CAPÍTULO 22 (ANASTÁCIA)

1452 Words
Romano estava deitado ao meu lado, de olhos fechados, com a mão atrás da cabeça e torso definido fora das cobertas. Virei de lado e apoiei meu rosto para analisá-lo melhor. Ele abriu um sorrisinho, ciente que estava sendo observado e percebi que tinha um sono bem leve, porque sempre acordava quando me movia na cama. Dividir o espaço com um homem era tão diferente. Sentir seu corpo e abraçá-lo era gostoso. Eu não sabia se deveria ser tão próxima, se deveríamos manter um espaço entre nós, mas ele nunca me repelia. Pelo contrário, era introspetivo em absolutamente tudo que envolvia seu dever como homem da família, mas como meu homem, era receptivo. Na noite anterior, quis testar se seríamos capazes de fazer coisas comuns juntos, além de compartilhar refeições. Tentei assistir a um filme que imaginava que ele não gostaria. Era só para testar se ficaria ao meu lado, porém, ele mostrou que podíamos ter uma sessão de cinema bem interessante. O filme erótico que colocamos era até bem romântico, explícito, m*l interpretado, mas não era grosseiro. Foi excitante. Romano me deixou assistir, tirou minhas dúvidas e manteve as mãos nos meus s***s, manipulando meus m*****s por cima da blusinha e depois, eu estava excitada demais para não me entregar com paixão nos seus dedos me fazendo ver estrelas. Eu estava louca para ir além, não queria esperar as núpcias porcaria nenhuma. Ele me freou ao lembrar que em algumas semanas, faria a visitinha ao médico para provar minha virgindade conforme uma exigência tradicional do meu lado da famiglia. Humilhante definia bem. Fiz um beicinho e voltei a deitar, dessa vez, apoiando minha cabeça no seu peitoral e ele me abraçou. A proximidade era gostosa. De todas as coisas assustadoras que pensei quando ele demonstrou interesse em mim para o casamento, nada estava acontecendo. Não era i****a. Sabia que meu pai era um dos pouquíssimos homens gentis com a esposa. Era raro. Várias amigas, filhas de subchefes e soldados, relatavam que seus pais eram grosseiros. Eu lembrava muito bem todas as vezes que meu pai biológico machucava minha mãe. Não queria essa vida. Não queria um casamento violento. Acordei sozinha na cama e me espreguicei, indo ao banheiro, fazendo a higiene matinal, mas não tirei o pijama. Desci a escada e percebi estar sozinha. Romano deixou um bilhete colado na geladeira, avisando que só voltaria à noite. Não disse onde estava e muito menos o que iria fazer. Não sabia se deveria perguntar ou deixar que ele decidisse me contar o que achasse melhor. Sua pasta estava em cima da mesa e reparei que havia umas fotos. Curiosa, dei uma olhada. A primeira que peguei estava desfocada, como se a pessoa que fotografou estivesse escondida e muito longe dos homens retratados ali. A letra de Romano circulou na cabeça de um deles e escreveu Gjergj. Em vermelho, circulou outro homem e escreveu Behar. Apesar de curiosa, sabia que era coisa de trabalho, guardei tudo, fechei a pasta e deixei no canto. Enquanto a máquina preparava meu café, liguei meu notebook, fritei uns ovos na água com queijo e temperos, comendo enquanto lia um artigo sobre veganismo para iniciantes. Marina ligou, querendo saber se estava bem. Era sua folga e não pedi nada, iria ficar em casa. Passei a semana inteira estudando, andando para cima e para baixo, tendo provas de vestidos e experimentando a comida que seria servida no casamento. Precisava descansar e aproveitar o tempo sozinha com Romano. Nas próximas semanas, minha irmã estaria aqui e não duvidava nada que minha mãe desse um jeito de chegar antes da data prevista para controlar absolutamente tudo do casamento de perto. Enquanto estudava, verifiquei a entrega dos convites e a chegada dos e-mails de confirmação de presença. Uma cópia ia diretamente para o e-mail de Romano, mas ele nunca se deu o trabalho de responder. A história do mundo contribuiu para que as pessoas pensassem que as noivas deveriam ser as únicas interessadas no casamento e com isso, noivos podiam bancar de isentos sem culpa. Eu não queria o casamento daquele jeito. Apesar da minha proximidade com ele após o noivado, não queria ter que me casar tão rápido. Toda coisa