JASON BISHOP
Olho para a mulher que acabou de sair do elevador, focando minha visão na marca roxa em seu pescoço, que está parcialmente coberta pelos cabelos.
Eu fecho o punho com força, controlando a minha raiva, que está a ponto de explodir. A minha vontade é envolver minhas mãos em volta do pescoço dela e apertar até cobrir essa maldita marca por outra maior e, após colocar essa ninfeta safada no lugar dela, eu uso as mesmas mãos para quebrar cada osso da face do infeliz que está ao seu lado.
— Você não me ouviu?! — Ela reclama novamente e continua massageando o nariz, que está vermelho. — É cada i****a que me aparece! — Bufou, movendo-se para o lado, na intenção de passar por mim. Mas, eu também me movo, bloqueando seu caminho.
— Algum problema? — O filho da p**a que a acompanha, perguntou, abraçando-a na cintura.
— Aparentemente o seu papaizinho ainda não a avisou sobre o seu compromisso, não é mesmo, Paola Martinelli?! — Falei, ainda olhando a maldita marca roxa.
— Você me conhece? Quem é você? E, que compromisso é esse que eu tenho? — faz uma enxurrada de perguntas.
— Avise ao Marco que nos vemos à noite. — Digo ao Daniel, que está alguns passos atrás de mim — Eu acho que não deixei claro que eu não gosto de mercadorias usadas!
— Do que exatamente você está falando? — ela perguntou, encarando-me com desconfiança, que eu não fiz nenhuma questão de explicar, passei por eles e entrei no elevador.
— Ei! Você não ouviu a pergunta dela?! — O franguinho metido a CEO problemático, exclamou, vindo em minha direção, mas foi prontamente bloqueado pelo Daniel.
— É melhor vocês irem perguntar ao Marco Martinelli, tenho certeza que será uma conversa bem esclarecedora. Bom dia. — O Daniel diz, sarcástico.
Essa ninfeta safada e aquele desgraçado do pai dela vão me pagar caro por essa ceninha ridícula. Ninguém faz Jason Bishop de o****o. — Penso, olhando a porta do elevador se fechar.
Eu sou o Jason Bishop, tenho trinta e sete anos de idade, mas se for contar a minha experiência, esse número pode triplicar. Eu sou o herdeiro do império Bishop, para a sociedade hipócrita que povoa o mundo, essa é apenas uma indústria muito poderosa financeiramente, o grupo empresarial que movimenta a economia dos Estados Unidos e mais vários outros países, pois faço negócios com empresas do mundo inteiro, gerando lucros para os empresários e muitos impostos para o governo. Mas, meus verdadeiros negócios vão muito além, eu sou o imperador do submundo, aquele a quem todos temem. Ao menos, os que têm o mínimo de inteligência e consideração pela própria vida, não ousam me desafiar.
Bishop Imperial é um negócio de família que vem sendo honrado pelos herdeiros há gerações. Eu herdei o trono do meu pai e estou no comando desde os meus vinte e cinco anos. Nós controlamos o submundo dos Estados Unidos, alguns nos intitula de máfia, outros de organização criminosa internacional, mas o fato é que temos a nossa própria lei, seguimos nossas próprias regras e eu sou aquele que manda, sou eu quem faz a lei, quem decide quem sai e quem fica, quem vive e quem morre… a minha palavra é a lei. Atuamos em vários setores: tráfico internacional de drogas, tráfico de mercadorias falsificadas, tráfico de mão de obra humana, trocamos serviços – aqueles serviços de limpeza que ninguém gosta de fazer – por dinheiro, influência e favores. No meu mundo só sobrevive quem tem palavra e coragem, não aceito traição, mentiras e odeio pessoas ingratas. Eu não tenho paciência para lidar com gente que não cumpre o que promete ou que causa problemas desnecessários, corto logo o m*l pela raiz, assim já fica servindo de exemplo para os outros.
Anos atrás, poucos dias depois de assumir o comando dos negócios, eu salvei a vida de um magnata italiano. O cara foi sequestrado por uma quadrilha especializada em golpes e sequestros a milionários, e, depois de descobrirem que ele era o Primeiro-ministro da Itália, decidiram matá-lo por medo de retaliação. É óbvio que eu só o ajudei porque sabia da sua identidade e tê-lo com uma dívida comigo era um bom negócio. E hoje, anos depois, finalmente, chegou a hora de cobrar o favor. Eu estou fazendo um negócio milionário em território italiano, vou negociar com os sicilianos da Cosa Nostra, o que já irá me render muito dinheiro. Mas, o que me interessa mesmo é obter controle de rotas, pois, a Itália faz fronteira com a França, a noroeste, com a Suíça e a Áustria, a norte, e a Eslovénia, a nordeste, e é banhado pelo mar Adriático, a leste, e pelo mar Mediterrâneo, a sul, e pelos mares Tirreno e Ligúrico, a oeste, o que me abre muitas rotas diferentes para transportar minhas mercadorias. E para minimizar os riscos de confrontos, resolvi cobrar o favor que o primeiro ministro me deve, o que eu exigi como p*******o? Eu decidi que vou ser da família, serei o genro, eu acertei o meu casamento com a filhinha mimada dele.
