Capítulo 2 – Vidas Opostas

2169 Words
Mia °•°♤•°• Imbecil. Idiota engravatado. Quem ele pensa que é? Bufo. Pedir desculpas? Haha! Haaaa! Minha culpa? Sério estou surtando com aquele i****a. Ainda perdi outra entrevista. Droga. Espero nunca mais ver aquele homem. Suspiro fundo antes de continuar seguindo o meu caminho, pensando como vou resolver todos resolver os meus problemas e mais um dia sem sucesso. Olho para os lados sem saber direito por onde vou, já que nesta parte da cidade tem mais arranha-céus do que casas, não me culpem faz apenas um mês que eu e minha avó viemos para este lugar, eu era do interior e as únicas coisas que alcançavam eram topo das árvores. Essa cidade me deixa zonza com tanto barulho. Nos últimos vinte anos eu pude ver a luta da minha avó em manter nosso sustento, o que tem sido muito difícil, tivemos que sair de onde morávamos para oportunidades de emprego melhor para mim. Terminei o ensino médio e infelizmente minha vozinha não pôde pagar estudos para uma faculdade. Nossa situação está bem complicada já que a reserva de uma vida dela está acabando, os gastos para vir para cá não foi barato. E não sei se terá dinheiro o suficiente para comermos, se estava r**m em Bell Buckle – Tennessee, aqui está pior pelo custo de vida ser mais caro, por outro lado se eu arrumar um trabalho viveremos com dignidade com pelo menos três refeições por dia ao invés de uma ou quando temos sorte duas. Minha mãe morreu de câncer quando eu tinha dez anos, o meu pai eu nunca o conheci e minha avó diz que foi durante um intercâmbio qual minha mãe ganhou em um sorteio em seu trabalho e depois de dois anos minha falecida genitora chegou comigo em seus braços e nunca quis falar sobre meu pai, por sua vez, minha avó não insistiu sabendo que a filha não contaria sobre seu desastre amoroso. (...) Olho para minha casa derrotada, mais um dia sem nenhum emprego as oportunidades estão ficando cada vez mais escassa. Mais uma coisa que dona Graça me ensinou foi ser sempre positiva, eu sei que amanhã será um dia melhor. Suspiro e entro na minha humilde casa, e antes que o sol termine de se pôr preciso entrar já que este bairro é um pouco perigoso. Abro a porta, e tranco as várias fechaduras. Deixo a bolsa sobre o sofá e ouço alguns barulhos vindo da cozinha. Sim, se escuta da entrada porque nossa casa é bem pequena e todos os cômodos ficam muito perto um do outro, mais ela é bem convidativa, foi o melhor que conseguimos. — Vó? Nada. Eu caminho até o cômodo onde eu ouço os ruídos e me choco com o que vejo. — Vô! O que está fazendo? Quando chego na porta da cozinha está uma bagunça, a pequena mesa quadrada que acomoda quatro pessoas cheia de utensílios espalhadas, a pia aonde vejo seu pequeno corpo magro com um vestido longo daquele pano bem molhinho com uma estampa de dar dó com alguns buracos de tão velho. — Olá, minha menina! Ela diz de costa para mim fazendo alguma coisa na pia, me aproximo e ela está toda suja com um saquinho na mão colocando um creme rosa dentro. — O que é essa bagunça toda? Realmente as coisas estão uma bagunça, me aproximo da mesa, pegando caixa de leite, outra de uma mistura láctea e saquinhos de suco de morango de uma marca qual nunca vi e coloco em uma sacola, percebo que tem formigas sobre a mesa e pelo visto faz um bom tempo que está tentando fazer esse doce. — Não repare a bagunça, estou tentando algo para vender, aqueles sorvetinhos, sabe? Minha vó é mesmo uma lutadora, termino de organizar os utensílios que ficou, deixando apenas uma bacia cheia desse creme doce, percebo que muitas das coisas provavelmente ela deve ter pedido ajuda aos vizinhos, porque, por exemplo, o leite e a mistura láctea a gente não tinha. Coloco a mão na boca para tampar o riso. — Vó o que os clientes vão pensar ao ver formigas no seu doce? Já tem um monte de pontinhos pretos ali dentro. Literalmente tem muita formiga até dentro