Capítulo 4

1039 Words
Alícia Hoje completava 3 dias do meu sequestro, nesses dias só saia do quarto para fazer as refeições na sala de jantar. Todas às vezes ele estava lá, me olhando, me sondando, observando cada detalhe meu, cada respiração minha, cada movimento do meu corpo. A sua presença incomoda-me, fora que não conseguia esquecer a sua declaração de amor... no entanto, deixei esse assunto de lado. Ficamos dessa maneira; eu não falava com ele e ele também não me dirigia nenhuma palavra. Quando achava que não estava olhando na minha direção, eu me surpreendia como o seu olhar fixo sobre mim, consumindo-me, vasculhando-me através do seu olhar, sempre demostrando seu desejo, evidenciando sua ternura... Realmente parecia apaixonado. Nessa noite, mas precisamente no jantar, que por sinal teve a comida mais saborosa, pois havia; arroz, feijão com carne seca, linguiça e bacon, além de frango à milanesa...Tive pensamentos nada saudáveis. Embora tenha dito que teria de me acostumar com a comida da Turquia, vendo nas outras refeições onde não comia quase nada e logicamente mostrando-se preocupadíssimo pela minha saúde, o turco cedeu. Mandou preparar uma refeição tipicamente brasileira, resumindo, comi com vontade... Quando peguei uma faca bem afiada pensei; E se enfiasse essa faca no coração dele ou na sua testa?! Teria coragem? Seria o único jeito de sair daqui, matando esse homem?! Tendo esse último pensamento o olhei diretamente e lá se encontrava, me analisando seriamente, de repente se levantou, chegando perto disse: — Tome cuidado. Tirou a faca da minha mão, ao olhar pra ela notei o corte saindo um filete de sangue. O desconhecido quis cuidar do ferimento, mas ao me tocar saí correndo direto para o meu quarto. Desde então estou aqui, sentada nessa cama de princesa. São exatamente 22:00hs e não consigo dormir! Uso um pijama de seda roxa. Nesse closet tem tudo que uma garota gostaria de ter; roupas de grife, da moda, trajes de festa, lindas e maravilhosas lingeries, roupinhas de dormir como esta. Calçados de todos os tipos, marcas e modelos. Bolsas, maquiagens, vários acessórios, jóias caríssimas... Esmeralda, rubi, topázio... etc. A lista é imensa. Qualquer outra mulher no meu lugar acharia até romântico ser raptada por um turco bonitão e sedutor, e que é extremamente podre de rico. Esse homem deve ser da máfia turca, só pode, se é que isso existe! A porta se abre quando menos espero, entra sem bater. Permaneço imóvel, do jeito que estou fico. Ele vem e se senta no sofazinho roxo de frente da minha cama. — Alícia, precisamos ter uma conversa séria. — Concordo, Gunes. — Disparo, fazendo-o sorrir. — Pode me chamar de Dom. — Tudo bem, por mim tanto faz. — Tento me controlar e suavizar a voz, na esperança de convencê-lo. — Dom, você precisa me deixar ir embora, se diz que me ama tem que me libertar. — Um dia entenderá o meu amor. — Seu tom saiu firme. — Entretanto, o que vim conversar com você, Alícia, não é sobre os meus sentimentos e sim saber o que aconteceu no hotel onde nós estávamos, para ser mais específico; quando quis se jogar do prédio! Nos encontrávamos no centésimo andar, Alícia, e você queria se suicidar! Por quê? — Dom, sério que ainda me pergunta?! É lógico que prefiro a morte antes que você me toque! — Irritei-me. — Só não me joguei daquele prédio porque entrei em estado de choque ao constatar que eu não estava no Brasil! Enquanto falo, Dom, ficou parecendo estar possesso, porém, permanecia sentado. — Sou tão repulsivo assim? Não respondi, somente o mirei com bastante raiva. — Pois bem... não quero que pense mais em suicídio, está bem Alícia? É muito jovem pra pensar nisso, por mais que as circunstâncias não estejam ao seu favor. A vida é preciosa demais para abrir mão dela assim de uma hora pra outra! Aliás, o que você viveu? Nada ainda. — Veio me dá um sermão agora!? O quê eu vivi? Quem é você para me dizer isso?!!!? Gritei avançando sem medo, parando diante dele com o dedo apontado em seu rosto severo. — Você me tirou da minha vida!!! Eu ia formar uma família! Uma que nunca tive!— A fúria dominou-me completamente. — Dom você tem mãe!? Soltei, puramente em desespero. Assim que acabei de proferir, ele rapidamente se ergueu, me segurando fortemente pela cintura. Chorando dou socos no seu peito duro. Usando sua força, aproximou sua face quase colando ao meu rosto. Continuei me debatendo. Nos encarando cheios de mágoas. — Não! Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos! — Deu-me um olhar cheio de rancor. — Pelo menos teve uma! Nunca conheci a minha! Me largaaa!!! Imediatamente soltou-me, afastando dele retorno a me sentar na ponta do colchão. Abaixei a cabeça secando as lágrimas, ele permanece de pé. — Não pretendia te deixar nervosa dessa maneira, por favor, me perdoe. — Suspirou devidamente exausto. — Sei que é difícil de me aceitar em sua vida, mas se me der uma chance... Posso te fazer feliz. — Presa na gaiola de ouro... Por que eu?! Heim! — Fitei-o. — Por qual motivo não escolheu uma jovem daqui do seu país? Olhou-me profundamente, como se visse a minha alma. — Porque nenhuma outra mulher mexeu tanto comigo. Alícia, você despertou algo dentro de mim, algo que jamais imaginei sentir. Eu não posso e não quero perder você. — Eu nunca serei sua! — Revidei falando bravamente. — Ouviu, Dom!? — O destino se encarregará disso. — Falou tranquilo sem demonstrar nada. — Vou deixá-la descansar, amanhã pela manhã sairá comigo, preciso tê-la ao meu lado sempre. Dom se aproximou cautelosamente, se ajoelha na minha frente pegando a mão machucada, observou o meu ferimento... Virei imediatamente o rosto para o outro lado, me recusando a olha-lo. — Minha princesa... Você é tudo pra mim, por favor não se machuque mais, deixa eu ver o seu corte... Hum, cuidou bem, porém foi superficial, ainda bem. Pela visão periférica vejo-o se levantar em seguida escuto sua voz sussurrante: — Boa noite meu amor. E abandona o meu quarto. Deixando-me num estado de nervo, tudo por causa desse homem, mas ele não sabe do que sou capaz de fazer!
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