06 - Fugindo.
Ela deitou na cama depois do banho e fitou o teto escuro do seu quarto. Fechou os olhos forte por um momento apenas para ver se conseguia fazer aquilo parar. Sua cabeça doía muito, seu peito parecia ter sido enterrado por uma tonelada de sentimentos e sensações que ela não tinha ideia de como tinham ido parar lá. Estava totalmente exausta, sobrecarregada de tudo, entretanto não tinha o mínimo de sono, porque dormiu até demais na sua nova sala, enquanto lia e sonhou com ele, sonhou com um beijo e sonhou com uma pulseira, com declarações e com coisas que ele não podia lhe dizer.. Quando se concentrava, era capaz de escutar o tilintar das finas correntes se chocando, o roçar do material frio em sua pele, da cor da pequena pedrinha pendurada ao centro - pérola -, e do peso que ela representava. Do significado que ela tinha, de tudo o que implicava tê-la ali, pendurada em seu braço.
Ela ergueu o braço analisando-o meticulosamente. Não havia pulseira ali, mas, não sabe-se o porque ela queria que tivesse. Deveria ser mais fácil para descobrir ou entender tudo o que acontecia a sua volta. Quando se deu conta do que tinha acabado de querer ela se assustou. Ela não poderia querer que aquele sonho tivesse sido real, porque querer isso era admitir que gostaria de ter tido algo com Malfoy, e isso ela tinha certeza que não queria.
Estava confusa, pesada, cheia de tudo, e sem nada, absolutamente nada que pudesse lhe explicar o que caralhos estava acontecendo e era frustrante não obter respostas, sentir sem saber de onde vinha. Ou então, aceitar que era mais do que apenas cansaço e estresse.
Sentou-se na cama, bufando com todos os sentimentos ruins que aquela noite havia trazido consigo, toda as confusões que esses sonhos enviavam ao cérebro dela. Precisava se desligar do mundo, estar em paz consigo mesma, só não fazia ideia de como iria conseguir isso..
Ligou o abajur que se encontrava no criado-mudo e abriu a primeira gaveta, pegando o livro que lia na atualidade. Sempre que precisava de refúgio recorria aos livros, eles eram calmantes fortíssimos para ela, mundos aleatórios que ela podia visitar sempre que tinha vontade.
Ficou por algumas horas tentando fazer com que seu cérebro conseguisse se concentrar na leitura, não estava sendo uma questão fácil. Sem nem se dar conta ela fugia do presente momento e deixava-se levar para aqueles pequenos flashes que vinha ganhando desde que fora trocada de Departamento, onde ela tentava montar os acontecimentos passados, buscando coesão entre eles ou alguma explicação.
Naquele momento, ela sentiu falta das aulas que não tivera sobre Astronomia, talvez os astros pudessem dar a ela alguma direção a qual seguir. Sabia que existia um livro que explicava sonhos, davam um diagnóstico do que poderia estar se passando em seu interior, dos seus “sentimentos profundos”. Ainda que fosse um momento delicado para seu interior, Hermione sorriu por seu pensamento, ela não acreditava que poderia mesmo estar cogitando aulas de Astronomia. O quão desesperada estava? Questionou-se.
Levantou-se da cama indo para a sala, iria ter que fazer alguma coisa até sentir sono uma outra vez, já que ler não estava tendo o efeito que ela julgou que teria. Ao chegar no cômodo, deparou-se com pérola brincando com sua tão amada bolinha de lã. A pequena felina estava toda enrolada nos fios amarelos e se debatia tentando se soltar.
— Pérola. - Hermione chamou, vendo a gata paralisar-se e olhar para ela, culpada e pidona - Por Deus, você não dorme? - perguntou balançando a cabeça e indo até pérola, agachando-se próximo a ela, e com calma desfazendo o emaranhado que a prendia -
Depois de se ver livre das “amarras”, pérola esfregou-se carinhosamente em sua mãe, agradecendo por ela ter lhe soltado. Então, ela, pérola, parou e mirou no fundo dos olhos castanhos de Hermione, jogando a pequena cabeça branca e felpuda para o lado, com seus olhinhos amarelos brilhando na direção da castanha.
Hermione expirou frustrada, pérola sempre sabia quando algo não estava totalmente em seu lugar.
— Coisas demais na cabeça, amor. - murmurou Hermione sorrindo sem graça, acariciando ela. Pérola miou fraquinho, como se dissesse a castanha que a entendia. E Hermione sabia, ela entendia mesmo.
A morena agarrou a gatinha e seguiu para o sofá, pegando o controle da TV e ligando, zapeando os canais enquanto fazia carinho em pérola que ronronava, agradecida por ter uma mamãe tão carinhosa quanto Hermione era.
(...)
