DOIS (parte1)

4175 Words
Era o dia em que finalmente conseguiria fazer a irmã olhar para Thomas, Madson estava super animada com o que tinha planejado. Primeiro a irmã havia falado que iam em outra cidade e que Thomas as levaria juntamente com Tracy e John. Mas Madson insistiu para que fossem a um clube já que pela meteorologia faria sol. Enquanto Kate fazia o café da manhã, ela tomava um banho e arrumava algumas coisas para levar, estava perdida em pensamentos desde o dia anterior quando a irmã chegou tarde. Ela não estava conseguindo dormir de preocupação com a irmã, e quando ela chegou, instintivamente Madson se levantou e foi até a porta. Ao olhar para fora, seus olhos cruzaram com os belos olhos azuis de um homem e no momento foi como se tudo tivesse parado, não havia mais gravidade, não havia mais tempo, era como se ali só estivessem os dois. Ela não percebeu que estava segurando a respiração até a irmã fechar a porta e cortar seu contato visual com o homem, parecia que tudo havia voltado ao normal. Ela nunca havia se sentido desse modo, nem quando namorava. Além do homem dos belos olhos, que aliás era o chefe de Kate e se chamava Douglas, e que ela estava tentando descobrir se ele tinha algum tipo de envolvimento com a irmã, porque se tivesse ela se sentiria muito m*l por desejá-lo, ela também estava pensando no pai. Kate havia pedido a irmã que por enquanto deixassem o pai de fora disso, pois tinha medo de acabar com o relacionamento dos pais e Madson entendia isso, mas queria se manter próxima ao pai. Quando finalmente terminou de arrumar as coisas, ela foi pra sala e se jogou no sofá maior, ao lado dela, no sofá de dois lugares, Kate estava digitando algum número e parecia um pouco sem graça. — Thomas? — Kate falou ao telefone e Madson começou a prestar mais atenção na conversa. — Ainda vai poder nos acompanhar hoje? — A voz dela falhava, com certeza ela estava com vergonha por Madson estar tão interessada na conversa. Kate se manteve calada por um tempo, apenas escutando o que Thomas falava do outro lado da linha e ao analisar a expressão da irmã, Madson percebeu que ela parecia nervosa. — Queria poder acompanhá-lo. Mas como não posso, vejo você em alguns minutos. — Kate falou séria, mas ainda parecia estar nervosa. “Será que Thomas finalmente passou uma cantada nela?”, Madson se perguntou mentalmente, mas logo concluiu que não, pois ele parecia tímido perto de Kate. — Até logo, professor. — Kate falou sorrindo, e desligou o telefone. Madson a encarou com um enorme sorriso. E quando Kate percebeu, apenas fez uma cara de confusa e perguntou. — O que foi? — Nada. — Madson respondeu rapidamente, se levantando do sofá. — Vou comer para irmos. — Ok, vou tomar um banho rápido. — Kate falou e Madson a observou sair. A irmã era realmente muito boa na cozinha, ela conseguia cozinhar maravilhosamente e em pouco tempo. Parecia até um milagre, Madson não falaria isso pra mãe, mas Kate cozinhava até melhor que ela. Na mesa haviam alguns croissants, uns cookies que pareciam ter acabado de sair do forno, uns pãezinhos e suco de laranja, além de café. Isso porque só as duas que teriam que tomar café ali, imagina se tivessem convidados. Madson pegou um croissant, dois cookies e um copo de suco, ela odiava café desde pequena, não via a graça que todos viam naquela bebida, antes um chocolate quente do que café. Quando estava terminando de comer, Kate apareceu na cozinha, estava simplesmente lacrante, como diria a melhor amiga de Madson. — Uau. — Madson exclamou pra irmã. — Tente humilhar menos com toda essa beleza. — Falou sorrindo. — Ah para né, olha quem fala. — Kate revirou os olhos. — E essa comida pra um batalhão aqui? — Madson perguntou com humor, enquanto levantava para lavar o pouco de prato que havia na pia. — Para, eu fiz pra deixar na reserva. Sei que você não cozinha e