Capítulo 5

1232 Words
d***a. Eu nunca senti tanto ódio de um passarinhos quanto sentia agora. Tudo bem, no fundo eu sabia que o bichinho não teve culpa de nada, que no fundo a ASNA da história havia sido eu. Mas fazer o que acontece... A vida é isso. A gente escala as árvores, faz esforço e depois se esborracha no chão todo ferrado. Tudo isso pra no fim, subir em mais árvores, fazer o que? Agora eu estou reclamando mas dou duas semanas pra estar fazendo outra cagada. Abro os olhos devagar, tentando me ajustar à claridade, Vejo o teto do meu quarto. Aos poucos vou levantando e fico sentada no que vejo ser a minha cama, e tudo em mim dói, como se estivesse acabado de cair de uma árvore. Por que será, não é mesmo? E como foi que eu havia chegado em casa mesmo? pergunto subconscientemente tentando me lembrar, sabendo que era com isso que eu tinha que me preocupar, e foi então que me veio à mente aqueles olhos, e lembro que fui trazida para cá por aquele estranho lá na floresta. Mas onde ele está agora? Olho em volta mais uma vez e não vejo ninguém. Decido levantar da cama, mas assim que encosto meus pés no chão, sinto a dor me consumir inteira. Droga, tinha esquecido do meu tornozelo provavelmente torcido. Olho pra baixo com medo do estrago e me surpreendo ao ver, não só meu pé, mas meu braço enfaixado, pareciam estar bem menos piores do que na floresta e todos os outros arranhões tinham sumido. Estranho. Não sei se era mais estranho do que a ideia do estranho na minha casa ou eu em um caso de sonambulismo ter tratado de meus ferimentos, mas ainda preciso conferir uma coisa. Ligo meu modo saci e me apoiando nas coisas ao redor da cama, consigo levantar com meu pé bom. Me apoio nos móveis e vou com muito cuidado conferir a casa. Com meus passos de lesma cheguei a cozinha, sala, banheiros e até o quarto da minha tia. Cheguei até a olhar o quintal, tanto de trás quanto da frente, e foi uma tarefa árdua que levou bastante tempo, mas estranhamente não tinha ninguém na casa. Tudo bem, vamos recapitular novamente a parte do estranho e ignorar a idéia do sonambulismo: Um estranho com duas cores de olhos diferentes me resgatou depois de me quebrar toda depois de... (Vamos ignorar essa parte, é humilhante demais lembrar que eu caí de uma árvore) e me trouxe pra casa, que por acaso ele sabia onde era.  O que já o torna o tipo de cara suspeito que vai a floresta cometer assassinatos e passa semanas estudando suas vítimas para saber exatamente onde elas moram, ou no mínimo ou stalker com ficha na polícia. Ele me trouxe pra casa, cuidou dos meus machucados -Deus sabe por quanto tempo eu devo estar apagada- e simplesmente caiu fora antes de eu acordar? Acho que eu estou vendo filmes demais, só pode ser um delírio fortíssimo...  E agora?  Eu tenho que me conformar?  Devo ficar me questionando se eu estou realmente louca ou se aquele garoto era o louco da história?  Devo vasculhar a casa em busca de alguma evidência de sua presença e de sua identidade ou simplesmente fingir que nada aconteceu e voltar a dormir? Acho que a resposta era óbvia. Eu voltei a dormir. ------------- É um saco ficar em casa debilitada sem poder fazer nada por causa desse pé desgracento. Ele estava todo roxo por baixo das ataduras e estava bem inchado, do tamanho de um limão, até  me assustei, mas tenho colocado gelo regularmente e tem melhorado bastante, e quanto ao machucado no meu braço, estranhamente curará mais rápido que um corte normal daquela magnitude. Cansei de fazer perguntas. Foi a semana toda me questionando se o que eu acho que aconteceu naquele dia REALMENTE aconteceu.  