Um velho amigo

1380 Words
— Não é nada, meu amor, são só besteiras — meu pai responde e minha mãe sorri irônica. — Vocês dois acham mesmo que eu ainda sou uma criança? Não, eu não sou. Eu quero saber qual é o motivo da mudança na decoração — Ironizo, olhando a bagunça de coisas quebradas e papéis espalhados no chão. Minha mãe se aproxima e beija minha bochecha, ela não está nada bem e isso é muito óbvio. Seus olhos estão vermelhos e inchados de tanto chorar, se olhar bem, percebe-se até um certo desespero neles. Ela me aperta em um abraço caloroso e eu não sei explicar o porquê, mas sinto como se ela quisesse me guardar com ela. — Não se preocupe, meu amor, está tudo bem, nós vamos resolver isso, ok? — Ela diz com a voz embargada. — Eu posso ajudar! Eu cresci, não sou mais uma criança que precisa ficar de fora das decisões importantes. Vocês têm que conversar comigo, somos uma família — digo olhando para os dois. É muito óbvio que tem algo importante acontecendo, e é mais óbvio ainda que não é nada bom. — De quem vocês dois estavam falando? Quem está chegando na cidade? — Pergunto e minha mãe fica paralisada, meu pai também. — Quem é? — Insisto. — Ninguém, meu amor. Não se preocupe com isso, ok? — Meu pai responde depois de um tempo. — Ninguém? Vocês acham que eu sou i****a*? É óbvio que é alguém e para deixar vocês dois assim, essa pessoa é importante. Por que eu não posso saber? Meu pai suspira profundamente quando ouve minhas palavras, eu estou bem preocupada com esse suspense todo, principalmente quando é visível que tanto minha mãe quanto meu pai não gostam da presença dessa pessoa, ou parecem ter medo, sei lá. — Minha querida, eu e sua mãe só estamos falando de um velho amigo meu, um conhecido de anos atrás, não é nada demais. Quanto aos problemas, nós estamos tentando resolver, se não conseguirmos, vamos te falar, tudo bem? Não se preocupe por enquanto, aproveite sua vida, seu trabalho, seus amigos. — Meu pai diz com um sorriso, mas não me parece nada feliz e confiante quanto tenta mostrar. Mesmo depois de inúmeras tentativas, eu não consegui arrancar nada de nenhum dos dois, mas tenho certeza que vou descobrir em breve, segundo a conversa deles, esse tal "amigo" chega aqui na cidade na próxima semana. Deixei os dois lá no escritório e subi para o meu quarto, já são quase dezenove e trinta e até agora não escolhi nem a roupa para ir jantar com o Luigi. — Como você está linda, meu amor! — O Luigi diz olhando o look que escolhi para nossa noite. Depois de experimentar uns vinte looks diferentes, optei por um vestido vinho, que é justo, mas elegante e tem o comprimento na altura do joelho, ombros nus e um leve decote nas costas. Para completar a produção, coloquei um louboutin preto e deixei meus cabelos soltos. — Obrigada, meu amor! — Respondi, levantando o rosto para receber seu beijo. — Os pombinhos irão se divertir hoje? — Meu pai caminha até nós — Cuida bem da minha filha, ok! —Diz, depois de abraçar o Luigi. Apesar de ter passado muita raiva com as minhas travessuras com o Luigi, meus pais o tratam como um filho, tem um carinho enorme por ele, assim como os Giordano, têm por mim. — Pode deixar, tio Marco, vou cuidar sim. Seu pedido é uma ordem! — Diz, fazendo uma continência. — Eu estou de olho! — Avisa, forçando a cara de bravo que ele sempre faz quando quer intimidar alguém. Nós seguimos para o nosso jantar e, como sempre, o Luigi conseguiu me surpreender. Ele fez uma reserva no meu restaurante favorito, e não só isso, ele também contratou uma serenata que fez um show no jardim, que fica de frente para a varanda ao ar livre, onde está nossa mesa. Assim que termino minha sobremesa, eu ouço a minha música favorita: Volaré, com a letra perfeita, tocando alto: Pienso que un sueño parecido no volverá más Y me pintaba las manos y la cara de azul Y de improviso el viento rápido me llevó Y me hizo volar en el cielo infinito Volaré, oh-oh Cantaré, oh-oh-oh-oh Nel blu dipinto di blu Felice di stare lassù Y volando, volando feliz Yo me encuentro más alto Más alto que el sol Y mientras que en el mundo Se aleja despacio de mí Una música dulce Se ha tocado solo para mí … (Eu acho que um sonho semelhante nunca mais voltará, E eu pintei minhas mãos e rosto de azul E de repente o vento rápido me levou E me fez voar no céu infinito eu vou voar, oh-oh Eu vou cantar, oh-oh-oh-oh E voando, voando feliz eu me encontro mais alto mais alto que o sol E enquanto no mundo lentamente se afaste de mim, uma música doce Foi jogado apenas para mim) … Eu fiquei sem palavras para este momento digno de filme de romance. Eu fecho meus olhos e canto junto com a banda. — O que foi? — Pergunto, ao abrir os olhos e vejo o Luigi me encarando. — Você é muito perfeita, sabia! — diz, fazendo o meu coração saltar no peito com essa declaração. Aliás, eu me encanto com tudo que esse homem faz, ele é mesmo um príncipe. — Eu quero que você entenda de uma vez por todas que eu sou louco por você, Paola, e vou te entender se você não estiver pronta, eu quero te fazer feliz, só isso. — Você me faz muito feliz! A mulher mais feliz do mundo! — falei, puxando-o para um beijo. Ele chupa os meu lábios com voracidade, enquanto sua mão segura com firmeza os meus cabelos da nuca. Arrasto o meu corpo até estar colada ao seu. É muito gostoso ficar nos braços do Luigi, sentir seu cheiro, sentir o seu gosto, quando nos beijamos. O seu toque acorda cada célula do meu corpo. Sinto-me quente quando suas mãos grandes abraçam minha cintura e me puxam para o seu colo. Abro minha boca, dando-lhe espaço para sua língua, que adentra, explorando cada canto, incendiando-me ainda mais. Uma de suas mãos, que estava em minha cintura, desceu até a barra do vestido, voltando a subir por entre as pernas, tocando o interior da minha coxa. — Uau! Isso… não é apropriado aqui — Sussurrei, recuperando o fôlego, após segurar sua mão. Ele sorri, exibindo as covinhas em suas bochechas, ficando ainda mais lindo. — Desculpe, acho que fiquei animado demais. — Diz, beijando meus lábios de leve. — Tudo bem, eu gostei muito, gostaria de continuar. Mas, não aqui, é óbvio! Eu tenho certeza que minhas bochechas estão muito vermelhas agora, por eu ter verbalizado o meu desejo neste momento. — Não seja por isso, nós podemos ir para um lugar apropriado, imediatamente! — Ele sorri lindamente, chamando o garçom para pedir a conta. Eu sei que naquele dia eu não consegui ir adiante, eu estava com medo de fazer errado, com medo de não agradá-lo, mas, hoje, eu não vou arregar, eu quero isso, quero muito ser dele e virar sua mulher de verdade. Saímos do restaurante e seguimos até o estacionamento do hotel Diamond, que pertence ao Grupo Giordano, este é o mesmo hotel onde estivemos no outro dia. Assim que estacionou, o Luigi virou-se para mim, sua expressão é um misto de desejo e atenção. — Você tem certeza que está pronta? — Questionou, acariciando o meu rosto — Paola, eu fiz esse jantar e a serenata porque eu queria te agradar, não foi para pressionar você. Eu não fiz com interesse em nenhuma retribuição. Como pode ser tão lindo? Esse homem é um príncipe. É muito perfeito! — Eu não estou fazendo nada sob pressão. — Digo, beijando seus lábios e em seguida seu pescoço — Eu amo você, Luigi. Amo muito! — Passo a língua em seu pescoço e o ouço suspirar — Eu quero ser sua de verdade. Eu quero ser mulher com você! — Assim você me faz perder a cabeça — ele diz, puxando-me para seus braços e juntando nossas bocas.
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