da bacia. — Fala que é flocos! — O quê? Haha! – Caio na gargalhada. — Vem, deixa disso você não poderia nem está fazendo esforço. Começo a puxar ela para longe da pia vendo o desastre e ingredientes desperdiçados. Minha vó sempre foi uma grande cozinheira, mais uma negação para doce e com certeza ela deve está desesperada por conta da nossa situação. — Olha Mia, eu ainda não estou morta. – Resmunga se sentando na mesa enquanto a limpo — a mesa. — Ah, claro que não está, porque também senão não estaria aqui, haha! — Menina! — Au! – Grito quando recebo um tapa na b***a — Olha vó as coisas vão melhorar, você sempre disse para sermos positivas, então amanhã será um novo dia, novas oportunidades. — Positivas? Como? Se as contas estão todas no negativo. Pego na sua mão sobre a mesa. — Eu vou conseguir algo, nem que eu tenha que vender flores na rua, casa por casa. – E então uma luz brilhou, e por que não? — Não conseguiu nada hoje também, não é? — Não. A única coisa que ganhei foi uma briga com um cavalo. — Você brigou com um animal? Você não tem jeito Mia. E que animal... Começo a me lembrar do seu corpo atlético, no seu terno fino, cabelo loiro escuro, barba por fazer, sua altura… E sua boca... Sua voz rouca, não posso negar o quanto aquele m*l-educado é lindo. — Mia? Pisco várias vezes voltando. — Oi vó. — Que cara é essa? – Cruzou os braços e encostou na cadeira me observando. — O que aconteceu? Que história é essa de cavalo? — Ah, haha! É um modo de falar, eu briguei com um homem muito m*l-educado, grosseiro que só sabia relinchar p*****************s. E para piorar ele quase passa com seu carro por cima de mim. — Eu disse para tomar cuidado. Mia, cidade grande não é como a nossa pequena cidade. Precisa ficar mais atenta, as pessoas aqui estão sempre com muita pressa e dirigem como loucas… Dona Graça continua a falar e volto naquela cena. E começo a ficar irritada. — Espero nunca mais ver aquele i****a. — Acho que é possível nunca mesmo, porque aqui é muito grande. Mais que cara foi essa de antes? Parecia que viu um passarinho verde. — Vó você está vendo coisa — Uhum, sei. — Dona Graça, o que pensa que estava fazendo aqui? – Mudo o rumo da conversa. — Você não tem mais idade para ficar fazendo esforço e sem contar que seu coração está fraco. — Está me chamando de velha? – Levanta no mesmo instante. — Por acaso velha faz isso? Quando menos espero, a doida da minha avó começa a correr em volta da mesa. — VÓ PELO AMOR DE DEUS! Grito e levanto para parar essa velhinha para frente. Ela endoidou de vez. — Quer morrer e me matar do coração. — Nunca mais me chame de velha. Agora vá tomar banho que irei esquentar as sobras de ontem. Começo a rir ao lembrar da cena dela correndo feito criança em volta da mesa, aonde arrumou energia? Só Dona Graça mesmo! Uma comédia. Depois do jantar deitei na minha cama olhando para a janela que me dava a visão linda do céu estrelado e a lua brilhante me dando a paz que preciso. Tenho certeza que amanhã será um dia melhor! Espero me acostumar rápido com essa nova vida, eu gostava da calmaria de Bell Buckle. Olho para o lado e vejo minha vó dormindo, ao lado seus remédios que estão acabando e que ela não pode ficar sem. Viro para o outro lado novamente e fico observando o céu, pensando no evento mais louco desde do dia que cheguei. Ele é muito abusado. — Pedir desculpas? Eu? – Falei baixando olhando para lua. — Rum. Nem que você, — lua — virasse um grande queijo. Me ajeito na cama e fecho os olhos. Jack Saio do trabalho um pouco mais cedo como eu havia prometido a Emily, quando estou chegando em casa decido ligar para ela. — Ligar para Emily. – Falo com meu carro que disca para minha esposa. Espero alguns segundos e ela não atende, tento novamente e nada. Alguns minutos depois viro na esquina de casa e Emy logo atente. — Alô? — Oi amor, estou quase chegando. Onde você está? Entro na rua da minha casa e vejo minha linda esposa entrando no seu carro, que ela deixou parada na nossa porta. — Querido continuo na corretora, estou saindo daqui, em alguns minutos estarei em casa. Pedi que Lola fizesse o jantar. Vejo a minha mulher mentir para mim, porque claramente a mentira está diante de mim, diminui a velocidade do carro quando percebi isso. Franzi a testa e decidi seguir ela. E faço isso por um bom tempo e o possível para que ela não perceba que está sendo seguida. — O que está acontecendo, Emily? Por que ela mentiria? Continuo a seguir ela, para tentar descobrir o que ela está aprontando. Será que esqueceu algo na empresa? Mais como se ela disse que estava lá? E como sabe que não suporto atraso, não quis causar um m*l-estar? Será? Quem é você para falar sobre pontualidade. – Minha consciência me julga. E acabo me lembrando do ocorrido com aquela lunática, ela tem sérios problemas como alguém em pleno século vinte e um consegue ser tão selvagem? Um leve sorriso surgi nos meus lábios. — Será que essas coisas só acontecem comigo? Volto atenção em quem realmente importa, só quero esquecer aquele evento de hoje e nunca mais ver aquela maluca. Paro o carro quando percebo que Emily para em frente a um prédio, que nem de longe é o da corretora. Ela sai do seu carro e um homem que reconheço no mesmo instante sai pela porta de vidro. Apoio os braços no volante e fico observando seriamente aquela merda na minha frente, vendo minha mulher a essa hora da noite vindo atrás desse maldito. Minha respiração já fica fora do compasso e totalmente descontrolada quando ela abraça o homem que a puxa para um beijo apaixonado qual ela retribui tranquilamente. Aperto a p***a do meu volante ao ver a minha esposa me traindo com meu pior inimigo. Um rival de concorrência. Meus olhos começam a se encher de lágrimas e então antes que eu mate esses dois, eu ligo para ela e tento disfarçar a voz. Vejo o celular na sua mão brilhar e ela olhar para a tela. — Jack? Aperto os lábios segurando a minha raiva. — Alô? – Ela olha a tela achando que a ligação caiu e leva novamente na orelha. — Jack, está aí? — Você está chegando? – Digo rápido e sério. Vejo aquele i****a beijar o pescoço da minha mulher e ela sorrindo antes de me responder. — Estou a caminho de casa, vim buscar minha blusa que escrevi no escritório. Não respondo, apenas tiro uma foto deles. — Está tudo bem? Desligo da ligação e saio do carro e vou até aquela traidora. — Jack? – Diz no telefone. — Desligou. Paro atrás deles com a mão no bolso mais frio que gelo. — Parece está tudo bem Emily? Ela se assusta ao ouvir minha voz. — Jack. Meu amor. Eu, vim... Até aqui para fazer um... — Um filho? Esse é a p***a do tratamento qual você não pode t*****r comigo porque o processo para engravidar no qual precisa adquirir o máximo de hormônio? Segundo você e o médico diz que fazer a p***a do sexo libera algumas químicas que atrapalha a medicação? — Eu posso explicar. — Não quero explicações, eu já entendi que não queria t*****r comigo porque estava fazendo isso com outro. — Jack. – Ela tenta colocar a mão em mim. — Nem pense em colocar essas mãos em mim. — Vamos para casa, lá, conversamos melhor. Olho para cara do desgraçado que fica tranquilo como se contasse com toda essa merda. — Te vejo em frente ao juiz, Emily, nem pense em voltar para minha casa. — Adeus Jack. – O amante da minha esposa diz. Não respondo, apenas viro as costas deixando eles para trás. Preciso ser frio, calculista, não posso perder a cabeça porque vou me vingar dela deixando-a sem nada no divórcio. Entro no carro e desconto toda a minha ira no meu volante enquanto as lagrimas caem. Ligo o carro quando vejo Emily vindo na minha direção e saio cantando pneu. Nunca mais permitirei que isso aconteça. Limpo minhas lágrimas. A partir de hoje nasce um novo Jack. E isso é uma promessa. °•°♤•°•
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