Já era quase verão, dito que estavam em meados de junho. Aquela era uma noite animada, onde podia ouvir músicas alegres para descontrair ainda mais os alunos. Todos estavam no que antes ficou conhecido como o velho campo de Quadribol, entretanto agora o mesmo era um imenso labirinto cheio de arquibancadas mais baixas que as normais.
As torcidas estavam enlouquecidas e gritavam suas frases de apoio para aqueles pelo qual estavam torcendo, era uma noite tão divertida.
Hermione estava feliz. Feliz por aquela enfim ser a última prova, feliz por seu melhor amigo ter conseguido um bom resultado e pegar dianteira, tendo grande chance de sair dali campeão, feliz por faltar poucos dias para rever os pais e feliz porque tinha se acertado com Krum. Tudo parecia ir para o seu melhor lado. E isso deixava a castanha em uma euforia fora do normal.
Depois de algum tempo finalmente Harry e Cedrico apareceram diante dos olhos de todos. Uma explosão de aplausos irrompeu para os dois que haviam chego no mesmo instante.
Harry parecia tão feliz que nem queria largar o amigo e o abraçava desesperadamente..
Porém a chave para o que estava acontecendo era exatamente essa palavra desesperadamente. Um grito então mostrou à todos o que realmente se passava ali, onde o garoto que sobreviveu chorava compulsivamente abraçado à um Cedrico inconsciente.
A pior de todas as suposições se fizeram verdadeiras, Cedrico Diggory estava morto.
Logo todos queriam ver de perto o rapaz jazido no chão. Hermione estava chocada, além de seu coração estar apertado por ter de presenciar seu amigo naquele estado. Olhou para todos os lados. Os rostos e expressões variaram de surpresa para angústia, tristeza e desespero. Viu Cho Chang, a namorada do Lufano falecido, berrar tentando ir ao encontro do corpo do mesmo. Porém foram sem dúvida os gritos desesperados de Amos Diggory que fizeram o coração da castanha se partir em mil pedaços.
— É o meu filho.. - ele berrava soluçando - É o meu garoto..
Hermione deixou as lágrimas rolarem. Tamanha a pena que sentia do homem que acabara de perder o único filho. Imaginou-se na mesma situação. Como seus pais ficariam se a perdessem? Logo quis desfazer-se deste pensamento tão inquietante.
Avançou com Rony em busca do amigo moreno de olhos verdes.. Vendo-o ser arrastado dali pelo professor que lhe causava arrepios.
Ainda tentou chamar-lhe a atenção, mas foi totalmente em vão.
— Todos voltem para seus salões comunais agora! - mandou o Prof. Dumbledore -
Ronald saiu com Hermione para seu salão Comunal, torcendo para que o professor tivesse o levado para lá.
Atravessaram então o quadro da mulher gorda, sentaram-se próximo à lareira e esperaram..
**
Rony roncava nos ombros de Hermione, estavam ali há horas, esperando Harry aparecer. Todos que também ficaram ali por horas querendo ouvir dos lábios do moreno o que aconteceu já haviam se recolhido. Porém mesmo com o cansaço lhe consumindo, com as costas doendo e os olhos pesados, a castanha não conseguia dormir. Não poderia fechar os olhos sem saber se Harry estava bem.
Olhou para o relógio na parede, eram quase três horas da madrugada. Suspirou profundamente tentando manter os olhos abertos à qualquer custo. Tinha medo de que, se dormisse, Harry aparecesse e como sabia que ele não a acordaria, fosse direto para o seu dormitório.
De repente o quadro da mulher gorda girou e Hermione prendeu a respiração.. Infelizmente ela não conseguiu manter o rosto impassível e esconder a decepção ao ver que não era o amigo quem entrava por ali e sim a diretora de sua casa, a Prof. Macgonagall.
— Prof. Macgonagall? - chamou a castanha e foi somente aí que a mulher notou sua presença -
— Ainda acordada Srta. Granger?! - ela perguntou, seu semblante surpreso não escondia o cansaço que lhe consumia - O que deseja?
— Harry! - Mione disse - Onde está ele?
A mulher suspirou antes de colocar o braço em seu ombro de forma tranquilizadora.
— Sr. Potter está na ala hospitalar. - falou e o coração de Hermione saltitou dentro do peito -
— Ai meu Deus, ele está bem? Está muito ferido? - perguntou rapidamente sentindo as entranhas se revirarem -
— Ele está bem. - disse calmamente -
— Por Merlin, preciso vê-lo! - exclamou virando-se para sair porém foi interceptada pela prof. Macgonagall -
— Madame Pomfrey não vai deixá-la vê-lo agora. - disse a mulher de forma rígida - Sugiro que vá dormir Srta. Granger. E acorde o Sr. Weasley para que ele faça o mesmo.
Hermione respirou fundo, sabia que aquilo era uma ordem e mesmo sentindo que seus nervos iriam explodir à qualquer momento, não ousaria, não tinha cabeça para discutir com a mulher parada à sua frente. Abaixando a cabeça murmurou um “tudo bem” e foi em direção ao amigo ruivo e o acordou em seu dormitório.
Seguindo para seu dormitório poucos minutos depois, ela tomou um banho, trocou-se e deitou, olhando para o teto, tentando digerir tudo o que aconteceu naquele dia que tinha tudo para ter terminado bem.
***Semanas depois***
Tudo parecia voltar ao seu normal. As pessoas já sorriam de novo e Harry parecia menos assombrado. Após a morte de Cedrico Diggory, Dumbledore veio com a notícia de que todos temiam; Lord Voldemort retornara. Aquela notícia obviamente chocou à todos. Mas ninguém ousou desmentí-la e as coisas aos poucos foram se acomodando. Harry foi nomeado como Vencedor do torneio, mesmo não querendo, diga-se de passagem, e todos pareciam ter aceitado os tristes acontecimentos daquela noite de junho.
