Mesmo levando à sério toda a questão Natalina, uma parte de mim ainda estava bem machucada e James e eu m*l no falávamos quando ele estava em casa - o que não vinha sendo muito frequente. Com o grande dia se aproximando e todos os itens do meu check list revisados, eu me permiti sim, tirar uma manhã para fazer biscoitos com Sarah, Dom e as crianças e foi, sem sombra de dúvidas, a coisa mais divertida que eu e os pequenos já havíamos feito.
Porém, quando a véspera de Natal chegou - e eu descobri que meu marido só chegaria em casa às dezoito horas, porque tinha uma confraternização da empresa para a qual ele nem mesmo havia me convidado, eu arrisquei prever que teria o pior Nata da minha vida, e não, eu não errei.
Sentindo uma certa culpa por ter rejeitado alguns convites para a Ceia e para o Almoço, apenas porque eu não queria que as pessoas percebessem a situação que eu estava vivendo, eu preparei a Ceia com maestria, deixei as crianças prontinhas e bem vestidas, e compartilhamos outra rodada de chocolate quente, antes de James chegar.
Uma nevasca fina começava a cair quando James chegou em casa. Nós todos sabíamos que não nevaria o suficiente para os bonecos de neve, mas queríamos, ao menos, poder ver a casa iluminada - depois de dias de trabalho intenso onde, sozinha, coloquei as luzes.
- Está frio - James disse - não podemos nos demorar lá fora.
- Luzes - diz o pequeno Jimmy, já no colo do pai e sim, quando eu olhei os quatro parados em frente à nossa casa, eu chorei: chorei porque eles eram lindos e perfeitos, e porque de longe, James era perfeito também.
Como em um comercial de manteiga, com uma família feliz, James pegou minha mão e a beijou e fomos juntos para dentro. Assistimos a um filme de Natal, bebemos outro chocolate quente e mais tarde, um pouco antes da Ceia, James abriu um vinho e chamou-me para ir até a cozinha.
- Eu queria dizer uma coisa - ele diz com o melhor olhar de cãozinho abandonado que ele sabia fazer - eu sinto muito, realmente, pelo que aconteceu naquela noite, eu perdi o controle, sabe? Não era a minha intenção.
- Eu sei que não era a sua intenção - as palavras são ditas tão rapidamente que parece que eu nem mesmo as controlo.
- Eu só queria que tudo ficasse bem - ele tenta me abraçar, mas eu me afasto no mesmo instante - não seja c***l comigo.
- James, não é o momento para essa conversa - eu digo, eu sei bem onde ele quer chegar.
- Quer momento mais perfeito do que este? - ele indica a decoração ao redor - Sua época favorita do ano, tudo como você gosta - ele diz - achei que você ia gostar de algo memorável - ele suspira - tenho uma surpresa para você.
- Sabe que não vai me comprar, não sabe, James? - eu o encarei fria.
- Eu sei - ele pega minha mão esquerda e a beija, e logo enfia a mão no bolso tirando um anel de noivado lindo, com uma pedra enorme - acho que eu estava de devendo um - ele sorriu - na época eu não dei importância para isso e bem, tem outra coisa - ele pega um envelope sobre a bancada - nossa lua de mel, está atrasada, eu sei, mas acho que consegui o destino perfeito.
- James, eu... - eu digo pensando em tirar o anel, mas meu coração se desmancha quando eu percebo que ele tem os olhos marejados.
- Só me deixa tentar, certo? - ele pede - Uma última vez, um tempo nosso, sem crianças ou compromissos - ele beija minha mão novamente - só me deixa tentar.
Acabei concordando - e este talvez, tenha sido o meu maior erro: a última chance, era tudo o que ele precisaria para terminar de vez com o pouco de vida que eu tinha. Tivemos um final de noite agradável, jantamos e esperamos pelo Papai Noel, as crianças ficaram felizes e satisfeitas com os seus presentes e James, aparentemente, ficou satisfeito com o dele: uma nova pasta social de couro, para o trabalho, óculos RayBan e camisa do Chicago Bears.
Além do anel e da viagem, eu ainda ganhara um telefone celular novo e uma bolsa em tom nude que eu havia comentado ter gostado, há uns tempos atrás, tivemos um bom Natal. Telefonamos para os nossos familiares e amigos mais próximos desejando um Feliz Natal e tudo parecia bem, pelo menos até James e eu ficarmos sozinhos.
- Vai me obrigar a dormir no quarto de hóspedes? - ele pergunta.
- James, eu não pensei sobre isso - eu digo com sinceridade.
- Não importa - ele diz - acho que tem espaço suficiente para nós dois aqui.
Eu não respondo, porque eu não quero criar nenhum conflito. Coloco meu pijama e vou para a cama, deito-me e ele se aproxima, beijando os meus ombros:
- Sabe que eu preciso tocar você - ele diz sussurrando, e em outros tempos, seria a chave, mas não naquela noite.
- Não precisa - eu respondo.
- Mas eu quero - ele diz um pouco mais firme - e eu ainda sou o seu marido... - nesse momento, ele segura a minha cintura com força e me puxa para perto dele, e eu sinto o seu m****o rígido.
- Me solta - eu digo, tentando, em vão, libertar-me.
- Não - ele responde - eu vou fazer o que eu quero - ele diz já penetrando-me sem nenhum cuidado - e você vai ficar bem quietinha ai - ele aumenta o ritmo.
- James - eu digo - está me machucando...
- Eu não me importo - ele diz - foi você mesma quem falou isso - ele riu diabolicamente - eu estou sendo exatamente o cara que você disse que eu era.
Eu apenas fechei meus olhos e esperei que aquilo acabasse - para a minha sorte, ele não costumava demorar muito - e quando ele saiu de cima de mim, corri para o banheiro, e afundei-me na banheira por um longo tempo. Quando sai de lá, James estava dormindo e eu, estava destruída. Apenas deitei na cama e deixei o sono chegar em meio às minhas lágrimas.