não quero que morra de fome enquanto eu estiver no trabalho. — Kate falou e Madson apenas deu língua para a irmã. Enquanto Madson terminava de lavar os pratos, Kate estava guardando tudo em potes. E quando as duas finalmente saíram, esperaram apenas o pessoal chegar, o que não demorou muito. Quando eles chegaram, Madson percebeu o olhar que Thomas tinha sobre Kate, um olhar apaixonado e de admiração. Ela conhecia esse olhar porque havia visto isso no modo como o padrasto olhava para a mãe dela. Por um momento se deu conta de que o olhar que Caleb, antes de tudo acontecer, lhe dava, não havia paixão e muito menos amor. Admirou Thomas por aquilo, naquele momento ela só queria que ele tomasse alguma atitude em relação a irmã, se declarasse ou alguma coisa do tipo. E pelo modo como ele a olhava, isso iria acontecer logo. Era o que ela esperava. Ao pensar em olhar, ela se lembrou da noite anterior, de algum modo ela sabia que aquele olhar profundo nunca sairia da sua mente, aquele rosto bem delineado como se fosse esculpido por anjos. Seria possível sentir-se atraída por um cara que apenas havia visto uma vez? Ela achava que não, mas no fundo sabia que queria vê-lo de novo para ter certeza se era isso que estava acontecendo. Todos entraram no carro e Madson insistiu para irmã ir na frente, mesmo preferindo ir na frente por causa de suas pernas longas. O carro de Thomas era ótimo e tal, mas praticamente todo carro mais compacto apertava as pernas de Madson quando ela ia no banco de trás. — Ninguém manda ter pernas de modelo. — A mãe dela sempre zoava. Acabou que quem foi na frente foi John, pelo mesmo motivo que Madson iria, o aperto do banco de trás. Eles seguiram rindo e conversando animados para o clube mais próximo, que ficava a 30 minutos da vila. Thomas ligou o som e a música Sing, de Ed Sheeran, começou a tocar. Como era uma das preferidas de Madson, ela começou a cantar alto, e logo todos já estavam gritando como loucos a música dentro do carro. if you love me, come on, get involved Feel it rushing through you, from your head to toe Sing Oh oh oh, oh oh oh Louder Oh oh oh, oh oh oh Sing Oh oh oh, oh oh oh This love is ablaze I saw flames from the side of the stage And the fire brigade comes in a couple of days * Douglas acordou animado naquele dia, não só porque tinha dormido muito bem, mas porque também havia tido sonhos maravilhosos com a garota dos olhos cor de mel. Ele se achava meio precipitado por estar sentindo-se daquele modo, mas ele havia sido hipnotizado pelo olhar da moça e não sabia como desfazer isso. E para deixar de pensar um pouco nela, resolveu que precisava arrumar algo pra fazer naquele dia, deixaria pra fazer o turno da noite no hospital e aproveitaria o dia em um clube. Poderia jogar tênis com algum amigo, coisa que não fazia há muito tempo, mas que era o que precisava para se distrair. Levantou em um pulo da cama e tomou um banho rápido, colocando uma roupa de tênis e descendo rápido pelas escadas enquanto penteava o cabelo. Passou pela senhora de cabelos negros cacheados e deu-lhe um beijo estalado na bochecha. — Buenos dias, Maria. — Falou piscando pra ela, estava extremamente animado. Maria era a funcionária mais antiga que ele tinha, era como uma segunda mãe, mesmo que as vezes ela se enrolasse com seu espanhol/inglês. Ele achava engraçado quando ela começava a misturar os dois idiomas. — Douglas, não passe correndo desse modo ou vai me derrubar. Valha-me Deus. — Gritou ela. — Parece um adolescente. — Desculpe, Maria. — Douglas gritou enquanto sentava à pequena mesa que havia na cozinha para comer algo. Não sabia de onde havia vindo tanta animação, deveria ser da boa noite de sono que havia tido, mas era como se algo especial fosse acontecer hoje. Ele só não sabia em que sentido. Terminou o café rapidamente e ligou para Fábio, um amigo brasileiro que