Rômulo percebe que Barcellos estava suado e com marca de arranhão no braço, talvez de alguma mulher ele imagina...
— Rômulo, me diga! Você confia no seu pai? Olhe para mim! Eu sou seu pai! Quem te criou, te ensinou tudo sobre a vida! Olha o que eu fiz! Eu comprei uma mulher para você! Tirei os obstáculos de seu caminho! Tal como um pai faria por seu filho! Diz Barcellos.
Rômulo sente-se como desperto de um pesadelo, de uma ilusão... Ao ver aquela face perturbada de Barcellos, Rômulo então cai em si...
— Mas é claro! Como eu fui tão tonto! Basta olhar para trás! Ver a sua forma de pensar! Você deve ter casado com minha mãe por interesse não é? Manipular a herança dela! Por isso, tudo isso! E olha só! Ainda a trai! Com estes arranhões de outras mulheres! Mas acabou... Eu sou um homem agora! Não seremos enganados por você, Não serei manipulado por você! Não mais... Amanhã mesmo irei mandar que examinem a autenticidade desses documentos! E você será responsabilizado por qualquer fraude. Diz Rômulo.
Barcellos fica desconcertado e profundamente injustiçado em seu entendimento.
— Então isso é verdade? É isso mesmo que você fará? Eu que sou o vilão dessa história? Pois bem Rômulo, vocẽ quer a verdade? Então lhe direi a verdade! A verdade ! Diz Barcellos tentando enganar ˆromulo com sua versão.
Rômulo olha para o pai, e sorri ironicamente.
— Você me ensinou tudo! Lembra? Acha que não sei quando você mente? Acha que eu não sei reconhecer os sinais que você tanto me ensinou sobre um homem inseguro quando pressionado? Mas vamos a sua versão dos fatos! Diz Rômulo.
Barcellos se esforça na encenação, procurando apelar o máximo possível...
— Filho, Sua mãe ! Ela é a verdadeira culpada de tudo! Dira me seduziu quando era casada com Cícero, o seu... O seu verdadeiro pai, Sua mãe sempre foi uma mulher bela e sedutora, a atração entre nós foi inevitável, Cícero adoeceu e faleceu quando você ainda era um bebê, enfim, Seu pai pouco antes de morrer soube que Dira e eu tínhamos um caso, Filho, você pode não acreditar, mas eu... Sempre o vi como um filho verdadeiro, mesmo sabendo que seu pai não era eu, mas sim o Cícero... Sua mãe que pediu que eu assumisse sua paternidade, ajudasse a gerir os bens... Diz Barcellos.
— Não acredito! Não acredito em nada que vem de você! Quando minha mãe chegar em casa, quero confrontar a verdade! Quer ouvir dela também! Não só de você! Afirma Rômulo.
Rômulo vira as costas para seu Barcellos no momento em que ele pega um jarro e acerta a cabeça de Rômulo, o deixando desacordado.
— Filho, me desculpe! Eu não queria fazer isso! Mas vocẽ me forçou a isso! Eu sei que nunca iria me perdoar! Sei que jamais me perdoaria quando descobrisse toda a verdade... Você não me deixa outra escolha, a não ser isso! Diz Barcellos.
Ele amarra Rômulo numa cadeira o amordaça e coloca em uma mala vários documentos, dinheiro em espécie, jóias... Tudo que tinha valor e podia ser levado...
— Eu não vou ser preso! Não vou ser preso! Eu vou fugir ! Vou para bem longe! Não bastasse aquele negrinho poder ter sobrevivido! Voltar e me complicar, agora que Rômulo descobriu tudo! Tenho de ganhar tempo até levar tudo ! Diz ele.
E assim Barcellos foge de sua casa, deixando o filho amordaçado e amarrado no quarto, bem como havia deixado Dira.
O dia amanhece, de posse de uma procuração que tinha Barcellos vai ao banco e transfere todos os valores da conta conjunta dele e Dira para uma conta no exterior, fazendo o mesmo com os recursos de seu cassino, ele abandona tudo temendo ser preso, pesavam contra ele o crime de falsificação do testamento no qual Dira era sua cúmplice, a morte de Cláudio, a apropriação de bens da herança entre outros... Barcellos age rápido e por volta de meio-dia, já estava no aeroporto, na fila de embarque...
— Não gostaria que as coisas acabassem assim! Fico triste por Rômulo, eu realmente gostava dele como se fosse meu filho... Mas agora é hora de partir! Meu plano B funcionou perfeitamente como havia planejado... Adeus Brasil! Diz ele em seu pensamento, embarcando com um passaporte e documentos falsos...
Barcellos acreditava que iria sair impune, sem esperar o que a vida ainda o reservava.
Os empregados por toda a manhã, andaram pela casa toda e não perceberam nada senão um vaso quebrado na sala, fizeram a faxina na casa e nem deram pelo sumiço da família, até que foram aos quartos fazer a limpeza.
No quarto do casal, encontraram cofres abertos, tudo jogado pelos cantos uma bagunça total, Matilde a empregada encarregada da limpeza nos quartos tem uma sensação r**m ao ver aquela cena e associa o sumiço da família, ao vaso quebrado na sala deduzindo que algo de r**m aconteceu, então ela sai chamando pelos demais empregados , aflita que algo de errado deveria ter acontecido.
Mobilizando os demais empregados, eles vão até o quarto de Rômulo, olhando pela fechadura da porta, encontra o rapaz amarrado com lençóis em uma cadeira e amordaçado, ainda inconsciente, mas ainda vivo, respirando, eles chamam a ambulância, e a polícia também, acreditando que a casa havia sido invadida.
Paralelo a isso, sem saber de nada, Amanda estava em sua casa feliz por uma parte, com a tecelagem de volta, com os bens devolvidos, ela vislumbrava dias melhores, aquele arrependimento de Rômulo, ela classificava como um verdadeiro Milagre, enfim algo de bom depois de uma sequência de tragédias, só faltava encontrar Ícaro e notificar ele sobre tudo, principalmente de sua gravidez...
— Espero que Rômulo consiga saber do pai dele, para onde Ícaro foi! Nossa, apesar de tudo, é difícil acreditar que Rômulo é filho daquele monstro! Diz Amanda.
Ela pega o carro e vai até a tecelagem, só que a caminho ela escuta uma notícia no rádio que a faz tremer completamente...
" Trazemos mais notícias sobre o caso da família Brian! Segundo boletim que chega até nós, a polícia ainda não sabe o que aconteceu ao certo, Barcellos está desaparecido enquanto Dira Brian foi encontrada amordaçada em uma residência da família , ela está bem, só em choque, já Rômulo, o herdeiro da família Brian, ainda está internado, seu estado é bem delicado...." Informa o radialista.
Amanda para o carro, tremendo com a notícia...
— Deus! Mas ... O que aconteceu? Eu tenho que ir até o hospital ! preciso ajudar em alguma coisa! Diz ela.