— Talvez você devesse sair um pouco, querida. - a voz de sua mãe reverberou através dos alto falantes de seu telefone. -
— Vou visitar você e papai amanhã. - desconversou enquanto folheava os relatórios que lhe haviam sido entregues mais cedo -
— Não seria no domingo? - perguntou Jane, a voz meramente confusa -
— Haverá um jantar n'A Toca, domingo. Ginny vai anunciar que está grávida, não posso faltar… - comunicou a castanha enquanto grifava algo nos registros -
— Porque será que me sinto trocada por essa família? - insinuou sua mãe drasticamente, deixando que um suspiro escapar de si -
— Oh! - Hermione riu gostosamente - Molly vai gostar de saber que sente ciúmes dela. Ela sempre disse que admirava por você me compartilhar de tão bom grado com ela.
— Diga a ela que quando eu roubar sua caçula, ela vai me entender. - brincou a mulher sorrindo também. - Aquela bruxa…
A castanha se deixou sorrir abertamente. Desde que recuperara os pais, tentava ficar o mais próximo deles possível, como uma garantia de que não teria que enviar-los para longe novamente. Mas Molly foi uma mãe quando ela precisou de uma figura materna, ela foi quem a abraçou e lhe ninou quando os pesadelos vinham logo depois do fim da guerra, quando ela sentia falta dos pais biológicos e chorava até cair no sono. Nunca seria grata a Molly o suficiente.
— Te vejo amanhã. - disse ela mudando de assunto, soando um pouco melancólica ao dizer isso -
— Eu amo você, querida. - Jane disse, carinhosamente -
— Também te amo, mamãe. - ela repetiu, sincera -
A ligação se encerrou e ela encostou as costas na cadeira. Largando o telefone e o relatório, puxando o ar que havia em seus pulmões e expirando todo em seguida. Virou-se de frente para a Janela, espiando entre as frestas a rua lá fora, a cidade acordada e movimentada, as luzes brilhando ao horizonte. Já era noite, o dia passou rápido, ela m*l se dera conta disso. Tinha trancado-se naquela sala o dia inteiro, obrigando-se a focar no trabalho, empenhando-se a achar logo uma solução para poder ter sua rotina de volta, e ter Malfoy longe dali. Aquela proximidade dele estava de alguma forma afetando-a. Fazendo-a alucinar diante de situações que nunca tinham realmente acontecido. Como aquelas cenas de brigas e admissões sobre olhos, de beijos e pulseiras. Para ela, ter Malfoy de volta era como rever a guerra, como se ele fosse uma ponte que ela atravessava para ficar relembrando-se de como era antes de tudo acontecer. Seu subconsciente emergindo os traumas que ela - com esforço e ajuda - havia conseguido liquidar. Ou ao menos pensado liquidar.
Incrível como ele sempre tinha esse dom de ruir tudo. Desde a paciência dela, até o humor. E, dramaticamente ela pensava que ele estava ruindo sua vida também. Virou-se novamente para frente, sabendo que já não tinha mais capacidade para se concentrar nos relatórios, ou em qualquer outra coisa de trabalho. Só queria poder estar com a mente limpa e o coração leve, tudo o que não tinha a muito tempo, mas que havia se intensificado desde que aquela doninha albina tinha retornado para sua vida, ainda que fosse no âmbito profissional. O que para ela era bem pior do que tê-lo somente lhe enchendo o saco quando se esbarravam por aí.
— Talvez eu deva sair mesmo. - se viu repetindo o que sua mãe dissera a poucos minutos atrás e de repente ela sentiu que precisava de uma bebida. Aliás, de várias bebidas. Afinal, era sexta-feira e seu expediente já havia terminado à horas.
Levantou de rompante sem dar muito tempo para pensar, para que pudesse desistir, engatou a bolsa nos ombros e saiu dali, andando a passos largos para qualquer pub que servisse algo forte o suficiente para que ela sentisse-se leve. Entrou no elevador e segurou firme esperando que o mesmo saísse velozmente até o átrio. Quando o elevador estava para sair, uma sombra loira se esgueirou e conseguiu entrar nele, segurando-se rapidamente para que não fosse jogado para trás, pela força e velocidade do mesmo.
Hermione esperou com ansiedade para que logo chegasse no primeiro piso, e rogou à todos os seres místicos que eram conhecidos por regerem milagres, para que Malfoy não percebesse que ela estava ali também. Ficou quieta e imóvel, respirando o mais baixo possível, para não chamar a atenção.
A castanha sentia-se desconfortável na presença dele, principalmente por todos aqueles sonhos que martelavam em sua cabeça e a deixavam temerosa até de piscar.
Draco parecia estar alheio a presença dela também, já que o mesmo fitava apenas a frente. Ocasionalmente, ele enfiou sua varinha no bolso, mas, a mesma caiu no chão e ele teve que virar-se para pegar. Então, tudo o que Hermione rogou foi por água abaixo.
