Capítulo 3

1089 Words
Joshua  Pensei que a semana nunca chegaria ao fim com tantas coisas acumuladas no trabalho. Graças ao bom Deus, Gracie aprendia rápido e se saiu muito bem em sua primeira semana, me deixando realmente surpreso. Descobri minha nova secretária uma pessoa comunicativa, prestativa e extremamente eficiente. Diferente da que fui obrigado, mas não, a demitir. Christopher ter ido viajar e ficar incomunicável até comigo, também não me ajudou em nada essa semana. Foda-se. Deixaria tudo pendente para quando o filho da mãe voltasse. Sua viagem de última hora, em conjunto com sua falta de comunicação, fez Linda perder o brilho no olhar a cada dia que passava longe dele. Mais uma razão para entender que ela está apaixonada. E quando penso nisso, me sinto um filho da p**a traidor por não conseguir parar de pensar nela. Foi exatamente assim, um traidor, que me senti ao vê-la no vestido de gala no dia do baile de máscaras. Linda faz jus ao nome que tem. Se as pessoas naquele salão não estivessem com os rostos cobertos, tenho certeza que a maioria dos homens do lugar estariam babando por ela. Assim como fariam por Gracie. Minha jovem secretária que trabalhou nos últimos dias em suas roupas simples, me surpreendeu ao aparecer na festa vestida de forma elegante em um vestido verde escuro cheio de minúsculas pedrinhas. Nosso contato na empresa, desde que começou em sua função era breve, apenas no cumprimento do bom dia quando eu chegava e passava por sua mesa antes de entrar em minha sala, ou quando vinha me entregar algum documento. A forma como me atentei a ela não passou despercebido por Linda. Mas minha observação foi única e exclusivamente pelo fato de ter ficado surpreso. Não por cobiça. Apenas, obviamente, distinguiu-se das roupas que usou nos primeiros dias na empresa. Contudo, não negaria que era uma jovem bonita. Só não fazia meu tipo. Mulheres novas davam mais dor de cabeça do que me permitia ter, ainda que a diferença de idade seja apenas seis anos. Bom... nem sei porque pensei na nossa diferença de idade. Mulheres que eram minhas funcionárias, não valiam meu esforço, já que, caso dormisse com uma delas e se tornassem pegajosas, eu obviamente teria que contratar outra. Chris nunca precisou se preocupar com isso, tendo Anne como secretária. O que não o impedia de t*****r com qualquer outra funcionária do prédio da empresa, rendendo várias tentativas de processo por assédio quando elas queriam algo a mais com ele. Sorte a dele ter uma ótima equipe jurídica e um melhor amigo advogado. Por isso nunca fiquei com ninguém do trabalho. É uma regra. Uma das poucas que sigo rigidamente. O tipo de dor de cabeça que faço e sempre farei questão de evitar. O baile tinha tudo para ser uma grande festa, porém, começou a desandar no momento que Elliot Grayson apareceu, ficando imediatamente fascinado ao ver Linda, e ainda visualizando uma possível segunda vítima ao estudar cada detalhe do corpo de Gracie. Filho da p**a. Assediador filho da p**a. Como um homem pode ser tão louco por uma mulher, a ponto de fazer as coisas que faz? Jamais vou conseguir entender, mas sua condição se encaixa perfeitamente com um quadro de eretomania, onde uma pessoa tem a convicção delirante que a outra corresponde aos seus sentimentos e está apaixonada. É uma doença. Elliot definitivamente é doente. Essa era a única explicação pra esse cara. Minha expectativa era que Linda e Chris se reconciliassem assim que ele retornasse de viagem e chegasse para o baile. Preferia vê-la feliz ao lado dele, do que sozinha e triste na esperança de um dia poder conquistá-la. Ela voltaria a sorrir, meu coração ficaria tranquilo, e então poderia beber e celebrar o sucesso da empresa, deixando minhas merdas para extravasar em casa. Mas as coisas saíram de controle no instante que Chris pisou no salão. Linda foi sequestrada. Linda sofreu um acidente. Linda passou por uma cirurgia e seu estado é crítico. Foram horas de espera na sala do hospital. O tempo em que fiquei ao lado de Chris foi... esclarecedor. Ele realmente se apaixonou pela esposa de mentira. Não. Ele não está apenas apaixonado. Ele a ama. Na segunda cedo, após o acidente, assim que cheguei no prédio, descobri que tio Benjamim cuidaria da empresa enquanto Chris estivesse com Linda. Entrei na sala anexa à minha, encontrando Gracie em seu posto de trabalho. Olhei para o relógio de pulso verificando as horas, confirmando que ainda era muito cedo pra ela já estar na empresa. Minha nova secretária conseguia, não sei como, dividir perfeitamente seu dia entre os estudos e o trabalho, e, ainda tinha tempo para namorar. Me admirava dar conta de tudo isso sem uma coisa afetar a outra. Fez em poucos dias o que minha ex secretária passava o mês para fazer. Gracie não era apenas inteligente, ela era esforçada, visivelmente gostava de aprender coisas novas, e a cada vez que o fazia, o sorriso em seu rosto me deixava com um gostinho doce de satisfação. Me peguei preocupado em ver seu desânimo, a testa levemente franzida, seu rosto abatido e suas olheiras. Observei-a sentada por tanto tempo que acabei chamando sua atenção para minha presença. Seu semblante tão desolado quanto o de qualquer outra pessoa que convivia com Linda, porém, imaginei o quanto devia estar sendo sofrido para ela ver a melhor amiga em estado crítico. Tudo por causa daquele infeliz de merda. - Bom dia. - Cumprimentei ao entrar mais na sala. - Bom dia, senhor Price. - Tentou forçar um sorriso em seu rosto triste. - Pode me chamar pelo nome, Gracie. - Sugeri. - Não seria adequado, senhor. - Respondeu enquanto seu olhar desviou brevemente do meu. Bem, ela tinha um ponto. Ainda que tivéssemos amigos em comum, não seria conveniente, só daria munição para as pessoas da empresa que adoravam fofocar sobre a vida alheia, e ela não precisava passar pelo mesmo tipo de merda que amiga havia passado. - Alguma notícia? - Perguntei ansioso por saber o estado de Linda. - Acabei de falar com Christopher, nada... - Respondeu consternada. Christopher. Ele, ela chamaria pelo nome... - Ela vai se recuperar, não se preocupe. - Gostaria de ter tanta certeza das minhas próprias palavras. - Sei que sim. - Sua voz dizia muito sobre o medo que sentia naquele instante. Gostava de pensar que sou um bom chefe que se preocupa com seus funcionários. Mas acima de tudo, gostaria de poder dizer que sou um bom amigo para Gracie.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD