Antes mesmo de abrir os olhos, já senti a falta dele na cama. O único rastro da sua presença é o cheiro do perfume que ainda está impregnado no travesseiro. Sorrio e passo as mãos pelo meu rosto relembrando os melhores momentos da noite passada, ela foi única, maravilhosa e vai me render longos banhos. Pulo da cama e levanto 9 colchão pego a chave do cadeado e vou até o guarda roupa, depois de abrir o pequeno cadeado pego uma lingerie, uma calça jeans e uma blusa de frio, tranco ele novamente e vou para o banheiro. Meu banheiro se consiste em um chuveiro, uma pequena pia com um espero em cima e um vaso sanitário, coloco minhas roupas em cima do vaso e vou para o chuveiro, deixo que a água quente escorra pelo meu corpo sem que eu mexa um músculo se quer. Estou sentindo umas fisgadas no meu pescoço é como se o Taylor ainda estivesse por aqui, raspando sua barba em mim enquanto sua mão toca minha i********e.
Balanço a cabeça e arfo, por que eu ainda estou pensando nele? Ele é ou melhor foi apenas um cliente .... Só mais um.
Termino o banho rapidamente evitando pensar no Taylor novamente, me seco e visto a roupa que escolhi, depois de escovar os dentes eu penteio o meu cabelo e o prendo em um alto r**o de cavalo, volto para o quarto e pude de baixo da cama um bota preta cano médio, quando acabo de calça-la escuto duas batidas na porta.
- Pode entrar. (digo)
XXX - Oi amiga!
É a Geisa, minha melhor amiga aqui.
Geisa - Aonde vamos hoje?
- Sei lá! Só quero sair um pouco daqui e caminhar. Por que?
Ela me olha desconfiada com aqueles enormes olhos castanhos.
Geisa - Por que? Fiquei sabendo que sua noite ontem foi maravilhosa.
- Como assim? Bom, vamos deixar pra falar disso lá fora.
Pego uma bolsa pequena e saio do quarto com ela, são cerca de nove e meia da manhã então não tem quase ninguém acordado, a noite foi bem longa.
Geisa - Agora fala! (ela exclama assim que saímos no frio londrino) - O que você fez com ele?
- Ah, você sabe o que acontece no quarto. (ela bufa)
Geisa - O homem só foi embora as seis da manhã, e você sabe, eles nunca vão embora quando o sol está nascendo.
As seis?
- Sério?
Geisa - Você não sabia? (balanço a cabeça negativamente e atravesso a rua) - Nossa ... Mais como foi?
- Amiga, foi diferente. Eu senti aquilo, foi a coisa mais intensa que eu já vivi na minha vida. A sensação ... foi a coisa mais louca. Nossa! (solto uma risada)
É só eu fechar os olhos que as imagens da noite anterior invade a minha mente. Fiz sinal para o ônibus que vinha e subimos. Quando saio pra passear não costumo ficar pelas redondezas do casarão, pelo simples fato dos comerciantes de lá não nos respeitarem, eles nos xingam e nos expulsam de lá como cachorros. Por isso eu prefiro pegar um ônibus e ir pro outro lado da cidade.
Geisa - E quando ele volta? (ela perguta)
- Não sei.
Geisa - Não falaram sobre?
- Não falamos nada! (disse a encarando) - Bom, ele perguntou o meu verdadeiro nome e isso me intimidou um pouco, mais depois tudo ficou normal de novo e deu tudo certo.
Geisa - E você falou?
- O que?
Geisa - O seu nome.
- Você ficou louca? (disse em um tom mais alto) - Nunca!
Geisa - Calma!
Respirei fundo!
Não gosto quando falam sobre o meu nome, ou peçam para que eu me abra. A minha resposta sempre será NÃO, pra essas coisas. Diante de tudo o que eu já vivi prefiro ficar quieta na minha. Ela começou a falar como foi a noite passada no quarto dela. O sotaque da Geisa é muito engraçado ela é brasileira, de acordo com ela faz mais de um ano que ela veio pra Londres enganada, prometeram a ela um trabalho como garçonete e como ela estava precisando de dinheiro após ter sido mandada embora do trabalho, acabou aceitando e quando chegou aqui foi obrigada a trabalhar na rua. Marcela a salvou e ainda gastou uma pequena fortuna para tirar ela das ruas e leva-la para o casarão.
- Vamos a uma livraria, tudo bem? (perguntei assim que descemos do ônibus)
Geisa - Tudo bem, mais antes vamos comer por que eu estou morrendo de fome.
Entramos na primeira cafeteria que apareceu na nossa frente, não é nenhuma cafeteria famosa ou super frequentada. E sim uma cafeteria simples e bem antiga, entramos e sentamos nos bancos altos que tem no balcão, não demorou e a garçonete se aproximou.
XXX - O que desejam?
- Panquecas com capuccino, pra mim. (digo)
Geisa - O mesmo pra mim também, por favor.
A menina nos lança um sorriso e se afasta.
Geisa - Ah, amiga ... (disse se espreguiçando) - Estou tão cansada, queria uma folga hoje.
- A noite foi pesada?
Geisa - Três.
- Nossa! (ela riu) - Eram novos?
Geisa - E lindos, era aniversário um deles.
- Que sorte heim. (disse rindo)
Geisa - Está reclamando daquele homem? (perguntou arregalando os olhos pra mim)
- Não! Jamais!
Sorrio pra ela e foco meu olhar na madeira suja do balcão, afinal qualquer hora é hora para pensar noite passada. Pensar nos beijos dele, nas suas mãos firmes passando por todo o meu corpo. Aaah, como eu queria viver aquilo de novo.
