Capítulo 1
AUTORA
— Que saco! — ele reclama colocando o travesseiro na cabeça, e grita irritado por ter que acordar cedo.
Ele se espreguiça na cama e depois se levanta, vai para o banheiro onde faz sua higiene matinal, depois vai para o closet pegar uma calça jeans preta, uma camisa branca e uma jaqueta de couro, também da cor preta.
Ele se veste, penteia os cabelos para cima e calça um tênis da Nike, pega sua mochila e vai para o jardim, onde toma café da manhã com sua irmã.
— Bom dia!
— Bom dia Jaime.
— Mamãe e papai já foram trabalhar? — perguntou passando geleia no pão.
— Sim, acabaram de sair.
— Hum — eles terminam de comer e se levantam da mesa.
— Vou com você hoje — fala ela.
— Não vai não, você vai com o motorista, no meu carro, só vai eu e os meus amigos.
— Eu vou com vocês e ponto final.
— Veremos.
— E você vai ver — ela fala desafiadora.
— d***a! Esqueci de pegar minha carteira — ele fala batendo com a mão no bolso traseiro.
— Vai pegar, ainda dá tempo.
Ele sobe para o quarto, e Mirela aproveita a deixa do irmão, pega sua mochila e vai correndo para a garagem, e como ela sabia que ele sempre usava a Ferrari para se exibir, entrou nela e ficou abaixada no banco de trás e quando Jaime voltou, ele foi direto para a Ferrari como era de costume, entrou e não percebeu que a irmã estava lá.
Ele dá partida no carro e vai buscar seus amigos no lugar de sempre. Cerca de dez minutos depois, ele parou o carro e cumprimentou Lucas e Gregório, os seus melhores amigos.
— Bom dia Ramírez, bom dia Sampaio.
— Bom dia.
— Quem é essa gatinha aqui Perez?
— Como essa gata entrou no meu carro? Tem muito pelo no banco? — ele pergunta preocupado com o carro.
— Uau! Dá essa para mim mano?
— Com certeza, mas ela não vai no meu carro — ele desce do carro, pronto para entregar aquela gata para o seu amigo, mas quando viu do que realmente se tratava, ficou chocado com as palavras dos amigos, e com raiva por sua irmã estar ali escondida, sem a sua permissão.
— Mirela!
— Oi — disse se levantando, sentando-se no banco de trás e colocando o cinto de segurança.
— Você a conhece?
— Ela é sua namorada? — perguntou Gregório.
— Calados, os dois — ele repreende os amigos.
— Mas...
— Nada de mais, agora entrem nesse carro e você Mirela, para o banco da frente agora!
— E os dois marmanjos, vão bem quietinhos, porque essa aqui é a minha irmã, e não é qualquer um que vai ficar com ela, entendidos? — Mirela faz o que o irmão pediu.
— Mas eu não sou qualquer um e sua irmã, é muito linda com todo respeito — ele sorri em direção a morena.
— Obrigada, você também é um gatinho — ela pisca o olho para Gregório que sorriu galanteador.
— Concordo com o que o Gregório disse, mas não com o que você falou, My!
— Mas que d***a! Quem te deu liberdade de chamar minha irmã de apelidinhos? — ele grita irritado.
Lucas levanta as mãos para cima em sinal de redenção e diz:
— Relaxa mano, não está mais aqui quem falou!
— Assim espero.
Eles continuaram a viagem, e não demorou muito para começar a chover, e quando faltava um quilômetro para o colégio, a chuva começou a ficar mais forte, até que eles viram uma pessoa na chuva, tentando proteger alguma coisa na frente.
Quando estavam mais perto, puderam ver que era uma menina segurando a mochila, e vendo que ela ia para o colégio devido o símbolo na mochila, Mirela se pronunciou.
— Pare o carro Jaime, vamos dar uma carona para ela — fala a jovem com seu dom de ajudar o próximo.
— Mas de jeito nenhum, ela não vai entrar no meu carro para sujar!
— Você vai deixá-la ir nessa chuva, molhando os livros? Se coloca no lugar dela Jaime.
— Não é da sua conta, ela pode estar armada — ele dá de ombros.
— É sério mano, a chuva está ficando cada vez mais forte — fala Lucas.
— Eu já disse que não, e se não calarem a boca vão todos andando — ele fala sério.
— Vou contar para o papai — ela fala triste.
— E eu para a mamãe, já que você agora resolveu andar com homens — ele debocha.
— Preconceituoso!
Como resposta, ele passou bem rápido em uma poça de lama, e molhou a menina que ia andando e com o susto, ela acabou caindo e derrubando a bolsa na água.
— Jaime! — a morena grita com o irmão que gargalha e segue viagem.
Quando Jaime chegou no colégio, ele e os amigos foram para a sala do terceiro ano, já Mirela foi para a dela, que seria a sala do segundo ano, chegando lá, só tinha duas cadeiras vagas, que eram um pouco no fundo, uma perto da outra, e então, ela sentou na cadeira e não demorou muito para a professora entrar.
