Despedida da Bahia

1481 Words
Mary narrando Hoje é uma sexta feira, dia que eu e minha vozinha estamos indo para o Rio de Janeiro, para cuidar da minha tia Márcia que mora lá a muito tempo e não vemos ela com muita frequência, pois ela está sempre trabalhando para nos ajudar, vamos de avião para ser mais rápido o percurso, estou morrendo de medo, é a primeira vez que ando de avião e espero não dá vexame. Quero muito que minha tia melhore logo para voltar pra casa e não ficar muito tempo longe dos meus melhores amigos, tenho o sonho de começar minha faculdade de advocacia, tenho esse sonho desde que me entendo por gente, teve uma época que queria ser da aeronáutica, porém não gosto de ficar muito tempo na água. Minha despedida com meus amigos foi cheia de choro e soluços. Mary: MC, meu "viado" preferido, tenho certeza que logo estarei de volta, não precisa se preocupar tanto, vou ali e já volto, não vou te abandonar, espero que minha tia se recupere rápido, assim volto o mais rápido possível. - Falo no meio de nosso abraço. MC: Minha linda, minha princesa, se precisar de mim, me avise que vou bem rápido te ajudar, nunca esqueça que você faz parte da minha família - fala me olhando nos olhos - e jamais vou te abandonar, quero que fique tudo bem o mais rápido possível. Já estou com muitas saudades e muito feliz que vai conhecer outro lugar e ainda vai de avião, meu sonho. - Me abraça mais forte se despedindo. Pauma: Má.... Mary minha amiga irmã, estou tão triste por você está nos abandonando, vai me deixar sozinha com o MC? - Fala gaguejando entre soluços - Quem vai me controlar nas baladas? Não me deixa. Te amo muito. - nos abraçamos os três. Mary: estou indo, mas isso não é um adeus e sim até logo, não fiquem tristes, logo minha tia se recupera e eu volto. Fiquem bem. - falo saindo do nosso abraço. Minha avó já chega chamando para irmos para não perder o voo. Nos despedimos e fomos para o aeroporto, deixei meus amigos chorando muito e como eles trabalham não puderam me acompanhar até lá, estou muito triste por lhes deixar, mas muito feliz por ir conhecer outro lugar, mesmo que nessas condições. Minha vó está mais nervosa que eu, pois também é sua primeira viagem de avião e não conhecemos ninguém que vai viajar nesse vôo, ela já rezou não sei quantas vezes para chegarmos bem. Faço o caminho de casa até o aeroporto chorando por deixar meus amigos, minha avó está tentando me acalmar. Entramos no aeroporto e já escutamos o anúncio de nosso voo. Falo com minha vó, enquanto enxugo minhas lágrimas, passamos rápido, pois não tinha mais fila para fazer o check in. Já estamos no avião e estou bem na janela, minha vó está ao meu lado e a outra poltrona está vazia. Mary: vozinha, por favor se sentir alguma coisa me avise para chamar alguém. - Falo olhando-a bem, para ter certeza de estar tudo bem. - A senhora está bem? Quer alguma coisa? Vó Má: tudo bem minha filha, não se preocupe não, que se passar m*l te aviso. - Minha avó sempre querendo ser mais forte do que realmente é, nos abraçamos desejando sorte e um bom vôo. Mary: nem brinca com isso vozinha, lembra que vamos cuidar da tia que está doente e precisando de nós duas. - Falo apertando sua mão, ela que nem pense em passar m*l durante o voo. Minha vó tem cada ideia, não sei de onde tira essas coisas. Já estamos chegando, o piloto acabou de anunciar que em poucos minutos estaremos aterrissando. Deus nos ajude. Já estou sentindo um frio na barriga, se na subida foi r**m, imagina na descida que parece que o avião vai entrar de bico no chão. Desembarcamos e minha avó já começou com as coisas dela, perguntando onde estavam as bolsas, que tudo que passava na televisão era verdade, que tinham roubado nossas malas e agora o que ia fazer. Tive que explicar que pegamos as malas depois, eles tem que tirar do avião, elas vão em outra parte da aeronave e aí que ela parou de dar chilique. Quando pegamos nossas bolsas e saímos, a tia estava nos esperando, nos abraçamos e ela saiu nos puxando falando que já tinha pedido o carro no aplicativo. . . Marcos narrando