Gracie Miller
Eu sou uma péssima amiga.
Descobri isso quando Linda me revelou todo o assédio que sofria na cafeteria dos Grayson's, onde trabalhávamos juntas.
Elliot, filho dos patrões, está assediando minha amiga.
Tinha percebido o interesse dele por ela, porém jamais poderia imaginar que era um tipo doentio de interesse. Fiquei horrorizada com as mensagens enviadas, com a proposta feita.
É triste pensar que, na maioria das vezes, esse tipo de assédio vem de quem menos esperamos.
Provavelmente forcei Linda a contar o que estava acontecendo depois que vi as notícias no i********: sobre seu casamento com o bilionário Christopher Hale e liguei pedindo explicações. Não que me devesse alguma, mas fiquei realmente chateada por ela não ter confiado em mim antes para estar ao seu lado nessa situação.
Ter uma vida corrida com estudos, trabalho e namoro, não é, nem nunca será desculpa para não ter enxergado o que acontecia com minha melhor amiga. Convivendo com ela praticamente todos os dias, tinha obrigação de ter percebido toda essa merda.
Ainda bem que encontrou alguém para cuidar dela, não qualquer alguém, e que graças a isso, tenho um novo trabalho e também saí da cafeteria. Saber de tudo e ter que olhar na cara do infeliz, sem poder fazer nada, provavelmente me mataria de ódio.
Elliot é um cretino desgraçado.
Um dia pagará pelo que está fazendo.
Porém, nesse momento, odeio mais Christopher Hale, por fazê-la chorar.
Tive a melhor impressão possível dele quando o conheci, agora...
Como teve coragem de traí-la desse jeito?
Linda está arrasada.
Ela está se apaixonando por ele. Pelo marido de mentira, com quem firmou um contrato.
Sua vida, de repente, parece mais como um roteiro de novela.
Só espero que se acertem logo, odeio vê-la desse jeito.
E ainda tenho que acrescentar meu novo chefe, que pelo visto está apaixonado por minha melhor amiga, e se está tentando disfarçar a forma como a olha, está falhando miseravelmente.
O pior?
Ele é melhor amigo do marido dela.
Linda também o considera um amigo.
Que p**a confusão.
Acabei exagerando na minha inspeção a ele, o advogado com quem irei começar a trabalhar.
Merda.
Sequer soube disfarçar.
Eu o medi da cabeça aos pés dentro de sua própria casa, onde estou nesse exato momento depois que me ligou dizendo ser amigo de Linda e que ela precisava de mim.
Que vergonha.
Confesso que reparei mais no homem à minha frente do que na cobertura chique de dois andares em que mora. Mas foi impossível não me atentar aos seus 1,90 e poucos de altura.
Joshua Price tem uma presença tão... marcante quanto intimidante, o que me deixou inquieta.
Seu cabelo nem podia ser definido totalmente como loiro, tá mais como se tivesse ficado um passo para se tornar castanho. Castanho, assim como seus olhos, porém, estes sim, bem mais claros, cor de mel.
Já vi homens bonitos na vida, inclusive a universidade está cheia deles.
Meu namorado é um.
O marido da minha amiga é outro.
Joshua Price, caso tivesse que defini-lo, estaria mais para tentação em forma de gente.
O porte altivo, o terno alinhado, provavelmente feito sob medida, e a barba muito bem feita, só o deixavam...
Merda.
Ele percebeu que o estudei.
Porém... também fui estudada.
Minha vergonha deve ter ficado estampada em minha cara, visível através das minhas bochechas coradas.
Puta merda, Gracie, ele deve tá achando que você ficou interessada.
Me senti constrangida por pensar tal coisa. Por permitir meus pensamentos tomarem tal rumo.
Cameron é um ótimo namorado e não merece esse tipo de merda vindo de mim.
Porque olhar para o homem do outro lado da sala como olhei e pensar o que pensei, também deve ser considerado uma forma de traição.
Ai meu Deus, me perdoa.
Cam me perdoa.
Juro que não foi intencional.
Rezei em pensamento enquanto aguardava a resposta para a mensagem que tinha acabado de enviar a ele, enquanto sentia os olhos do meu novo chefe em mim.
Eu: Oi amor, vou precisar desmarcar nossa pizza. Aconteceu algo com Linda e ela precisa de mim. Vou passar a noite com ela.
Amor: É com sua amiga mesmo que vai passar a noite? ?
Eu: Não é uma pergunta séria, né?
Amor: ??
Eu: Cam, jamais ia mentir pra você.
Amor: Já ñ nos vimos ontem. Achei que fosse te ver hoje.
Eu: Sinto muito. Linda realmente está precisando de mim.
Amor: Sua amiga pelo visto é mais importante que seu namorado. ?
Eu: Claro que não, amor. ?
Amor: ??
Cameron ficou offline e não falou comigo o resto da noite, me deixando com o coração apertado. Pela forma como falou, ficou bem chateado.
Dizem que em todo início de namoro tudo é maravilhoso, e foi exatamente o que aconteceu conosco.
Me lembro de estar andando no meu primeiro dia na universidade pelo estacionamento, tão maravilhada com tudo, que não vi a bola de futebol vindo em minha direção.
O jogador surgiu de algum lugar de trás de mim, me puxando pela mão e me tirando do caminho da bola antes de ser atingida bem no meio da cara.
Senti como em uma cena de filme, a diferença é que não cheguei a ser realmente atingida, o que foi um alívio, minhas bochechas não precisavam ficar maiores do que já eram.
Agradeci ao garoto o que tinha acabado de fazer por mim. Ele, logo, se apresentou me hipnotizando com seus lindos olhos azuis.
Depois disso era como se enxergasse apenas Cameron pelos corredores da instituição.
Assim que começamos a sair, não demorou para que me pedisse em namoro.
Cheguei a ouvir várias garotas pelos corredores comentando o quanto o center do time de futebol americano era mulherengo, que não se prendia a ninguém, contudo, Cameron demonstrou o quanto os boatos eram falsos.
Ele sempre foi doce e carinhoso. Me aguardava na porta da minha sala, almoçava comigo e me levava para sair.
Dizem que com o passar do tempo as coisas mudam bastante.
Talvez seja isso que esteja acontecendo conosco, e esse seja o motivo das cobranças exageradas e do ciúmes sem motivos que Cam tem sentido nos últimos meses.
Por outro lado, tinha que me colocar no lugar dele.
A pressão dos pais com os estudos, sem contar a que impunha a si mesmo para se tornar um dos melhores jogadores, o estavam levando ao limite.
Cameron só precisa de alguém compreensivo ao seu lado. Com tanta correria, muitas vezes passávamos até três dias sem nos ver. Tinha motivos para ficar chateado por eu estar desmarcando nosso encontro.
Peço desculpas amanhã quando o vir.