— Bom dia turma!
— Bom dia professora — respondem todos.
— Eu sou Heloisa, a professora de português, agora quero que vocês se apresentem.
Todos os alunos se apresentaram, e a professora pediu para fazer uma atividade da página 412 do livro e quem não tivesse, não faria, pois valia ponto. Cerca de trinta minutos depois, ouviram uma batida na porta e a professora falou:
— Pode abrir.
— Posso entrar professora? — fala Christy gaguejando.
— De onde você saiu? você está imunda garota! — ela fala com nojo e todos riem da ruiva na porta, com a bolsa molhada, e tremendo de frio.
— Desculpa professora, é que um carro jogou lama em mim quando estava vindo, eu sinto muito — ela fala de cabeça baixa.
— Eu não vou ficar na mesma sala que essa garota imunda! — Samantha empina o nariz.
— Meu pai paga muito caro para não deixarem esse tipinho de gente no nosso meio — diz Marcone.
— Se essa garota ficar nessa sala do jeito que ela está, eu juro que mando o meu pai processar esse colégio — fala Paulinha.
As lágrimas de Christy já rolava por seu rosto, então ela correu para o banheiro e se trancou lá, deixou que o choro fosse o seu refúgio, pois era sempre assim, desde o ano passado.
— Calem a boca, ela é uma pessoa igual a qualquer um de nós, seus idiotas preconceituosos — Mirela grita com raiva.
— Só se for igual a você, porque comigo não é não — ela sorri debochada.
— Claro que não pois você é única, uma egoísta mimada que só pensa em status social, vê se um dia cresce e isso serve para todos, inclusive para você professora!
Mirela saiu furiosa da sala, pois não aceitava aquilo que os outros falavam daquela menina, então foi ver se via ela, mas só encontrou os materiais dentro do lixo, foi até o banheiro e então ouviu um barulho de choro.
— Ei você está aí? — Christy nada responde.
— Pode falar comigo, eu não vou te julgar — a ruiva continuou em silêncio.
— Por favor, fala comigo! Qual o seu nome?
— Christy — ela fala baixo.
— O meu é Mirela, vem, eu vou te levar para casa, para você se trocar.
— Não precisa.
— Claro que precisa, olhe como você está! E eu também quero ser sua amiga.
— Por que você está falando isso? Ninguém gosta de mim! — ela fala ainda dentro da cabine do banheiro.
— Eu juro, eu só quero te ajudar, deixa por favor!
Christy respira fundo, sai da cabine do banheiro e vê Mirela muito bem vestida, com roupas de marca e cabelos soltos.
— Certo, eu acreditei em você, e estou aqui na sua frente, pode me humilhar agora — ela fala enxugando as lágrimas.
— Quem disse que eu vou fazer isso?
— É que todas como você fazem isso!
— Você pode não acreditar, mas eu sou diferente, só quero seu bem, vamos sair daqui, senão você vai acabar pegando uma pneumonia — Mirela pegou na mão de Christy, e a levou para a sala onde o irmão estudava.
Chegando lá, ela bate na porta e a professora dele é quem abre a porta.
— Bom dia, eu posso falar com meu irmão?
— Claro, qual o nome dele? — fala ela simpática.
— Jaime Mitchell Perez.
— Espere um momento.
— Certo.
A professora voltou para a sala e chamou Jaime.
— Jaime Mitchell Perez?
— Sou eu!
— Me acompanhe por favor?
— Mas eu não fiz nada — ele fala sem entender.
— Nem esperou pela gente para aprontamos junto né? — Gregório fala sorrindo.
— Eu não fiz nada, é sério gente! — ele disse já se levantando, e indo de encontro a professora e quando chega na porta, ela diz:
— A sua irmã quer falar com você!
— Só podia ser! — ele revira os olhos.
— Preciso que você me leve para casa agora!
— Quem disse que eu vou princesa?
— Porque é o mínimo que você pode fazer por ela — Mirela apontou para a garota que estava suja atrás dela, tremendo de frio, e quando Jaime olha para ela, vê que os olhos dela são lindos, pois era só o que dava para ver, do jeito que ela estava suja e vestida naquelas roupas largas.
— Por favor, Jaime — ela implora.
— Está bom, você venceu, vamos — ele revira os olhos e anda em direção a porta.
— Jaime Mitchell Perez, volte aqui!
— O que foi Mirela? — ele pergunta sem paciência.
— Seja educado quando andar comigo, e fale com a professora.
— Tá bom, mamãe — ele debocha.
— Estou esperando! — disse com os braços cruzados acima do peito.
— Tá! — ele foi em direção a professora, e assim que ele saiu, Mirela se virou para Christy, e viu que ela estava muito pálida.
— Christy você está bem? — perguntou.
— Acho que não — ela disse sentindo o peso do seu corpo indo ao chão.