AUTORA
— Meu Deus, o que foi que aconteceu. Jaime? — Mirela grita o irmão, e como ele já vinha chegando na porta, correu mais ainda para ver o que tinha acontecido, já que ela tinha gritado o nome dele.
Quando chegou lá, viu a menina suja desmaiada no chão, e a sua irmã com os olhos cheios de lágrimas.
— O que foi que aconteceu com ela?
— Eu não sei, ela simplesmente desmaiou.
— Vamos levar para o hospital!
— Não! Vamos para casa mesmo, deve ser por causa do estado dela.
— Ok.
Jaime pegou Christy no braço e viu que além da menina ser pequena, ela não pesava quase nada, e pelas roupas serem largas ela parecia ser mais gorda, ele passou pelo corredor sem se importar com o que os outros estavam pensando ou dizendo, pois ele resolveria isso depois...
Assim que ele chegou no estacionamento, o mesmo colocou a deitada no banco de trás, e Mirela também sentou no banco de trás, ela colocou a cabeça da ruiva em seu colo e Jaime foi para o lado do motorista, deu partida no carro rumo a casa dele e quarenta e cinco minutos depois, ele estacionou o carro na enorme garagem da mansão.
O mesmo desceu do carro e foi para a porta do banco de trás, chegando lá ele pegou Christy nos braços e levou ela para um dos quartos de hóspedes, Mirela foi para cozinha mandar um dos empregados fazer um lanche, e depois levar para o quarto.
Ela subiu e ao entrar, viu seu irmão sentado na cama olhando para a ruiva.
— Obrigada por ter me ajudado com ela.
— Depois você me paga, agora eu vou para o meu quarto tomar um banho, eu estou imundo — ele fala tirando a camisa.
— Pode ir, vou acordar ela — ela revira os olhos para ele que anda até a porta do quarto.
Quando estava chegando na porta, ele olha para trás e diz:
— Qualquer coisa pode me chamar!
— Certo.
Jaime entrou dentro do seu quarto e foi direto para o banheiro, onde tirou a roupa e foi tomar banho, depois de banho tomado ele foi para o closet e vestiu um short moletom branco e ficou sem camisa.
Ele foi deitar na cama para dormir, mas quando fechava os olhos, ele só via a imagem de um rosto ruivo e olhos verdes, não conseguindo dormir, foi para o quarto da irmã mas chegando lá, ela não estava então, foi para o quarto de hóspedes, onde a garota estava.
Quando ia abrir a porta ouviu que a menina estava contando algo para a irmã, e resolveu ficar um pouco mais, ouvindo aquela linda voz, que parecia mais uma melodia para seus ouvidos.
MIRELA
Quando meu irmão saiu do quarto, eu me levantei e fui ao banheiro, peguei uma caixinha de primeiros socorros e coloquei em cima da cama, fui ao meu closet e peguei uma toalhinha branca e voltei para cama, onde deixei a caixinha e a abri, peguei um vaso de álcool, coloquei um pouco no pano e coloquei para ela cheirar, não demorou muito ela começar a acordar aos poucos.
— Está se sentindo bem?
Christy acorda e fica um pouco assustada, vendo que está em um quarto que não era o seu, e a cama onde ela estava deitada era bem confortável.
— Sim, obrigada por me ajudar.
— Não tem de que — ela sorri para mim.
— Meu Deus, eu não sei o que vou fazer!
— Por que diz isso?
— Nada não, desculpa, pensei alto.
— Tá bom, depois falamos sobre isso, vamos, vou te mostrar o banheiro para você tomar banho e se trocar.
— Não precisa, eu vou embora, muito obrigado mesmo — ela se levanta da cama.
— Para com isso, vamos, você está toda molhada, já desmaiou, acho que você está com fome também, estou certa né? Pode me dizer, somos amigas.
— Tudo bem, eu estou sim com fome — ela olha para baixo tímida.
— Então vai lá no banheiro, que eu vou deixar uma roupa para você vestir aqui em cima da cama.
— Muito obrigada, eu não sei nem como posso te agradecer, pois ninguém nunca se importou comigo como você está fazendo agora...
— Tudo o que estou fazendo é de coração, acredite, não quero agradecimento — ela fala com sinceridade.
