17 - Acordando.

3361 Words
17: Acordando. Com uma lufada de ar violenta, Hermione abriu os olhos. Seu peito subia e descia com força, e a castanha olhou ao redor tentando reconhecer onde estava. Não havia luz, nem quase sons, apenas passos ecoavam ao longe, distantes. E então, como num piscar de olhos, ela se recordou. Estava no hospital, havia sido atacada alguns dias antes por Olímpios e por isso foi parar ali. Levou pouquíssimos segundos até ter as imagens dos sonhos lhe enchendo sua visão, pesando a cabeça, e, com os olhos cheios d'água ela se levantou da cama cambaleando com dificuldade, tanto para se locomover, quanto para segurar o choro. Infelizmente ela estava ainda sem força nas pernas, e seu corpo cedeu fazendo-a cair na poltrona que havia perto da janela que dava acesso à rua. Seus olhos varreram o cômodo desesperados e aguados, e então pararam em rompante no parapeito da janela. Ao ver ali os dois buquês que havia recebido mais cedo seu mundo girou muito depressa. Lágrimas desenfreadas deixaram sua visão turva e Hermione se rendeu. Ela chorou finalmente. Seu peito esmagado pela dor que havia sido jogada em sua cara sem a menor explicação, pela lembrança que recuperara e que mostrava a ela que tudo era real, e tudo quebrava pelo que estava faltando, pelo que estava sentindo". Cada memória, por mínima que fosse, estava matando-a. Porque ela percebeu que parecia uma intrusa dentro da própria vida. Como se estivesse sentada ao redor de uma fogueira apenas escutando uma história. Mas era a sua história, uma parte importante dela que ela não se lembrava. E isso não deveria acontecer nunca! Não era algo que ela desejasse à ninguém.. Porque a fazia se sentir manipulada, usada. Como um boneco que tem as cordas puxadas por outros. As lágrimas que saiam tinham o gosto mais pesado. Mais doloroso. Mais intenso. Amargo e c***l. O tempo em que as mesmas não saíram às tinham endurecido e isso quebrava ela por dentro. Destruía seu peito, estilhaçando seu interior, sua alma e tudo o mais que dizia respeito a si. Ainda estava na poltrona, agora naquela posição fetal, escondendo o rosto entre os joelhos e as pequenas mãos, como se esse gesto impedisse que tudo viesse até ela. Que a salvasse de descobrir que passou tempos dedicando-se à uma pessoa, pessoa a qual entregou todo seu amor, e a mesma havia displicentemente e sem seu consentimento levado isso dela, instaurando um vazio que lhe incomodou durante quatro anos. Malditos e dolorosos quatro anos sentindo a falta dele. De seu cheiro, da sua voz, do seu toque, do seu calor... Entendeu então o porquê da sensação de vazio ter sido intensificada com o retorno dele, ou porque ele começou a fazer parte de seus sonhos. Na realidade era porque ele havia feito parte da sua realidade. Uma que parecia paralela, como se fosse outra dimensão. Mas já não lhe restavam dúvidas sobre os precedentes dos sonhos. Eram reais. Todos eles. Cada um. Ela tinha sido obliviada, obrigada a se esquecer de um amor, amor este que nunca conseguira superar ainda que sem recordar sua existência. Pensar nisso a fez sentir ainda mais dor e raiva. Ela sentia raiva da atitude dele. Não poderia perdoá-lo por ter feito tal coisa. Foi errado. Foi injusto. Foi uma covardia. E ela não poderia perdoar covardes! Pois, era uma Grifinória, de corpo e coração. Ainda que sua coragem a colocasse em perigo às vezes. Ainda que fosse estúpida e incompreendida. Sempre optava por lutar, e ele não tinha feito isso. Não do jeito certo pelo menos. A vontade que tinha era de sair correndo dali, procurá-lo, xingá-lo, estuporá-lo, e quebrar a cara dele. Gritar até sua voz sumir, perguntar e questionar. E depois mandá-lo a merda longe dela. Queria ceder incondicionalmente à esse impulso. Havia uma mágoa crescendo eu seu peito, um sentimento r**m que ela não estava gostando de sentir. Hermione começou a montar na sua cabeça, todas as memórias que já tinha recuperado, tentando fazê-las se encaixarem, para quem sabe tudo fazer mais sentido. No entanto, tudo o que conseguiu foi apenas irromper em mais lágrimas doídas, não sabendo realmente o que pensar a respeito de tudo. Só fazia uma coisa; sentir. Sentia na alma cada sensação que conseguira recuperar. Elas eram como agulhas lhe furando, uma dor aguda e intensa que lhe clareava os olhos.  