CAPÍTULO 15 (ROMANO)

1359 Words
Após acordar todos os trâmites financeiros, deixei a mansão Bracci direto para o aeroporto. Fiquei mais tempo que esperava longe de casa e isso me incomodava. Durante o voo, me reuni com meus homens, ouvindo todas as novas informações sobre os albaneses. Meu chefe não estava interessado neles, porque sabia que havia uma questão extremamente pessoal e ele só iria intervir se passasse dos limites. Os albaneses estavam provocando tantas organizações ao mesmo tempo que não era impossível compreender os ataques em massa. Eu os manteria longe do meu território mesmo que Nova Iorque, infelizmente, estivesse infestado dessas pragas malditas. — Eles estão irritando a família King. — Dante Biancchi falou calmo na chamada em vídeo. — Nossas cargas transitaram tranquilas? — Recostei na poltrona. — Chegaram seguras, porém, vimos alguns homens diferentes no porto e acredito que estão vigiando a remessa que vem de fora — Carlo respondeu ao meu lado. — Vou falar com conhecidos para obter mais informações. — Dante concluiu. — Parabéns pelo noivado. — Parabéns pela sua ascensão. — Inclinei minha cabeça para o lado e encerrei a chamada, jogando meu iPad na poltrona da frente. — Eles estão se aproximando demais. — Não vão chegar tão perto novamente. — Carlo garantiu. — Vai permanecer na cobertura após o casamento? — Só enquanto a mansão estiver reformando. Ela precisa de muitos cuidados depois desse tempo todo fechada. Além do mais, vou deixar que Anastácia cuide do que tiver que mudar por lá. — Verifiquei o meu relógio e peguei meu telefone. — Tenho uma reunião por vídeo agora. Cheguei no meu apartamento no meio da madrugada após quase vinte e quatro horas em solo americano. Tirei minha camisa ensanguentada logo na porta. Joguei longe, puto pra c*****o. Meu sangue ainda estava fervendo tanto que queria quebrar alguma coisa. Irritado, enchi um copo de uísque e lavei o corte na minha barriga. Mais uma tentativa de roubo de carga nos limites da cidade e eu fui pessoalmente matar os filhos da p**a! Ratos do c*****o! Me joguei no sofá, bebendo e limpei a p***a do ferimento que não parava de escorrer sangue. Fred percebeu que não estava no meu melhor momento e deitou a cabeça no meu pé sem pular em cima como costumava fazer cada maldita vez que passava pela porta. Fechei meus olhos, me concentrando em qualquer coisa menos na dor latejante e no ódio que corria pelas minhas veias como se fosse brasa viva. A primeira coisa que veio à minha mente foi o rosto de Anastácia. Sua beleza tão comum que chegava ser extraordinária. Ela não tinha nada demais, pele morena clara, lábios cheios, do tipo que muitas pagavam para ter, mas era natural devido a sua descendência latina. Os cabelos eram castanhos escuros, longos, apenas no nosso primeiro encontro estavam penteados, no mais, parecia manter eternamente a aparência desgrenhada de quem passou o dia inteiro na praia. Beijá-la foi apenas para que ficasse pensando em mim, para que sentisse se ela era capaz de se entregar fisicamente e não impedida por existir outra pessoa na sua mente. Seus olhos azuis escuros carregavam o brilho do desafio que me excitava. Anastácia era esperta, ela sabia que o casamento levantaria a honra da sua família, mas eu não precisava de outra esposa irritada. Seu corpo era perfeito. Torneado, porque segundo sua mãe, minha futura esposa adorava praticar exercício ao ar livre. Ela tinha s***s perfeitos que caberiam muito bem na minha mão, principalmente na minha boca, cinturinha fina e um quadril que comportava uma bela b***a. Minhas mãos coçavam para dar um belo de um apertão. Depois que ela superasse a timidez e toda a coisa de núpcias, talvez as coisas entre nós fossem boas. Filha de um subchefe, ela sabia o que a esperava. Não podia prometer amor, mas podia prometer que ela teria tudo que precisasse e poderia estudar o quanto quisesse. De todas as minhas preocupações com o casamento, sentimentos não eram prioridade. Meu maior medo era protegê-la em uma vida tão oscilante quanto a nossa. Ela