Os aplausos ficaram ruidosos e nos afastamos. Ela me deu um olhar ansioso e viramos para a multidão. Juliana Rafaelli foi a primeira pessoa a nos cumprimentar com um abraço.
Ela foi gentil o suficiente para passar o dia da noiva com Anastácia para que pudesse se conectar como madrinha.
— Felicitações! — Enzo me puxou para um abraço.
— O casamento pode ser a melhor parte da sua vida, basta se abrir.
Esse é o meu conselho de padrinho.
— Obrigado, senhor.
Voltei a segurar Anastácia e nós passamos por uma infinidade de convidados.
Quando faltava metade, ela me deu um olhar desesperado. Havia milhares de membros da famiglia, alguns políticos, parentes dela por parte de mãe e pessoas que os pais dela acharam conveniente convidar.
Foi o maior esquema de segurança que organizei, meus homens estavam atentos e ainda assim, estava tenso com a quantidade de pessoas ao redor.
— Eu vou fingir um desmaio se não sairmos daqui. — Anastácia sussurrou. — Preciso sentar, beber alguma coisa e depois, posso continuar falando com Deus e o mundo.
— Aguente mais um pouco — pedi e voltamos a sorrir para a família que se aproximava.
Quarenta minutos mais tarde, fomos conduzidos para a área externa, para as fotografias.
Quando voltamos para a festa, dançamos juntos na valsa tradicional entre os padrinhos e os pais. Fiquei de olho nela dançando com Enzo, que parecia divertido.
— Ele não vai falar nada que a deixe com vergonha. — Juliana garantiu.
Minha preocupação era a boca sem limites de Anastácia. Ela podia lidar com o que ele falasse, eu não tinha certeza se ele aceitaria as provocações dela de bom grado.
Não lembrava muito da minha primeira festa de casamento, mas eu podia dizer que a segunda seria inesquecível pelo simples fato da minha sogra ser uma mulher louca.
Meu sogro apenas me deu um olhar com um revirar discreto quando uma banda começou a tocar, fogos de artifícios explodiram por trás da propriedade e a pista de dança ficou lotada.
Certamente estava divertido para quem podia beber e relaxar o suficiente para aproveitar.
Enquanto estive na mesa principal, mantive uma conversa entre Enzo e Tiago, que estava bem interessante. Juliana e Anastácia comiam absolutamente tudo que estava sendo servido.
De longe, observei Maria conversar com um rapaz e sinalizei para Carlo se aproximar. Ela era minha cunhada agora e eu cuidaria da sua honra com o mesmo zelo que seus pais.
Quaisquer escândalos que os Bracci poderiam se envolver me afetariam dali em diante. Meu sobrenome ficou isento de merdas e iria continuar assim.
— Já provou isso? — Anastácia apontou para comida japonesa no centro da mesa.
— É a melhor de todas. — Pegou uma peça com hashi e me ofereceu. Aceitei e estava bom. Ela serviu mais no prato e fui comendo.
De repente, o DJ chamou os noivos para a pista, era hora do buquê.
Eu não ia jogar a liga, não importava o quanto pedissem e ordenei que essa tradição i****a ficasse de fora. Ela jogar o buquê para as moças solteiras não me ofendia tanto quanto exibir suas pernas para um bando de homem.
Já bastava os strippers que sua prima supostamente desavisada levou para a despedida de solteira na noite anterior.
— Após o buquê, vem o bolo e então, vocês estão livres. — A organizadora nos abordou antes de Anastácia subir no pequeno palco.
— Vai querer ficar até o fim? — Olhei para minha noiva.
— Não. Me leve para o mais longe possível. — Piscou e subiu a escada com seu buquê.
Observei-a brincar com as flores e sua irmã estava pulando na primeira fileira.
Mesmo depois de presenciar o caos de ter o carro sendo alvejado e ver seu guarda-costas morto, ela ainda era esperançosa.
Aquele dia foi difícil. Anastácia cuidou da irmã primeiro e quando cheguei, ela estava desolada no chuveiro.
Por mais que eles se conhecessem, ela sabia que aquele acontecimento poderia ocorrer novamente, casando-se com um homem como eu.
A autoria do ataque foi toda dos meus queridos inimigos, em resposta aos meus.
Reconheceram o Carlo, seguiram, alvejaram e sumiram. Carlo não anotou a placa, preocupado em colocar as meninas em segurança e sair da mira dos policiais.
Eu sabia que os albaneses iriam revidar o que fiz, mas eu não esperava que eles reconhecessem meu homem, que costumava andar disfarçado. Significava que estavam ainda mais perto do que imaginava e isso não era bom.
Uma das primas por parte da mãe de Anastácia pegou o buquê e gritou, pulando no lugar e chegando a escorregar.
Minha noiva levantou a barra do vestido e mostrou um monte de nomes colados em adesivos, brincando com as solteiras que seriam as próximas a casar. A música mudou, o DJ acendeu as luzes e o bolo foi lentamente empurrado para o centro sob os aplausos dos convidados.