ele tinha e que costumava jogar tênis com ele. — Fábio? — Douglas perguntou assim que o amigo atendeu. — Caiu da cama, homem? Me deixe dormir. — O amigo bradou com raiva. — Levante essa b***a da cama, vamos jogar. — Douglas falou com falsa raiva. — Te vejo no clube em 40 minutos. — E desligou na cara do amigo. Douglas sabia que o amigo deveria estar morrendo de raiva nesse momento, mas com certeza ele iria. Passou correndo por maria e deu outro beijo em sua bochecha, assustando-a e a fazendo gritar vários palavrões. Pegou a chave de um de seus carros sem conferir qual era, parou e olhou dentre os três carros, as luzes do Range Rover branco acenderam e seguiu para ele. Mas lembrou-se que havia esquecido de pegar a sua raquete de tênis, então desceu correndo e seguiu para a pequena sala de equipamentos, com um pouco de dificuldade e ajuda da Maria, é claro, conseguiu achar e voltou correndo para o carro. Talvez ele fosse um pouco exagerado, pois não precisava de todos aqueles carros, mas era homem e acima de tudo fascinado por carros. O primeiro que ele havia comprado era o jaguar preto do ano de 2012, o segundo era uma S10 e esse ano havia comprado o Range Rover. Que era o segundo carro que ele mais usava. Apertou o botão que abria o portão da garagem e seguiu para a portaria do condomínio, de lá até o clube levaria pouco mais de 20 minutos. Dirigiu tranquilo ao som de Coldplay, não era o seu tipo de música preferido, mas o deixava calmo, e como ele estava agitado naquele dia, aquilo era o que ele precisava. Antes de chegar ao clube passou em uma Starbucks e comprou um Cappuccino, precisava de energia e se voltasse para passar no Coff Star perderia uns 14 minutos. Não que ele estivesse com pressa, até porque conhecia o amigo e sabia que ele iria se atrasar. Chegou no clube eram 10:18. O clube era um lugar bem calmo, havia várias quadras, alguns campos, cinco piscinas enormes e mais duas infantis, havia algumas churrasqueiras, um hotel enorme com área de lazer e várias cadeiras de sol espalhadas em volta da piscina principal. E por todo o clube haviam pequenos alto falantes que tocavam música a todo momento, tornando o lugar mais animado. O clube estava parcialmente vazio e com razão, já que era meio de semana. As duas piscinas principais ficavam ao lado das quadras de tênis e de basquete, e pouco mais à frente havia as churrasqueiras que estavam ocupadas por algumas famílias. Família era uma coisa da qual ele sentia falta. Seus irmãos brigando a todo tempo, sua irmã sendo paparicada, sua mãe e seus delírios de consumo, seu pai sempre ocupado, mas que quando tinha tempo dava toda atenção à família. Parecia bobeira sentir-se assim aos quase 30 anos, já era um homem formado, estava na hora de construir sua própria família, mas só de pensar nisso um nó enorme se formava em sua garganta. Por um momento lembrou-se que na última noite não havia tido nenhum pesadelo. Pela primeira vez em anos, não havia sonhado com Sarah e não havia acordado desesperado aos gritos. Havia acordado animado e feliz, como não acordava desde o fim do colegial. Douglas caminhou diretamente para a quadra de tênis e se jogou no banco, haviam dois casais ocupando a quadra. Ele assistiu ao jogo por um bom tempo enquanto esperava o amigo, e quando ele finalmente chegou, os dois casais já haviam saído da quadra então eles puderam começar a jogar. — Tá meio atrasado hein, cara. — Douglas gritou enquanto dava uma raquetada na bola. — Estava me preparando psicologicamente para acordar cedo. — Fábio respondeu enquanto revidava devolvendo a bola. Continuaram nesse jogo por uma partida inteira e depois decidiram que iam até o restaurante do clube tomar um suco e colocar o assunto em dia. * Quando chegaram ao clube já eram quase 11:00 da manhã. Primeiro Thomas e John desceram do carro e foram pegar as bolsas no porta