— Merlin, Granger, que susto! - ele disse e sorriu para ela, amigavelmente, depois de se recompor - Porque está tão quieta? - perguntou -
— Acredito que seja assim que pessoas civilizadas devam agir, e afinal, para que eu deveria me fazer ser notada? - questionou de forma monótona e ergueu as sobrancelhas para ele.
— Para conversar comigo. - ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer e levantou uma mão acima dando ênfase ao que dissera.
— Prefiro guardar meu vocabulário para conversas mais interessantes, sem querer te ofender. - sorriu cinicamente para ele. -
Ele sorriu ironicamente para ela.
— Não ofendeu. - respondeu divertido.
— Que pena. - ela se ouviu dizer, quase como uma provocação.
— Dia r**m, Granger? - perguntou Draco -
— Dia de cão. - ela contou -
— Um happy hour é sempre bom. - ele sugeriu -
— Sextas feiras trazem sempre algo de bom… - ela não completou a frase, apenas para que ele perguntasse motivo -
— Tipo o que? - curioso, ele quis saber -
— Tipo; não olhar pra essa sua cara até segunda.
Malfoy riu sonoramente, fazendo com que seu rosto tomasse um tom avermelhado e algumas de suas veias saltasse, Hermione, que estava fazendo de tudo para que ele não quisesse continuar com aquele bate papo, percebeu que nada que pudesse dizer iria fazê-lo parar de tagarelar, pois, ele aparentava estar de ótimo humor. Pegou seu aparelho celular e começou a checar suas mensagens, na tentativa de fugir daquele homem.
— Hey, você também tem um desses! - Ele acusou olhando com quase fascínio para o aparelho -
— E por acaso você sabe o que é isso? - quis saber com desdém -
— Eu sempre confundo o nome, mas sei que é muito útil. Se não fosse tão obtuso com essas coisas dos Muggles arriscaria comprar um.
Hermione abaixou o celular para olhar para ele em completa desconfiança. E, em um ímpeto ela aproximou-se dele e lhe tocou a testa, para medir a temperatura e verificar se ele não estava ardendo em febre, porque, para admitir que era “obtuso” e dizer; Muggle ao invés de trouxa só poderia significar que ele estava delirando. Aquela pele alva, limpa e lisa que ela tocou, pareceu queimar sua mão, ardendo e fazendo com que ela pressentisse que já tinha feito aquilo, o choque foi outra coisa que sentiu, misturando-se com todos os outros tipos de sensações que faziam dentro dela uma maré de instabilidade. Arregalou os olhos e voltou para trás, segurando a bolsa firme nos ombros enquanto tentava acalmar as batidas frenéticas do próprio coração e a irregularidade da respiração.
Draco a olhou confuso e jogou a cabeça para o lado esquerdo.
— Está passando bem? - havia preocupação nos olhos dele -
— Por favor, não fale comigo… - ela pediu, baixinho, dispensando-o com sua mão pequena e levemente trêmula -
— Mas o que eu fiz? - questionou o loiro -
Graças a Merlin o elevador parou e ela não retardou a sair, deixando um Malfoy intrigado para trás. Sua cabeça gritando; distanciar-se, distanciar-se. E foi isso que ela fez.
Atravessou as portas decidida, marchando pesadamente para fora, para qualquer lugar em pudesse apenas beber, apenas se distanciar de tudo o que vinha lhe enchendo a cabeça.
O vento frio da noite bagunçou-lhe um pouco os cabelos, deixando-a menos formal e alinhada do que costumava ser dentro do local de trabalho. Ela não se importou muito com isso, era irrelevante diante de tantas outras coisas.
Andando rapidamente ela acabou por chegar em um Pub. Adentrou o local barulhento e se dirigiu para o bar, sentando-se e esperando enquanto o bartender servia uma moça perto de si. Estar num lugar onde quase não conseguia se ouvir pensar era tudo que a Granger precisava, havia sido uma boa ideia impulsiva no fim das contas.
— E a Srta? - o bartender perguntou olhando para ela de forma sedutora. -
— Preciso de algo forte o suficiente que consiga abafar meus pensamentos. - disse ela levemente -
— Fazia tempo que alguém não chegava assim aqui. - ele disse sorrindo amigavelmente para ela -
Ela balançou a cabeça desacreditada.
— Isso é um bar, você é um garçom. - ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - Deve acontecer pelo menos umas dez vezes por noite, é a lógica. - sorriu para ele, lançando-lhe um olhar de: eu sei que estou certa.
— As lógicas podem arruinar as emoções que fazem a vida valer a pena. - falou e piscou, entregando a ela um copo de whisky com uma bebida verde brilhante, dando a ela um minuto para absorver o que ele dissera e não conseguir entender porque tinha acertando-a em cheio.
Decidiu, por força maiores, deixar para refletir depois.
