Stalkeando pela revista

681 Words
Verônica chegou em casa exausta e indignada com a mudança que aconteceu na empresa. Ela deitou no sofá da sala e desabotoou os sapatos, enquanto sua amiga Marília se juntava a ela no móvel, saboreando um mousse de maracujá. — Que cara é essa, Verônica? Você sempre chega toda contente em casa. Ela afastou os sapatos do sofá e deitou com os pés pendurados. — Hoje foi o pior dia de trabalho que já tive. Seu Garcia se aposentou repentinamente. — Como? Se aposentou?! Mas não faltava mais de 1 ano pra isso acontecer? — ela ficou de queixo caído. — Pois é. Mas ele decidiu adiantar isso e tente adivinhar quem ficou no lugar dele? — Quem? —Você não conhece. E o sobrinho dele, Ricardo. — ela choramingou. — Sobrinho? Deve ser jovem. — Jovem e narcisista. — ela sentou de repente. — Amiga, ele passa o dia inteiro admirando sua beleza em tudo o que sua imagem reflete. Na janela de vidro, no elevador, na colher e ele carrega um espelho pequeno no bolso também. Marília ficou rindo. — Eita. Esse se ama. Mas ele é legal? — Ele reclamou da temperatura do café e disse que a porta da sala deve ficar fechada, ao contrário do que seu tio fazia. Também me fez arrumar a gravata dele! — Tão vaidoso e não sabe arrumar a própria gravata?! Me admiro. — Eu também. — ela levantou. — Eu acho que tem uma revista com a foto desse cara aqui em algum lugar. — começou a procurar debaixo das revistas que havia em cima da mesa de centro. — Estou com a sensação de que já vi aquele desgraçado em algum lugar. — Um dia e você já tomou ranço do homem? — E existe parâmetro para pegar ranço? Eu tive ranço dele só de descobrir que ele seria meu chefe. — ela arrastou uma revista entre as muitas e encarou a capa. — Olha aqui ele. Marília saltou do sofá curiosa. — Me deixa ver. — segurou um lado da revista e leu a manchete. — "Jovem prodígio das finanças". Bonitão! — ela balançou a cabeça admirada. — Será que ele é solteiro? — Tenho 99,9% de certeza que sim. Por duas razões. Primeiro que ele é incapaz de amar alguém além de si mesmo e depois, que nenhuma mulher ou homem vai aguentar o narcisismo dele. Marília ficou rindo. — Mesmo assim, eu tentaria uma chance com ele. Como é sua voz? — A voz dele... — Verônica tentou recordar. — É forte, mas não demais. É tipo... A voz do Thor dos vingadores. — ele imaginou. — Foi longe na comparação, amiga. — Marília se admirou e arrastou a revista. — Vamos conhecer mais sobre ele. — sentou-se no sofá e a Verônica não quis dar muita trela para a história, voltou a deitar no outro sofá e abriu o zíper da saia e os botões de blusa. — Ele é filho do irmão falecido do Seu Garcia, Tem um irmão bonito que é modelo e parece que ele estudou fora do Brasil a vida toda. Ele tem sotaque? — Não reparei. Acho que não. — Você deveria ler essa matéria. Tem muita informação sobre ele. — Eu não quero saber mais nada dessa criatura. Quero meu ótimo chefe de volta. — ficou chateada. — Vai acostumando porque se já passou a coletiva de imprensa, ele será mesmo o chefe. O que ele disse na entrevista? — Marília encarou Verônica bem curiosa. — "Meu tio desejou se aposentar mais cedo e como um presente para a Empresa Garcia me deixou em seu lugar. Sei que para vocês será uma honra trabalhar comigo. Eu tenho certeza absoluta que nossa empresa irá prosperar e vamos quebrar recordes." — ela reproduziu sua fala fielmente, em um tom de deboche. — Realmente, ele se garante. — Aham. Preciso de álcool para esquecer esse dia. — virou-se para Marília. — Hoje é sexta. Vamos sair pra beber e esquecer tudo? — Perfeito, Mary. Melhor ideia. Hoje eu quero encher a cara.
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