Pauma

2063 Words
Pauma narrando Hoje é um dia muito triste minha melhor amiga está indo pra outro estado, logo ela estará de volta, sua tia está doente e ela vai junto com a vozinha para cuidar dela, espero que não seja nada muito grave e que se recupere logo para elas voltarem o mais rápido possível. Caso elas não voltem logo, nas minhas férias vou passar uns dias lá. Cheguei em sua casa e já foi o maior chororó, eu e nosso amigo MC. Sou muito emotiva e com a despedida de nossa amiga, falo soluçando de tanto chorar, Ela que mais nos controla nas festas, sabe que se deixar no outro dia estamos arrependidos das merdas que fizemos, só que também ela sabe curtir uma boa festa. Mary: estou indo, mas isso não é um adeus e sim até logo, não fiquem tristes, logo minha tia se recupera e volto pra casa. Fiquem bem. - Mary fala comigo e MC, estamos abraçados, os três como fazemos sempre dançando nas festas. Mary acha que é fácil uma despedida, mesmo que por pouco tempo, sempre dói a despedida. Logo nos veremos de novo. Na volta pra casa conversei muito com MC, principalmente na possibilidade de um passeio no Rio nas nossas férias, já vamos programar nossas férias para tirarmos juntos. Pauma: MC se nas férias elas ainda não estiverem aqui, vamos passar uns dias lá com elas? Vamos pedir nossas férias juntos, assim não corremos o risco de cada um pegar num mês diferente. O que acha dessa proposta? - Já vou começar a procurar passagens e mesmo que elas já tenham vindo, vamos conhecer onde a tia Márcia mora. MC: Já estava pensando em me mudar pra lá caso elas não voltem, e você vai junto, não podemos ficar separados, somos uma família e pronto. - MC está ficando louco, como vou largar tudo aqui e viver do quê lá? Tudo bem que minha família são elas mesmo. Pauma: vamos sim, só não sei se morar lá é uma boa ideia, pois é muito movimentado, mas as baladas devem ser excelentes e muitos caras diferentes para ficar? - Meu Deus, será que estou pensando no que estou falando, a Mary foi para cuidar da tia e eu estou pensando em balada e homens sarados e gostosos. MC: se for preciso vamos sim, não vou ficar longe delas e nem vou te deixar aqui sozinha. Por enquanto, vamos pensar somente em passar nossas férias lá se elas não tiverem voltado ainda. MC já tem tudo planejado, ele não acredita que Mary e a vozinha voltarão a morar aqui, e quando ele cisma com uma coisa quase sempre é verdade. Espero que dessa vez ele esteja errado. Vamos esperar para saber. Se for preciso vamos pra lá também e ficamos junto com toda família tem que ficar. . . Tia Márcia narrando Hoje já é sexta-feira, dia que minha mãezinha e minha linda sobrinha/filha chegam aqui no Rio, estou tão ansiosa para elas chegarem, já faz algum tempo que não as vejo. Sinto muita a falta delas, estou afastada do serviço para fazer meu tratamento, comecei a passar m*l no trabalho e aí descobrir que tenho uma anemia profunda e preciso fazer até algumas transfusões sanguíneas e tomar muita medicação na veia, tenho que ter muito cuidado, pois tenho que me recuperar bem, não pode ficar sequelas dessa doença. Já avisei ao JJ, o dono do morro que moro, da chegada da minha família e que vão ficar por aqui um tempo, já passei a ficha delas, o JJ não aceita estranhos no morro, tudo passa por ele, ele já sofreu muita emboscada e traição de x9, não confia em quase ninguém. Ele cuida muito da comunidade e dos moradores, já sabe da minha doença e perguntou se preciso de ajuda, avisei que preciso só da minha mãezinha e filha que estão chegando, já está tudo certo para chegada das minhas lindas. Já estou esperando elas no aeroporto. Estou bem no portão de desembarque, já estou vendo as duas, minha sobrinha não está com a