Geisa - Lari! (ela me chama)
- Que?
Geisa - Seu pedido.
A olho confusa e então ela aponta para o balcão.
- Ah! ...
Tento afastar as lembranças da noite passada, mais é em vão, então começo a comer e esta uma delícia. Panquecas com caramelo é realmente um vício, eu já não sei mais viver sem.
Geisa - Vamos? (diz assim que paga o que comemos)
- Sim. (digo pulando do banco e entrelaçando os nossos braços)
Saimos da cafeteria e caminhamos por alguns minutos até o shopping como é domingo e já está quase na hora do almoço o lugar está lotado.
Geisa - Olha quanto gatinho. (ela sussurrou olhando para os meninos que passaram por nós)
Eles são realmente lindos, mais eu não me vejo vivendo uma paquerinha de shopping. Não sendo quem sou.
- Vamos logo na livraria. (digo arrastando ela para o segundo andar)
A Geisa não para de paraquerar virar o pescoço para os diversos rapazes que passam por nós.
Geisa - Se você não quer, tudo bem. Mais você pode me deixar pequerar alguém. (diz reclamando e se enfiando em um dos corredores da livraria)
Reviro os olhos e faço o mesmo que ela, passo meus dedos pelos livros expostos e suspiro, são todos de romance daqueles bem impossíveis. Me viro e observo a segunda fileira da estante, vejo o livro grosso com uma linda menina de olhos azuis na capa, me chama atenção. Rejeitada é o nome do livro, passo os dedos na capa e viro para ler a descrição.
>> Livro On
Carla Diaz só tinha 14 anos quando a sua vida muda para sempre. Morava em um bordel em Londres administrado por sua mãe, mais nunca entendeu de fato o que acontecia na casa, era proibida de circular pela casa durante a noite, sua mãe era uma mulher dura, de poucas palavras e nenhuma emoção evidente. Bia, a empregada é praticamente sua verdadeira mãe, ela não a teve mais foi ela quem cuidou da Carla, é ela quem a coloca Carla pra dormir, e faz dela uma adolescente inteligente, educada e esperta. A mãe de Carla, Andrea fez questão de que a menina frequentasse a escola, porém não quis envia-la para um colégio interno longe do bordel e dela. Quando Carla conhece James o sobrinho de George, dono do bar vizinho, percebe que pela primeira vez na vida ela terá um amigo. Porém nesse mesmo dia Carla acaba descobrindo o significado de bordel e p********a, quando ficou presa no quarto de uma das garotas da casa de Andrea. Mais do que o ato em si, ela presenciou o assassinato de Milla, dias depois ela foi sequestrada pelo assassino e vendida a um bordel na França, e é aí que o livro começa a chocar. Abusasa, explorada e ferida Carla quase morre, mais é comprada por outra pessoa e levada a Nova Orleans. Presa e obrigada a viver em um bordel, Carla decide aproveitar a vida como p********a e juntar dinheiro o suficiente para voltar pra casa. Mais é preciso ter coragem para perder a inocência e nada é tão fácil quando se é uma p********a. Para muitas delas, é um caminho sem volta!
>> Livro Off
Ual! Parece que a minha vida está sendo contada e exposta nesse livro. Só bastou eu ler a descrição e começou a passar um filme na minha mente me fazendo chorar.
XXX - Você está bem?
Soluço e me afasto do rapaz que apareceu, ele ainda conseguiu tocar o meu ombro.
- Sim. (respondo sem o olhar)
XXX - É bom?
- O que? (digo passando a mão no meu rosto e o olhando)
XXX - O livro. (ele diz apontando para o mesmo)
- Eu não sei. (digo colocando o livro no lugar)
O rapaz é bonito, deve ser mais novo que eu. Eu diria que ele tem no máximo uns dezoito anos, ele tem os cabelos loiros e os olhos de um verde bem vivo.
XXX - Eu vi quando você estou. (disse) - Você é linda!
- Obrigada. (murmuro)
Não demoro a começar a andar pra longe dele, eu achei que ele iria entender o recado e iria embora. Mais não, ele começou a me seguir.
XXX - Hey! Não quer falar comigo por que? Você tem namorado?
- Não!
XXX - Então pode por favor parar e conversar comigo?
- Eu não acho que seja digna de conversar com um rapaz como você. (digo me virando pra ele)
XXX - Mais você é ....
- Sou uma mulher complicada e você um rapaz com o futuro brilhante pela frente. Então vai atrás disso, vai atrás de uma garota que agora pareça com você e não ... comigo.
Ele me olhou torto e totalmente confuso com o que eu disse. Eu simplesmente suspirei e me afastei dela, vou a procura da Geisa pelos corredores e a encontro na porta da livraria conversando com um rapaz.
- Estou indo embora. (digo ao passar por ela)
Geisa - Lari? Larissa me espera!
Eu não a espero então ela precisa correr para me alcançar.
Geisa - O que aconteceu? Eu vi você conversando com um loiro lindo.
- É.
Geisa - Ele te fez alguma?
- Não! Ele só foi ... homem.
Geisa - Então ... ?
Paro e a olho.
- Geisa, esse não é o meu mundo. (digo abrindo os braços) - Essa vida. (aponto para um casal aos beijos) - Eu nunca terei. Eu nunca serei uma mulher normal, nunca terei um namorado ou marido. Pois eles nunca irão querer ter uma ex p********a em suas vidas, isso é, se um dia eu deixar de ser uma. Agora vamos embora.
Ela não me responde, nem protesta ela apenas entrelaça seu braço no meu e caminha ao meu lado.