Beatriz teve mais sucesso do que esperava com a sua Pastelaria.
Após dar a luz a sua menina a quem chamou Dádiva, ela decidiu expandir o negócio e abriu uma fábrica de doces diversos.
Passou a fornecer para outras cidades, e tornou-se uma empresária muito bem sucedida.
Dádiva cresceu num ambiente feliz e de muito amor. Tinha contato com os seus primos e sua Avó Paterna, mas falava - se pouco sobre o seu pai, e ela também não fazia perguntas.
Aos seis anos de idade, a menina demonstrava ter herdado muitas coisas da sua mãe. Linda, inteligente, dedicada ao que fazia, simpática e muito talentosa na arte da Culinária.
Adorava conversar com Paula que agora estava noiva de Octávio Soares, o agente que deu a ela a notícia sobre o acidente, e que agora era o Comandante da Delegacia. Algo que conseguiu alcançar com muito trabalho.
Ele e Paula pretendiam adotar um menino, pois já considerava Beatriz sua filha.
Bia estava na cozinha da fábrica com a sua assistente quando a filha entrou e estava vestida para ajudar.
- Bom dia Mamã.
- Bom dia meu amor. Pronta para o trabalho?
- Sim. O que vamos fazer hoje?
- Um bolo de aniversário para uma menina que agora tem 10 anos de idade.
- Que legal. A gente vai á festa?
- Não amor. Será apenas uma reunião para os amigos mais próximos.
E sabes bem que só podemos ir se formos convidadas.
- Sim Mamã. E a Vovó Paula?
- Ela e o Vovô Octávio foram as compras para o casamento que está a chegar.
- A Vovó Paula disse que serei daminha e vou usar um vestido lindo.
- É verdade meu amor. Vais ficar que nem uma princesa. Agora lave as mãos e vamos começar.
Paula entrou uma hora depois e sentiu o cheiro delicioso dos bolos que enchia toda a cozinha.
- Olá meninas.
- Vovó!...- Dádiva a foi abraçar. A Senhora não comprou nada?
- Comprei muitas coisas querida.
O Vovô Octávio está a levar para cima com a Laura. Eu estou com fome e vim até aqui.
- Então sente Mamãe. Eu acabei de fazer umas sandes e também tem suco de laranja com cenoura.
- Que delícia. Vou lavar as mãos. Dádiva! Podes por favor dizer ao Vovô para vir aqui após terminar?
- Sim Vovô.
- Obrigada querida.
Assim que a neta saiu, Paula pediu para Beatriz sentar.
- O que foi Mamãe?
- Eu vou ser bem directa filha. Estou preocupada com você. Eu e o Octávio ficaremos um tempo fora, e não quero que vocês fiquem sozinhas.
- Ora Mãe. A Fina sempre estará por perto. E além disso, vocês vão voltar.
- Sim! E tens a certeza que podemos mesmo morar todos juntos?
- Que pergunta tola Mamãe? Somos uma família. E adoro o Octávio a Senhora sabe. Ele é o meu pai agora.
- Obrigada querida. Isto me deixa muito feliz. E quanto ao teu coração? Não pretendes amar de novo?
- Não sei Mamãe. Eu achei que poderia seguir com a minha vida, mas não aconteceu.
- Meu amor! Você passou por uma situação muito difícil. Mas o tempo passou. Estás mais forte e madura. Não achas que estás na hora de recomeçar?
- Vou pensar nisso Mamãe. Ver a Senhora e o Papai tão felizes, me dá a inspiração que preciso.
- Isso é óptimo. A Dádiva precisa de um pai. Assim como dei o Octávio para você, sei que para elas também darás um pai maravilhoso.
- Assim espero Mamãe. Assim espero.
- Aqui estamos amor..- Octávio entrou com a neta.
Olá querida.
- Oi Papai. Sentem! Vou servir para vocês.
- Obrigado filha. Preciso mesmo de comer. Estou cansado. A tua mãe exagerou nas compras de hoje.
- Octávio!
- Desculpe amor. Mas é verdade.
Vamos comer e depois arrumaremos tudo está bem?