malas, depois Tracy, Kate e Madson desceram. Ainda estavam animadas por causa das músicas que haviam cantado no caminho, mais elas do que eles. Quando terminaram de pegar as bolsas, Madson foi surpreendida pela irmã, que do nada chamou Thomas e pediu para conversar com ele a sós. Nesse mesmo momento Madson abriu um enorme sorriso significativo para Thomas, como se o mandasse tomar uma atitude. Enquanto caminhava ao lado de Tracy e John, Madson se mantinha perdida em pensamentos. Ela não era o tipo de pessoa que vive aérea, mas nesses últimos dias era meio difícil se manter atenta. Saiu de seus pensamentos quando chegaram à recepção do clube. Uma mulher loira linda, mas parecendo meio enjoada estava atrás do grande balcão de madeira ao celular. Eles esperaram pacientemente pelo término da ligação dela e quando ela foi atende-los, lançou a Madson um olhar de reprovação. Parecia que ela não tinha ido com a cara de Madson tanto quanto ela. Tentou ignorar isso, quem tomou a frente foi John e a mulher agora se insinuava a ele. — Em que posso ajuda-lo? — A mulher que tinha em seu crachá o nome de "Candy" perguntou enquanto apoiava os cotovelos no balcão, fazendo os silicones quase saltarem da blusa. — Preciso de cinco pulseiras em nome de Jonh Moore. — John falou impassível, como se não tivesse visto a provocação da mulher. Madson olhou para Tracy que estava tão vermelha quanto os cabelos, provavelmente de ciúme. — Aqui está, senhor Moore. — Ela falou o nome dele pausadamente, estendendo as cinco pulseiras verdes. Madson revirou os olhos, era horrível ver uma mulher se sujeitar daquele modo. — Essas duas você entrega para aqueles dois. — John falou apontando para Thomas e Kate. — Bye, quedinha. — Madson falou provocando-a, e Candy fez uma cara feia para ela. Enquanto passavam por dentro da recepção, Madson olhou admirada, os clubes que tinham na pequena cidade que ela morava não eram nada comparados àquele. Quando chegaram do lado externo, ela ficou ainda mais admirada, haviam diversas piscinas e quadras de todos os esportes. E ainda tinha uma área de lazer com churrasqueiras, além de um tipo de hotel e campo de golfe. ­— Uau! — Exclamou em pensamento, nunca havia visto nada parecido. O clube mais legal que ela havia ido era um que tinha uma piscina mais funda. Sentia-se uma caipira naquele lugar. O melhor do lugar é que era calmo, não haviam muitas pessoas nele e uma bela música tocava nos Alto falantes num volume razoável. Quando o cantor começou a cantar o refrão, ela percebeu qual música era, Wonderwall, do Oasis. Como não havia reparado antes? Era uma de suas músicas preferidas no primeiro ano do colegial Because maybe You're gonna be the one that saves me And after all You're my Wonderwall Sorriu com a lembrança que aquela música trazia, era da época em que ela acreditava que poderia ser cantora. Ela adorava cantar, mas bem longe dos ouvidos dos outros, pois morria de vergonha. Enquanto John ia para a beira da piscina, Tracy e Madson foram até o banheiro feminino, pois Madson morria de vergonha de tirar a roupa na frente dos outros e mesmo que o clube estivesse quase vazio, ela preferia fazer isso no banheiro. Ao entrar no banheiro teve outra surpresa, parecia mais uma sala chique do que propriamente um banheiro, era tudo bem iluminado e com móveis, além das portas serem em um tipo de madeira diferente das que ela já tinha visto e dos enormes espelhos por todo canto. Estranhamente Madson sentia-se ansiosa com algo, queria sair logo daquele banheiro, talvez essa sensação fosse apenas pra saber se a irmã já havia se entendido com Thomas, mas no fundo ela sabia que não era isso. Tirou a roupa e se olhou no espelho, havia escolhido um biquíni florido em tons de vermelho degradê. Ele não era pequeno, era de um tamanho aceitável. Olhou-se várias vezes no espelho para ver se não tinha nenhuma pequena celulite ou gordurinha a mais aparecendo, mas por enquanto estava tudo em ordem. Amarrou a canga na cintura e pegou a bolsa, logo ela e Tracy saíram de dentro do banheiro. Madson ainda um pouco envergonhada. Quando chegaram à piscina principal, Madson reparou que a irmã já estava dentro da piscina juntamente com John nadando e brincando como dois irmãos de infância, enquanto Thomas se mantinha um pouco afastado, ainda com roupas, sentado em uma das cadeiras de sol. Daria mais trabalho do que ela pensava, mas talvez provocando ciúme na irmã ela conseguiria atrair a atenção dela e fazê-la perceber que gosta dele. Pelo menos foi o que pensou. Arrancou a canga e se deitou na cadeira de sol ao lado de Thomas, com a desculpa de pegar um pouco de sol. Logo observou Tracy se jogar na água juntamente com os outros dois e sentiu uma vontade enorme de se jogar lá também, mas não antes de cumprir sua missão. Concordou consigo mesma em mente que iria tentar por alguns minutos e depois iria aproveitar o clube, afinal não era de ferro e estava ali para se divertir. Ainda se sentia nervosa e inquieta por algum motivo, o olhar dela percorria o clube à procura de algo ou alguém. Ela só não sabia direito o que. * — Ei... Ei... Cara. — Fábio fala enquanto estala os dedos na frente do rosto de Douglas, e só aí ele percebe como estava perdido em pensamentos novamente. Deveria ser a terceira vez do dia. — Cara, você está muito aéreo hoje. — É, tá complicado. — Douglas respondeu sem graça, não queria que ninguém percebesse isso. — Me fala aí, tem alguma gata na jogada? — Fábio perguntou misturando um pouco do inglês com o português como geralmente fazia. — Essa tua mania de misturar as línguas me confunde todo. — Douglas falou despistando o amigo. — Foi m*l, é que o Brasil ainda corre na veia. — Fábio respondeu batendo duas vezes no peito. — Estou vendo. — Douglas apenas respondeu. — Mas conta aí, quem é que tanto domina a sua mente? — Ninguém. — Douglas respondeu rapidamente. — Não viaja, cara. — Quem anda viajando aqui é você. — Fábio respondeu. — Chega de conversinha, vamos voltar pro jogo. — Douglas falou levantando e dando um tapinha nas costas do amigo. Os dois caminharam conversando até a quadra, mas Douglas ainda estava meio perdido em pensamentos, mas dessa vez a moça dos olhos castanhos não era o motivo, era outro amigo dele, o Dan, o filho dele estava em coma fazia um tempo e no dia seguinte teriam que operá-lo. Douglas considerava o menino como um sobrinho, porque assim que entrou em Stanford, conheceu o Dan, a Rachel e o pequeno Joe, e tinha acompanhando toda a história deles. — Me conta o que está te incomodando, cara. — Fábio perguntou tirando Douglas mais uma vez de seus pensamentos. — Amanhã é a cirurgia do Joe. — Ele falou e só no momento percebeu que estava mais preocupado do que achava, seria uma cirurgia de risco e o menino tinha poucas chances de sair vivo, mas era algo necessário, pois a cada dia em coma ele tinha menos chance de viver. — Oh cara, eu ando tão ocupado no escritório que nem lembrei disso, o Dan e a Rachel devem estar muito m*l. — Fábio falou num tom triste, ele também conhecia o Danniel, só que a menos tempo que Douglas. — Pois é, deve ser por isso que preciso relaxar. Vamos jogar outra partida antes de ir trabalhar. — Douglas falou tentando afastar toda aquela tensão de si. Os dois começaram a jogar novamente, tênis não era o jogo preferido de Douglas, mas era o que o amigo sabia jogar e pra desestressar já estava ótimo. — Achei que você queria uma revanche. — Douglas zombou o amigo enquanto aceitava a pequena bola verde com uma raquetada. — Não se gabe antes do final. — Fábio respondeu mandando de volta a bola que Douglas havia jogado. — Ah não? — Ele acertou mais uma raquetada na bola. Ela quicou uma vez do lado de dentro da rede, passou por cima