No começo ele resistiu, não queria aceitar de jeito nenhum, apelou até fazendo orações pela minha alma, como se eu me importasse com isso. Eu já decidi e estou aqui para buscar o que me pertence.
Dois dias antes…
— Jas… Jason Bishop? — O homem que acaba de abrir a porta, diz, exibindo uma expressão assustada.
Olhando para ele agindo assim, eu me recuso a crer que ele seja um bom ministro. Parece mais um frangote amedrontado.
— Não vai me convidar para entrar, velho amigo? — Digo, com minha voz carregada de ironia.
— Claro que sim! Entre, por favor. — falou, agora mais natural. Ao menos ele recuperou a compostura rapidamente.
— Belo escritório, aposto que você faz um excelente trabalho aqui — novamente, minha voz é pura ironia.
— Aceita uma bebida? — faço um sinal positivo com a cabeça — Então, a que devo a honra da sua visita?
Quando ele estendeu-me o copo pude ver suas mãos tremendo.
— Eu tenho certeza que você sabe muito bem do que se trata esta minha visita.
— Jason, você vai mesmo insistir naquele absurdo?
— Creio que não é necessário eu responder. Marco, eu sou um homem prático, sei muito bem o que envolve esse tipo de contrato. E eu também estou ciente que sua filha não é nenhuma inocente, ela tem até um namorado. Desconfio que a minha noiva ainda não saiba que está de casamento marcado — falei friamente, deixando claro que isso não me agradou nem um pouco.
— Não é tão fácil assim falar com uma garota de vinte anos que ela está de casamento marcado com um estranho. Principalmente quando ela tem um namorado pelo qual ela é completamente apaixonada — sua voz vacila, mostrando o quanto esta situação está sendo difícil para ele. Mas, isso não me comove nem um pouco.
— Pois eu acho bom que você esclareça logo isso, porque eu não sou conhecido por ser paciente. Acho que você entende o que eu quero dizer. — Ele me encara, a raiva em seus olhos é muito visível.
— Está me ameaçando, Jason? — perguntou entredentes.
— De maneira alguma, Marco. Eu não faço ameaças, eu falo o que eu quero, cabe a você decidir se está de acordo comigo ou não. Caso não estiver, eu não perco o meu tempo ameaçando, eu acabo logo com o problema. Eu estou indo embora no final da semana e quero deixar tudo acertado com a Paola, fale logo com ela, para marcar jantar de noivado. Afinal, eu preciso colocar o anel no dedo da minha noiva — sorrio, depois das minhas palavras sarcásticas.
— Eu vou falar com ela — sua voz saiu tão baixa que eu quase não ouvi.
— Certo. Daniel, dê a ele uma cópia do contrato que iremos assinar. Mesmo que você pense o contrário, Marco, eu não sou injusto. Este — aponto para o documento que o Daniel acabou de entregá-lo — é um contrato onde eu me comprometo a manter a integridade física da minha futura esposa, a sua filha, é claro que ela terá que fazer a parte dela, do contrário, eu vou tratá-la como trato meus desafetos, como eu disse, sou justo.
— Ou seja, você vai alimentá-la e espera receber obediência, como se ela fosse um animalzinho de estimação. — o homem fala com um sorriso desdenhoso.
— Isso é você que está dizendo. — Sorrio de volta, mas, mostrando que não gosto de dramas — Está tudo aí, espero que sua filha, e você, sejam inteligentes e cumpram suas responsabilidades e assim todos ganham. Eu não gosto de causadores de problemas.
Hoje…
— Então, o que o senhor vai fazer agora? — O Daniel perguntou assim que entramos em nossa suíte.
— Está se referindo ao namoradinho? — questiono e ele confirma — Por enquanto eu quero a ficha completa dele. Quero saber tudo, até quantas vezes ele vai ao banheiro por dia.
— Certo. E com a Paola? Aparentemente ela estava se divertindo bastante. — diz, rindo. Esse i****a está querendo uma surra.
— Ah, você percebeu?! — falei sarcástico — Eu já disse, avise ao Marco sobre a minha visita de hoje a noite. Eu terei tempo para acertar as contas com ela. Esse jogo está só começando.