Ajuda.

1624 Words
Os raios de sol castigavam sem piedade as paredes grossas daquele castelo. Os alunos sentiam falta daquele friozinho que havia os deixado à pouco tempo. Sempre que podiam davam uma escapada para os jardins a fim de sentir uma brisa suave tocar-lhe a pele que vivia constantemente suada. Era início de Maio, e pela primeira vez desde que pôs os pés naquele castelo para cursar o quarto ano, que Hermione sentia a boa sensação de estar com os pensamentos alinhados. Desde o início daquele ano letivo que a morena andava com o coração apertado por conta da misteriosa inscrição do melhor amigo no Torneio Tribruxo. Suspirou relaxada quando uma brisa lhe acarinhou o rosto. Apenas mais um mês e ela estaria em casa para passar as férias com os pais. “Que país será que visitariam nesse verão?” ocupava a cabeça com essa preocupação. Ela amava os amigos, amava aquela escola, e por mais que pensassem que não, ela amava as aventuras na qual sempre se via envolvida. Mas precisava daquele tempo longe do mundo mágico, clamava pela paz de seu mundo “normal”. Ao longe ouviu risadas excitadas e virou o rosto para ver do que se tratava.. Reconheceu aquele moreno forte imediatamente, era Krum. Deu um meio sorriso que ele não correspondeu. Ele, Viktor, estava chateado com a atitude dela de ter de esconder o caso deles dos amigos. Estava cansado de ter de vê-la às escondidas. Infelizmente ele não era tão compreensivo como ela imaginou que fosse. Levantou-se do gramado e decidiu dar uma volta. Era final de tarde, não teriam mais aulas aquele dia.. Andou sem rumo pelo castelo, tentando voltar a sentir a paz de minutos atrás. Bufou por sua tentativa falha. De repente viu-se em frente à biblioteca. Sorriu sarcástica. Sempre parava ali. Seus consolos sempre foram os livros. Caminhou vagarosamente entre as estantes, buscando algo para acalmar os nervos.. Em uma prateleira mais afastada, quase no fim da biblioteca, viu uma cabeça platinada repousando sobre uma mesa cheia de livros. Seu primeiro impulso foi continuar o caminho fingindo não ter visto-o, entretanto não conseguiu arrastar o corpo ao perceber que ele dormia ali. Dormindo ele nem parecia aquele garoto insuportável que ela conhecia. Dormindo ele parecia tão calmo. Não tinha aquela cara debochada de sempre, tampouco aquele ar de superioridade que lhe irritava tanto. Espiou o que ele estava fazendo no pergaminho repousado embaixo de sua mão. Era um trabalho de História da Magia mas somente havia o título no pergaminho, nada além disto. Franziu o cenho e observou os livros que ele havia pego. Revirou os olhos. Não era nenhum daqueles. Sem acreditar no que faria revirou os olhos mais uma vez. Ele ficaria lhe devendo uma.. Voltou algumas prateleiras e procurou o livro certo sem nenhum esforço encontrou-o. Voltou e depositou na mesa, pegou um pedaço de pergaminho e escreveu: “Este é o livro certo. Mesmo sabendo que não irá agradecer, de nada.” Sorriu vitoriosa pensando que ele receberia sua ajuda sem nem saber, e virou-se para continuar o que fazia antes de sua ação de bondade. A desculpa que dava para si pelo feito era que não negaria informação certa para quem quer que fosse. Mesmo ele sendo o Malfoy. Ainda analisava a prateleira próxima à mesa do loiro quando ouviu um bocejo alto. Ele havia acordado. Fingiu achar alguma coisa para sair rapidamente dali, não queria ser insultada por aquele loiro arrogante e m*l agradecido.. Quando estava quase saindo sentiu um arrepio lhe invadir o corpo, virou receosa e deu de cara com íris azuis-acinzentadas que ainda estavam meio sonolentas. Engoliu seco. ~*~ Draco estranhou aquela sensação que estava sentindo, como se estivesse sendo observado. abriu os olhos muito minimamente para espiar o que estava acontecendo à sua volta, viu a tempo a figura castanha se afastar. Abriu completamente os olhos, e os coçou antes de tentar voltar à fazer aquele maldito trabalho. Porém, escutou passos aproximando-se novamente. Supondo que seria aquela bendita garota ele fingiu estar dormindo. Não queria olhar para aquela imensidão castanha que lhe fazia sentir-se outro. Ele escutou ela movimentar-se próximo à ele, abriu os olhos minimamente outra vez, o que ela estava fazendo? A viu colocar um livro na mesa em seguida deixar um bilhete sobre o mesmo. Ele estranhou aquela atitude e forçando a visão o máximo que podia, conseguiu ler (mais ou menos) o que estava escrito. E como se não tivesse feito nada ela ficou procurando por alguma coisa na prateleira mais próxima. “Porque ela está fazendo isso?” questionou-se. Ficou alguns minutos observando aquela garota. Não conseguia mais vê-la como o