Não desista

553 Words
Eu m*l havia conseguido dormir. Fechei os olhos por alguns segundos e senti Christian colocando o cobertor sobre mim da forma mais cuidadosa possível. Resolvi não me mexer mais e acabei pegando no sono quando já passava das três horas da madrugada. Às nove horas, despertei. Christian, como um médico, já estava de pé, observando a enfermeira colocar meus remédios sobre o criado-mudo. — Ainda não sei qual a importância desses remédios — balbuciei, revirando os olhos. Meus cabelos estavam todos embaraçados, e eu confesso que ninguém estava apto a me levar a sério naquela situação. Mas Christian era bom nisso. — Eu não quero que você tenha problemas futuros, Isabel. Quero o seu bem pelo resto da sua vida. Acredite. Sorri e fiz que sim com a cabeça. Quando lembrei do envelope, dei um pulo da cama depois de tomar os remédios e fui procurá-lo. Achei-o debaixo do travesseiro e sorri levemente por não lembrar daquilo. — Está pronta? — Christian perguntou. — Prontíssima, Chris. A coisa que mais estou neste mundo é pronta! — garanti. — Olha só, o que quer que tenha aí dentro, por favor, não fique triste. A gente não precisa desistir agora. Dei os ombros; não tinha como não ficar ansiosa mesmo. Abri o envelope e passei os olhos pelo papel, lendo letra por letra, palavra por palavra. — E então? — questionou Chris. — Nada — minha voz saiu mais rouca que o normal, tanto que precisei repetir o que eu disse, pois tinha certeza de que ele não ouvira — Não tem nada sobre meus pais aqui. Christian se aproximou de mim e pegou o papel para ver com seus próprios olhos. — Mas isso é impossível! Por que diabos seus pais não estão aqui? Engoli em seco. Respirei fundo pelo menos umas três vezes. Tentei me concentrar em coisas boas, em esperanças de vida, mas era praticamente impossível não pensar. Eu era relativamente forte em r*****o a decepções. Já fui deixada para trás e humilhada por muita gente. Só que agora parece que roubaram a esperança que havia renascido há pouco tempo na minha vida. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas havia prometido a Christian que não ficaria triste. Contive o choro. Ele me abraçou, o que tornou ainda mais difícil não me entregar às lágrimas. — Pode chorar, se quiser. Não vou te julgar por demonstrar seus sentimentos. Me afastei um pouco, na distância que dava para olhá-lo nos olhos. — Só quero ficar um pouco sozinha, tudo bem pra você? — pedi. Ele assentiu. Christian me entendia muito bem. Graças a Deus ele não fazia o tipo de cara que insistia. Ele saiu, deixando a porta entreaberta. Sentei-me na cama e apoiei meu rosto nas mãos. Finalmente, chorei um pouco. Um choro silencioso. Aliviou o nó da minha garganta, mas o vazio no meu coração continuou lá. Ouvi um barulho vindo da janela. Alguém estava jogando pregadores. Era Philips. Dei risada, porém ainda cabisbaixa. — Oi — falei, desanimada. — Você abriu o envelope? — falou Philips por trás da janela. Antes de responder, abri a janela de vidro e continuei: — Ah, sim. Mas não encontrei resultados. — Eu sinto muito — ele se lamentou. Philips me fez sorrir por alguns minutos até que resolvi parar de me entristecer.
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