cara muito boa, mamãe deve ter aprontando alguma coisa, é sempre assim, mamãe só acredita no que passa na televisão. Márcia: mãezinha, que saudade da senhora - abraços, choros e sorrisos - não aguentava mais essa espera, a senhora está bem? Maria Nazaré: oh minha filha linda, estava morrendo de saudades de você, estou feliz por poder te ver bem e triste por ser essa a situação. - Mamãe fala enquanto me abraça e me observando dos pés a cabeça - Você está bem mesmo, deixa te olhar bem, vc está magrinha, não está comendo? Meu Deus, você precisa se alimentar melhor. - Minha mãe sempre fala que estou magra, que preciso comer melhor, acho que agora vou engordar, toda vez que vou pra casa dela, volto mais gorda, coisa de mãe. Márcia: Estou bem mãe, agora deixa eu abraçar minha princesinha. - Falo me soltando do abraço da mamãe e vou abraçar minha princesinha linda. Soltei mamãe e fui até minha menina, ela fica sem graça da forma que falo, porém não fala nada sobre esse assunto, já sabe que não tem jeito. Mary: tia estava com tanta saudade da senhora, tenho tanto para te contar, meus amigos mandaram beijos pra senhora. - Fala no meio do abraço. Márcia: ah princesa linda da tia, vamos conversar muito nesse tempo que vai ficar aqui, você vai conhecer novas pessoas e novos lugares, vamos nos divertir muito, não pensa que vai ficar pouco tempo não, vão ficar bastante para nos curtimos muito. - Falo com Mary e já vamos saindo do aeroporto, pois já vou chamar o carro que vai nos levar pra casa. Chamei um carro de aplicativo e como sempre não nos deixa em casa, eles não sobem o morro, esse só deixou na entrada porque viu que tinha as malas e minha mãe que é uma senhora já de idade. O mais importante é que elas chegaram bem aqui, minha preocupação era se elas iam conseguir chegar bem. Na entrada minha mãe já ficou assustada com os "meninos", pois estavam todos armados e sem muito papo. Liberaram nossa entrada e alguns já ficaram de olho na Mary, como já sei como funciona já logo avisei que não queria graça com minha "filha". . . Maria Nazaré narrando Então hoje é o dia de nossa viagem, estou com medo dessa cidade, tudo que vejo na televisão é falar que só tem gente r**m nesses lugares, não sei como minha filha foi morar neste lugar e como só agora que ficamos sabendo realmente seu endereço, acho que ela já me conhecendo ficou com medo de dizer onde morava e só falou agora porque temos que ir. Minha filha não construiu família, vive somente para trabalhar e nos ajudar. Ela tem a sobrinha como filha, desde que os pais dela morreram, ficamos só nós três, e ela foi em busca de uma vida melhor e pelo que ela fala e o dinheiro que nos envia, ela vive bem. Estamos nos despedindo dos amigos da minha neta e meus netos de coração MC e Pauma como são chamados. Deixa eu apressar Mary se não vamos perder o nosso voo. Vó Má: vamos logo Mary, vamos perder o nosso voo e depois não tem outro. - Chego na sala já falando que vamos perder o voo, esses meninos sempre estão atrasados e acham que isso é bonito, sou da época que ter responsabilidade era uma qualidade. Logo me despeço dos meus netos de coração, Pauma chorava tanto que só conseguiu me abraçar, já MC conseguiu falar alguma coisa. Meu neto Fala em meio ao nosso forte abraço, que tenho que nao me preocupar muito com as coisas e que tenho que fazer de tudo para entender o que acontece lá sem pensar no que vejo na televisão e que nem tudo que parece é, muitas pessoas estão lá por falta de oportunidades, sei que ele me tem como sua avó, e que ele realmente me quer bem. Espero conseguir colocar de lado esse preconceito que tenho, não é contra as pessoas que moram em favela, mas sim por bandidos e principalmente tenho