A minha vida perfeita

1986 Words
PAOLA MARTINELLI Eu sou a Paola Martinelli, tenho vinte anos, sou filha única, e ainda moro com meus pais, posso ter minha própria casa? Sim, mas pra quê? Onde estou, vivo maravilhosamente bem. Sou a única filha de pais que amam me mimar, a única neta também, dos meus avós por parte de pai e mãe, resumindo: tenho todo amor, carinho e mimos do mundo só para mim. Meu pai é o todo poderoso Marco Martinelli, o Primeiro-ministro da Itália. Ele e a minha mãe são um casal muito unido, sabe aquele espelho para um relacionamento duradouro e feliz, digno de contos de fadas? São os meus pais, Marco e Antonella Martinelli, parecem dois adolescentes, vivem se agarrando pelos cantos. São tão fofos. Hoje é um dia muito especial para mim, eu vou inaugurar meu primeiro projeto, o desenho da área de festas de um famoso hotel, o Grand Hotel Castellani. Já abri o meu próprio escritório de arquitetura, imagina só que incrível. Tudo bem que eu não consegui esse feito sozinha, meus pais e meus avós me deram a maior força, mas isso não importa, o que interessa é que agora sou a Paola Martinelli, arquiteta, dona da Blue Sky. Por que esse nome? Porque é céu azul, eu amo azul e amo o céu. Quem não gosta de um dia lindo de sol para curtir a vida, não é mesmo? — Isso aqui está muito lindo, Paola — minha amiga Annabeth, diz, aproximando-se. — Você acha mesmo? Anna, eu estou tão nervosa — digo, repassando a ordem do desfile. Eu desenhei as mudanças na área de festas e também no espaço externo do maior hotel de Roma, o Grand Hotel Castellani, que pertence ao meu avô, Genaro Castellani, pai da minha mãe. Só o hotel já é um espetáculo à parte, juntando toda a excelente arquitetura do lugar, com o trabalho que eu fiz, ficou maravilhoso! E para comemorar o sucesso do meu projeto, meus pais e meus avós, assinaram com um estilista para fazer o lançamento de sua coleção aqui e eu estou ajudando com a decoração do espaço também. — Será que o Luigi vai vir? — Pergunto e a Anna confirma. — É claro que sim. Você sabe que ele não perderia isso aqui por nada. — Você acha mesmo? Anna, eu não sei o que pensar. Depois daquela noite, ele ficou diferente comigo, parece chateado, sei lá. — Pare de pensar besteira, Paola. O Luigi não ficou diferente e você também não fez nada de errado, ele entendeu que, naquele momento, você ainda não estava pronta. — Diz, confortando-me. Luigi Giordano, o cara por quem eu sou completamente apaixonada, e desde a adolescência. Ele é o filho mais velho da família Giordano, proprietária do grupo Giordano, essa é a empresa que detém o maior poder econômico na Itália, fora o fato do tio Leônidas, o chefe da família Giordano e pai do Luigi, ser o presidente da República. Eu e o Luigi crescemos juntos, ele foi meu primeiro crash e é o único até hoje. Com ele eu dei meu primeiro beijo e tive meus primeiros surtos na fase da rebeldia adolescente. Deixei meu pai louco todas as vezes que entrei nas encrencas que o Luigi arrumava. Ele era a perdição de qualquer adolescente, o garoto rico, bonito, com uma personalidade terrível, cheio de marra e que adora uma confusão. Hoje o Luigi não é mais um rebelde sem causa, ele trabalha administrando o grupo Giordano, mas ainda é cheio de marra, a personalidade não mudou muito, ainda gosta de confusão e não foge de uma boa briga. Nós estamos namorando, eu sou louca por ele e ele por mim, mas eu ainda não me sinto pronta para ir mais longe na nossa relação, pelo menos, aquele dia eu não estava. Eu sei que o Luigi me entendeu quando eu dei pra trás, mas eu também sei que ele ficou chateado, e com razão. No começo eu disse que queria, nós saímos da boate e seguimos até uma suíte do hotel. Nos beijamos, nos tocamos e estava muito gostoso, mas aí, na hora h, eu travei, não consegui seguir em frente. Ele disse que estava tudo bem, vestimos nossas roupas e ele me trouxe para casa, mas eu sinto que ele mudou, foi uma mudança sutil, mas mudou. — Olha ele lá — Anna aponta na direção da entrada — eu não disse que estava tudo bem. Deixa de se preocupar à toa, Paola, hoje é o seu dia e você tem que aproveitar! — Anna diz batendo nas minhas costas. A Anna é uma pessoa incrível, uma amiga para todas as horas, como dizem os amantes dos ditados: ela é p*u* pra toda obra. Se você tem um problema e precisa de ajuda, não interessa qual é, ou se é sério, ela está lá e vai junto te ajudar a resolvê-lo, ela não foge e não tem medo de nada. Ela nasceu nos Estados Unidos, veio para a Itália com quatorze anos, seus pais morreram e ela veio morar com a meia-irmã da sua mãe, a tia Amália, que trabalha como secretária no escritório do governo, ela era secretária da presidência do Grupo Giordano antes. — Oi garotas — o Luigi diz, aproximando-se. Ele me abraça e deposita um beijo rápido na minha boca, depois faz um movimento com cabeça, acenando para a Anna. — Oi, meu amor, você finalmente chegou! — Digo com um sorriso maior que a cara. Eu realmente estou feliz por ele estar aqui, não só ele, toda a família Giordano está presente para prestigiar o meu sucesso. — Como eu poderia faltar em um momento tão importante para a minha namorada. — Diz, beijando minha cabeça. — Bom, eu vou indo — Anna faz uma careta divertida e se afasta. — O que a Anna te disse? — Luigi perguntou, arqueando as sobrancelhas. — Nada demais, por quê? — questiono confusa. — Não, nada. — Respondeu vagamente. — Ela só disse que não era para eu me preocupar, que você ia estar aqui porque você é louco por mim e não ficou triste naquele dia. — Ela realmente disse só isso? — Perguntou novamente, agora, franzindo a testa. Eu confirmo e ele continua: — ela tem toda razão, eu sou louco por você. O desfile foi lindo. Ver todos elogiando as mudanças feitas no hotel foi um sonho realizado. Minha estreia no mundo da arquitetura foi um grande sucesso como o meu pai me garantiu que seria. Eu estou tão feliz. Minha família, meus amigos e mais uma multidão de gente, as personalidades importantes do mundo da moda, todos reunidos aqui para prestigiar o meu começo, o início da minha trajetória no mundo dos negócios. Meu primeiro projeto de muitos que virão. — Parabéns, minha filha! Você me deixou muito orgulhoso — meu pai diz com os olhos brilhando. — Eu estou tão feliz, papai. Feliz demais! — Digo, abraçando-o apertado — Muito obrigada! Eu não teria conseguido se não fosse por você me apoiar. — Você teria sim. Minha filha, você é muito talentosa, muito inteligente e muito esforçada, com certeza você alcançará muito mais, mesmo sem nenhum apoio. — Diz, e eu posso ver nos seus olhos que ele acredita mesmo em mim. Meu coração fica muito quentinho com todo o orgulho e admiração que meu pai demonstra a cada pequena conquista minha, mesmo que seja na sua maioria, com o apoio dele. Eu queria poder fazer tudo por mim mesma? Às vezes sim, mas para que desperdiçar uma ajuda tão especial como a que meu pai oferece. Não tenho culpa de ter toda essa facilidade, né! Minha primeira semana em meu escritório foi uma correria, estou trabalhando feito louca, e estou amando tudo isso. As duas semanas seguintes também foram de muito trabalho, nem estou com tempo para dar e nem receber atenção dos meus pais e avós, estou até sentindo falta deles. O mês passou voando e eu estou sem tempo até para respirar, meus negócios estão indo muito bem. Bem demais. Nesse primeiro mês nós já atingimos o top vinte de procura. E eu já assinei meu primeiro projeto solo com uma empresa de hotelaria, vou desenhar um hotel inteiriço, desde a base até o acabamento. Isso é impressionante. Ver meu nome e a minha marca estampada nas capas das revistas é mais do que eu esperava para esse começo. — Estou realmente impressionado — o Luigi diz, olhando a quantidade de clientes, na lista de espera — Isso aqui está uma loucura. — Eu não estou nem acreditando. Eu já recebi tantas mensagens que nem parece que isso é real. — Digo e recebo um beijo em minha cabeça. — Você é merecedora de tudo isso, Paola. Você precisa enfiar nessa sua cabecinha que você é muito talentosa. Seus desenhos são incríveis, tem boa qualidade e o mercado gosta. Você é um sucesso pelos seus próprios méritos. — O marketing gigantesco que a Anna fez, o nome da minha e da sua família, também têm grande contribuição nisso. — Desisto! Você não tem jeito, sempre vai diminuir o próprio esforço. — Diz com desgosto. — Não estou diminuindo meu esforço, só estou sendo grata e reconhecendo o apoio que recebi. Os mais de dois milhões de seguidores que a Anna tem nas redes sociais foram essenciais para divulgar e tornar conhecido meu trabalho. A Anna é uma subcelebridade da Internet, ela tem um canal no YouTube* onde ela mostra o seu talento na maquiagem. Ela é muito boa. Ela tem um milhão de seguidores no YouTube* e mais de um milhão distribuídos no i********:* e Tik*Tok*, ela manda muito bem no marketing digital. — Tudo bem, deixa isso pra lá. Então, vamos sair para jantar hoje? — Claro que sim! Como eu poderia recusar um convite do meu namorado lindo? — Respondi beijando sua boca. Decidimos o horário do jantar, estou mesmo precisando de uma folga. Saí do escritório às dezoito horas e segui direto para casa, morta de cansada, mas muito feliz. Esse é aquele cansaço que vale a pena. Assim que entro em casa, vou direto para o escritório do meu pai. Já que ele não está na sala, o escritório é o segundo lugar favorito dele. Quando aproximei-me da porta ouvi as vozes da minha mãe e meu pai: — Ele já está na cidade? — Minha mãe pergunta. Sua voz está alterada, ela está nervosa. — Não, ele chega na próxima semana — meu pai responde, também nervoso. Eles estão brigando? Isso é estranho demais. — Mas que p***a* você vai fazer agora, Marco? — Minha mãe grita — Você não vai aceitar essa loucura, vai? — O que eu posso fazer, Antonella? Eu não tenho como mudar essa merda*! — Esbraveja, em seguida ouço um barulho alto de coisas quebrando. Não espero nem um minuto mais, empurro a porta e entro. — O que está acontecendo aqui? — Pergunto um pouco assustada com a bagunça que vejo. As coisas da mesa estão todas espalhadas pelo chão. Minha mãe está com os olhos vermelhos e inchados, ela chorou bastante, já o meu pai, tem o semblante cansado, parece que envelheceu uns cinco anos em um dia. O que aconteceu nessa casa? Perguntei-me internamente, ainda olhando a cena à minha frente. Nos meus vinte anos de vida, eu nunca vi meus pais brigando, nem uma dr boba sequer, eu presenciei, e agora tudo isso? Isso não deve ser nada bom. Só de pensar no motivo disso tudo, já sinto um arrepio percorrer meu corpo. — Filha, você já está em casa? — Meu pai vem até mim, beija minha testa e força um sorriso. — Como foi seu dia? — Foi tudo ótimo, papai. Mas, o de vocês dois pelo jeito não está bom. O que aconteceu? — Pergunto novamente e ouço minha mãe suspirar.
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