Passei meu braço na cintura da minha noiva, colocando-a no chão. Ela olhou em meus olhos, sorrindo e não resisti, dando-lhe um beijo suave nos lábios.
Nos entregaram taças de espumante.
Quando acabou, Anastácia me olhou com um sorriso que dizia: vamos embora agora!
— Não vai trocar de roupa para sair?
— Não. Eu deixei tudo pronto, pode pedir para o Carlo pegar? Ele vai cuidar do Fred enquanto estivermos fora? — Recolheu as saias para andar melhor.
— Sim, ele mora no mesmo prédio e Fred está acostumado a ficar no apartamento com eles quando eu não estou. — Ajudei-a com o véu.
Os convidados fizeram um corredor para jogar arroz e seguimos de mãos dadas para o carro.
Ela parou para se despedir de sua família com longos abraços e beijos.
Sua mãe e irmã não paravam de chorar. Tiago me puxou bruscamente e deu um tapa que deslocaria meu ombro, sussurrando em tom de ordem que deveria cuidar de sua filha. Abri a porta para que entrasse no banco da frente com nossas malas na traseira.
— Vamos direto para a lua de mel? — Tirou as sandálias sem nenhuma cerimônia.
— Sim. Vamos direto para Aspen. — Dei-lhe um olhar com seu gritinho.
— Pensei que fôssemos para sua casa de campo aqui perto... — Anastácia parecia feliz.
— Vamos ficar sozinhos?
— Sim. Voltamos terça-feira pela manhã — Peguei sua mão e beijei.
— Sempre quis conhecer Aspen! — Se inclinou e me deu um beijo na bochecha.
— Coloque o cinto, é sério — ordenei. — Por que parecia louca para sair do nosso casamento?
— Eu queria algo mais intimista. Amei me ver de noiva, a comida, todos os ritos, adorei a dança e as prévias das fotografias. Porém, não gosto de multidões e fico nervosa quando sinto que tem mais olhos em mim do que eu posso controlar. Isso me incomoda, estar em evidência e a minha mãe simplesmente não entende. — Suspirou e soltou seu cabelo, começando a se desmontar.
— Você está linda de noiva. — Toquei seu joelho, concentrado no trânsito.
— Você ficou com a gravata torta. — Soltou uma risada e com um movimento simples, conseguiu desfazer.
— Acho que ficaria mais bonito assim... — Abriu um botão e enfiou o dedo no espaço entre a camisa e meu peito, me provocando.
— Estava lindo de noivo também... — Deu uma mordida no lóbulo da minha orelha, me deixando todo arrepiado.
— Anastácia, volte para o seu lugar.
Rindo, ciente que me afetou, subiu as saias do vestido revelando um belo par de meias com ligas. Apoiou o pé no painel e foi tirando, revelando suas coxas maravilhosas.
Desviei do caminhão na minha frente, percebendo que se ela continuasse com sua gracinha poderia bater com o carro.
Consegui nos levar ao aeroporto sem mais problemas. Anastácia saiu descalça, com o cabelo todo zoneado e ainda assim, a noiva mais linda do mundo inteiro.
A maneira como ela não se preocupava em estar perfeita o tempo todo era uma das coisas que mais me atraía.
Os dois comissários carregaram as malas e eu peguei minha noiva no colo, carregando-a escada acima para o avião.
— Champanhe?
— Precisamos decolar primeiro, espertinho. — Jogou-se na poltrona.
— Foi o dia mais longo da minha vida. Gostou do nosso casamento?
— Tanto quanto é possível gostar com quatrocentos e setenta e cinco pessoas te observando — provoquei e sentei na sua frente.
Ela colocou as pernas no meu colo.
Por dentro do vestido, subi minhas mãos, sentindo a tira da liga e fui um pouco além, me inclinando até a sua calcinha, doido para saber qual era sua lingerie de núpcias.
Toquei e descobri ser de seda, estava quente como seu olhar, que me desejava intensamente.
Me deliciei explorando até que os comissários entraram junto com o piloto para começar o procedimento de voo. Eles nos felicitaram.
Trabalhavam comigo há anos e mesmo assim, não relaxei, observando-os andar pela cabine, por toda decolagem e como gostava, eles desapareceram logo que pudemos circular.
Estourei o champanhe, servi nas taças e brindamos sem dizer nada. Era um passo ao desconhecido.
Nós dois não fazíamos ideia do futuro ou como o nosso casamento iria desenrolar, mas a leveza de saber que ela estava disposta a tentar um casamento real mediante todas as tradições que fazíamos parte, era impagável.
Minha vida já era um inferno, eu não precisava de mais problemas.
— Feliz dia um. — Anastácia se inclinou e me deu um beijo. — O primeiro dia do resto das nossas vidas.
— Feliz dia um. — Beijei-a novamente, disposto a manter minha boca na dela todo tempo possível dali em diante.