Após fazerem as pazes, Amanda sequer faz ideia de que Rômulo havia descoberto que eles estavam juntos novamente, não que ela fosse esconder isso dele, mas pela consideração que ela tinha em não magoar quem o estava ajudando.
— Então Ícaro, eu tenho uma ideia, pretendo vender a mansão, sim! vendo a mansão, os terrenos que papai deixou, vou colocar todo o dinheiro na tecelagem, fazer a engrenagem girar, compro uma casinha pequena e vamos morar juntos, até a tecelagem voltar a dar lucro e nos recuperar... Diz Amanda toda entusiasmada.
— Amanda, não está tudo de posse do pai daquele cara? Seu pai não penhorou tudo no jogo? Diz Ícaro.
— Sim, mas Rômulo não deixará o pai dele executar a dívida, assim me dará tempo suficiente para recuperar os bens...
— Você coloca muita fé nesse cara, não consigo confiar nele, nem um pouco, outra coisa, Eu m*l sei ler e escrever, como posso ser útil a você? te ajudar em tudo isso, fico parecendo a quem vê de fora, ser um aproveitador... Enfim... Não sei como posso ser útil a você. Diz Ícaro.
— Ícaro! você está sendo orgulhoso, não vê que só estar ao meu lado me basta? Vamos nos apoiar, eu não ligo pra nada disso, quando Rômulo vier aqui, vou apresentar você como meu namorado e futuro esposo... Diz Amanda.
Ícaro sente-se incomodado, não consegue confiar...
— O que foi? pergunta Amanda.
— Amanda, não sei... olha eu vou sair, preciso colocar minhas idéias em ordem... Sinto que quando falamos sobre este cara, sobre alguns pontos... ficamos próximos de discutir, e não quero discutir com você.
— Você não confia em mim, não é isso? pergunta Amanda.
— Em você eu confio, nele não, você sabe disso, sabe do estranho pressentimento que tenho em relação a ele. Diz Ícaro.
— Pra quem não acredita em nada que Madalena falou aquele dia você se apega muito ao seu julgamento. Diz Amanda.
— Você teve a mesma impressão que eu em relação a ele! No dia que vocês foram apresentados... Você me procurou, até topou fugir comigo! Então por que mudou em relação a ele? por que precisa ser amiga dele? Por que não desiste disso tudo e vamos embora! Será que você tem medo de viver uma vida pobre ao meu lado? Pergunta Ícaro.
Amanda fica pensativa, calada por um instante.
— Tem ideia do que está me falando? Ícaro! olha o que você está me dizendo! Quanto aos bens... Meu pai talvez não mereça tanta consideração, mas sabe quantas pessoas tem naquela tecelagem? pais de família que tiram seu sustento? Os amigos, parentes... todos se afastaram quando souberam que papai havia falido, além do mais tem a memória de minha mãe que apesar de alguns erros ela foi uma boa mãe, minha mãe gostava daquela tecelagem... Rômulo é a única pessoa que se mostrou interessada em ajudar.
— Olha Amanda, eu acho melhor sair, eu... penso diferente de você, certas coisas não me entram na cabeça.
— Melhor mesmo Ícaro, eu acho melhor... Não quero discutir com você... Diz ela.
Ele sai da mansão, vai caminhar por aí, tentar se acalmar... Desde o primeiro instante em que sai da mansão, é observado por uma pessoa dentro de um carro, esta pessoa é Barcellos, o pai de Rômulo que o seguia pessoalmente.
— Francamente, não entendo por que Amanda defende aquele cara, não consigo, não consigo confiar nele, sei lá, talvez... Talvez eu não seja o homem ideal para estar ao lado dela, um ninguém como eu que sequer posso ajudar em alguma coisa... Sempre me veriam como um aproveitador, um encostado e eu não sou assim... Diz ele.
De repente Barcellos para o carro perto de Ícaro, desce do veículo e o cumprimenta.
— Boa tarde rapaz! era com você mesmo que eu gostaria de falar... Sabe quem sou não sabe? Hernan Barcellos Brian...
— Eu sei quem é o senhor... O canalha que se passou por amigo do meu falecido patrão.. Tomou tudo dele... Tentou forçar um casamento do filho com Amanda... Diz Ícaro direto.
— Você é um homem audacioso... direto, sem travas na língua! Gosto disso... Qual seu nome, garoto? Pergunta Barcellos.
— Ícaro! me chamo Ícaro... E diga! O que um homem como você... Quer com um sujeito como eu? Pergunta Ícaro.
— Não pense que eu sou preconceituoso... Aliás... Você parece um garoto esperto , aguerrido... Quero falar com você sobre negócios... Um passarinho me falou que você e a Amanda, filha de meu falecido amigo... Bem, Amanda não é mulher para você! Aliás! Meu filho está de olho nela... Então... Quanto? Quanto você quer... Para deixar Amanda livre para meu filho? Dinheiro não é o problema para mim e pode deixar de ser para você também rapaz... Diz Barcellos tentando negociar para o filho, sem Rômulo saber.