pai faleceu, Nikolai não era mais o homem de antes. Mesmo que por fora, seja sério e, algumas vezes, antipático, com Alice ele se tornava outra pessoa. Um cara Alegre, esperançoso e amoroso.
Agora, ela não sabia o que fazer para ajudar.
— Amo você. — ele disse, a puxando para mais perto. Ele deitou sua cabeça no peito dela, respirou seu perfume, tentando se fixar na realidade. — Não vou casar com essa estranha. — prometeu. — Vou arranjar uma forma de me livrar desse acordo. — Afastou a cabeça para olhar em seu olhos. Alice, acariciou seu rosto, beijou seus lábios e confiou naquelas palavras.
O amor entre os dois era genuíno e tudo o que queriam era ser livres.
Alice sentou em seu colo, com uma perna em cada lado do seu corpo. Ele sorriu, malicioso, sabendo o que viria a seguir.