Naquele dia claro de sol quente com raios luminosos, seria a partida das duas escolas que se hospedavam ali naquele castelo desde o início do ano e também o penúltimo dia dos alunos de Hogwarts antes das tão esperadas férias de verão.
Estava um alvoroço só. Pessoas andando apressadas, despedindo-se das que tiveram certa afeição..
Hermione, Harry e Ronald apenas riam e viam as pessoas naquela algazarra.
— Her-miô-nini posso falarr con você? - Viktor se aproximou e pediu -
— Claro que sim. - ela disse rapidamente sentindo as bochechas queimarem por causa do olhar que Ronald lhe lançava -
Eles andaram um pouco para se afastar dos ouvidos curiosos dos amigos da castanha e quando estavam em uma distância segura, Viktor tirou um pedaço de pergaminho do bolso e entregou à ela.
— Prrometa que vai me escrreverr.. - ele disse num tom de súplica que fez Mione rir -
— Eu prometo! - ela prontificou e deu um beijo na bochecha dele - Vou sentir sua falta, Viktor! - confessou -
Ele nada disse. Apenas a abraçou apertado e beijou o topo de sua cabeça. Ela entendeu aquilo como um “eu também” e sorriu. Largou-o e o viu se afastar para junto dos seus.
Encontrou-se com Harry e Rony e os três ficaram vendo-os partir. Quando a carruagem da Academia Beauxbatons sumiu nos céus e o Navio da Durmstrang submergiu nas águas do Lago, ela virou-se para os amigos e disse.
— Prometam que vão me escrever, os dois! - mandou sorrindo serenamente -
— Eu não! - Rony retrucou, Mione revirou os olhos -
— Harry vai escrever, não vai Harry? - perguntou para o moreno -
— Ah sim! - ele disse - Toda semana! - completou zombeteiro -
~*~ ~*~
Draco arrumava as suas coisas no malão. Finalmente voltaria para sua casa. Suspirou cansado. Sabia o que estava à sua espera agora.
As últimas semanas haviam sido infernais pois ficaram todos em luto por causa da morte do Diggory. Não aguentava mais aquela ladainha de que ele era um garoto bom e blá, blá e blá.
Terminou e saiu do dormitório, odiando a ideia de ter de voltar em apenas dois meses para aquele castelo.
Saiu masmorra à fora e se dirigiu para o pátio do castelo, onde esperavam as carruagens para levá-los até a estação de Hogsmead. Encontrou seus amigos e juntou-se à eles..
— Finalmente vamos poder voltar para casa.. - Pansy Parkinson disse - O que vai fazer nessas férias Draco?
— Não sei. - ele disse dando de ombros - Mas sei que não queria ter de voltar pra esse maldito castelo em dois meses.
— Eu não sei porque você odeia tanto essa escola. - Crabbe disse olhando de esguelha para o loiro -
— Claro que não sabe, você é um i****a. - xingou - Mas nem vou perder meu tempo te explicando, não entenderia nem se quisesse! - completou sorrindo arrogante -
Não demorou muito para as carruagens os levarem para a estação de Hogsmead..
Quando se viu diante do Expresso de Hogwarts não tardou de adentrá-lo, e rumou para o vagão da Sonserina, sentando-se em uma cabine vazia no fim do mesmo. Os amigos logo lhe encontraram, porém ninguém quis perturbar-lhe, ele costumava ser muito bipolar.
As horas passaram, o humor de Draco melhorara e ele agora participava de uma conversa animada com os amigos.
— Talvez eu os chame para uma partida de Quadribol na minha casa! - Draco disse quando o trem diminuía a velocidade -
— Eu adoro ir na sua casa, Draquinho! - Pansy falou -
O loiro apenas riu, estava bem demais para se importar com o apelido que tanto odiava. O trem parou e Draco apanhou o malão, saindo pela primeira porta que viu. No furdunço das pessoas saindo, separou-se dos amigos e sem querer esbarrou em algo pequeno.
— Ai! - a coisa pequena disse e ele olhou para baixo, era a Granger -
— Esbarrando em mim de novo Granger? - questionou afastando-a de seu corpo - Começo a achar que você está me perseguindo, sua sangue.. - ela o interrompeu -
— Eu não tenho culpa se você é desastrado e ainda por cima cego que saiu pela porta da Grifinória! - ela disse um tanto que brava o que fez ele sorrir de lado - Agora se me der licença, meus pais estão me esperando! - ela disse empinando o nariz fino -
— Como se eu gostasse de gastar meu tempo com uma nojentinha San.. - foi interrompido novamente -
— Boas férias, Malfoy! - ela desejou debochada passando por ele e esbarrando de propósito -
Ele a observou desaparecer em meio à tantos outros alunos. Talvez esse tempo fosse necessário para que ele tirasse aquela criatura de seus pensamentos. Não vê-la diariamente teria de ajudar! Precisava odiá-la como antes de novo. Um tempo com seu pai bastaria.
Andou lentamente até onde o esperavam, e logo sorriu feliz ao ser abraçado por sua mãe.
— Quanta saudade meu filho! - ela lhe apertava em seus braços - Como foi o ano?
Draco olhou para o pai e ao mesmo tempo recapitulou os meses que passou fora. Até que.. Não tinha sido tão r**m assim.. Porém jamais admitiria para alguém que isso devia-se ao fato de uma pequena castanha que ele deveria odiar. Suspirando de forma teatral ele disse:
— Foi uma droga!
E assim seguiu para sua casa, com seus pais. Não sabendo se realmente lamentava ter de voltar à Hogwarts para cursar o quinto ano.