Aquele ditado se fazendo válido; a verdade dói. Deixou que um soluço saísse junto das lágrimas. O que doía mesmo era a mentira, essa sim  era culpada de tudo o que estava apertando seu coração. Descobrir era doloroso, esmagador. Mas era, por outro lado, libertador. E aquilo a assustava ainda mais. Sentir uma familiaridade com um sentimento que a pouco sequer sabia existir em si era de fato apavorante. Estava totalmente perdida nesse "novo" mar de sentimentos. A pergunta era; boiar ou se afogar? Não sabia. Não mais. Já não era aquela adolescente descobrindo o primeiro amor e sua cor azul, e seus insetos insistentes. Era uma mulher que acabara de descobrir que fora quebrada quase além do reparo, traída por aquele que havia tornado-a sua num campo de lírios que ele mesmo havia preparado. Aquela simplicidade do sentimento se tornou complexa demais para que ela pudesse dizer, agora, o que poderia acontecer.  Suas costelas doíam por conta da força de seu choro. Seu corpo ferido tremia com os soluços que escapavam. E ela sabia que deveria estar descansando para se recuperar. Mas não conseguia. Não depois do que tinha lembrado. Muito menos depois do que tinham conversado, em tudo que tinham construído. Seus olhos se negavam a se fechar, eles queriam, de uma forma louca e desesperada ficar atentos a qualquer nova "pista" de seu passado que parecia ter sido sombrio. De se descobrir dentro de si mesma, se re-conhecer. Não impediu que as lágrimas saíssem, passou quase que todo o tempo em que começou a descobrir até o atual forçando-se a segurá-las, que agora, só botava para fora, junto com seu coração, e com toda a mágoa e raiva que lhe vinham consumindo. Só uma coisa rondava sua cabeça. Ela e Malfoy estiveram juntos algum dia. E não só juntos fazendo um trabalho de Poções ou apenas em alguma detenção, ou castigo, e sim como um casal, com planos e sonhos, e declarações, e beijos, e toques, e promessas. Deus, tantas promessas haviam sido quebradas. O pior de tudo era saber que entre ela e Malfoy havia um sentimento forte. Houve, entre eles; amor. Um que deve ter sido avassalador, para que ambos tivessem a coragem de se entregar a ele, mesmo que nas sombras. Várias pequenas lembranças vieram a ela enquanto chorava. Enchendo sua visão sem sua permissão como sempre fora desde que tudo se desencadeara. No entanto, não precisava estar inconsciente para poder ter-las. Ainda de olhos abertos ela viu; Uma tarde na biblioteca escondidos de tudo e de todos enquanto mãos e bocas exploravam o território alheio; Sorrisos e olhares compartilhados em corredores aleatórios quando se esbarravam mas não estavam sozinhos; Pedidos e brigas em torres e em salas secretas. E uma que fez ela parar só por uma fração de segundos de chorar; Eles embaixo da arquibancada de Quadribol, sentados um ao lado do outro, as mãos afagando cabelos carinhosamente e a chuva caindo a sua frente. Com um grito abafado o choro veio novamente, rasgando tudo. As lembranças que chegavam eram distantes, distintas, confusas, e ela não sabia onde era início, meio e fim, mas agora ela sabia, eram reais. E isso quebrava. Esmagava. Tudo doía. Num ímpeto de fúria, ela pegou o buquê que Draco lhe dera mais cedo e abriu a janela, atirando-o para fora, vendo o vaso bonito se partir e se tornar quase pó quando tocou o chão. Hermione passou as mãos pelo rosto, espalhando mais as lágrimas pela sua pele e tentando a todo custo parar. Mas, descobriu que não conseguia. Era refém dos sentimentos e emoções naquele momento. Só ficou ali, encolhida na poltrona, chorando e odiando Draco por ter sido tão covarde ao ponto de fazê-la se esquecer dele. (...) O sol já havia nascido à algumas horas, embora as nuvens fizessem aquele ser um dia nublado e escuro exatamente como ela sentia seu interior.. A porta do seu quarto rangeu minimamente e Hermione virou o rosto devagar para se deparar com Marvin e Ginny parados à porta sorrindo e conversando um com o outro. Mas pararam abruptamente ao vê-la. Ela sabia que estava descabelada, com os olhos miúdos e o rosto inchado, e, ainda tentou, em todo o seu autocontrole manter-se firme e não se entregar as lágrimas outra vez, bastasse toda a noite que passou derramando sua alma sozinha, no entanto, foi o suficiente mirar nas íris azuis de sua cunhada ruiva que ela simplesmente desabou. Um choro barulhento que era abafado por suas mãos que estavam em sua boca explodiu sem demora ecoando dentro e fora dela. Ginny e Marvin correram em direção à ela sem entender o que estava acontecendo. Ambos se colocaram em suas laterais, envolvendo-a num abraço caloroso e se olhando por cima da juba castanha bagunçada com os cenhos franzidos, perguntando-se o que diabos poderia ter acontecido para que ela estivesse assim, tão devastada. Entre os protestos e choro eles a obrigaram a ir para sua cama, onde já deveria estar, por ser mais confortável para ela, que precisava se recuperar. Depois de deitada em sua cama, com Marvin ao seu lado esquerdo acariciando sua mão de forma tranquilizadora enquanto Ginny mexia em seus cabelos desgrenhados do lado direito, ela diminuiu um pouco o ritmo das lágrimas. — O que, em nome de Morgana, aconteceu? - Marvin que já não estava mais conseguindo conter sua curiosidade perguntou - — Eu não estou louca. - ela murmurou olhando para as próprias mãos, sabia que o que havia atrás dos olhos deles era demais para encarar de imediato.- As sobrancelhas de Ginevra se juntaram quando ouviu a castanha e ela olhou para Hermione em questionamento. — Eu pensei que estivesse ficando louca. - Explicou Hermione levantando os olhos vagarosamente para poder responder a ruiva - Quando tudo voltou e eu não me lembrava, eu pensei que estava enlouquecendo. — O que voltou? - perguntou Gin, sua voz estava baixa, calma, contrapondo-se a tudo que ela era, mas Hermione sabia que era como uma espécie de truque para que ela falasse - — As lembranças. Todas elas. - sussurrou Hermione chorosa - Marvin trocou um olhar rápido com a ruiva, algo que significava: “ela não vai falar mais do que códigos.”. E era verdade. Ela não ia mesmo, mas não por desconfiar deles. Mas porque só havia uma pessoa em todo o seu universo inverso e quebrado que ela queria poder se derramar, e chorar seus pulmões, e este alguém ainda não eram aqueles dois, por mais que existissem coisas que somente Ginny soubesse. Eram os olhos verdes que ela queria. As orbes de oliva, e os cabelos negros desgrenhados, conforto das palavras, ou das quase nunca existentes palavras, mas ela queria Harry ali, para contar. Soltando o ar em uma rendição imposta, Marvin se pronunciou. — Você está terrivelmente deplorável. - sentenciou Marvin mexendo naquele cabelo bagunçado que adiquirira vida própria - Ela olhou para ele agradecida por saber que ele havia entendido a deixa, e então o vislumbre de um sorriso apareceu em seus lábios, muito minimamente. — Vou chamar a curandeira. - informou Ginny também rendida, murchando os ombros e saindo do quarto, deixando-os a sós - — Obrigada. - disse Hermione assim que a ruiva bateu a porta. - — Só quero que saiba que depois você vai ter de me contar tudo, e não só essas meias palavras que você soltou aqui. - Falou Marvin. Seus olhos de um castanho bem claro cintilando com os pequenos raios de luz que adentravam o espaço - — Eu sei… É só que.. - ela bufou e se afundou um pouco mais na cama - Acho que preciso de mais tempo pra pensar. - disse -  Pra digerir. - acrescentou rapidamente - — O tempo que você precisar, querida. - ele sorriu amavelmente para ela - Ou quiser. - tocou na mão da morena que estava perto de si e apertou levemente. Havia coisas que Hermione não era capaz de explicar, ou sequer sabia por onde deveria começar. A amizade com Marvin, por exemplo, tinha sido um completo acaso da vida, apenas uma coincidência no meio de tanta coisa que tinha uma explicação agora. Não tão lógica como ela gostaria que tivesse, mas que não era algo que o destino criou. Tinha um vínculo forte e inquebrável com o passado, e talvez por isso que quebrava tanto. Ginny voltou com a curandeira que estava a frente do caso da Granger pouco tempo depois. E enquanto a outra mais velha verificava as condições de Hermione, ela se sentou na poltrona mais próxima já bebericando um copo com chá, estava comendo feito louca desde que descobrira a gravidez. — Hum, nada bom… Parece que sua lado direito está um pouco mais inchado… - analisou a bruxa curandeira que Ginny trouxera consigo - O que esteve fazendo esta noite? - ela olhou Hermione de forma acusadora - — Eu… Não dormi bem. - disse Hermione sem jeito - — Parece que sequer dormiu. - disse a curandeira com desconfiança - — Não culpe a minha cunhada quando as camas deste hospital são horríveis! - intrometeu-se a ruiva olhando de cara feia para a curandeira, tentando tirar a culpa de Hermione - Ela deve ter se remexido a noite inteira nisso! — Sra. Potter, as camas são adequadas ao estado do paciente. - retrucou a curandeira com um tom de sabe-tudo que lembrava Hermione vagamente - Eu mesma examinei a Srta. Granger ontem a noite, estava perfeitamente bem… - concluiu a mulher apertando ainda mais os olhos em desconfiança - A Srta. fez algum esforço desnecessário, Srta. Granger? - quis saber inquisitiva - Hermione encolheu os ombros em culpa e desviou os olhos rapidamente para o único buque sobrevivente em sua janela. Não foi necessário falar mais nada para que a mulher levasse aquilo como uma resposta positiva. — Devo relembrá-la que precisa ter repouso completo se quiser sair daqui em poucas semanas.. - disse a curandeira com severidade - — Eu sei, só cansei de ficar deitada. - desculpou-se encolhendo-se ainda mais na cama - — Pois se não atender diretamente a minha orientação vai continuar deitada por muito mais tempo! - comunicou a mesma e se levantou, saindo pela porta do quarto de Hermione balançando a cabeça em negação e resmungando como a castanha era cabeça dura. - Gin, que estava olhando fixamente para a mulher desde que ela lhe respondera de forma desaforada, soltou um bufo zombeteiro. — Simpática ela, não? - zombou a ruiva - — Tudo bem, ela tem razão. - concordou Hermione e então olhou para a cunhada com interesse, tentando dissipar toda aquela sua história com Draco, pelo menos um pouquinho - Como foi a consulta? Ginny se remexeu com alegria e ansiedade em sua poltrona, e Hermione viu aqueles olhos azuis da cor do mar, brilharem genuinamente. Em seguida, ela se aquietou e respondeu: — Ah, sabe como é.. Instruções, dieta, novas consultas.. Tudo tão cansativo! - disse Ginny num tom de voz dramático que era típico dela - E eu engordei dois quilos. Tô uma porca! — Você não tá uma porca. - discordou Hermione sorrindo levemente - Ainda vai ficar uma! - acrescentou fazendo Marvin soltar uma risadinha e Ginny lhe lançar um olhar perigoso e quase homicida - — Eu preciso de apoio, sabe? - A Weasley-Potter fungou - Quando disser que estou gorda você tem de dizer o contrário… - começou dramaticamente, pondo o chá de lado e olhando para a castanha em desaprovação - — Mas eu disse o contrário! - defendeu-se a morena olhando para Marvin e pedindo apoio - — Hum, ela está certa, Ruiva. - disse o loiro incerto - — Argh! Tudo bem, tudo bem! - exclamou Ginny tendo que se render uma segunda