viveu confinada com seus pais em uma mansão fortemente protegida, em uma ilha na qual a polícia e as autoridades faziam parte da famiglia. Aqui era tudo diferente. Embora o nível de ataque na Filadélfia fosse infinitamente menor que nos outros territórios, eu tinha a minha cota de preocupação com os motoqueiros malditos, os albaneses filhos da p**a e até as gangues pequenas das periferias. Nos Estados Unidos, ela estaria em muito mais evidência. Fernanda não gostava de sair. Anastácia já se mostrava diferente da minha primeira esposa em pequenas atitudes. Ela, com toda certeza, teria um pouco da sua mãe e gostaria de participar dos eventos. Provavelmente os de Nova Iorque, tão próximos ou os que eu proporcionava nas minhas boates. Havia clubes de entretenimento adulto sim, mas alguns ela poderia frequentar livremente após o casamento. Ainda no escuro da sala, me perguntei como seria estar casado novamente e eu não conseguia negar que não era algo que ansiava. Era impossível esquecer o quão infernal a primeira experiência foi e na nossa vida, uma vez casado, a liberdade chegava apenas com a viuvez e pelo visto, não queriam me deixar com o status de viúvo sendo tão jovem e sem filhos. Crianças era uma das coisas que mais me assustava. Como subchefe, eu tinha um punhado de pequenos afilhados, dado por carinho e admiração dos meus soldados, uma promessa de proteção em suas crias e laços estreitados. Apadrinhar uma criança no meu mundo era de extrema responsabilidade. Meses atrás, pensava em escolher uma delas e criar para assumir meu lugar no futuro. A ideia de ser pai era muito mais assustadora que muitas horas de tortura. A notícia do meu noivado com a filha mais velha do Bracci se espalhou no nosso mundinho feito pólvora. Anastácia recebeu flores de milhares de famílias conceituadas, inclusive, de Enzo Rafaelli. Recebi garrafas de uísque e felicitações. A maioria das matriarcas estavam caçando um convite para o casamento, que depois de muitas ligações infernais da minha futura sogra, foi decidido que seria na Filadélfia. Anastácia queria um casamento à beira-mar e eu queria dar a ela esse mimo de casamento porque não me custava em nada. Eu só precisava estar lá no dia. A coisa toda era importante para a noiva. No entanto, fomos votos vencidos quando toda logística de segurança pareceu não se enquadrar em um casamento na praia e por mais que a mansão da família dela fosse enorme, não comportaria um casamento para quinhentos convidados. Minha sogra queria exibir luxo e poder. — Você precisa dar um freio nela! — Anastácia explodiu no meu ouvido. — Eu disse que não vou me intrometer na organização do casamento. Você precisa se entender com sua mãe! — Retruquei e ela grunhiu. — Vou acabar cancelando esse casamento! Anastácia era tão difícil! Doce, compassiva e submissa era apenas a sua irmã mesmo, porque ela era teimosa, opinativa, irritante e insistente! — Você pode tentar. — Virei minha cadeira para a janela, olhando a cidade. — Desisto! Preciso sair daqui porque não aguento mais amostra de tecidos e cores! — Ela grunhiu. — Quero fazer um curso de culinária em Nova Iorque. Infelizmente, meu pai disse que preciso pedir autorização a você! — Prometa que o curso não vai atrapalhar o casamento e você poderá vir. Com a condição de ter guardas do meu domínio. Tenho um apartamento na cidade que poderá ficar à sua disposição e enviarei uma das viúvas para ser sua acompanhante, como uma espécie de governanta — falei e ela gritou do outro lado, parecendo pular no lugar. — Acredite em mim, ficar longe de todo o preparativo do casamento vai fazer com que eu goste ainda mais dele. — Ela continuou gritando. — Obrigada! — Me agradeça com um beijo quando chegar aqui. — Provoquei. Anastácia ficou em silêncio. — Eu vou agradecer com dois beijos — falou baixo. — Tchau, Romano. — Tchau, linda. Encerrei a chamada e reparei que pelo reflexo, estava sorrindo. A imagem era tão estranha que não me reconheci. Fazia muito tempo que eu não sorria.
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