— O que é isso? - perguntou mexendo no copo distraidamente.
— Algo forte o suficiente para abafar seus pensamentos. - repetiu as palavras dela.
Ela tinha gostado dele. Sorriu virando o conteúdo do copo na boca, sentindo o líquido descer queimando sua garganta e esquentando seu sangue.
***
Depois daquelas palavras totalmente enigmáticas dele, ela havia começado uma conversa com ele sobre pessoas e bar, sobre quantas histórias melancólicas e dramáticas ele deveria escutar por noite, e agora contava sua vida para ele, sentindo-se realmente feliz por ter alguém que não a conhecesse pra quem falar tudo o que tinha visto. Era estranho como ele tinha conseguido deixá-la tão a vontade para falar pelos cotovelos, como poucas pessoas conseguiam fazer, e o pior, ele não parecia estar entediado com aquilo. Porém, a bebida parecia ter surtido efeito, já que ela começou a sentir-se girando no lugar, e vendo de três a quatro Marvin’s em sua frente e tendo vontade de rir de tudo e de todos.
— Eu estou tonta, Marvin. - ela confessou, sorrindo bobamente para o homem que se encontrava do outro lado do balcão.
— Não senhora, pode terminar de contar. - exigiu ele, visivelmente interessado - A parte da câmara secreta está quase chegando… - a excitação na sua voz era palpável.
Ela sorriu abertamente, mas sentiu quando tudo o que comera desde cedo começou a subir pela garganta, deixando-lhe com um gosto r**m na boca.
— Sério, eu acho que vou vomitar. - choramingou ela, fazendo uma careta estranha, como se afundasse a cara para dentro, entortando-se no balcão.
Ele revirou os olhos antes de sair de trás do balcão e ajudá-la a ficar ereta. Fez a morena ficar de pé em seguida e guiou a mesma até o banheiro do estabelecimento. Entrou junto com ela dentro cômodo feminino, fazendo-a abaixar-se na privada para vomitar.
— Você é uma derrota para drinques. - ele murmurou maleficamente, enquanto segurava os cachos dela para que os mesmos não se sujassem.
— Marvin. - ela choramingou e tossiu, recomeçando a colocar tudo para fora.
Depois que ela terminou, ele a pôs sentada em cima da tampa do sanitário, pegou um lenço de dentro do bolso calça e molhou, passando úmido em seu rosto, para limpar-lhe.
— Me desculpe, me desculpe. - ela começou a murmurar, culpada.
— Cala essa boca, mulher. - ele disse e depois sorriu - Você é só uma menina de vinte e três. Pode encher a cara o quanto quiser.
— Mas para o mundo eu já sou a mulher de trinta e cinco… - fez drama lembrando que Malfoy tinha dado-lhe aquela idade, a voz arrastada e levemente embargada denunciando o forte teor de álcool em seu sangue - Sou a mulher que forte que os salvou. Não a menina de vinte e três anos como você diz.
— Dane-se o mundo, você os salvou apenas uma vez, não significa que tem que fazer isso sempre. - sentenciou, prendendo os cabelos dela em um coque. - Para de viver os estereótipos da sociedade, Hermione.
Novamente, ela percebeu que tinha gostado dele.
— Eu gostei de você. Me beija? - ela pediu, aproximando-se dele.
Ele a afastou da distância do seu braço forte, e olhou para ela, sério.
— Ecaaaaa! - ele exclamou, fazendo uma cara de nojo. - Você é uma mulher. - constatou.
— Acho que sou.. Tenho s***s e.. Idai? - retrucou o empurrando.
— Eu sou gay. - deu de ombros.
— Você é.. ? - ela piscou rapidamente, assimilando o que acabara de ouvir.
Ela caiu então numa risada escancarada, os ombros tremendo compulsivamente, juntamente de Marvin.
— Deus, e eu pensando que você estava me paquerando. - ela disse entre risos, desacreditada que não tinha notado isso antes.
— Realmente, querida, você tem problemas. - ele escorregou para o chão do banheiro - limpo -, ela fez o mesmo em seguida.
— Eu sei. - murmurou melancólica, encostando a cabeça no ombro dele, rendida - Muitos.
— Posso ouvir todos. - ele se ofereceu.
— Não quero entediar ainda mais você, mas obrigada por se oferecer.. - agradeceu sinceramente.
— Amigos são pra essas coisas! - deu um meio sorriso - Mesmo não tendo ideia se algum dia vou voltar a te ver, te considero um amiga. - Marvin piscou em cumplicidade.
— Posso te dizer o mesmo. - sorriu para ele.
Amizades podem começar na bancada de um bar e se concretizar com ambos encostados na parede de um banheiro. Basta uma pessoa com muitas coisas na cabeça e vontade de falar, uns drinques verdes e uma pessoa com vontade de ouvir.