vez aquela manhã - Queria que você pudesse ter ido comigo… - mudou de assunto descaradamente - — Eu também queria. (...) Ela arranhava a pena insistentemente sobre um pedaço de pergaminho que havia conseguido com uma das Curandeiras assistentes. Passava das três e meia da tarde. Se encontrava sozinha no quarto de hospital, e em meio a tanto tédio e solidão ela decidiu que iria montar um cronograma com as lembranças que já tinha recuperado, Para tentar descobrir alguma linha do tempo na qual as coisas entre ela e Draco aconteceram, já que elas não paravam de lhe importunar a cada segundo. Descansando  a pena por um momento, Hermione ergueu o papel até próximo dos olhos âmbar e releu o que já tinha até ali: “Cronograma Provisório das Lembranças” 01: Lembrança da discussão sobre “fazer ou não alguma coisa”. Obs: provavelmente na torre de astronomia. 02: Lembrança sobre “ver através dos olhos”. Obs: o local não pode ser identificado. 03: Lembrança sobre “eu te amo e pulseira de pérola”. Obs: o local não pôde ser identificado. 04: Lembrança sobre “discussão na torre de astronomia”. 05: Lembrança sobre “campo de lírios”. 06: Lembrança sobre “obliviate”. Só precisava achar agora a ordem correta das mesmas. Ao menos, Hermione sabia que a lembrança número seis era de fato a última. Só precisava encaixar as demais e daí em diante já teria uma noção de que rumo seguir quando saísse daquela enfermaria. Colocou o pedaço de pergaminho debaixo do travesseiro e se recostou na cama, era tudo uma loucura, pensou a Granger. Uma loucura primeiramente ter se apaixonado por ele; arrogante e i*****l do jeito que era e que sempre teve o prazer em humilhá-la, em seguida ter se rendido a isso rapidamente demais para seu próprio orgulho, insensatez ter se entregado a Draco naquele enorme campo de lírios, sob a luz da lua e das estrelas - as testemunhas do amor proibido deles. E ingenuidade absurdamente estúpida de seu eu adolescente ter esperado que ele a assumisse perante todo um mundo quando em seu sangue reinavam ideologias preconceituosas, ou ter esperado que ela a tivesse amado de verdade. Será que amou em algum pequeno momento? Ela se pegou perguntando-se. Provável que não. Ao menos não naquele tempo, deduziu ela. Talvez Hermione preferisse não saber que amara Draco Malfoy um dia no passado. Talvez desta forma continuaria sua vida mesmo com o maldito vazio insistente. Em algum momento se acostumaria com ele, tinha certeza, e evitaria toda essa bagunça que estava sendo feita. O feitiço devia ter funcionado! Quer dizer, funcionou quase que perfeitamente por quatro anos. Ela gostaria muito de saber o que tinha feito-o perder sua força. Seria a presença dele? Mas, o obliviate era um dos feitiços mais complexos de se desfazer, sabia disso porque quase não conseguiu restaurar a memória de seus pais. E nela, simplesmente tudo começou a retornar aparentemente tão fácil. Porque? Não fazia ideia. Há tempos tudo o que tinha em sua cabeça eram perguntas, lapsos e lembranças, e nada, absolutamente nada de respostas ou explicações. Exceto o porquê dos sonhos, que eram na verdade suas lembranças semiapagadas. Levou as mãos até suas têmporas e apertou levemente, Sorrindo com certa melancolia enquanto sua cabeça ameaçava começar a doer. — Até mesmo pra apagar a memória de alguém é um completo asno i****a. - murmurou ela massageando levemente suas têmporas na tentativa vã de dispersar a dor - Tudo bem, ela pensou. Ia descobrir detalhe por detalhe do que havia acontecido entre eles naquele tempo em que estiveram juntos de forma que ela jamais esperaria que tivessem estado. Iria mergulhar ao fundo disso, ou quem sabe se afogar novamente nos sentimentos, mas buscaria, entenderia todas as opções que eles dispunham, remontaria tudo como um quebra-cabeças, peça por peça, ou não se chamava Hermione Jean Granger.
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