patinho feio da escola. Sabia que debaixo daquelas roupas largas e aquele cabelo rebelde havia uma garota tão bonita quanto uma flor que desabrocha no início da primavera. Revirou os olhos com aquele pensamento que, segundo ele, era muito e******o. Bocejou alto fingindo acordar. Queria ver se ela diria o que fez. Como ele imaginou ele tentou sair sem ser notada. Sorriu debochado, ela era tão previsível. Antes que Hermione pudesse sair dali ele a segurou pelo braço e percebeu que o mesmo se arrepiou. A castanha virou-se cheia de receio e quando estavam cara a cara ele se viu perdido no meio daquela imensidão tão doce que os olhos dela transmitiam. Ficaram se encarando por um tempo. Nenhum dos dois seria capaz de dizer quanto.. — Me larga! - ela disse num sussurro - Ele pode sentir o hálito dela pela proximidade em que estavam. E sua boca parecia tão convidativa. Se repreendeu internamente por esse pensamento. — Porque fez aquilo? - perguntou ele - — Eu não fiz nada! - ela apressou-se em dizer - Está delirando. - concluiu com um olhar superior - — Não minta para mim, eu vi tudo! - ele avisou, a sobrancelha arqueada - Ela revirou os olhos. — Eu queria ajudar. Pronto, me larga agora!? - falou a garota já impaciente - — Porque está me ajudando, Granger? - ele questionou sem quebrar o contato visual ou sem soltar o braço dela - Ela suspirou. — Bom, eu não tinha nada melhor’ para fazer, Malfoy. - ela disse dando ênfase ao sobrenome - Sorrindo de lado ele largou o braço dela. Sem nem saber o porquê, mas ele ficou feliz com o gesto daquela garota. Olhou para todos os lados, não viu ninguém. Todos estavam fazendo alguma coisa mais interessante, então ele pensou: “porque não?”.. — Bem, já que não tem nada para fazer, quem sabe pode me ajudar mais um pouco. - ele disse e enfiou a mão no bolso da calça n***a que compunha o uniforme da escola - — Você quer minha ajuda? - ela perguntou incrédula com um sorrisinho debochado - — A sabe-tudo já deve ter feito o trabalho de História da magia.. - ele disse ignorando-a e foi se sentar. Ela o acompanhou. - — Já entreguei! - ela respondeu orgulhosa - Qual sua dificuldade? *** Draco nem acreditava que havia pedido ajuda para aquela sangue-r**m, mas percebeu que havia feito uma escolha certa, embora soubesse que ninguém jamais deveria saber sobre isso. Hermione ditou as páginas que Draco deveria procurar e ficou absorta em um livro que tinha pego para ler. Era como se ela não estivesse ali apesar dele não esquecer da presença dela um só momento. Quando estava quase terminando, perguntou o que estava lhe matando de curiosidade. — Então, como está seu romancezinho com o Krum? Ela abaixou o livro devagar com uma careta engraçada estampada no rosto. — Não há romance algum! - ela disse séria - Continue seu trabalho - completou mandona - — Ah qual é?! Vi você naquela madrugada, e não esqueça que vi aquele bilhete dele.. - respondeu risonho - Você não me engana “santinha” - disse fazendo aspas com as mãos - — O que você tem com isso? - ela perguntou - — Nada. Só curiosidade Granger.. - ele falou dando de ombros e voltando a copiar. — Sabe, não que seja da sua conta mas ele está chateado. - ela informou soltando um longo suspiro. - Garotos são tão bobos! — Fale pelo seu namoradinho! - ele disse sem olhá-la - — Parkinson deve saber o quão bobo você é! - ela acusou sorrindo de repente - Ele não revidou. Gostou do som da risada dela.. Sorriu de lado. Era bom saber que o Krum estava chateado, torcia para que eles não se acertassem. Eram muito diferentes para estarem juntos.. Terminou poucos minutos depois e embora não quisesse sair dali, sabia que hora ou outra alguém lhe procuraria, e vê-lo de papinho com a sabe-tudo não era uma opção. Ajeitou as coisas e se levantou. — Er.. Obrigada Granger. - disse de forma tímida. - — Malfoy’s sabem o significado dessa palavra? - ela perguntou irônica - — Sim. - respondeu entre dentes - Mas isso não vai mudar nada! - informou de forma dura - — Não se preocupe.. Não pensei que fosse! - afirmou divertida - Ainda te odeio! - contou e sorriu de lado. - — Até mais sangue-r**m! - ele disse virando de costas - — Não mesmo doninha! - ela respondeu - E ele seguiu para as masmorras. Dessa vez tinha certeza de uma coisa: Não odiava Hermione. Apenas quando chegou no seu dormitório foi que mediu as consequências daquele fim de tarde. Mais uma vez ele havia cedido ao impulso de ter a companhia daquela garota que o fazia se questionar sobre quem era desde o maldito baile. Enterrando a cabeça no travesseiro da sua cama ele pensou: Eu preciso das férias de verão.
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