- Senta filha. Você já ajudou muito.
A família estava feliz. Teriam um novo m****o e as condições para o receber estavam criadas.
O casamento de Paula e Octávio seria um grande acontecimento.
Foram convidadas mais de 200 pessoas, e todo o buffet seria fornecido por Beatriz. Afinal, ela era especialista na área.
*******Passagem de tempo
Paula e Octávio estavam de viagem de lua de mel. Beatriz e a filha passavam juntas o tempo que ambas tinham livre.
Laura que é a Babá de Dádiva, também morava com elas e estava a terminar a sua formação em Gastronomia.
E foi numa noite em que levantou para cobrir a menina, que ela percebeu que Dádiva estava a queimar de febre.
Ela correu logo para chamar Beatriz e Fina.
- Senhora Bia! Acorde por favor.
Bia saiu do quarto correndo.
- O que foi Laura?
- A Dádiva está com muita febre.
Já medi e são 37 graus.
- Nossa Senhora. Diga ao Afonso para preparar o carro agora e chame a Fina rápido.
- Sim Senhora.
Beatriz deixou a filha com Fina e trocou rapidamente de roupa. A menina estava muito fraca e não conseguia ficar em pé.
Elas entraram logo no carro e correram para Clínica mais próxima.
Assim que chegaram foram logo atendidas. Por sorte havia um Pediatra de plantão que atendeu sem hesitar.
Duas horas depois ele foi ter com Beatriz.
- Senhora Noriega?
- Sim. Como está a minha filha?
- Ela está bem agora. o banho ajudou a baixar a febre. Já foi medicada e agora está a descansar e a receber soro.
- Ela ficará bem mesmo não é Doutor...
- Flávio Soriano. E sim! Ela vai recuperar.
Ela teve a febre por causa de um vírus que anda por aí. Já passaram por aqui várias crianças com os mesmos sintomas.
- Muito Obrigada Doutor Soriano.
Eu a posso ver?
- Claro que sim. A Senhora pode passar a noite aqui com ela. Amanhã faremos mais alguns exames e ela terá alta, mas terá que ficar esta semana de repouso.
Venha comigo por favor.
- Está bem. Fina por favor vá para casa e traga algumas coisas está bem.
Já sabes o que preparar.
- Sim Senhora. Logo estarei de volta.
- Obrigada. Podemos ir Doutor?
- Claro. Por aqui.
Beatriz entrou no quarto e viu a sua menina dormindo normalmente.
- Meu anjo. A Mamãe teve um grande susto hoje. Vai ficar tudo bem filha. Eu não vou sair daqui.
- A Senhora precisa de mais alguma coisa?
- Aceitarei um chá por favor.
Estou com frio.
- Sim claro. Cuidarei disso.
- Obrigada Doutor.
- Por nada. Com licença.
Flávio voltou com o chá e também duas sandes.
- Também precisas de comer alguma coisa. A Dádiva tem que te ver bem quando abrir os olhos. Ela só vai acordar amanhã.
- Tudo bem. Obrigada.
E posso pedir um favor?
- Claro. Estou ouvindo.
- Me chame só de Beatriz. Não sou a Senhora Noriega há seis anos. Sou viúva.
- Tudo bem. Eu sinto muito.
- Não há problema.
- Eu a deixarei descansando. Quando a Senhora Fina chegar, ela virá até aqui.Mas só por dois minutos.
- Não se preocupe. Assim será feito.
- Certo. Boa noite Beatriz.
- Boa noite Doutor Flávio.
Fina entrou 25 minutos depois. Deixou as coisas e após dar um beijo na menina foi para casa.
Na manhã seguinte, Bia levantou cedo.
Tomou banho, trocou de roupa e foi sentar ao pé da cama.
Dádiva abriu os olhos devagar. O Soro tinha terminado, e seria colocado outro balão. Estava cansada por causa do sedativo.
- Mamãe!
- Bom dia meu amor. Senta devagar está bem? Como te sentes?
- Estou cansada. Onde a gente está?
- Na Clínica. Você passou m*l ontem á noite.
- Estou com sede.