dela e quicou de novo no chão, só que do lado oposto da rede, por pouco Fábio não a pega. — Admito que essa foi boa, mas eu sou melhor. — O amigo zoou mandando a bola de volta que logo foi acertada por Douglas e voltou. Douglas ouviu uma risada vinda da piscina principal e como por extinto virou o rosto para procurar a dona dela e foi aí que seus olhos se prenderam nela, parecia uma miragem, era isso, agora ele estava tendo alucinações. O tempo pareceu passar mais devagar enquanto ele observava a moça que havia visto na casa de Kate ser empurrada por um cara forte e moreno, em seguida ele se jogar e os dois começarem a brincar na piscina. Sentiu uma dor lancinante na cabeça e foi arremessado para o chão, ainda sem entender como aquilo havia acontecido, passou a mão na cabeça e olhou para o chão, ao lado dele estava a bola de tênis e correndo em sua direção estava Fábio com um semblante preocupado. — Ei, cara, você está bem? — Fábio perguntou estendendo a mão para Douglas, que logo pegou a mão do amigo e se deixou ser puxado enquanto ainda passava a mão onde a bola o tinha atingido. — Eu estou. — Ele voltou a olhar pra piscina, não era uma ilusão, ela realmente estava lá. — Que bom, achei que fosse precisar te levar para o hospital. — Fábio zombou. — O que prendeu a tua atenção desse modo? — Ele perguntou e seguiu o olhar de Douglas até a moça que agora já estava fora da piscina novamente. — Uau, cara, você não brinca em serviço. — O que? — Douglas perguntou confuso e quando percebeu para onde o amigo olhava, tratou de inventar logo uma desculpa. — Não, não, não, só achei que a conhecia, mas foi besteira. Nunca a vi na minha vida. — Falou rápido, meio nervoso. — Não? Então não se importa de eu ir lá, não é? Ela é uma tremenda gata. — Fábio falou fitando o amigo. — Por mim. — Tentou se fazer de desinteressado, mas em sua voz era óbvio que estava com raiva e não se conteria se o amigo fosse lá. — Tô brincando, cara, eu já estou atrasado para o serviço. Então partiu. — Fábio pronunciou a última palavra em português, fazendo Douglas ficar confuso. — Partiu? — Douglas tentou pronunciar a palavra se enrolando um pouco. — É uma nova gíria brasileira, ah esquece. Vamos embora. Os dois caminharam em direção a saída e ao passar ao lado da piscina, os olhos dele encontraram a bela moça novamente, mas ela parecia estar se divertindo tanto que nem o percebeu. Só restou passar na recepção e acertar a conta das bebidas que ele e Fábio haviam tomado. A ideia não o agradava muito, pois quem estava na recepção era Candy, e aquela loira maluca não desistia de correr atrás dele. Tudo bem que parte disso era culpa dele, ele havia ficado com ela uma vez (leia-se comido ela e vazado), e depois disso a mulher parecia ter ficado obcecada, e como Douglas tinha uma regra explícita de nunca ficar com uma mulher mais de uma vez, já havia dado nela uns bons foras. — Doug. — Candy falou com uma voz extremamente melosa. — O que posso fazer por você? — Ela perguntou e ele não pôde deixar de notar o duplo sentido em sua voz. — Cobre a conta do meu cartão. — Ele falou secamente entregando a ela um cartão dos que eles usavam para salvar o que os clientes consumiam. — Só isso mesmo? — Ela perguntou depois que pegou o cartão. — Sim. — São 67,95. — Falou meio desapontada, como se esperasse mais dele. — Aqui. — Douglas entregou uma nota de 100, ela voltou o troco e logo ele e Fábio saíram da recepção. — Cara, até hoje? — Fábio perguntou, e Douglas sabia que ele estava se referindo a Candy. — Pois é. — Respondeu apenas aquilo. — Então falou, vamos marcar uma boate depois, faz tempo que não saímos pra caçar. — Fábio falou e Douglas tentou ignorar o uso da gíria provavelmente brasileira. — Quem sabe. — Disse enquanto apertava a chave do alarme do carro. — Até mais.
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