CHRISTY
Eu não sei por que, mas aquela menina eu acho que ela é parecida com uma pessoa bem próxima a mim. Ela é linda, mas quando cheguei naquele imenso banheiro, meu queixo caiu, pois, era muito lindo, tinha banheira e tudo, liguei a torneira e deixei enchendo a banheira, enquanto tirava minha roupa, depois que eu tirei tudo, entrei dentro da banheira e deixei meu corpo relaxar.
Me lembrei daquele garoto que a Mirela chamou de Jaime, ele é muito lindo e por alguns segundos, fico pensando nele, mas logo balanço a cabeça espantando esses pensamentos e começo a passar o sabonete por meu corpo todo.
Depois de banho tomado, pego a toalha e vou para o quarto, onde vejo uma calça de moletom cinza e uma regata preta, uma blusa de moletom também cinza e um conjunto de lingerie.
Visto as roupas e fica um pouco grande em meu corpo, quando começo a secar meu cabelo a porta do quarto é aberta, e Mirela entra segurando uma bandeja, com dois copos de suco de goiaba e três sanduíches de presunto.
— Olha o que eu trouxe para nós comermos?
— Obrigada!
— Não tem de que, agora eu quero que você sente aqui nessa cama, que vamos comer e conversar.
— Tá bom, mas o que você quer saber?
— Eu quero que você me conte sobre você.
— Não tenho nada de interessante para contar — ela dá uma mordida no sanduíche.
— Tenho certeza de que você tem, não importa se você tem dinheiro, trabalho, se é branco ou preto, se tem casa ou não, o importante é que você seja feliz e não importa o que os outros digam, você sabe o seu valor.
— Mas não tem como deixar de se sentir humilhada no meio de gente tão hipócrita, que pensa que o mundo só gira em torno deles e pisa nos mais fracos.
— Mas é o caráter que faz uma pessoa diferente, não uma roupa de marca ou uma conta bancária.
— Eu sei.
— Então? Quer me contar o que foi que você estava pensando alto a minutos atrás?
— Bom eu vou confiar em você.
— Pode confiar — ela segura na minha mão.
— Eu moro com a minha mãe pois ela se separou do meu pai quando eu ainda era bem pequena, ela me falou que ele tinha traído ela há um ano e então nós fomos morar em uma casa que era da minha tia no interior, mas depois de um mês lá, eles venderam e deram uma pequena quantia em dinheiro para minha mãe. Depois disso compramos uma barraquinha lá na favela, eu fui crescendo e minha mãe trabalhando e o que ela ganhava só dava para comprar o que comer, roupas eram de vez em quando, a alguns meses atrás ela foi demitida do emprego e tudo ficou pior, e para acabar de completar, hoje quando eu estava indo para o colégio um carro veio e me jogou lama e eu acabei caindo, por isso fiquei suja daquele jeito — eu termino de contar e Mirela se levanta logo me abraçando.
— Eu sinto muito pelo o que aconteceu hoje, sua história é bem comovente e triste, e mais uma vez, me desculpe, foi o meu irmão que jogou lama em você.
— O seu irmão?
— Sim — Mirela fala com vergonha.
— Não sinta, não foi culpa sua, se fosse outro, faria o mesmo.
— Mas ele fez isso porque ele é um i****a — ela cruza os braços.
— E bonito — falo dando uma risadinha.
— O que? Você está precisando usar óculos Christy — grita Mirela.
— É sério, pelo que deu para perceber, ele faz parte dos populares e gosta de humilhar os outros, mas não vou negar que ele é muito bonito.
— Mudando de assunto, pois não quero falar do quanto o b****a do meu "irmão" é bonito, — ela fala sorrindo — Como você conseguiu entrar naquela escola que é paga?
— Eu ganhei uma bolsa, e passei em primeiro lugar no concurso público, mas se eu faltar 7 vezes no mês eu perco tudo.
— Meus parabéns, você é muito inteligente para ganhar uma bolsa naquele colégio.
— Minha mãe sempre diz isso — eu falo feliz.
AUTORA
Enquanto as meninas conversavam, Jaime escutava atrás da porta, a história que ele ouviu de Christy mexeu muito com ele. Mas o que mais o surpreendeu foi ouvir a menina chamando-o de bonito, ele não sabia por que, mas gostou de ouvir isso.