Foi tão esquisito que toda vez que penso nisso meus miolos parecem fritar, ainda mais depois de sonhos e mais sonhos que tenho tido noite após noite, muito parecidos com aquele com o lobo que tive a dias atrás. Agora eram recorrentes, porém não era mais só o grande lobo n***o que atormentava ele, mas também o cara de olhos diferentes. Parece que minha mente não se atualiza, ficou travada como a tela de um computador na imagem dele me olhando na floresta, pois só me fazia pensar naquilo. Minha tia havia telefonado, estava voltando para casa daqui a uns dias, mas não ficaria muito, como sempre, mas ainda assim tenho que preparar as coisas aqui. -------------         Eu estava mexendo no meu notebook em minha quente cama durante uma tempestade. Meu pé enfaixado já estava quase totalmente curado, mas eu continuava sem sair por aí dando saltos mortais, correndo maratonas(não que eu fizesse alguma dessas coisas com ele totalmente bom) e colocando gelo constantemente. Agora eu estava aproveitando o m*l tempo que praticamente gritava na janela que era um ótimo dia para “não fazer nada de útil” e estava checando minhas solicitações no f*******:. Clico no ícone que dizia que tinha solicitações, e vou descendo a tela. n**o o convite de uns três indianos e mais um cara com foto de perfil de anime, até que chego na ultima cujo o nome que estava escrito era “James Anderson”.  O nome me soava bem familiar, mas não me lembrava exatamente de onde. Resolvo dar uma breve Stalkeada, clico no perfil e sou uma olhadinha nas fotos e publicações. ... ... Não brinca! Só me faltou começar a pular na cama. Abro o chat com os dedos escorregando de agitação e mando de uma vez várias mensagens. Nael: Jammy Nael: Não Nael: Brinca Nael: Comigo Nael: Não estou acreditando nisso, n******e ser você. Nael: Diz que eu estou pagando mico no chat de um completo estranho, diz. Um tempo depois apareceu digitando. James: Tomei um susto com tanta mensagem de repente  James: Eu mesmo Nael: Ai não ai não ai naoooo . Nael: Não consigo nem acreditar! James era meu amigo de outros verões que eu passava na casa da minha tia. Ele era meu vizinho na época, mas teve que se mudar com o pai dele. Acho que até dá pra ver a casa dele daqui, as luzes estavam apagadas já fazia tempo. Eu tinha perdido total contato com ele desde que perdi minha ultima conta no f*******: por causa de um hacker (dica do dia: nunca clique em links suspeitos quando estiver com o f*******: aberto em outra aba) James: Faz realmente muito tempo, mas diz aí James: Como vai a vida? Onde c ta morando? Nael: Tô na casa da minha tia de sempre, né? Dãaa, que me abandonou foi você James: Kkk, nem sonha... To perguntando pq James: ADIVINHA QUEM VAI VOLTAR PRA ESSE MARAVILHOSO BAIRRO 5 ESTRELAS NO MEIO DO NADA? Nael: NÃAAAAO, NÃO BRINCA ASSIM COMIGO James: isso mesmo, aliás Digitando... O computador desliga.  Olho em volta, e não consigo enxergar nada, por um segundo tinha pensado que tinha ficado cega, mas então um grande estrondo de um trovão vem lá de fora acompanhando de um raio que ilumina tudo por alguns segundos, eu me assusto e dou um grito exageradamente fino.. Não acredito nisso.  Quando estava prestes a me tacar em baixo das cobertas pra me proteger ouço o barulho da minha porta abrindo, era um ranger bem lento e torturante. E quando ela abre, sai de lá uma criatura com apenas seu rosto iluminado por uma vela. Eu grito mais uma vez. - Para de frescura menina, foi só um pagãozinho. Tem velas lá embaixo, daqui a pouco volta, fica calma - disse minha tia Envergonhada pela minha crise, me escondo embaixo das cobertas com as bochechas vermelhas. 
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