com milhares de convidados era um pesadelo. — Esse lugar é incrível! — Maria rodopiou pelo loft. — Será que seu futuro marido me deixaria morar aqui? — Esse lugar depois do casamento será meu também e eu deixo. — Me apoiei no balcão. — Basta saber se mamãe vai permitir que sua princesinha saia de casa com dezoito anos — provoquei. — Droga. — Maria fez um beicinho. — Quando iremos para Filadélfia? — Três dias antes do casamento. Romano já arrumou uma casa para nossos pais, você vai ficar comigo na cobertura para que eu possa me arrumar. Optei por não fazer isso em um hotel, porque lá já vai estar com todas as minhas coisas e eu prefiro me sentir segura de que não vou esquecer nada em casa. — Mordi meu lábio. — Tem certeza de que quer fazer sua maquiagem? — Minha irmã se aproximou, ainda dando pulinhos. Ela estava tão empolgada que não parava quieta desde que saiu do avião. Nós nos abraçamos por vários minutos, morrendo de saudades uma da outra. Nunca fiquei tanto tempo longe da minha família e tinha que me acostumar. A vida de Romano era nos Estados Unidos e eu duvidava que conseguiria viajar tanto para ver minha família depois que me ambientar e construir minha rotina. — Eu não quero estar muito maquiada e não aparecer quem sou. O casamento já tem muita coisa que não tem nada a ver comigo, então, o meu vestido e a minha maquiagem ninguém vai se intrometer. — Abri a geladeira e tirei uma garrafa de suco, servindo em dois copos. — Um brinde à sua chegada. — Batemos nossos copos juntos. — O que quer fazer primeiro? — A pergunta real é: o que podemos fazer? Eu quero fazer tudo que tenho direito, mas não quero nos enfiar em problemas. — Bebeu seu suco. — Basta dizer o que quer fazer e eu pergunto a Romano. Ele é ainda mais insuportável que o papai e é impossível fugir dos guardas. Acredite em mim, eu já tentei — Soltei uma risada — Tenho dois que ficam por perto e um monte que não vejo. Fui ao banheiro no curso e saí por uma porta diferente, só para testar e eles simplesmente sabiam onde estava. — Caramba. Você sempre conseguiu enrolar o Marcelo. — Acho que ele me deixava enrolar por pura preguiça de tentar me acompanhar. — Dei de ombros. — Vamos a algum lugar de refeição que seja badalado. — Tudo bem, vou pesquisar e avisar aos guardas. — Sorri e peguei meu telefone. Romano enviou uma mensagem avisando que me levaria para jantar com minha irmã mais tarde, então, daria tempo de sair com ela para comer alguma coisa e descansar para sairmos à noite. Talvez conseguisse convencê-lo a nos levar a um dos muitos clubes da famiglia. Maria iria enlouquecer. Provavelmente nossos pais também, mas, com Romano nos acompanhando, eles não falariam tanto. Carlo estava à minha disposição, o que significava que meu futuro marido realmente estava na cidade e ocupado. Provavelmente em reunião com os chefes, que de tempos em tempos, pareciam ficar juntos estreitando os laços. — Você morou aqui em Nova Iorque por um tempo, certo? — Fiz conversa e ele assentiu. Romano me contou que Carlo trabalhou com Enzo Rafaelli antes de ser enviado para a Filadélfia, onde sua família estava. —Tem alguma sugestão de restaurante legal para que eu leve minha irmãzinha para almoçar? — Tenho algumas opções. — Ele sorriu, educado e distante como sempre. — Romano está por perto? — Sondei. — Volto para buscá-las em meia hora. — Sorriu e saiu. Droga. Maria subiu as escadas correndo para se arrumar e como não via necessidade em trocar de roupa, usando um vestido cinza escuro até os joelhos, tênis e cabelos presos em uma trança espinha de peixe que Marina fez logo cedo, achei que estava bom. Minha irmã desceu vestida como se fosse um personagem de um seriado de moda. Ela vivia em um mundinho em que as pessoas usavam roupas de luxo e se importavam com telefones de marca. Reuni meus documentos na bolsa e avisei que estávamos prontas. Entendia toda a empolgação da minha irmã. Todas as nossas viagens foram em família e sempre fomos contidas nos passeios que nossos pais queriam. Eu era a única a desafiar e implorar por uma saída noturna. Maria sempre teve medo de perturbar a mamãe e ouvir horas de palestras.

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