Hoje é o dia que minha melhor amiga viaja com sua avó para outro estado e não sei se elas voltarão, tenho a impressão que isso é um adeus, estou com meu coração tão apertado, por isso o meu desespero, só tenho elas e a Pauma, desde que me assumir como "gay" me afastei da minha família, minha mãe não me aceitou, meu pai sempre me apoiou, mas não posso pedir que ele fique contra minha mãe, não tenho outros irmãos, assim que saí de casa meus pais adotaram uma criança de 3 anos, que nem conheci ainda, meu irmãozinho. Só acompanho de longe, não quero brigar com minha mãe, meu pai que me mantém informado de tudo, sei que ela sofreu muito pela minha opção s****l, porém não posso ser o que eles querem. Já fui me despedir da minha amiga e minha vozinha do coração, pois foram elas que me acolheram quando as conheci, antes já tinha passado por muitas coisas. Cheguei na casa delas já chorando horrores, como todos já podem imaginar sou muito sentimental, principalmente com os que são verdadeiros comigo, pois os glbt's sofrem muito preconceito, não sabem da nossa vida e acham que ser diferente é querer, tenho apenas gostos sexuais diferente da maioria dos homens, me considero mais homem que muitos que dizem ser hétero. Mary fala no meu ouvido, que não ia ficar muito tempo lá e que logo voltava, durante nosso abraço de despedida, estou chorando muito. Meu sonho é andar de avião, acho que logo vou realizar, fico só imaginando a sensação de voar. se elas demorarem vou visita-las. Como ela acha que vou ficar com esse aperto no meu coração, tranquilo, ela não entendi que tenho certeza que ela não vai mais morar aqui, ela acha que é apenas um passeio e logo volta, porém o mundo dá muitas voltas e sei que ela não voltará, se ela não voltar vou ir atrás delas e mudar de estado também e ainda vou convencer a Pauma de ir junto, ela não tem nada e nem ninguém aqui também. Me despedi da Mary e logo da vozinha. MC: minha vozinha vai com Deus e muito cuidado, não vá pra lá com esse preconceito achando que todo mundo lá é vagabundo, - falo e paro para observar a reação dela - pois tem as famílias honestas que está lá por falta de outro lugar para morar, a senhora me recebeu super bem sem preconceito nenhum, então antes de julgar descubra os motivos deles estarem até mesmo nessa vida de bandido. - Falo em meio ao nosso forte abraço, pois realmente tenho ela como minha vó, pois quando nasci meus pais já não tinham seus pais vivos e ela foi a figura mais próxima de avó que tive nessa vida. Vó Má: meu filho fica com Deus, vou tentar esquecer um pouco tudo que assisto, - ela é assim por assistir muita coisa r**m na televisão, nunca vi alguém perder tanto tempo nessas besteiras - pois sabe que tenho esse lado por tudo que vemos passar na televisão, assim que chegar lá vou poder ter uma ideia melhor do que realmente acontece lá, não quero parecer aquelas pessoas que se acham melhor que as outras, tenho sim o meu lá preconceituoso, porém reconheço quando estou errada, não se preocupa, logo estaremos de volta. Minha filha vai ficar boa logo e vamos voltar se Deus quiser, gosto muito da minha casinha e do meu lugarzinho. Fica bem. - Minha vozinha do coração termina de falar e nos abraçamos e nos despedimos. A vozinha acha mesmo que essa viagem é só um passeio para cuidar de sua filha, mas o destino tem outros planos para elas lá naquela cidade, até mesmo é melhor para minha amiga/irmã conseguir fazer sua faculdade de advocacia que é seu sonho e todos sabemos disso, ela é muito inteligente e vai conseguir fazer uma faculdade federal. Me despedi delas chorando muito e a vozinha já chamando a Mary para não perderem o voo delas. Já estou morrendo de saudades delas. Quando elas saíram já estava combinando com a Pauma que se nas férias elas ainda estiverem lá, vamos passear na cidade maravilhosa. Vamos aproveitar todo o tempo juntos, pois essa é minha família e tenho que valorizar agora, depois não vai adiantar de nada, espero que dê pra ir conhecer o Rio de Janeiro com elas.
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