CAPÍTULO 24 (ANASTÁCIA)

1223 Words
Ergui minha cabeça do peito de Romano ao ouvir minha irmã descer a escada. Ela parecia zonza e Marina foi até ela, dando apoio até sentar no sofá. Eu não podia ajudá-la muito, ainda grogue do calmante junto com chá de camomila que meu noivo me fez tomar ao perceber que eu não pararia de tremer tão cedo. Não dormi, não acreditava que iria conseguir, mas estava tontinha como se tivesse bebido muito e sem controle das minhas ações. Romano estava recostado no sofá, usando uma camisa branca e uma calça de moletom, deixando que fizesse seu corpo de cama. Ele saiu depois do nosso banho, ouvi seus gritos com Carlo na sala e foi o que me fez voltar a tremer. Ao retornar, estava terminando o chá e meus nervos pareciam descontrolados. — Elas estão bem, Tiago. — Ouvi falar com meu pai. — Carlo foi devidamente punido por permitir que seu homem quebrasse uma das minhas principais regras. Eu não permito vidros abertos. Anastácia sabe disso, e tenho certeza de que orientou sua irmã. — Não briguem, por favor — pedi baixinho. — Não estamos brigando. — Me garantiu. — Ela está meio sonolenta. As duas tomaram calmantes. Maria desceu, mas voltou a dormir. Anastácia está mais acordada, porém, duvido que esteja lúcida. Meu pai tentou falar comigo, sua voz me trouxe paz, mas eu não consegui responder suas perguntas com a histeria da minha mãe no fundo. Me fez lembrar os gritos de Maria e atenuou meus nervos quase controlados. — Sim, foram eles. — Romano voltou a falar com meu pai. — Não são organizados e não dá para saber se foi proposital, direcionado a mim ou apenas direcionado a famiglia. — Fez uma pausa. — Não ouse dizer que ela não está segura comigo. Todos os meus carros são blindados e meus homens são treinados, diferente dos seus. — Por favor, não briguem — pedi de novo. — Não precisam vir mais cedo, a organização do casamento vai seguir como planejado e logo que ambas estiverem lúcidas, irão falar com vocês. Soube que encerrou a chamada porque jogou seu telefone do outro lado do sofá. Mesmo sonolenta, minha mente conseguiu captar que ele sabia quem nos atacou. Eles quem? E por que poderia ser direcionado a ele aqui em Nova Iorque? Tentei erguer meu rosto para fazer minhas perguntas, mas a minha boca parecia cheia de algodão e a cabeça pesada demais, então, fechei os olhos e comecei a dormir. Maria me deu um olhar ansioso conforme o elevador subia até o último andar. Romano estava quieto, parado à nossa frente e eu me perdi analisando os músculos das suas costas marcados na camisa e a b***a que parecia muito boa naquele jeans. Minha irmã riu da minha expressão afetada, chegando a soltar um ronquinho pelo nariz e isso atraiu a atenção do meu noivo. Ele virou e sorrimos como dois anjinhos. Assim que as portas se abriram, Romano caminhou decidido até uma porta, destravando com sua digital e então, entramos na cobertura. Meu novo lar. — As malas da sua irmã devem estar no quarto de hóspedes aqui em baixo e suas coisas, Marina já começou a arrumar no meu closet — explicou e assenti, olhando ao redor. A decoração minimalista lembrava um pouco o loft em Nova Iorque. Imediatamente, pensei em encher o lugar com um pouco mais de cor. Era bem grande, parecia uma casa, só que no alto de um prédio com uma bela visão arborizada do parque. A sala de estar não tinha televisão, apenas um conjunto de sofás pretos e assim se seguia por todos os cômodos restantes. Cozinha grande, sala de jantar acoplada, uma sala de televisão mais reservada e logo vinha o escritório dele. No primeiro andar, tinha dois quartos de hóspedes e no segundo, o quarto principal que era imenso, com um closet espaçoso o suficiente para duas pessoas. O segundo quarto era menor, com uma cama de casal e armários vazios. Uma escada estreita levava para o terceiro andar, que tinha um pátio grande e academia. Fiquei confusa ao ver potes de comida de cachorro e água espalhadas em diversos locais da casa, assim como uma grande cama. — Você tem um cachorro? — Sim. Seu nome é Fred, ele está com a passeadora. Deve chegar a qualquer momento — explicou. — Tem alergia? — Não. Sempre quisemos ter um cachorro e nunca pudemos, mamãe não queria mais trabalho. Ele é grande? Pequeno? Ouvimos sons de patas arranhando as portas e um dos guardas que estava na portaria quando chegamos tentava abrir e ao mesmo tempo, segurar a b***a gigante e peluda. O cão de pelos caramelos correu diretamente na direção de Romano, com a língua de fora, babando e pulando no peito dele. Meu noivo riu, acariciou a cabeça e logo mandou descer. — Fred, se comporta — ordenou e o cão sentou, me encarando com ar de diversão. — Ele vai pular em você e infelizmente, não há nada que... Não deu para terminar de falar. Fred se jogou em mim com tudo, me derrubando no sofá e me lambendo. Comecei a rir enquanto me esquivava do seu ataque. — Ele tem quatro anos, mas tem uma paciência curta para obedecer. — Romano tentou tirá-lo de mim. Maria o chamou e ele foi correndo até ela. — Estou tentando adestrar, mas parece impossível em alguns momentos. — É porque sou novidade. De todas as coisas, nunca imaginei que teria um labrador. — Sorri, feliz que teria um cachorro. — Sou uma caixinha de surpresas. — Romano tentou brincar, mas ele precisava relaxar as expressões para ter mais efeito. Sem problemas, iria ensiná-lo. — Se ambiente com sua irmã, tenho que sair agora e volto com seus pais. — Me deu um beijo nos lábios. Observei-o sair e me joguei no sofá com o cachorro, que estava de barriga para o alto com minha irmã acariciando. Ela me deu um olhar tímido, ciente que beijei meu noivo na sua frente e não falei nada. Não respondi nenhuma das suas perguntas sobre i********e, porque não queria problemas antes do casamento e eu a conhecia o suficiente. No momento em que estivesse com raiva, iria me dedurar para mamãe. Não era por m*l, coisa de irmã querendo provocar a outra. Depois do ataque, m*l saí de casa, sem explorar a cidade com minha irmã. Não havia clima. Também ficamos com medo. Gastamos nosso tempo fazendo compras pela internet e organizando os detalhes finais do casamento, que finalmente aconteceria no dia seguinte, no final da tarde, nos jardins da minha futura casa. A maior parte dos meus parentes e convidados já estavam na cidade. Meus pais tiveram um problema no voo e se atrasaram, mas chegariam a tempo do jantar. Não quis um chá de panela e minhas primas combinaram de se reunir em um restaurante para minha despedida de solteira. Não era um jantar, apenas uma festinha. Maria foi autorizada a ir e ela não parava de falar, já que era sua primeira saída adulta. Entendia e até achava fofo. Teria bebidas alcoólicas porque meu noivo autorizou mesmo contra a vontade dos meus pais, porém, ele não permitiu homens. Eu não me importava se a dele teria mulher, então por que tinha que se meter na minha? Machista!
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