04°

1101 Words
Observo de longe o VK entrando no bar que estamos, os meus irmãos estão jogando sinuca, eu estou sentada com as meninas e com os rapazes que estão esperando a vez deles jogar, todos os nossos amigos foram embora e viemos para o bar da dona Rosa, aí quem tem narguilé foi buscar, porquê aqui somos tudo, menos geração saúde. O Leonardo que está sentado do meu lado, assim que vou o VK se aproximando já levantou, e com ele o Coringa que estava sentado na minha frente, os meus irmãos reparando na movimentação já caçaram o perigo com os olhos, e quando viram o VK já ficaram posturados e olharam para o indivíduo sério. VK: eai galera, eai vida- fala tentando se aproximar de mim, mas o Magrim é mais rápido e entra na minha frente empurrando ele para longe. Magrim: sai de perto dela maluco- fala sério. Perigo: te liga filho da p**a, tá fazendo o que aqui ainda? Tem medo de morrer não caraí? Meu pai não te matou, mas eu mato- fala largando o taco em cima da mesa de sinuca e já saca a arma apontando para a cara do VK. Metralha: some daqui antes que eu mate você com as minhas mãos filho da p**a, e esquece que a minha irmã existe vagabundo- fala vindo na direção dele enquanto saca a arma e já enfia o cano na cara do VK. VK: ae, calmo irmão, a gente era amigo p***a- fala erguendo as mãos. Metralha: irmão o c*****o, que amigo o que vagabundo? Tu traiu a minha irmã c*****o, traiu o meu sangue- fala destravando a arma- vaza antes que eu perca a razão filho da p**a- fala e o VK apenas sai andando. Perigo: tu tá bem?- pergunta me olhando sério enquanto guarda a arma. Eu: por que não estaria? VK é passado, única coisa que eu sinto por ele é pena- falo e ele da uma risadinha negando com a cabeça. Perigo: tá certa- fala voltando para a mesa. Coringa: por que pena?- pergunta e eu dou de ombros. Eu: p***a, olha para ele, só dá para ter dó de uma pessoa assim- falo dando de ombros. [...] Subo o complexo na minha, bem quietinha na minha, enquanto isso o povo falando mais que a própria boca, e eu só escutando tudo calada, já que o assunto voltou a ser o baile da Mangueira e esse tal de Polegar, eu hein, quero nem saber quem é esse maluco. Perigo: qual foi menorzinha?- pergunta passando o braço pelos meus ombros. Eu: nada, tô só escutando vocês falando desse tal Polegar- falo e ele da um beijo na cabeça. Perigo: relaxa, o cara é chatão, mas é dahora- fala e eu dou risada. Eu: ele é chatão, mas é dahora?- pergunto e ele confirma com a cabeça. Perigo: ó te liga hein, for dar não vai para beco não, vai para motel, casarão, sei lá, mas beco já é fundo do poço- fala e eu dou risada. Eu: para quem não queria nem que eu saísse de casa- falo e ele da risada. Perigo: falo isso para te encher o saco, só não quero tu com qualquer um, mas tem que viver mesmo carai, tu tem dezoito anos, tem que viver mesmo p***a- fala e eu só dou risada negando com a cabeça. Eu: um dia eu ainda vou te quebrar na porrada- falo e ele faz cara de paisagem. Perigo: claro, tu só sabe brigar em casa mesmo, na rua é mó pamonha- fala e eu dou uma cotovelada nele. Eu: só não saio brigando com qualquer vagabunda por ai- falo e ele revira os olhos. Metralha: toma- fala me entregando o copo dele quase cheio- quero mais não- fala e eu pego o copo. [...] Se tem uma coisa que eu odeio nessa vida, é a insônia, passei a noite em claro e agora estou morrendo, sem contar que eu estou parecendo uma defunta, eu hein, cruz credo, já posso ser contratada para assustar criança. Perigo: cruz credo, tá parecendo um zumbi- fala quando eu entro na cozinha. Eu: vai se f***r vai- falo esfregando o rosto meio sonolenta ainda. Perigo: carinhosa como sempre hein Bianca- fala me dando um tapa na cabeça- insônia de novo?- pergunta e eu confirmo com a cabeça. Eu: como sempre né?!- falo esfregando o rosto. Perigo: senta aí, vou fazer um chocolate para você- fala e eu sento em uma banqueta, e afundo o meu rosto no balcão. Fico cochilando no balcão da cozinha enquanto o meu irmão faz um chocolate para mim, quando está pronto eu tomo o mesmo e vou para a sala, despencando no sofá, escondo o rosto na almofada e escuto só o Metralha descendo as escadas. Ele me dá um beijo na cabeça e vai para a cozinha, escuto ele conversando bem de longe com o Perigo, quando estou quase dormindo, escuto os meninos se arrumando para sair de casa, o Metralha é o primeiro a sair, eu sei porquê já conheço o barulho da moto. Perigo: tô indo para a principal, dorme aí, depois a gente se vê no pagode- fala e eu só ergo a mão em um jóia. Eu: trás uma marmita para mim- falo com a cara afundada na almofada. Perigo: eu não, não sou seu empregado, te liga hein- fala e só escuto o barulho da porta, filho da p**a. [...] Acordo perdidinha, olho a minha volta vendo que tô no meu quarto, como caralhos eu vim parar aqui? Eu hein. Me levanto e já vou para o banheiro, tomo banho, escovo os dentes e saio com a toalha em volta do corpo, sigo para o meu guarda-roupa e já faço todo o meu ritual pós banho, visto um conjunto de lingerie preto de renda, uma calça jeans meio larguinha no corpo, um cropped preto e um tênis branco, Air force da Nike. Passo perfume, desodorante, passo uma maquiagem leve na cara, coloco os meus brincos, corrente no pescoço e um relógio no pulso, solto o cabelo e estou muito mais que pronta. Arrumo o meu quarto, devolvo a minha toalha para o banheiro e pego o meu celular já descendo para a cozinha, são três horas da tarde agora, o pagode começou as duas e meia, estou em tempo ainda. Entro na cozinha e já vejo uma sacola de quentinha em cima do balcão, em cima um bilhete e só pela letra já sei que é do Perigo. "Trouxe para tu, tá me devendo vinte conto hein. - G." Meu irmão sendo o meu irmão, enfim.
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