JAIME
Depois de ouvir aquela conversa, ouvi também um barulho dentro do quarto e presumi que elas iam sair, então sai em passos largos mais cautelosos para o meu quarto, pois não queria que minha irmã visse que eu estava ouvindo atrás da porta, isso é coisa de criança.
Chego no meu quarto e me jogo na cama, fico pensando em tudo o que aquela menina sofreu e ainda sofre, tenho que arrumar um jeito para ajudar ela...
De repente ouço batidas na porta, eu vou abrir pois sempre fecho meu quarto de chave, quando abro vejo minha irmã vestida em uma calça jeans azul bem justa e uma blusa preta, que fica mostrando um pouco da barriga, ela estava com os cabelos soltos e segurava uma sacolinha.
— O que você quer de mim pirralha?
— Apenas que você me leve em um lugar, e não me chame assim, pois sou apenas um ano mais nova que você.
— Não sou seu motorista, peça para o Kaio te levar — dou de ombros.
— Não posso ir com ele, tem que ser com você, vamos levar a Christy para casa dela, mas primeiro vamos passar na livraria para comprar alguns materiais, aqueles que ela perdeu por sua culpa.
— Eu não fiz nada, não tenho culpa de nada — me jogo na cama e fico olhando para o teto.
— É sério isso Jaime? — pergunta minha irmã me olhando, com os braços cruzados.
— Você a molhou toda quando passou no carro, tenha um pouco de compaixão seu i****a.
— Meu amor ela se molhou na chuva, mas bem que talvez não seja uma má ideia de ter ela molhadinha por minha causa — falo gargalhando da cara da minha irmã.
— Jaime Mitchell Perez, me respeita seu sem caráter — ela grita corada.
— Vai levar a gente ou não?
— Que essa seja a última vez, não sou babá de ninguém não, e nem sei por que você continua ajudando essa morta de fome, só me dá alguns minutinhos para poder trocar de roupa.
— Tá bom, mas não chame ela assim mais, pois ela é minha amiga agora e eu quero que você a respeite.
— Tá bom, só quero ver até quando essa amizade vai durar, pois vou fazer a vida dessa garota um inferno, até ela sumir do nosso meio — falo m*****o e minha irmã me olha com um olhar decepcionado, e sai me deixando sozinho.
Eu não sei por que, mas eu me sinto muito m*l falando essas coisas, não é só porque ela tem olhos lindos que vou ficar pensando nela, ela nem é tudo isso! Ou é?
Fico me perguntando até que ouço o grito de Mirela no andar de baixo, entro no closet e pego uma camisa amarela polo e uma calça de moletom preta da Nike, coloco uma toca e calço um tênis da Puma, descendo para a sala.
Quando chego lá, vejo uma menina linda sentada com a minha irmã, ela estava vestida com um conjunto de moletom cinza e nossa...
— Que coisa mais linda! — falo praticamente babando, mas ao olhar para minha irmã, vejo um sorriso debochado no rosto e me recomponho.
— Vamos!
Saímos de casa e fomos para a garagem, é sério, não consigo acreditar que aquela garota m*l vestida é uma princesa, ela é a garota mais linda que eu já vi em toda minha vida, e nisso acabo pensando que ela ficou linda desse jeito, apenas com uma roupa que modelava as curvas do corpo dela, imagina quando estiver arrumada.
Jesus tenho que parar de pensar essas bobagens, pois estou namorando a Raquel e essa sim é perfeita. Chegando na garagem pego a Ferrari.
— Para onde vamos, é melhor você pegar o carro que o papai deixou para os empregados andarem.
— O que? — pergunto para ela bravo — Onde ela mora?
— Na favela.
— Você só pode estar maluca Mirela, eu não vou para um fim de mundo desse para ser morto a qualquer momento por causa de uma menina que não significa nada para mim, além de ser f**a — falo sem pensar e a cena a seguir faz meu coração acelerar.
Quando ela olha para mim com os olhos cheios de lágrimas, ela não disse nada, apenas começou a correr para fora da garagem, olhei para minha irmã que me olhou com um olhar decepcionado e correu atrás da ruiva.