03°

1123 Words
Uma semana depois: Lar doce lar, estou em my house, graças a Deus, ninguém merece ficar horas num carro com Metralha, Perigo e dona Isabela, eu hein, o povo faltou só tirar o meu juízo, mentira, eu que estava tirando o juízo deles, mas isso é história para outro dia. Chegamos quase agora, faz tipo meia hora que meu irmão estacionou o carro na garagem, mas eu já me encontro largada na minha cama e com as minhas coisas arrumadas, cansada sim, desorganizada nunca. Perigo: oh monstro do lago Ness, tô indo na tabacaria com os rapazes, me espera acordada não- fala botando a cabeça para dentro do meu quarto. Eu: posso ir?- pergunto me animando e ele n**a com a cabeça. Perigo: não, tchau- fala e sai andando. Demora nem cinco minutos para o meu celular apitar, olho vendo a mensagem do Gustavo pela barra de notificações, "te dou vinte minutos para ficar pronta, se passar disso te deixo em casa". Me levanto animado e já vou me arrumar, já estou de banho tomado, negócio é só trocar de roupa e arrumar o meu cabelo, coisa que eu faço rapidinho, visto só um body preto com detalhes de renda, um short jeans de lavagem clara e um chinelo da Nike preto. Passo perfume, desodorante e arrumo o meu cabelo o deixando solto mesmo, não passo maquiagem e nem nada, é nosso grupo de sempre que vai, todo mundo já tá acostumado com a cara de todo mundo e eu não vou gastar maquiagem atoa, ainda mais para sair com esse bando de gente e aqui no morro mesmo, eu hein. Pego o meu celular e a minha carteira e desço vendo o Gustavo e o Felipe assistindo o jornal, e assim que me viram já levantaram, ambos estão praticamente iguais, camiseta, bermuda, boné na cabeça e chinelo, relógio e corrente, o de sempre praticamente. Perigo: tinha short maior que esse aí não?- pergunta me olhando dos pés à cabeça. Eu: tem não, esse aqui tava mais barato pela falta de pano- falo abraçando o braço do meu outro irmão. Metralha: pode deixar que eu te faço o pix para comprar um maior da próxima vez- fala emburrado também, aí ai, eu mereço viu?! Eu: que eu saiba meu pai é outro viu?! E o meu pai nem aqui tá- falo e os dois me ignoram [...] Estamos todos reunidos em uma tabacaria aqui do complexo mesmo, estamos primos, amigos e mais algumas pessoas reunidas, baldes de combo, não sei quantos narguiles montados na nossa mesa, algumas porções e mais algumas coisinhas, enfim, a bagunça está formada aqui, como sempre, tem gente dançado, gente bebendo, gente fumando, gente conversando e o c*****o de asas. Dani: vocês ficaram sabendo que sábado vai ter baile lá na Mangueira?- pergunta focada no celular e eu apenas tomo a mangueira do narguile da mão dela. Coringa: na moral? Eles não fazem baile lá desde que o Polegar foi preso- fala e a Dani deixa o celular de lado. Dani: por isso mesmo, Polegar vai sair essa semana se eu não me engano, ai vão fazer o baile para comemorar a liberdade dele- fala e a Ana Julia já se abana, essa ai não vale nada, por isso que faz parte do nosso grupinho kkkkkk. Juh: ai ai, saudade do Polegar viu?!- fala se abanando e todo mundo da risada do jeito que ela falou, até eu que não sei nem quem caralhos é Polegar. Amanda: saudades de ficar babando nele só né?! Porquê aquele ali não rende para ninguém- fala e a Juh faz careta. Isa: e outra, ele deve ter engordado para c*****o lá dentro, a minha mãe vive falando que o padrinho engordou lá dentro, olha que ele passou só dois anos encarcerado, imagina o Polegar que passou cinco anos lá dentro- fala e a Juh da de ombros. Eu: quem é Polegar?- pergunto curiosa, afinal, sei nem quem é. Metralha: chefe da Mangueira, tu não conhece não, ele foi preso tem uns cinco anos já- fala e eu dou de ombros. Perigo: mas é um cara maneiro pô, exemplo de postura- fala e os moleques concordam com ele. O assunto começa a rodar em volta desse Polegar, o homem deve tá com a orelha queimando uma hora dessas, de tanto que esse povo ta falando desse homem, e eu aqui calada, não conheço o homem, afinal, se ele foi preso a cinco anos, eu tinha treze anos, e só fui começar a participar das festas e reuniões do comando com quinze anos, porquê mesmo eu sendo umas herdeiras do comando, eu era muito nova para participar desse tipo de evento. Mas pelo o que eu tô escutando desse povo aqui, esse homem é um demônio com postura de bandido m*l, mas com esse vulgo ai eu não levo a sério não, "Polegar", já já me aparece o mindinho, o indicador e todos os outros dedos que uma mão tem, tô te falando viu?! Não que Cobra seja um bom vulgo, prefiro mil vezes Dama, como algumas pessoas do comando me chamam, apenas porquê eu sou "madame" demais para ser "do corre", como eles falam, traduzindo, o povo me acha patricinha só porquê eu não sou planetaria, eu hein, agora eu vi mesmo viu?! Metralha: a van já tá certa para levar a gente para a Mangueira sábado- fala jogando o celular dele no meu colo. Perigo: a Bianca não vai- fala e eu reviro os olhos. Eu: e tu tem que deixar eu sair de casa desde quando? Te liga c*****o, meu pai é outro- falo já me irritando com ele. Metralha: tu vai mesmo deixar a Bianca aqui sozinha? Eu prefiro ficar com ela sobre o meu olhar- fala olhando para o Gustavo. Eu: ah vão se f***r viu?!- falo me estressando, eu hein, até parece que eu ainda tenho dez anos. Magrim: minha casca de bala tem que ir junto, sem ela o role fica paia- fala e as meninas concordam com ele. Perigo/Metralha: cala a boca Breno- fala e ele ergue as mãos em redenção. Eu: cala não Leonardo, ninguém aqui tem moral para e mandar calar a boca- falo cruzando as pernas. Perigo: tu quer ir para casa Bianca?- pergunta me olhando serinho. Eu: tu pode tentar me mandar amor, mas já sabe que não manda em mim, sou maior de idade, pago as minhas contas e como eu já disse, meu pai é outro, não é tu não- falo e dou um gole do meu copo belíssima, o que só faz ele fechar mais a cara- e nem me olha com essa cara não, nunca tive medo de cara feia e não vai ser hoje que eu vou ter.
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