Bia deu água e a enfermeira entrou para colocar outro soro. Seria o segundo e último.
- Bom dia Senhora. Bom dia Dádiva.
Como te sentes querida?
- Bom dia. Um pouco cansada.
O que é isso?
- Eu vou trocar o seu soro. Quando terminar vais para casa. Posso começar?
- Sim. Obrigada.
- Linda menina. Estás com fome?
- Sim. Muita fome.
- Filha! Eu vou cuidar do nosso café da manhã está bem?
Obedeça á Senhorita.
- Sim Mamã. Não demores.
Beatriz saiu e voltou 10 minutos depois com a comida. Fina também lá estava e aguardava pelo horário de visitas.
Ela e a filha comiam quando Flávio entrou no quarto.
- Bom dia. Como está a minha linda paciente?
- Estou melhor Doutor. Já posso ir para casa?
- Só quando o soro terminar querida.
E tens que fazer tudo o que vou te dizer.
Combinado?
- Combinado.
- Linda menina. Quero que venhas á consulta daqui a uma semana.
E nada de correr pela casa. E claro, tome muito cuidado com o que vais comer.
Vou providenciar uma lista do que poderás ou não comer. E verás que fará a diferença. Posso falar com a senhora lá fora por favor?
- Claro. Vamos lá.
Beatriz ouviu atentamente as recomendações de Flávio.
- Muito obrigada.
Tudo será feito e estaremos aqui na semana que vem.
- Perfeito. Se algo acontecer por favor não hesite em me chamar.
Os meus pequenos pacientes são prioridade para mim.
- Está bem.
- Vou agora assinar os papéis da alta.
Em uma hora ela poderá ir para casa. Até mais.
Beatriz sorriu e sentiu um alívio.
Flávio demonstrou muito carinho e atenção com a sua filha.
Faria dele o Pediatra oficial de Dádiva. A menina também tinha gostado dele e não reclamou uma única vez.
Uma hora depois estavam no carro á caminho de casa. Dádiva tinha adormecido e Laura estava com ela no Banco de trás.
- Obrigada Laura. Se não fosse por você, ela ainda estaria no hospital.
- Nada por isso Senhora. A Dádiva é muito especial para mim.
Fico feliz por ela estar melhor.
- Eu também. O médico passou uma nova dieta para ela e seguiremos á risca.
A saúde dela é uma prioridade.
Vou parar agora na farmácia e pedir que façam a entrega dos medicamentos.
Preciso ir á Pastelaria ver como estão as coisas.
- Pode ir á vontade Senhora. Nós vamos cuidar dela.
Beatriz as deixou em casa e foi trabalhar. Passou na Pastelaria e fez a lista dos itens que faltavam para os clientes. Depois teve que ir á fábrica para ver como estava a confecção dos bolos, e falou com os fornecedores.
- Teresa temos alguma reunião urgente esta semana?
- Não Senhora. As encomendas estão todas em dia e os nossos clientes de outras Pastelarias também estão satisfeitos.
- Óptimo. A Dádiva passou m*l ontem e eu preciso estar com ela mais tempo esta semana. Mas, se algo urgente acontecer me ligue imediatamente.
E por favor, faça com que enviem está encomenda para a Clínica dos Anjos em meu nome para todos os funcionários.
A caixa maior é para o Doutor Flávio Soriano.
- Sim Senhora. Quando devem entregar?
- Hoje mesmo e com a máxima urgência.
- Estou indo cuidar de tudo. Com licença.
- Obrigada. Vou para casa agora.
Cuide de tudo aqui está bem?
- Tudo bem. Melhoras para a Dádiva.
- Obrigada. Até amanhã.
Beatriz foi para casa muito feliz.
Sua filha estava bem melhor. Ela enviou para todo o pessoal da Clínica os seus melhores doces e salgados.
Cada um teria direito á uma cesta recheada e ainda com algumas surpresas.
Ela conseguiu uma lista com o nome dos funcionários, e as cestas foram devidamente identificadas.
Agora, só restava esperar pelo resultado, que na verdade era a ligação de Flávio.
Ela estava ansiosa para a receber.
O que isto podia significar?