medo de tudo que vejo na televisão. Termino de falar já saindo do abraço, se não ele fica abraçado comigo até perder nosso voo. Já vou chamando a Mary, essa é outra que acha que vão ficar nos esperando. Vó Má: vamos logo Mary, vamos perder o nosso voo e depois não tem outro. - Mary abraça mais uma vez seus amigos e o carro já está nos esperando, ainda bem que já tínhamos conversado de despedir em casa, se não o choro ia ser vergonhoso no aeroporto, penso sorrindo. Ela só termina de abraçar os amigos e vamos para o aeroporto, assim que chegamos nem ficamos na fila pois já estavam chamando para o nosso vôo, estava morrendo de medo, era a primeira vez que andaria de avião e até que foi tranquilo, pensei que o avião poderia cair, achei até que estava andando de carro, o vôo foi bem tranquilo. Mary fala que qualquer coisa é pra chamá-la. Ela fala me olhando bem nos olhos e me abraça desejando um voo tranquilo e que Deus nos leve em paz. Ela me olha com uma cara feia, já sei que está pensando que só falo besteira, falo só pra vê as caras feias que faz pra mim. Minha neta como sempre é muito preocupada comigo, ela me tem como mãe, pois fui eu que a criei, mesmo quando seus pais eram vivos. Gente, levei mó susto quando não vi nossas bolsas quando saímos do avião e falei pra Mary que realmente o que passa na televisão é verdade, pois já levaram nossas bolsas e que não temos mais nada, ela fala que pegamos depois. Maria Nazaré: vamos Mary, onde estão nossas bolsas? Já roubaram? Não temos mais nada? Na televisão sempre fala dos roubos, mas não pensei que fosse assim. - aí penso, como vou mudar, se até nossas malas sumiram, Mary me olha assustada com o que falo. Mary: vó pelo amor de Deus, para com isso, vamos descer do avião e pegar nossas bolsas em outro local, elas não foram roubadas, fica calma, as bolsas vem em outro compartimento e já levam para podermos pegar já dentro do aeroporto e assim não ficar carregando-as. - minha neta é muito esperta. Assim que passou as birras com Mary, logo que pegamos nossas bolsas saímos e já vimos minha filha nós esperando. Quando chegamos perto de minha filha foi só abraços, choros e sorrisos, minha filha está tão magra. já estou chorando, só de pensar na doença de minha filha, viemos porque ela falou que estava em casa e que estava doente, só que nao sabia ainda o que era, e como eu não trabalho e minha neta também não, viemos pra ficar com ela por um tempo, vou ter que fazer muita comida para ela engordar um pouquinho, penso enquanto a olho. Nós nos abraçamos e fomos para fora do aeroporto. Ela chamou o carro e fomos pra lugar que ela mora, durante a viagem fomos em silêncio, a Mary estava observando tudo e claro que eu aproveitei e fiz o mesmo, cada lugar lindo que passamos, só que tem uns lugares que são piores que o lugar onde moramos, aqui quase tudo é morro, olhamos e vemos como se uma casa fosse em cima da outra, me deu uma agonia de ver isso, será que a minha filha mora num lugar parecido com esses que passamos, pra eles parece tudo normal. O que será que vai acontecer neste lugar? Fiquei bem impressionada com o que vi, e sei que minha filha viu minha reação, porém não falou nada, apenas nos guiou para sua casa, espero que tenha a mente aberta e não seja levada pelo que já vi na televisão. Estou com medo disso tudo, espero que tudo fique bem logo para voltar pra minha casinha, a casa da minha filha é bem grande e bonita para o local, uma casa com três quartos, sendo o maior com banheiro dentro, tem um banheiro e a sala junto com a cozinha, dividido por uma meia parede, que eles chamam de cozinha americana. Gostei muito de sua casa e é bem aconchegante.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD